• Nenhum resultado encontrado

Análise dos sistemas de logística reversa em municípios da bacia hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI-13)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Análise dos sistemas de logística reversa em municípios da bacia hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI-13)"

Copied!
177
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

FERNANDA DEFOURNY CORRÊA

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE LOGÍSTICA

REVERSA EM MUNICÍPIOS DA BACIA HIDROGRÁFICA

TIETÊ-JACARÉ (UGRHI-13)

SÃO CARLOS-SP 2019

(2)

FERNANDA DEFOURNY CORRÊA

ANÁLISE DOS SISTEMAS DE LOGÍSTICA

REVERSA EM MUNICÍPIOS DA BACIA HIDROGRÁFICA

TIETÊ-JACARÉ (UGRHI-13)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais.1

Orientadora: Profª Drª Érica Pugliesi

SÃO CARLOS-SP 2019

1 Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

(3)
(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me proporcionado essa oportunidade enriquecedora.

Aos meus pais, Fernando e Zuleika e irmãos, Amanda, Bruno e Victor pelo suporte emocional e compreensão nos momentos de ausência.

Ao meu sobrinho e afilhado, Nicholas, que ainda não sabe falar, mas que enche os meus dias de alegria e amor, fazendo-me esquecer por um momento todos os problemas do mundo.

Agradeço a minha querida orientadora, Érica Pugliesi, que sempre confiou no meu trabalho.

Ao meu parceiro de todas as horas, Oscar, por ter me incentivado e ficado ao meu lado nos momentos mais difíceis.

Aos meus amigos e amigas queridas que ganhei nessa jornada intensa de mestrado: Ana, Jac, Mau, Bruno e Elton.

Agradeço as minhas amigas queridas, que me ajudaram a ter momentos de paz e descontração nesse período: Shaxa, Cath, Caruh, Má Furlan e Má Cavaretti.

As minhas amigas da República C.: Nat, Ary, Gi, Gabi, Maria, Anoopa, Paloma e Mafe, pelos encontros semanais que me deram fôlego para continuar.

Aos funcionários do DCam e professores do PPGCam, que sempre foram muito solícitos.

Ao Fórum Comunitário de Resíduos Sólidos de São Carlos, que me proporcionou um maior conhecimento para eu dar andamento à minha pesquisa

Agradeço à Prefeitura municipal de São Carlos, especialmente à Anabella, que sempre esteve disposta em me ajudar.

Agradeço a todas as outras prefeituras municipais que colaboraram para o desenvolvimento da minha pesquisa.

A todos que participaram da pesquisa: amigos pesquisadores; Coopervida; ETAPES; comerciantes e prestadores de serviços do município de São Carlos, etc.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

(6)

Resumo

CORRÊA, F. D. Análise dos sistemas de logística reversa em municípios da bacia

hidrográfica Tietê-Jacaré (UGRHI-13). 2019 – 174p: Dissertação (Mestrado) –

Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, São Carlos -2019.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) , instituída pela lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, regulamentada pelo decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, obriga aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; e embalagens em geral à implementarem sistemas de Logística Reversa (LR), retornando os produtos após o uso pelos consumidores ao ciclo produtivo ou outra destinação final ambientalmente adequada. A importância em e estabelecer um sistema adequado de gestão de resíduos sólidos não está somente vinculada a minimizar os impactos ambientais, mas também os impactos à saúde pública. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é analisar a implementação e abrangência das ações de LR nos municípios da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos Tietê/Jacaré (UGRHI-13) e a identificação dos atores envolvidos nos sistemas de LR em um estudo de caso no município de São Carlos-SP. Os métodos adotados contemplam a análise documental e aplicação de questionário aos representantes dos municípios para coleta de dados institucionais e diretrizes da gestão. O estudo de caso foi conduzido por meio de entrevistas com os atores envolvidos nos sistemas de LR, das quais foram identificados: poder público municipal, revendedores de produtos, associações representativas dos setores produtivos, entidades gestoras de LR, e outras organizações que realizam ações de LR. Identificou-se, dentre os resultados, iniciativas formais e informais de LR nos municípios da UGRHI-13; a falta de cooperação entre as esferas de poder e entre o setor privado com o poder público municipal, assim como a atribuição ao poder público municipal de responsabilidades do setor privado.

Palavras chave: Logística reversa; Política Nacional de Resíduos Sólidos; Municípios

(7)

Abstract

CORRÊA, F. D. Analysis of reverse logistic systems in the municipalities of the

Tietê-Jacaré hydrographic basin (HRMU -13). 2019 – 174p: Dissertation (Masters) - Federal

University of São Carlos, Center for Biological Sciences and Health, Postgraduate Program in Environmental Sciences, São Carlos - 2019.

The National Waste Policy, established by Law No. 12,305 of August 2, 2010, regulated by Decree No. 7,404 of 2010, obliges manufacturers, importers, distributors and retailer of pesticides, their residues and packaging; batteries; tires; lubricating oils, their residues and packaging; fluorescent lamps, sodium and mercury vapor and mixed light; electronic products and their components; and packaging in general to implement Reverse Logistic (RL) systems, returning the products after the use by consumers to the production cycle or other environmentally adequate final destination. The importance of establishing an adequate solid waste management system is not only related to minimizing impacts on the environment, but also on public health. Thus, the objective of this work is to analyze the RL implementation in the municipalities of the HRMU (Hydric Resources Management Unit) -13, of the post-consumption products of the productive sectors already mentioned. The methods adopted include the documentary analysis and the application of a questionnaire in municipalities for the collection of institutional data and management guidelines, and for the case study in the municipality of São Carlos, a detail of the actions through dialogue and interviews with the actors involved in RL systems - municipal public power, resellers of products related to the research, associations representing the productive sectors, managing entities of RL, and other organizations that carry out RL actions. It was identified, among the results, formal and informal RL initiatives in the municipalities of HRMU-13; and that municipalities have no knowledge of all the RL systems that are being implemented; which among these initiatives identified the RL tire system as the one with the highest representativeness among municipalities; and that there is a lack of cooperation between the public spheres and between the private sector and municipalities.

(8)

Lista de Figuras

Figura 1. Estrutura da dissertação ... 22

Figura 2. Métodos de pesquisa ... 24

Figura 3. Municípios pertencentes a UGRHI-13, Tietê-Jacaré ... 27

Figura 4. Funil de apresentação da área de estudo ... 28

Figura 5. Localização do município de São Carlos – SP. ... 29

Figura 6. Modelo do método Snowball utilizado na pesquisa ... 34

Figura 7. Elementos básicos da logística ... 37

Figura 8. Fluxo direto e reverso de materiais ... 40

Figura 9. Municípios da UGRHI-13 que possuem órgão competente responsável pela logística reversa ... 82

Figura 10. Municípios da UGRHI-13 que alegam possuir alguma forma de cooperação com outras esferas de poder, setor, e/ou outros segmentos da sociedade ... 84

Figura 11. Municípios da UGRHI-13 que possuem coleta seletiva de resíduos sólidos ... 87

Figura 12. Municípios da UGRHI-13 que possuem programas de educação ambiental voltadas à problemática de resíduos sólidos ... 92

Figura 13. Rede de contatos acionados para a realização das entrevistas do estudo de caso, a partir do método Snowball (bola de neve). ... 135

Figura 14. Fluxo reverso de embalagens de agrotóxicos identificado no município de São Carlos. ... 138

Figura 15. Fluxo reverso de pilhas e baterias (portáteis) identificado no município de São Carlos ... 140

Figura 16. Fluxo reverso de pneus identificado no município de São Carlos ... 142

Figura 17. Fluxo reverso de OLUC identificado no município de São Carlos ... 143

Figura 18. Fluxo reverso de lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista identificado no município de São Carlos ... 145

Figura 19. Fluxo reverso de produtos eletroeletrônicos identificado no município de São Carlos ... 148

(9)

Lista de Tabelas

Tabela 1. Municípios e população da UGRHI-13 ... 25 Tabela 2. Faixa populacional dos municípios respondentes, da UGRHI-13, e representatividade na pesquisa ... 28 Tabela 3. Representatividade dos SLR dos setores produtivos ... 128 Tabela 4. Quantidade de pilhas e baterias coletadas por ponto de coleta e data pela GM&CLog em São Carlos. ... 139 Tabela 5. Informações constadas em certificado de destinação final de resíduos emitido pela GM&CLog à USP Recicla, referente ao mês de agosto de 2017. ... 140 Tabela 6. Volume de OLUC coletado em São Carlos pelos coletores autorizados pela ANP, referente ao ano de 2017, 2018 e 2019. ... 144 Tabela 7. Coleta de lâmpadas mensal pela Reciclus, em São Carlos. ... 146 Tabela 8. Coleta de lâmpadas pela Reciclus por ponto de entrega, em São Carlos. ... 146

(10)

Lista de Quadros

Quadro 1. Relação de públicos-alvo para os diferentes setores produtivos ... 33 Quadro 2. Temática das questões para o estudo de caso... 33 Quadro 3. Setores produtivos e a situação atual da implementação dos SLR. ... 47 Quadro 4. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de embalagens de

agrotóxicos, de acordo com o TCLR de 2015 ... 49 Quadro 5. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de pilhas e baterias, de acordo com o TCLR (2016) ... 52 Quadro 6. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de pneus inservíveis, de acordo com a Resolução Conama nº 416/2009 ... 55 Quadro 7. Responsabilidades dos diferentes atores do SLR de OLUC, de acordo com a

Resolução Conama nº 362/2005 ... 57 Quadro 8. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de lâmpadas, com base no acordo setorial de 2015 ... 62 Quadro 9. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de produtos

eletroeletrônicos, de acordo com o TCLR (2017) ... 65 Quadro 10. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de embalagens em geral, de acordo com o TCLR - FIESP, CIESP e ABRELPE (2018) ... 69 Quadro 11. Responsabilidades dos diferentes atores do SLR de embalagens em geral, de acordo com o TCLR - ABIHPEC, ABIPLA e ABIMAPI (2018) ... 71 Quadro 12. Status dos municípios da UGHRI-13 com relação ao PMGIRS ... 77 Quadro 13. Posicionamento dos municípios da UGRHI-13 quanto ao conteúdo mínimo do PMGIRS ... 78 Quadro 14. SLR nos municípios da UGRHI-13 ... 80 Quadro 15. Existência de um órgão, setor, ou funcionário responsável pela LR nos municípios da UGRHI-13 ... 82 Quadro 16. Existência de cooperação entre esferas de poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade nos municípios da UGHRI-13 ... 84 Quadro 17. Coleta seletiva e existência de parcerias com cooperativas/associações nos

municípios da UGHRI - 13 ... 87 Quadro 18. Existência de compras públicas mais sustentáveis nos municípios da UGHRI-13 . 90 Quadro 19. Os municípios da UGRHI -13 que possuem programas de educação ambiental voltados à problemática de resíduos sólidos ... 92 Quadro 20. Logística reversa de agrotóxicos, seus resíduos e embalagens nos municípios da UGRHI-13 ... 95 Quadro 21. Mapa de calor com respostas simplificadas dos municípios ao questionário,

referente à LR de agrotóxicos ... 99 Quadro 22. Logística reversa de pilhas e baterias nos municípios da UGRHI -13 ... 100 Quadro 23. Mapa de calor com respostas simplificadas dos municípios ao questionário,

referente à LR de pilhas e baterias ... 104 Quadro 24. Logística reversa de pneus nos municípios da UGRHI-13 ... 105 Quadro 25. Mapa de calor com as respostas simplificadas dos municípios ao questionário, referente à LR de pneus. ... 110 Quadro 26. Logística reversa de OLUC nos municípios da UGRHI-13 ... 111

(11)

Quadro 27. Mapa de calor com as respostas simplificadas dos municípios ao questionário, referente à OLUC ... 114 Quadro 28. Logística reversa de lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista nos municípios da UGRHI - 13 ... 115 Quadro 29. Mapa de calor com as respostas simplificadas dos municípios ao questionário, referente à LR de lâmpadas ... 119 Quadro 30. Logística reversa de eletroeletrônicos e seus componentes nos municípios da

UGRHI -13... 120 Quadro 31. Mapa de calor com as respostas simplificadas dos municípios ao questionário, referente à LR de produtos eletroeletrônicos ... 124 Quadro 32. Logística reversa de embalagens em geral nos municípios da UGRHI -13 ... 125 Quadro 33. Mapa de calor com as respostas simplificadas dos municípios ao questionário, referente à LR de embalagens em geral ... 127 Quadro 34. Iniciativas formais de SLR existentes nos municípios respondentes da UGRHI-13 ... 128 Quadro 35. Relação de contatos por setor produtivo realizados para o estudo de caso no

município de São Carlos ... 135 Quadro 36. Pontos de coleta de pilhas e baterias portáteis do sistema de LR da Green Eletron, em São Carlos ... 138 Quadro 37. Pontos de coleta do sistema de LR da Reciclus, no município de São Carlos ... 145

(12)

Lista de Siglas

ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos

ABILUMI Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Produtos de Iluminação

ABILUX Associação Brasileira da Indústria de Iluminação

ABIMAPI Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados

ABINEE Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica

ABIPLA Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRE Associação Brasileira de Embalagem

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

ANAP Associação Nacional dos Aparistas de Papel

ANDAV Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

APP Atividades Potencialmente Poluidoras

CBH-TJ Comitê de Bacia Hidrográfica do Tietê-Jacaré

CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo

CNC Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CTF Cadastro Técnico Federal

(13)

EC Economia Circular

FECOMÉRCIOSP Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INESFA Instituto Nacional das Empresas de Preparação de Sucata Não Ferrosa e de Ferro e Aço

INPEV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LR Logística Reversa

MMA Ministério do Meio Ambiente

MME Ministério de Minas e Energia

NBR Norma Brasileira

ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

ONU Organização das Nações Unidas

OLUC Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado

PERS Plano Estadual de Resíduos Sólidos

PEV Ponto de Entrega Voluntária

PFSB Política Federal de Saneamento Básico

PGP Plano de Gerenciamento de Pneus Inservíveis

PMGIRS Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PPP Parceria Público-Privada

SDL Superintendência de Distribuição e Logística

(14)

SIM Serviços Integrados do Município

SIMP Sistema de Informações de Movimentação de Produtos

SINCOMÉRCIO Sindicato do mercado varejista

SINIR Sistema Nacional de Informações sobre Resíduos Sólidos

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SLR Sistema de Logística Reversa

SMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico

TCLR Termo de Compromisso de Logística Reversa

UE União Europeia

(15)

Sumário

1. Introdução ... 18 1.1 Objetivos ... 21 1.1.1 Objetivos Gerais ... 21 1.1.2 Objetivos Específicos ... 21 1.2 Estrutura da dissertação ... 21 1.3 Metodologia ... 23

1.3.1 Seleção da área de estudo ... 24

1.3.2 Área de Estudo ... 25

1.3.2.1 Caracterização do município selecionado para o estudo de caso ... 29

1.3.3 Pesquisa bibliográfica ... 30 1.3.4 Pesquisa documental ... 31 1.3.5 Questionário ... 31 1.3.6 Estudo de caso ... 32 1.3.6.1 Amostragem Snowball ... 34 1.3.6.2 Busca ativa ... 34

2. Capítulo 1. Marco normativo e legal da logística reversa no Brasil... 36

2.1 Cadeia de suprimentos e logística empresarial ... 36

2.2 Logística Reversa ... 39

2.3 Logística reversa no Brasil ... 42

2.3.1 Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens ... 48

2.3.2 Pilhas e baterias (portáteis) ... 51

2.3.3 Pneus ... 54

2.3.4 Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens ... 56

2.3.5 Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista ... 61

2.3.6 Produtos eletroeletrônicos e seus componentes ... 64

2.3.7 Embalagens em geral ... 66

2.4 Conclusões e considerações ... 72

3. Capítulo 2. Ações de logística reversa em municípios da UGRHI-13 ... 75

3.1. Questionário - primeira seção ... 76

3.1.1. Situação municipal quanto à existência ou não de Plano Municipal ou Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (questão 1) ... 76

3.1.2 Existência ou não de SLR no município para os resíduos do art. 33 da lei nº 12.305/2010 (questão 2) ... 79

3.1.3 Existência ou não de órgão, setor, e/ou funcionário responsável pela LR no município (questão 3) ... 81

(16)

3.1.4 Cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial ou demais segmentos da sociedade para uma gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado

para os resíduos sólidos (questão 4) ... 83

3.1.5 Iniciativas de coleta seletiva e parceria ou convênio com cooperativas de catadores e catadoras de resíduos recicláveis (questões 5 e 6) ... 86

3.1.6 Compras públicas ambientalmente sustentáveis (questão 7)... 88

3.1.7 Programas de educação ambiental voltados à problemática de resíduos sólidos (questão 8) ... 91

3.2 Questionário - segunda seção ... 93

3.2.1 Cadeia de resíduos: agrotóxicos, seus resíduos e embalagens ... 95

3.2.2 Cadeia de resíduos: pilhas e baterias ... 100

3.2.3 Cadeia de resíduos: pneus ... 105

3.2.4 Cadeia de resíduos: Óleos lubrificantes contaminados ou usados (OLUC) ... 111

3.2.5 Cadeia de resíduos: lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista ... 115

3.2.6 Cadeia de resíduos: eletroeletrônicos e seus componentes ... 120

3.2.7 Cadeia de resíduos: embalagens em geral ... 125

3.3 Conclusão ... 128

4. Capítulo 3. Estudo de caso: Panorama da implementação da LR no município de São Carlos – SP ... 131

4.1 Gestão de resíduos sólidos urbanos no município ... 131

4.2 Resultados dos métodos utilizados ... 134

4.2.1 Resultados da etapa do método Snowball ... 134

4.2.2 Resultados da etapa da busca ativa... 135

4.3 Identificação de sistemas de logística reversa do município de São Carlos ... 136

4.3.1 Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens ... 137

4.3.2 Pilhas e baterias (portáteis) ... 138

4.3.3 Pneus ... 141

4.3.4 Óleos lubrificantes contaminados ou usados (OLUC) ... 143

4.3.5 Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista ... 144

4.3.6 Produtos eletroeletrônicos e seus componentes ... 146

4.3.7 Embalagens em geral ... 148

4.4 Conclusão ... 150

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 152

6. Referências Bibliográficas ... 154

APÊNDICE A ... 166

(17)
(18)

1. Introdução

A humanidade, desde o início da Revolução Industrial (séc. XVIII) busca incessantemente pelo progresso, consumindo e degradando os recursos naturais. No entanto, foi a partir do final da Segunda Guerra Mundial que isso se acentuou (BURSZTYN e BURSZTYN, 2012). Para Jameson (2007), foi posterior à Segunda Guerra Mundial, período por ele considerado como pós-moderno, de capitalismo tardio, em que se verificou uma mudança cultural, marcada pelo individualismo e consumismo. Esse período de pós-modernidade, que apresenta o rompimento com a modernidade, é relevante por ser amplo e abranger diferentes mudanças que vêm ocorrendo na cultura contemporânea, sendo no campo artístico e intelectual; nas práticas e experiências cotidianas de diferentes grupos; como também mudanças na esfera cultural relacionada aos modos de produção, consumo e bens simbólicos (FEARTHERSTONE, 1995).

Com essas mudanças na “cultura de consumo”, Feartherstone (1995) identifica três diferentes perspectivas fundamentais sobre a mesma. Sendo a primeira uma concepção de que a cultura do consumo possui como fato inicial a expansão da produção capitalista de mercadorias. Uma segunda concepção, em uma visão sociológica, apresenta a relação entre a satisfação adquirida através do consumo dos bens, com a distinção social que os mesmos proporcionam. E por fim o prazer emocional através do consumo, produzindo uma excitação física e prazeres estéticos. Portanto, seria equivocado afirmar que essa “cultura de consumo” deriva somente da produção ininterrupta de bens.

Segundo Silva (2012), os produtos são estrategicamente produzidos com uma curta durabilidade pela indústria, que reduz o ciclo de vida dos mesmos e criam a necessidade de substituí-los por novos. Esta estratégia – também conhecida como obsolescência programada – apresenta-se com o objetivo de retomar o crescimento do mercado e a manutenção dos níveis de produção de mercadorias. É um conceito que não está somente relacionado com a pouca durabilidade do produto, mas também a um desejo sempre crescente do indivíduo de obter novos produtos, com um novo design por exemplo.

O resultado destes processos é a geração exacerbada de “lixo”, doravante denominado resíduos sólidos, assim que os mesmos chegam ao final do ciclo de vida ou deixam de possuir uma utilidade.

(19)

Como aponta o Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) - 2016: da massa total coletada estimada em 58,9 milhões de toneladas, 59% são dispostos em aterros sanitários, porém 10,3% ainda são encaminhados a lixões, 9,6% em aterros controlados e 17,7% não há informação do destino. Apenas 3,4% são encaminhados para unidades de triagem e compostagem (SNIS, 2018).

No ano de 2016 ouve uma queda de 6% da massa coletada (de resíduos sólidos) per capita dos municípios - queda de 10,5% somando os dois últimos anos da pesquisa - resultando em um valor médio de 0,94 kg/hab./dia. Porém o próprio SNIS-RS considera que estes resultados podem representar uma possível decorrência da crise econômica que o país vem passando (SNIS, 2018).

Ainda, neste cenário, faz-se necessária a adoção de ações mais sustentáveis aplicáveis aos sistemas de produção, do consumo e do gerenciamento adequado de resíduos sólidos. E, para isso, não cabe responsabilizar somente o setor público, mas também o setor produtivo e a sociedade civil, no contexto de suas funções e atribuições. Com esse intuito, a lei nº 12.305 de 2010, que institui a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) estabelece como um de seus princípios a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

O desafio ainda é maior para um país com a extensão territorial como a do Brasil, que possui um elevado número de municípios de diferentes portes, níveis culturais e de realidades locais.

Para a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, são criados sistemas de logística reversa (SLR) a partir de acordo setorial (ou termo de compromisso, ou regulamento expedido pelo poder público) entre o poder público e os fabricantes, importadores, distribuidores e/ou comerciantes de resíduos sólidos especificados em lei, evidenciando o papel fundamental que o consumidor também possui no funcionamento eficiente desses sistemas.

Compreende-se a LR como uma ferramenta importante para reduzir substancialmente os impactos ao meio ambiente e à saúde pública, ao propor uma destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, reduzindo a poluição e contaminação de corpos de águas, ar e solo; evitando uma maior exploração de recursos naturais não renováveis, diminuindo a exaustão de combustíveis fósseis, minérios e outros; beneficiando famílias que possuem como forma de sustento a venda de materiais

(20)

recicláveis; dentre outros. Fatores estes que vão de encontro aos preceitos da Economia Circular (EC), a uma cidade mais sustentável e que colabora na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) recomendados pela ONU (Organização das Nações Unidas) (2015).

Deste modo, este trabalho busca responder essencialmente de que forma a LR é executada nos municípios que compõem a UGRHI-13 – como caso de estudo para a verificação do papel desempenhado pelos municípios nesse contexto.

Para tanto, e tendo como base legal a lei nº 12.305 (BRASIL, 2010), seu art. 33 e parágrafo 1º - para a definição dos seguintes setores produtivos que são sujeitos à implementação e operacionalização da LR: agrotóxicos e suas embalagens; pilhas e baterias (portáteis); pneus; óleos lubrificantes usados ou contaminados (OLUC); lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos; e embalagens em geral (de vidro, plástico e metal). Neste estudo também é considerada a Resolução SMA nº 45, de 2015, que define as diretrizes para a implementação e operacionalização da responsabilidade pós-consumo no Estado de São Paulo, por meio da LR.

A relevância desta abordagem se dá pela crescente representatividade dos setores no mercado econômico brasileiro. No caso de agrotóxicos, foram comercializadas 539.944,95 toneladas no ano de 2017 (IBAMA, 2017). A indústria eletroeletrônica encerrou o ano de 2018 com um crescimento na produção de 1,1% em comparação ao ano de 2017, faturando R$ 146,1 bilhões, um crescimento de 7% em relação a 2017 (R$ 136 bilhões) (ABINEE, 2018). A indústria nacional de óleos lubrificantes acabados encerrou o ano de 2018 com 1.646.367.990 de litros produzidos e comercializados. (ANP, 2019). Quanto aos pneus produzidos e importados equivalem à 1.337.924,51 toneladas em 2017 (IBAMA, 2018).

Nas pesquisas sobre SLR ainda existe uma lacuna da abordagem do papel do município para sua execução, corroborando a relevância deste estudo. Neste sentido, o município configura-se como um ator importante na execução da LR, visto que além de ser a unidade administrativa a qual são implementados os pontos de coletas dos SLR existentes, é a esfera de poder público mais próxima à sociedade civil, sendo geralmente a primeira a ser consultada pela mesma – antes do estado e união.

(21)

Além disso, faz-se necessário o estudo desse instrumento por ser um tema relativamente novo e em consolidação, devido aos novos termos de compromisso e acordos setoriais que foram recentemente publicados ou que ainda estão em negociação.

A proposta em se trabalhar com sete setores produtivos que são obrigados a implementar SLR em uma área de estudo relativamente grande (UGRHI-13), possibilita aos leitores uma visão holística dos SLR existentes, proporcionando uma análise comparativa entre eles e a visualização de suas fragilidades e potencialidades, colocando em foco o papel do poder público municipal nos diferentes sistemas em diferentes faixas populacionais e realidades.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivos Gerais

O objetivo deste trabalho consiste em analisar a implementação do instrumento Logística Reversa nos municípios que compõem a UGRHI-13, e como o mesmo se relaciona com outros instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

1.1.2 Objetivos Específicos

- Identificar os atores dos Sistemas de Logística Reversa por meio do estudo de caso no município de São Carlos e as responsabilidades de cada ator integrante desses sistemas e as relações entre eles;

- Identificar lacunas da gestão de resíduos sólidos sujeitos a Logística Reversa dos municípios.

1.2 Estrutura da dissertação

A dissertação está estruturada em uma Introdução Geral, três capítulos e Considerações finais e recomendações. Os objetivos e aspectos metodológicos são apresentados na Introdução Geral. Os capítulos apresentam relações e se complementam, conforme apresentado na Figura 1:

(22)

Figura 1. Estrutura da dissertação

Fonte: elaborado pela autora.

O capítulo 1 apresenta uma base teórica sobre a LR e seu contexto histórico, assim como a legislação e atores relacionados à sua aplicação em âmbito nacional, estadual e municipal. Buscando-se, portanto, compreender suas potencialidades e pontos críticos de implementação.

O capítulo 2 mostra, de forma geral, como que é implementado em âmbito municipal a LR das cadeias de resíduos sólidos pós-consumo que são objetos desse estudo (anteriormente mencionado na introdução) e outros instrumentos relacionados, com base em informações coletadas diretamente com as prefeituras municipais, por meio da aplicação de um questionário e uma posterior entrevista com os representantes das mesmas, para enfim efetuar uma análise comparativa dos dados.

(23)

No capítulo 3, a partir das informações do capítulo 2, é apresentado um detalhamento das ações para a implementação dos SLR no município de São Carlos – selecionado como caso de estudo. Os métodos utilizados contemplam entrevistas (por telefone) realizadas com outros atores relacionados com os sistemas de logística reversa objeto da presente pesquisa. Para a identificação dos atores de cada cadeia reversa, é utilizada a metodologia snowball, o que permitiu a identificação de um maior número de atores em cada etapa de implementação dos sistemas.

Por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa, levando em consideração todo o conteúdo e a discussão levantada ao longo dos capítulos.

1.3 Metodologia

Essa pesquisa possui uma abordagem qualitativa, em função da forma com que se efetuou a coleta de dados e sua análise. Isso porque a condução da pesquisa dependeu de muitos fatores, como a natureza dos dados coletados, os instrumentos de pesquisa, e pressupostos teóricos que a nortearam, sendo assim uma sequência de atividades. Resultando em uma reflexão e interpretação na medida em que se progridem a análise na construção lógica e redação do trabalho (GIL, 2008).

Possui também características de pesquisa explicativa, pois buscou aprofundar os conhecimentos existentes acerca da LR na realidade de municípios pertencentes a UGRHI-13. Assim como adota a metodologia do estudo de caso múltiplo, já que possui como propósito explorar situações que não estão muito claras para os diferentes atores, permitindo seu amplo e detalhado conhecimento (GIL, 2008).

Yin (2001) afirma que o estudo de caso como pesquisa exploratória é usado em áreas nas quais há pouca teoria ou deficiência de conhecimento, como é o caso da presente pesquisa, que ainda é pouco estudada.

Para se obter um resultado de investigação mais completa, há uma diversidade de métodos que permite adaptação aos objetivos da pesquisa, além de possibilitar a combinação de mais de um método (SILVA & MENEZES, 2005). E foram os seguintes:

(24)

Figura 2. Métodos de pesquisa

Fonte: elaborado pela autora.

1.3.1 Seleção da área de estudo

Para a definição da UGRHI-13 como área de estudo, foi considerado como fator importante o fato da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) – agência responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades geradoras de poluição, inclusive atividades referentes a implementação e operacionalização de sistemas de logística reversa - utilizar essa divisão do Estado em UGRHI para o planejamento ambiental, inclusive para a gestão de resíduos sólidos (CETESB, 2015).

Além disso, há outros estudos que seguem a mesma linha de pesquisa com a mesma área de estudo, como a do Lima (2017) e Santiago (2016), que trazem um histórico da implementação de políticas municipais de gestão integrada de resíduos sólidos de resíduos sólidos (PMGIRS).

Outras pesquisas encontradas, possuem em si semelhanças e diferenças com o estudo aqui proposto. Chaves (2016), por exemplo, trabalhou com municípios da mesma unidade (UGRHI-13), mas se limitou a oito municípios de pequeno porte (classificados como abaixo de 35.000 habitantes). Possui os mesmos objetos de estudo (sete setores produtivos) e identificou fragilidades na ocorrência da LR. Assim como Bezerra (2015) em sua pesquisa, que se propôs a estudar a gestão integrada de resíduos sólidos urbanos (GIRSU) nos municípios de uma UGRHI (UGRHI-14), trazendo inclusive pontos importantes da LR, no entanto dando ênfase nas potencialidades das Geotecnologias (SIG) como instrumento de análise geográfica para a GIRSU.

(25)

Há estudos que diferem deste por focarem apenas a execução da LR em um município ou/e sobre apenas um setor produtivo – como apresentado em Marques et al (2016), Ferri et al (2015), Mourão e Seo (2012), Pereira (2017) e Lagarinhos (2011).

1.3.2 Área de Estudo

A princípio, foi definido como área de estudo, os 34 municípios pertencentes à UGRHI -13 (Tabela 1 e Figura 3), localizada no centro do Estado de São Paulo, correspondente à bacia hidrográfica Tietê-Jacaré, sob responsabilidade do Comitê de Bacia Hidrográfica do Tietê-Jacaré (CBH-TJ) (CETESB, 2015).

Tabela 1. Municípios e população da UGRHI-13

Município População/Habitantes (SEADE, 2015) Estimativa Populacional (IBGE, 2018) Agudos 35.374 37.023 Araraquara 219.631 233.744 Arealva 8.027 8.505 Areiópolis 10.684 11.099 Bariri 32.872 34.961 Barra Bonita 35.058 36.127 Bauru 354.928 374.272

Boa Esperança do Sul 14.120 4.125

Bocaina 11.527 4.496 Boracéia 4.521 4.776 Borebi 2.444 2.621 Brotas 22.796 24.163 Dois Córregos 25.870 27.112 Dourado 8.540 8.868 Gavião Peixoto 4.516 4.762 Iacanga 10.702 11.559 Ibaté 32.816 34.726 Ibitinga 56.057 59.451 Igaraçu do Tietê 23.739 24.598 Itaju 3.465 3.782 Itapuí 13.013 13.833 Itirapina 16.370 17.922 Jaú 139.844 148.581 Lençóis Paulista 64.010 67.859 Macatuba 16.607 17.111 Mineiros do Tietê 12.322 12.849 Nova Europa 10.048 11.013 Pederneiras 43.608 46.251 Ribeirão Bonito 12.542 13.137

(26)

São Carlos 233.249 249.415 São Manuel 38.957 40.781 Tabatinga 15.307 16.345 Torrinha 9.520 9.963 Trabiju 1.621 1.709 TOTAL 1.554.705 1.617.539

(27)

Figura 3. Municípios pertencentes a UGRHI-13, Tietê-Jacaré

Fonte: São Paulo, 2018.

Desde 1991, através da lei estadual nº 7.663, que estabelece a Política Estadual de Recursos Hídrico, o Estado de São Paulo está dividido em 22 Unidades de Gerenciamento

(28)

de Recursos Hídricos. uma divisão que se deu inicialmente para o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos.

Partindo-se desse recorte da UGRHI -13, como é possível observar na figura 4, apenas 14 município responderam ao questionário, representando 41% dos municípios. Destes, em um segundo nível de análise, foi selecionado o município de São Carlos para o estudo de caso e os critérios para a seleção estão especificados no item “1.3.6 Estudo de caso”.

Figura 4. Funil de apresentação da área de estudo

Fonte: elaborado pela autora.

Neste trabalho, optou-se por dividir os 14 municípios que responderam ao questionário em 5 faixas populacionais, baseadas nas faixas utilizadas pelo IBGE (2000) (Tabela 2).

Tabela 2. Faixa populacional dos municípios respondentes, da UGRHI-13, e representatividade na pesquisa Faixa Populacional

(IBGE, 2000) Municípios Representatividade

Número de municípios

Número de respondentes

%

Faixa I (até 5.000 hab.) Borebi 5 2 40

Itaju Faixa II (5.001 a 20.000

hab.)

Boa Esperança do Sul

14 5 35,7 Iacanga Macatuba Nova Europa Torrinha Bariri 33,3

(29)

Faixa III (20.001 a 50.000 hab.) Pederneiras 9 3 São Manuel Faixa IV (50.001 a 100.000 hab.) Ibitinga 2 2 100 Lençóis Paulista Faixa V (100.001 a 500.000 hab.) Araraquara 4 2 50 São Carlos Total 34 14 41,2

Fonte: elaborada pela autora.

Dentro desse grupo de municípios, é importante compreender a representatividade dos mesmos na UGRHI-13, sendo possível observar que são contempladas todas as faixas populacionais.

1.3.2.1 Caracterização do município selecionado para o estudo de caso

O município de São Carlos (Figura 5), que conta com uma população estimada em 249.415 habitantes (IBGE, 2018), é o segundo maior da UGRHI-13, depois de Bauru. A gestão de resíduos sólidos é de responsabilidade da empresa São Carlos Ambiental, por meio de uma PPP (parceria público-privada) com a prefeitura, responsabilizando-se pela coleta de resíduos sólidos domiciliares e pela operação do aterro sanitário de resíduos sólidos (SÃO CARLOS, 2012).

Figura 5. Localização do município de São Carlos – SP.

(30)

O município ainda não possui PMGIRS, porém possui uma lei municipal - lei nº 17.412 de 8 de abril de 2015 - que dispõe sobre a destinação de resíduos sólidos através da logística reversa.

A lei municipal nº 14.480, de 2008, que dispõe sobre a Política Municipal de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos, além de trazer diretrizes para a gestão de resíduos e limpeza urbana do município, prevê a coleta seletiva de recicláveis, formação de convênios com cooperativas e/ou associações de catadores de recicláveis, como também a construção de centros de triagem (GUTIERREZ & ZANIN, 2011)

Desde 2010 a prefeitura municipal de São Carlos possui contrato de prestação de serviço com a Coopervida - cooperativa de catadores e catadoras de resíduos recicláveis - quando unificaram as três cooperativas existentes anteriormente. A junção das cooperativas ocorreu por meio de um planejamento estratégico coletivo junto ao DAES (Departamento de Apoio à Economia Solidária) e a Incubadora Regional de Cooperativas Populares (INCOOP/UFSCar), com a elaboração de um plano de ação (MARTINS & SORBILLE, 2011).

1.3.3 Pesquisa bibliográfica

O levantamento foi realizado a partir de diferentes bancos de dados científicos, nacionais e internacionais, dentre eles Scopus, Web of Science, Plataforma CAPES e Google Acadêmico. Dentre os termos utilizados para a pesquisa estão: “Logística Reversa”, “Reverse Logistic”; “Política Nacional de Resíduos Sólidos”; “Gestão de Resíduos Sólidos”; “Termos de compromisso de logística reversa”; “Acordos setoriais”; e etc.

A partir da leitura dos resumos dos artigos e quando necessário a introdução e conclusão, foram determinados os seguintes critérios de relevância para os mesmos: se são estudos de caso a respeito dos resíduos objetos desta pesquisa; se trazem uma análise da implementação dos SLR no Brasil; se são estudos mais recentes (posterior promulgação da PNRS, 2010); mas também se são artigos que trazem um contexto histórico da LR; artigos que utilizavam outros conceitos para LR publicados nos bancos de dados citados para obter também o que se abordava sobre a LR e seus diferentes termos.

Aqueles em que havia um detalhamento de processos industriais, de métricas e métodos de implementar LR foram excluídos, por não ser o foco deste trabalho.

(31)

1.3.4 Pesquisa documental

A natureza das fontes é o que difere a pesquisa bibliográfica da pesquisa documental. Sendo esta, portanto, composta por materiais que ainda não receberam um tratamento analítico (GIL, 2008).

Com isso, o que conduziu esta pesquisa documental foram documentos adquiridos nos sítios eletrônicos governamentais: do Planalto; do Ministério do Meio Ambiente (MMA); do Sistema Nacional de Informações sobre Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR); da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB); do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS); do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível), etc.

Dentre os materiais obtidos para análise, estão: leis federais, estaduais e municipais; resoluções; decretos; acordos setoriais e termos de compromisso; inventário estadual de resíduos sólidos urbanos; diagnóstico de manejo de resíduos sólidos urbanos; relatórios de pesquisa sobre LR; etc.

1.3.5 Questionário

A elaboração do questionário teve como base os resultados da pesquisa bibliográfica, especialmente do que é trazido sobre a LR pela PNRS. Foi enviado por meio eletrônico às prefeituras dos 34 municípios pertencentes a UGHRI-13 no período de fevereiro e março de 2018, com o objetivo de identificar as ações existentes de LR, assim como outras ações relacionadas a esse instrumento.

O questionário foi previamente testado (pré-teste) no mês de janeiro de 2018 mediante sua aplicação à Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de São Carlos, por efeito da possibilidade de possuir ambiguidade do texto, evitando, dessa forma, má interpretação futura por parte dos gestores públicos. Foram-se incorporadas, a partir disso, as críticas e sugestões antes do reenvio à prefeitura de São Carlos e ao envio às outras prefeituras.

Para todas as prefeituras foi questionada a necessidade de um ofício de encaminhamento pelo Programa de Pós-graduação da universidade a qual a pesquisadora está inserida, a fim de formalizar a solicitação. Porém, apenas a prefeitura municipal de

(32)

São Carlos solicitou o reenvio do questionário por meio de protocolo junto ao SIM (Serviços Integrados do Município), assim sendo encaminhado à Coordenadoria do Meio Ambiente.

A versão final do questionário (Apêndice A) enviada a todas as prefeituras foi estruturada em duas seções, sendo a primeira composta por questões mais gerais sobre a logística reversa e outros instrumentos e conceitos importantes relacionados, como a questão da coleta seletiva, compras públicas sustentáveis, e educação ambiental. E a segunda, mais específica, refere-se somente aos produtos pós-consumo que são obrigados à implementação de um sistema de logística reversa (SLR), segundo o art. 33, da lei nº 12.305/2010.

Portanto, apesar do questionário ter sido encaminhado aos 34 municípios, como já colocado no item “4.1 Área de estudo”, para esta etapa da pesquisa, contou-se com a colaboração de 14 municípios. Essa limitação da pesquisa se deve às seguintes justificativas fornecidas pelos gestores públicos: 1) não disponibilidade para responder, pelo número escasso de funcionários na área; 2) não existência de um setor do meio ambiente, sendo a secretaria de obras a encarregada pelas questões de resíduos sólidos; 3) apenas uma pessoa responsável pelo setor do meio ambiente, desencadeando dessa forma uma sobrecarga de trabalho e não disponibilidade; 4) não há uma pessoa responsável presente pelas questões de gestão de resíduos sólidos - por afastamento temporário ou outros motivos.

1.3.6 Estudo de caso

Após as respostas aos questionários, e posteriores análises, foi selecionado um município para o estudo de caso - São Carlos, tendo como critérios: por ser um dos quatro maiores municípios da UGHRI-13; o nível de disponibilidade dos gestores públicos em colaborar com a pesquisa; a facilidade em contatar os diferentes atores pessoalmente; por possuir leis municipais referentes a LR e coleta de resíduos; carência de informações através da aplicação do questionário; seu modelo de gestão de resíduos sólidos em parceria com cooperativa de catadores de recicláveis; por ainda não possuir PMGIRS; e possuir parceria público privado (PPP) para a coleta regular dos resíduos sólidos.

Nesta etapa, buscou-se aprofundar a análise da implementação da LR dos produtos pós-consumo do art. 33 da PNRS, identificando os sistemas existentes, os atores envolvidos e suas funções. Isso porque se constatou – ao fim do capítulo 2 – que as

(33)

informações disponibilizadas pelas prefeituras eram insuficientes para a compreensão dos SLR implementados, pois os termos de compromisso de logística reversa (TCLR) são celebrados sem a participação dos municípios.

Desse modo, para realização do estudo de caso foi utilizado o método da entrevista semiestruturada (por ligação telefônica), com questões exclusivamente referentes a LR dos resíduos de cada tipologia, como é possível observar nos Quadros 1 e 2.

Os entrevistados foram determinados a partir do conhecimento prévio dos atores responsáveis pelos SLR (Capítulo 1 - levantamento bibliográfico e documental), como também por informações-chaves complementares da prefeitura (amostragem Snowball- item 4.5.1).

Quadro 1. Relação de públicos-alvo para os diferentes setores produtivos

Setores produtivos Público-alvo

Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens

1. Associações representantes desses setores produtivos; 2. Comerciantes revendedores desses produtos;

3. Entidades gestoras dos SLR advindos de acordos entre setor público e setor produtivo;

4. Operadores logísticos desses produtos pós-consumo; 5. Sindicatos que são integrantes de SLR;

6. Organizações que realizam coleta e destinação dos produtos pós-consumo;

7. Outras iniciativas de LR que não sejam advindas de acordos entre setor público e setor empresarial

8. Pesquisadores da área Pilhas e baterias (portáteis)

Pneumáticos

Óleo lubrificantes usado ou contaminado (OLUC) Lâmpadas

Produtos eletroeletrônicos Embalagens em geral Fonte: elaborado pela autora.

Quadro 2. Temática das questões para o estudo de caso

Temática das questões Identificação dos diferentes atores dos SLR Responsabilidades dos atores dos SLR Destinação final dos resíduos sólidos Etapas da logística reversa

Conhecimento de leis municipais

(34)

1.3.6.1 Amostragem Snowball

Também conhecida como amostragem de bola de neve, foi utilizada para o processo de entrevistas na coleta de dados do estudo de caso. É um método geralmente utilizado em pesquisas qualitativas com o propósito de localizar pessoas/atores com o perfil necessário para a pesquisa, através de informantes-chaves (também nomeados como “sementes”), resultando em uma rede de contatos, até que esse quadro de amostragem se torne saturado, ou os novos nomes oferecidos não tragam informações novas para a análise (VINUTO, 2014).

Tomou-se como “semente” uma secretaria municipal da prefeitura, a partir de uma entrevista com um gestor público da mesma, a fim de obter indicações importantes para o estudo de caso e adquirir uma rede de contatos como o exemplo apresentado na figura 6.

Figura 6. Modelo do método Snowball utilizado na pesquisa

Fonte: elaborado pela autora, adaptado de Vinuto (2014).

1.3.6.2 Busca ativa

Como é possível observar no Quadro 1, foi realizado contato com um público bem diversificado, dentre estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços do

(35)

município, como revendedores de defensivos agrícolas, supermercados, borracharias, revendedores de eletroeletrônicos e lâmpadas, etc.

Para a busca por esses contatos, utilizou-se um site na Internet de lista telefônica, denominado “Lecto” (http://www.lecto.com.br/), no qual se coletou uma média de 10 números telefônicos de cada tipo de comércio ou prestador de serviço desejado, organizando-os em uma planilha com a totalidade de contatos realizados nesta pesquisa. Muitos dos contatos não atenderam, no entanto, a partir do momento que as respostas daqueles que atenderam foram se reproduzindo e complementando as informações, os contatos foram cessados.

(36)

2. Capítulo 1. Marco normativo e legal da logística reversa no Brasil

O presente capítulo, que serve de base teórica para os capítulos seguintes, busca primeiramente apresentar os conceitos relacionados à logística reversa diante da logística empresarial, a qual está inserida na cadeia de suprimentos. Seguindo para uma conceituação propriamente dita do termo, trazendo diferentes abordagens pelos atores citados, seus outros termos utilizados e suas maneiras de aplicação.

Neste aspecto, são apresentadas informações referentes às atividades de logística reversa em âmbito nacional e estadual, os instrumentos fundamentais para que isso ocorra e as legislações que obrigam sua implementação. Por fim, são abordados os resíduos objetos desta pesquisa, no que concerne aos sistemas já existentes, de que forma surgiram, quais são os atores partícipes e suas responsabilidades, além das metas e resultados esperados.

2.1 Cadeia de suprimentos e logística empresarial

A cadeia de suprimentos dentro de uma organização é composta por fabricantes, fornecedores, transportadoras, armazéns, varejistas, como também os consumidores. Inclui dessa forma funções que vão desde a recepção à realização de um pedido do cliente, de modo que satisfaça sua necessidade, gerando lucro, consequentemente. (CHOPRA; MEINDL, 2011)

O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), antigo Council of Logistics Management sobre a Gerenciamento de Cadeia de Suprimentos:

O gerenciamento da cadeia de fornecimento engloba o planejamento e o gerenciamento de todas as atividades envolvidas na terceirização e aquisição, conversão e todas as atividades de gerenciamento de logística. É importante também incluir a coordenação e a colaboração com parceiros de canal, que podem ser fornecedores, intermediários, prestadores de serviços terceirizados e clientes. Em essência, o gerenciamento da cadeia de suprimentos integra o gerenciamento de oferta e demanda dentro e entre empresas (CSCMP, 2019)

Dentro do processo de gestão de cadeia de suprimentos, a logística é fundamental, pois segundo Leite (2009), adquiriu uma nova conjuntura nas empresas ao desempenhar um papel estratégico no planejamento das redes operacionais, controle de fluxos dos materiais e de informações correspondentes à todas as etapas da cadeia.

(37)

Portanto, assim como Wanke (2003) diz, a logística é uma parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos, este sendo uma extensão dela, quando são incorporados os clientes e os fornecedores de uma empresa.

Logística é um conceito que provém essencialmente da guerra, onde os militares logísticos atuavam estrategicamente para providenciar, no momento certo, o deslocamento de tropas, armamento, munição, alimento, socorro médico no campo de combate etc. (NOVAES, 2007).

Ainda para Novaes (2007), como mostra figura 7, o processo básico da logística consiste em planejar, operar e controlar o fluxo e armazenagem de vários elementos desde a matéria-prima, produtos em processo e finalizados, incorporando as informações pertinentes a este rol de variáveis, monitorando desde o ponto de origem até ao ponto de destino. Com o objetivo de realizar da forma mais econômica, eficiente, satisfazendo as necessidades do cliente.

Figura 7. Elementos básicos da logística

Fonte: Novaes, 2007.

Na prática, é difícil dissociar a logística empresarial do gerenciamento da cadeia de suprimentos. Segundo Ballou (2006, p. 28), ambas possuem a mesma missão, de “colocar os produtos ou serviços certos no lugar certo, no momento certo, e nas condições desejadas, dando ao mesmo tempo a melhor contribuição possível para a empresa”

(38)

Ainda para Ballou (2006, 29),” a vida de um produto, do ponto de vista da logística, não se encerra com a entrega ao consumidor”. Apesar de se pensar facilmente na logística como o fluxo dos produtos desde os pontos de aquisição de matérias primas até o consumidor final, para muitas empresas tem que ser igualmente administrado o canal logístico reverso desses produtos.

E o pensamento no ciclo de vida dos produtos (life cycle thinking, LCT) “diz respeito a ir além do foco tradicional no local de produção e nos processos produtivos para incluir os impactos ambiental, social e econômico de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida.” (UNEP, 2007, p. 12).

No entanto, para inserir contribuições à sustentabilidade ecológica em uma cadeia de suprimentos, exige-se uma mudança de paradigma , de “do berço ao túmulo” à “do berço ao berço”, da expressão em inglês Cradle to Cradle (C2C), que veio a ser conhecida através de um livro que possui essa expressão como título, publicado por McDonough e Braungart (2002), cujo trazem a ideia central de que em uma indústria os recursos devem ser geridos em uma lógica circular de criação e reutilização, substituindo o modelo linear à sistemas cíclicos, em que cada passagem de ciclo se torna um novo ‘berço’ para determinado material, buscando-se minimizar os impactos ambientais negativos ao longo de todo o ciclo de vida do produto, permitindo sua utilização ótima após cada período de consumo.

Assim como as iniciativas de Economia Circular (EC), que buscam redefinir os padrões de produções e consumo, tornando-os mais sustentável, tanto no âmbito ambiental quanto social. Partindo-se de um modelo linear de produção e consumo, que desperdiça recursos, para um modelo de não geração de resíduos (Circular) (ARAÚJO e VIEIRA, 2017).

A EC possui como princípios, segundo Ellen Macarthur Foundation (2019), preservar e aumentar o capital natural, trazendo um controle aos estoque finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis; otimizar a produção de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico; e fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas e excluindo-as do projeto.

Proporcionando, dessa forma, uma cidade que seja mais sustentável, a qual no ponto de vista de Ascelrad (1999, p. 4), será aquela que, a partir da mesma oferta de serviços, “minimiza o consumo de energia fóssil e de outros recursos materiais,

(39)

explorando ao máximo os fluxos locais e alcançando um sistema de conservação de estoques e de redução do volume de rejeitos.”

E essa circularidade que tanto a EC e o termo Cradle to Cradle trazem como abordagem, está intrinsecamente relacionado à proposta da logística reversa (LR), ou segundo Godivan et al (2015), cadeia de suprimentos reversa, a ser conhecida também como cadeia de suprimentos de circuito fechado (closed-loop supply chain).

São diferentes abordagens que estão relacionadas direta ou indiretamente à alguns dos ODS da ONU:

• Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

• Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos;

• Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

• Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. (ONU, 2015)

2.2 Logística Reversa

Zikmund e Stanton (1971) utilizaram o termo Reverse Distribution para se referir a um canal que devolve embalagens reutilizáveis ou outros resíduos do consumidor ao produtor, invertendo o fluxo físico tradicional do produto, sendo com isso um processo essencial para a reciclagem de resíduos. Além disso, guiados por princípios de marketing, a reciclagem foi vista como algo incomum, já que o consumidor tem o seu papel invertido de “consumidor de produtos” para “produtor de resíduos”, porém como o próprio consumidor não tem essa visão, consequentemente não fará estratégias de marketing para vendê-los, cabendo ao fabricante inserir essa “distribuição reversa” à sua cadeia produtiva.

Segundo Brito e Dekker (2003) é difícil de traçar com precisão quando surgiu o termo Logística Reversa (LR). Outros termos já eram utilizados nos anos 70, como Distribuição Reversa (ZIKMUND e STANTON, 1971), ou Canal Reverso e Fluxo Reverso por Guiltinan e Nwokoye (1974), Ginter e Starling (1978).

(40)

Nos anos 90, uma das primeiras definições de LR encontrada nas literaturas, foi de Rogers e Tibben-Lembke (1998), na qual os autores adaptaram a definição de Logística do Council of Logistics Management (CLM), atual Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP):

The process of planning, implementing, and controlling the efficient, cost effective flow of raw materials, in-process inventory, finished goods, and related information from the point of consumption to the point of origin for the purpose of recapturing or creating value or proper disposal (Rogers and Tibben-Lembke, 1998, p. 3).

Porém, essa definição não deixa explícito uma perspectiva ambiental na qual foi apresentada por Zikmund (1971) anteriormente, na qual foca primeiramente no retorno de produtos recicláveis e reutilizáveis. Para Mead e Sarkis (2002), a LR, a partir de uma perspectiva ambiental, apoia práticas como reciclagem, remanufatura e recuperação, as quais podem ser ambientalmente adequadas, mas também oferecem oportunidades para operações organizacionais financeiramente sólidas.

A LR está presente em todas as etapas da produção. É como Brito e Dekker (2003) trazem: há retornos de fabricação, retornos de distribuição, e retornos de clientes, como é possível observar na Figura 8:

Figura 8. Fluxo direto e reverso de materiais

Fonte: Elaborada pela autora, adaptado da obra de Brito e Dekker (2003)

Para Leite (2009), tanto a rede de distribuição reversa pós-consumo como a de pós-venda, possuem um importante papel empresarial, já que possuem como objetivos a

(41)

revalorização econômica dos bens retornados, a obediência às legislações ambientais e a busca de competitividade, através de uma diferenciação mercadológica.

Aos bens de pós-consumo, o sistema de remanufatura e o de reciclagem agregam valor econômico, ecológico e logístico, criando dessa forma condições de reintegração dos materiais ao ciclo produtivo, que, substituindo as matérias-primas novas, gera uma economia reversa. Aos bens de pós-venda, destacam-se canais reversos de revalorização de realocação de estoques em excesso, ou recaptura de valor de bens com problema de qualidade em geral, por exemplo (LEITE, 2009).

Como é citado por Daher et al. (2006), é uma questão de tempo para que a LR tenha uma importância considerável nas empresas, e assim que estas aderirem a ela, terão vantagens competitivas, devido não somente a redução de custos, como também na melhora no serviço ao consumidor. Já que, segundo Rogers e Tibben-Lembke (2001), além de afirmarem que uma boa gestão da Logística Reversa não só diminui os custos, como também aumenta a receita, os consumidores iriam preferir reduzir os riscos ao comprar um produto, na maneira que este poderia ser facilmente retornado à empresa que o fabricou.

Em contrapartida, segundo Costa et al. (2017) a introdução de processos de LR integrados à cadeia de distribuição das empresas demanda investimentos em uma série de atividades que exigem recursos humanos e operacionais, dentre elas o financiamento de equipamentos de reciclagem ou outros, assim como implantação de pontos de coleta e a divulgação aos consumidores. Por isso, tratando-se de uma atividade secundária à atividade principal de determinada empresa, o modelo integrado de LR proposto pode vir a ser de baixa eficiência e alto custo.

Os desafios impostos pela sustentabilidade e pela adoção do processo de LR com estes fins vão muito além da dimensão dos custos que são gerados. Muitas empresas ainda não reconhecem os impactos causados no meio ambiente pelas suas atividades, e isso dificulta uma tomada de decisão necessária. Além do mais, há a complexidade da implementação do sistema de LR que vem da imensa quantidade de variáveis envolvidas no processo de tomada de decisão das empresas (PEREIRA et al., 2011).

(42)

2.3 Logística reversa no Brasil

A Política Federal de Saneamento Básico (PFSB) – instituída pela lei nº 11.445 de 2007 – trouxe como um dos princípios fundamentais dos serviços públicos de saneamento básico, a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos, realizados de forma adequada à saúde pública e a proteção do meio ambiente (BRASIL, 2007).

Tratando-se de gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU), classificados pelo art. 13 da PNRS (BRASIL, 2010a) como sendo resíduos domiciliares somados aos resíduos de limpeza urbana, a Constituição Federal de 1988 já havia trazido em seu art. 30 a responsabilidade do poder público local quanto aos serviços de limpeza pública, a coleta e disposição final ambientalmente adequada dos mesmos (BRASIL, 1988; JACOBI e BESEN, 2011).

A PNRS, além de trazer essas responsabilidades do poder público, também responsabiliza o setor produtivo e a sociedade, ao estabelecer como um de seus princípios a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, conceituada no art. 3º como:

XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010a).

Apesar de uma parcela da massa coletada de resíduos ter a destinação ambientalmente adequada, ainda não ocorre a destinação desejável conforme preconizado na PNRS, que traz a priorização da não geração, redução, reutilização, reciclagem e recuperação dos resíduos sólidos, sendo a disposição final em aterro sanitário licenciado a última alternativa, que deverá ser escolhida na impossibilidade das anteriores. Neste sentido, ressalta-se que a queda da massa coletada per capita dos municípios apresentada pelo SNIS (2018) não corresponde necessariamente a uma melhoria nos processos de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.

Todavia, a PNRS apresenta instrumentos inovadores para a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos - a logística reversa e acordo setorial. Estes são definidos no art. 3º da seguinte maneira:

I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a

(43)

implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto; [...]

XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; (BRASIL, 2010a)

Portanto, o setor produtivo de agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos e seus componentes, além de embalagens em geral, de acordo com o art. 33 da PNRS, é responsável por implementar, estruturar - e financiar - SLR, viabilizando a coleta e restituição desses produtos ao setor, reinserindo-os ao ciclo produtivo ou então dando uma destinação final ambientalmente adequada (COSTA et al., 2017; BRASIL, 2010a).

Apesar do termo “logística reversa” ganhar destaque no Brasil com a publicação da PNRS como um instrumento de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, já vinha sendo colocado em prática por meio de outras atribuições legais, as quais também impuseram a responsabilidade pós-consumo dos resíduos ao setor produtivo, como é o caso dos resíduos de agrotóxicos (lei nº 7.802/1989 e decreto nº 4.074/2002), pilhas e baterias (Resolução Conama nº 401/2008), pneus (Resolução Conama nº 416/2009) e OLUC (Resolução Conama nº 362/2005), como é possível observar no Quadro 3.

No Estado de São Paulo, anteriormente à PNRS, foi promulgada a lei nº 12.306 em 2006, que instituiu a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), e definiu como um de seus princípios a responsabilidade do setor empresarial, consumidores, catadores, administradores e proprietários de área de uso público e coletivo e operadores de resíduos sólidos em qualquer das fases de seu gerenciamento. Tornam-se, então, os geradores de resíduos, os responsáveis pela gestão dos mesmos (SÃO PAULO, 2006).

O Decreto Estadual nº 54.645 de 2009, que regulamenta a PERS, introduz o conceito de responsabilidade pós-consumo (RPC) no cenário brasileiro ao definir que

os fabricantes, distribuidores ou importadores de produtos que, por suas características, venham a gerar resíduos sólidos de significativo impacto ambiental, mesmo após o consumo desses produtos, ficam responsáveis (...) pelo atendimento das exigências estabelecidas pelos órgãos ambientais e de saúde, especialmente para fins de eliminação, recolhimento, tratamento e disposição final desses resíduos, bem como para a mitigação dos efeitos nocivos que causem ao meio ambiente ou à saúde pública (SÃO PAULO, 2009)

Para o cumprimento do estabelecido pela PERS, em 2010 a SMA iniciou diversas ações com atores envolvidos, visando definir os setores objeto da RPC. Isso se resultou

Referências

Documentos relacionados

A flexibilidade quanto a escolha de filme fotográfico aéreo a ser utilizado em estudos de avaliação dos recursos naturais é importante, visto que, segundo Greer, Hoppus e Lachowski

Simbiose industrial - análise de como energia, subprodutos e co-produtos são trocados entre empresas, ou seja, o foco maior não é no produto principal de cada empresa,

“O aumento da eficiência e o plano de produção fizeram com que a disponibilidade das células de fabricação aumentasse, diminuindo o impacto de problemas quando do

Este trabalho traz uma contribuição conceitual sobre a utilização do sistema de gestão de produtividade que poderá motivar futuras pesquisas sobre o tema, bem

Indicando por Y o valor total de vendas diárias desse vendedor, escreva a função de probabilidade de Y (representação tabular) e calcule a variância e o desvio padrão do total

A ambliopia é diagnosti cada ainda nos primei- ros anos de vida e, dependendo da causa, pode ser tratada simplesmente por óculos para corre- ção da visão afetada. É

Após as respostas aos questionários, e posteriores análises, foi selecionado um município para o estudo de caso - São Carlos, tendo como critérios: por ser um dos quatro

As questões das decisões tomadas pelo doente gravitam, pois, à volta do seu consentimento com prévia informação e esclarecimento o que, se é determinante para