PRQGRAMA
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM
ADM|N|sTRAçÃo
ÁREA
DE
coNcENTRAçÃoz
PoLiT1cAs
E
GESTÃO
INSTITUCIONAL
MESTRADQ
EM
ADM|N|sT?RAÇÃo
>CASA
FAMILIAR
RURAL:
A
FORMAÇAO
COM
BASE
NA
PEDAGOGIA
DA
ALTERNÂNCIA
EM
SANTA
CATARINA
DIMAS DE
OLIVEIRA
ESTEVAM
F|.oR|ANÓPoL|s
CASA
FAMILIAR:
A
FORMAÇÃO
COM
BASE
NA
PEDAGOGIA
DA
ALTERNÂNCIA
EM
SANTA
CATARINA
Dissertação
apresentada
ao Curso de
Pós-Graduação
em
Administração
da
Universidade
Federal'
de
Santa
Catarina
como
requisito parcialpara
obtenção
do
Titulode Mestre
em
Administração.
Orientador:
Clariiton
E.
Cardoso
Ribas,
Dr.
PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA
EM
SANTA
CATARINA
Dimas
de
Oliveira
Estevam
Esta
dissertação
foijulgada
adequada
para
a obtenção
do
títulode
Mestre
em
Administração
(área
de
concentração
em
Políticase
Gestão
Institucional)e
aprovada,
na sua
forma
final,pelo
Curso de Pós-Graduação
em
Administração
da
Universidade Federal
de Santa
Catarina.
w~
sz.I Prof Nelson Colos , .
~
CoordenadordoC
oApresentada à
Comissão Examinadora
inteada
pelos professores:Ê~
l
Prof. Clarilton E.
Cardoso
Ribas, Dr. (orientador)ll
Prof. Nelso olos i, Dr.
Q_
-`~
PÍro`f`.`Pea .o
canos
scnenini, Dr._
`
i
IMI
\¿'\_I'.“._¡¡4
Prof. ‹›. - 0 iveira, Msc.I
companheiras,
abramos
as asase
voemos.
Voemos como
as águias.Jamais
nos
contentemos
com
os
grãosque
nos
jogarem
Muitos
contribuíramde
forma
diretaou
indiretana
elaboraçãodo
presentetrabalho.
Certamente
não
citarei todos,porque
a lista seriaimensa
e
também
por
medo
de
cometer
injustiças.A
todos sou
profimdamente
gratoe pretendo
retribuirna
convivênciae
na
minha
gratidãodeixando o
meu
reconhecimento
eagradecimento
em
especial:Ao
Professor Clarilton Ribas, pelas sugestões objetivas,mas
principalmente pelaamizade.
Ao
ProfessorNelson
Colossi, pelaamizade
e incentivo para realizaro
curso.Ao
ProfessorJoão
Augusto
de
Oliveira, pelaamizade
e suadedicação aos
agricultores.
Ao
ProfessorAlexandre
Marino
Costa, pelaamizade
de longo
data.À
ProfessoraMilena
Simone
pelaamizade
e contribuiçãona
correção
do
trabalho
À
Professora Marivânia
Farias pelas sugestõesna
elaboração
do
texto.Ao
professor francês Pierre Gilly, assessordas
CFRs,
pelaamizade e
contribuição.
Aos
amigos
F
ank, Fred,Marcelo
eEnrique
pelocompanheirismo
e
amizade.A
todos
professores, alunos e funcionáriosdo
CPGA/UF
SC,
o
meu
agradecimento
Ao
pessoalda
CFR
de
Quilombo
meus
agradecimentos
especiaisaos
monitores;Anilson, Luís
Pedro
e Dirceu; àgovernanta
Nádia
eao
seu
NatalinoLovera
presidenteda
associação
da
CFRQ
ea todos
os jovensque
colaboraram
gentilmente paratomar
possívela realização
da
pesquisa,também
pela hospitalidade e acolhida.Ao
Presidenteda
ARCAFAR/
Sulengenheiro
agrônomo
José
Milani Filho, peloseu
entusiasmo
com
a causa
da
educação dos jovens e a
amizade que
cultivamosde longa
data.Á
professoraLourdes
Helena da
Silva pelacolaboração
e sugestões.Ao
coordenador das
CFs
em
Santa
CatarinaJulsemar Toaza,
pela colaboração.A
toda
minha
família, pelo carinho ecompreensão.
Á
minha namorada
Edna
pelo carinho e paciência.Á
CAPES
peloapoio
'financeiro duranteo
curso,permitindo-me a dedicação
O
objetivodo
presenteestudo
consisteem
analisar aproposta
de formação
das Casas
Familiares Rurais e a sua prática
a
partirde
um
estudo de
caso,na
qualtem
sua origem
no
modelo
dasMaisons
Familiales Rurales
francesas. Utilizamcomo
método
de
ensinoa
Pedagogia
da
Altemância
onde o
jovem
passa
uma
semana na Casa
Familiare
duas
semanas
na
propriedade aplicandona
práticao
aprendizado
adquiridona
instituição,na semana
anterior.
É
destaforma
que
acontece
na
França,no
Brasil eem
outros países.A
proposta
éconsiderada
uma
alternativade formação
para jovens filhos
de
agricultores.Em
Santa
Catarina este
modelo de
ensinotem
seexpandido
atravésde
parceriasenvolvendo
organizações
governamentais
enão-governamentais,
principalmente as vinculadasà
agricultura e à educação.
O
estudo procurou
resgatar as origensdo
projeto,com
ênfase nasexperiências Catarinense,
no
intuitode compreender
a realidadeda
experiênciano
Estado.Neste
sentido, a partirda
experiênciade Quilombo
buscou-se
identificaro
grau
de
coerência
da
proposta
esua
prática, partindoda
visãodos
participantes envolvidosno
projeto,
ou
seja;os
jovens, monitores,governanta
e especialistas.As
informações
foram
obtidas através
de
questionários e entrevistas semi-estruturadas.A
comparação
dos
dados
permitiram -evidenciar
os graus
de
coerência e divergênciacom
o modelo
exposto na
proposta
estudada.The
objectiveof
the present study consists is analyzing the proposalof
formation
of
Rural
Families
Houses
and
them
practice startingfrom
a case study, inwhich
has
its origin inMaisons
Famíliales Rurales
model
French.They
use
as teachingmethod
thePedagogy
of
the Alternation
where
theyouth
passone
week
inFamily
House
and
two weeks
in theproperty
applying in the practice the learning acquired in the institution, in theprevious
week.
It is in thisway
thathappens
in France, in Braziland
in another countries.The
proposal
is considered a formation altemative foryoung
childrenof
agriculturist. InSanta
Catarina this teaching
model
it hasbeen
expanding through
partnerships invoivinggovemment
and
no-govemment
organizations,mainly
linked to the agricultureand
theeducation.
The
study tried torescue
the originsof
the project,with emphasis
inthe
experiences Catarinense, in the intuito
of
understand
the realityof
the experience in theState. In this sense, starting
of
the experienceof
Quilombo
itwas
looked
for to identifythe
degree
of
coherence of
the proposaland
its practice, leavingof
the participants' visioninvolved in the project, or been; the youths, monitors,
govemanta
and
specialists.The
information
were
obtainedthrough
questionnairesand
semi-structured interviews.The
comparison
of
the dataallowed
toevidence
thecoherence
degreesand divergence with
themodel
exposed
in the studied proposal.Key
words:
1-
Rural
Family
House; 2
-AGRADECIMENTOS
... ..ABSTRACT
... ..RESUMO
... ..LISTA
DE
SIGLAS
E ABREVIATURAS
... ..10
LISTA
DE
FIGURAS
... ..LISTA
DE TABELAS
... ..LISTA
DE ANEXOS
... .. 1.|NTRonuçAo
... .. 1.1Tema
eproblema de
pesquisa .... .. 1.2 Objetivos ... .. 1.3 Justificativa ... .. \O\lÚ\ ... ..ll ... ..l2 ... ..13 ... ...1418
... ..25 ... ..26 2.AS
MFRS:
DA
ORIGEM
A
ATUALIDADE
... .. ... ..3l 2.2A
consolidação das
MFRS
... ._36
2.3A
organização
do modelo
pedagógico
... ..38
Alternância ... ..
42
... ._42
2.1 Históricodas
MFRS
... _. 2.4Os
instrumentosda
Pedagogia da
2.4.1O
Cademo
da
Altemância
... .. 2.4.2O
Plano
de
Formação
... .. 2.5A
internacionalização dasMFRs..
2.7As
CFs.
em
Santa
Catarina ... .. ... ..3'l49
... ..512.6
A
formação
em
alternânciano
Brasil ... _.55
... ._63
3.METODOLOGIA DA
PESQUISA
... ..82 ... ..83
... ..83
... .. 841 3.1Delimitação
da
pesquisa ... .. 3.2População
eamostra
... .. 3.3Coleta
e análisedos conteúdos
4.ANÁ|.|sE
nos
coNTEúDos...
.86
4.4
A
CFR
de Quilombo:
segundo
osmonitores
egovemanta
... 4.4.1 Introdução ... ..4.4.2
As
características pessoaisda
equipe ... ..4.4.3
A
trajetória profissionalda
equipe
... ..4.4.4
O
relacionamento
da
equipe
com
as famílias ... ..4.4.5
As
dificuldadesda
aplicaçãodo
conhecimento
na
prática ... ..4.4.6
As
CFRs
eos Colégios
Agrícolas ... ..4.4.7
As
dificuldadesintemas
... ._4.4.8
As
dificuldadesextemas
... ..4.4.9
O
relacionamento
entre pais efilhos
... ..4.4.10
A
participaçãodos
jovens na
comunidade
... ..4.4.11
Os
resultadosna
práticada
CFR
de
Quilombo
... ..4.4.12
A
questão
da
idademínima
... _.4.4.13
A
evasão
escolar eo
êxodo
rural ... ..4.4.14
A
Associação
da
CFR
de
Quilombo
... ..32
4.4.15
O
trabalhoda
governanta
... ..4.5
A
CF:
segundo
os
especialistas ... ..4.5.1 Introdução ... ... _. 4.5.1
A
Altemância
... _.4.5.3
As
dificuldadesem
trabalhara Altemância
... ..4.5.3.1
A
pouca
participaçãoda
Associação
... ..4.5.3.2
A
rotatividadedos monitores
... ..4.5.3.3
A
fortedependência
do
poder
público local ... ..4.5.3.4
A
faltade
conhecimento
do
projeto ... ..4.5.4
Os
fatoresde
sucesso
de
uma CF
... ..4.5.5
A
extensão rural: monitor/extensionista ... ..4.5.6
O
processo
de
reconhecimento
... .. 4.5.7A
questão
da
idade
mínima
... ..4.5.8
A
importânciado
projetopara o Estado
... ..4.5.9
A
profissionalizaçãocomo
a
saídapara
agricultura ... ..4.5. 10
O
crescimentodo
projetono
Estado
... ..4.5.11
A
participaçãoda
EPAGRI
... ..153
4.5.12
A
especializaçãoé a
tendênciadas Casas
... ..4.5.13
O
trabalhoda
ARCAFAR
... ..4.6
Considerações
finaisda
análise ... ._ 5.coNs|DERAçöEs
¡=iNA|s
... ... _.REFERÊNc|As
B|aL|osRÁ|=|cAs
... ..ACARESC
-Associação de
Crédito AssistênciaTécnica
eExtensão Rural
de
Santa
Catarina
ACAVA
-Associação dos
Condomínios de
Armazenagem
do
Vale
do Araranguá
AECOS
-Associação
Estadualde Condomínios
de
Suinocultura'
AIMFR
-
Association Intemationaledes
Maisons
FamilialesRurales
AMOSC
-Associação dos Município
do
Oeste de Santa
CatarinaAPACO
-Associação dos
Pequenos
Agricultoresdo
Oeste
CatarinenseARCAFAR/Sul -
Associação Regional das Casas
Familiares Ruraisda Região
Suldo
BrasilCCA/
SC
-Cooperativa
Centralde
Assentados
de
Santa
CatarinaCEAs
-Centros de
Educação de
Adultos
CEJA
-Centro
de
Educação
de Jovens
eAdultos
CEPAGRO
-Centro de Estudos
ePromoção
da
Agriculturade
Grupo
CF
-Casa
FamiliarCF
s -Casas
FamiliaresCFR
-
Casa
FamiliarRural
CFRs
-
Casas
FamiliaresRurais
CFRQ
-
Casa
FamiliarRural
de Quilombo
CEE/SC
-Conselho
Estadualde Educação
de Santa
CatarinaEFA
-Escola
Família AgrícolaEFR
-Escola
FamiliarRural
EMATER
-Empresa
de
AssistênciaTécnica e Extensão
RuralEPAGRI
-Empresa
de Pesquisa Agropecuária
eExtensão Rural
de
Santa
CatarinaS.A
IREOs
- InstitutRural d°Éducation
et d°OrientationLDB
-
Leide
Diretrizes eBases da
Educação
MEPES
-Movimento
de
Educação
Promocional
do
EspiritoSanto
MFREO
-Maisons
Familiales RuralesdӃducation
et d”OrientationMFR
-Maison
Familiale RuraleMFRS
-Maisons
F
amiliales RuralesMST
-Movimento
dos
TrabalhadoresRurais
Sem
Terra
ONG
-Organização
Não-Governamental
PROJOVEM
-Programa
de
Formação de
Jovens Empresários
RuraisPRONAF
-Programa
Nacional de
Agricultura FamiliarSCIR
- Secrétariat Central d`InitiativeRurale
SDA
- Secretariade Estado
do
Desenvolvimento Rural
eda
AgriculturaSED
-
Secretariade Estado
da
Educação
edo Desporto
'SUDENE
-
Superintendênciade Desenvolvimento
da Região
Nordeste
TCE
- Tribunalde
Contas
do
Estado
de
Santa
CatarinaUNEFAB
-União
Nacional
das Escolas Famílias Agrícolasdo
BrasilUNMF
-Union
Nationale desMaisons
FamilialesUNMFREO
-
Union
Nationale desMaisons
FamilialesRurales d'Éducation
etd”Orientation
Ensino Regular
versusPedagogia
da
Alternância ... ..20
A
progressão
dos jovens nos
estudosem uma
CFR
-Esquema
ilustrativo ... ..47
Representação
das lógicasda
proposta
com
a
do
Plano
de
Formação
das50
Situaçãodas
MFRs
no
Mundo
... ..54
A
evolução das Casas
Familiaresem
Santa
Catarina ...68
Localização das Casas
Familiaresem
Santa
Catarina ... ... ..70
Representação
parcialda
América do
Sul,destaque para
a regiãoOeste
de
SC...89
Mapa
de
Santa
Catarina,destaque para a
localizaçãodo
municipio de Quilombo..
90
Representação
do
Plano
de
Formação
e
asMatérias
Básicasdo
currículo ... ..100
A
idadedos
jovens
antesde freqüentarem a
CFR
de
Quilombo
... ..104
As
Maisons
F
amilialesRurales
no
mundo
... ..Distribuição das
Escolas
Familias Agrícolano
Brasil ... ..Distribuição das
Casas
Familiaresno
Brasil ... ..Localização das
CFs
em
SC,
número
de
jovens, professores e monitores..Area
em
km2, população
(urbana, rural e total) e percentualde
Quilombo
Características pessoais
dos Jovens
da
CFR
de
Quilombo
... ..Os
jovensem
relação aplicaçãodo
conhecimento
na
prática ... ..As
dificuldadesdos jovens na
aplicaçãodos conhecimentos
... ..Os
principais obstáculospara
realizarem asmudanças na
propriedade
... ..Em
relaçãoa
motivação
do
jovem
para trabalharna
propriedade
... _.Com
referência asduas
semanas
na
propriedade ... ..As
aspirações profissionaisdos jovens
... ._Sobre o
trabalhodos monitores
... ..Os
comentários
sobreo
trabalhodos monitores
... ..Sobre
o
trabalhoda govemanta
... ..Os
comentários sobre
o
trabalhoda govemanta
... ..Os
motivos
que
levaram a
fieqüentarem
aCFR
... ..Calendário escolar versus trabalho
na propriedade
... ..Comentários sobre
o
calendário escolar versus trabalhona
propriedade....Os
aspectosextemos
a
CFR
que
precisam
sermelhorados
... ..Nota
atribuída pelosjovens aos
participantesda
CFR
... ..Características pessoais
dos monitores
eda
govemanta
... ..ANEXO
1ANEXO
2
ANEXO
3ANEXO
4
ANEXO
5ANEXO
6
ANEXO
7
ANEXO
8
Plano
Geralde
Formação
(Plano
de
Estudo)
... .. 171Pesquisa Participativa
com
a
comunidade
... ..172
Organização das
atividadesdurante
o período de
uma
semana
na
CF.
173
Cademo
da
Alternância ... ..174
Programação da
alimentação
nassemanas
de
altemânciana CFRQ....
176
Questionário
para os
alunosda
CFR
de
Quilombo
... ..177
estruturada
para a equipe
de
Quilombo
... ._179
1.
INTRODUÇÃO
A
agricultura, nas últimas décadas,vem
sofrendoprofimdas
transformações,cujas conseqüências, principalmente
para
o pequeno
produtor
mral,tem
sidoo
abandono de
sua
propriedade.Saindo de
seu meio, elemigra para
as cidadesl nabusca
ilusóriade
melhoria
de sua
qualidadede
vida, iludido pelos falsos atrativos oferecidosnos
centrosurbanos,
passando
a viver,na
suagrande
maioria, nasmais
desumanas
condições
de
vida
(FAQ,
1995).'
i
Para
entendero processo
de
mudança
ocorridona
agricultura brasileira énecessário levar
em
consideraçãoo
novo
padrão
tecnológicode produção
inseridonas
últimas décadas,
o
que na verdade representou
aadaptação da
agriculturaao
modo
de
produção
atual.Segundo
Graziano da
Silva (1985),a
partir destemomento
apequena
produção
agrícola inseriu-seno
sistemacomo
parte delemesmo.
Portanto, a agriculturanão
se
prende a
nenhuma
outra lógica,senão a
do
própriomovimento do
capitalque
se recriade
acordo
com
os
seus interesses e necessidades.Agora, quanto
areprodução
do
pequeno
produtor
rural, é areprodução
do
próprio capital, materializadona forma
de
máquinas,
adubos, sementes
melhoradas, entre outros.Neste processo os
agricultoresdeixaram
de
sermeros
produtores de
subsistência epassaram a vender os
seus “excedentes”,tomando-se
também
compradores
de insumos
industriais.Este processo
“[...]submeteua
agricultura auma
“modemização
conservadora”,na
qualo
grande
capital se aliouao
latifúndiosob a
égide
do
capital”(GRAZIANO
DA
SILVA,
1985, p. 126).Esta
aliança privilegiouapenas
algumas
culturas,além de
favorecer amédia
e agrande
propriedade.Não
se tratade
um
processo
auto-sustentado;ao
contrário, foiuma
modernização
induzida ecom
pesados
1Deacord‹›comosdadosdaFAO (1995), manterumapessoanacidadecusta vinteduasvezesmaiscarodoqwemantê-lano
custos sociais,
funcionando somente
com
o apoio financeiro
do
Estado.As
conseqüências
destas políticas
provocaram
uma
deteriorizaçãoainda maior na
distribuiçãode renda
no
campo.
As
mudanças
provocadas
pelamodernização na
agricultura,a
partirda
década
de
70, levoumuitas
familias aabandonar
suas propriedades,por não conseguirem mais
sobreviver
em
suasunidades
produtivas. Isto foi frutodo
encolhimento
dasmargens de
lucro: primeiro foi
o
resultadode
políticas agrícolas incentivadorasda produção
em
largaescala, voltadas
para
exportação,como
éo
caso
da
soja,segundo,
o
crédito agrícola eraabsorvido,
na sua maior
parte, apenaspor
uma
pequena
parcelade
grandes proprietários,contribuindo
para
o aumento
da concentração
da
renda
no campo,
terceiro,os
insumos
quimicamente
sintetizados utilizadosna
produção
levaram a
necessidadede
seuuso
de
forma cada vez mais
intensiva.Tudo
istosem
contar
com
asprofundas
mudanças
nas
técnicas
de
produção
impostas
pelo próprio capital atravésda
mecanização,
praticamenteinviabilizando a agricultura familiarz.
Deste
modo,
a agricultura brasileirana década
de 70
exibiu características
de grande dinamismo
emodernização, deixando
transparecer,no
entanto, seuselementos
“perversos”,como
a concentração/exclusão,o
crescimentoda
ociosidade
da
terra e a retraçãoda produção de
alimentos básicos(LEITE,
1992).Essas transformações profundas
ocorridasna
agricultura brasileira criaramum
novo dinamismo
para o
setor,sem
que houvesse qualquer
mudança
na
estrutura agrária.Segundo
Graziano
Neto
(1985), os resultados desteprocesso
foram
catastróficos, tantono
plano
econômico, quanto
no
plano social e ecológico.A
sua
face mais visível foiuma
enorme
contradição: sepor
um
ladohouve
um
grande avanço
em
termos de progresso
técnico (resultados
econômicos);
em
contrapartida constata-seuma
notável regressãoem
termos
sociais, fruto destas transformaçõessem
a
equivalênciano
campo
social cujasconseqüências
foram:o êxodo
rural,gerando
gigantescos bolsõesde
pobreza nos
centrosurbanos,
transformando muitos
produtores ruraisem
“subconsumidores urbanos” e
0
aumento da
concentração
da
renda eda
terra(MARTINE,
1982).Demonstrou,
destaforma,
que
o modelo
“modernizador”
tem
carátersocialmente
excludente eecologicamente
2Sem querer entrar ern grandes discussões teóricas, considera-se “Agricultura Familiar aquela em que os trabalhos são
predominantemente pelo agricultor e sua t`amília._ mantendo eles a iniciativa, o dominio e o controle do que e do como
prodrzir, havendo uma relação estreita entre o que é prodrmdo e o que é consumido (ou seja, são unidades de produção e
consumo), mantendo também
um
alto grau de diversificação produtiva mas tendo alguns produtos relacionankxs com o mercado. Normalmente são unidadx pequenas (possuindo urna área média de 25 hectaies)”(MUSSOL
1999, p. 13).degradante
(MUSSOI,
1999).No
entanto ébom
ressaltarque
amodernização da
agricultura
constitui-se
num
processo contraditório que não apenas concentrou term ecapital nas
mãos
de poucos,mas também
originouuma
série de excluídos dariqueza acumulada e que não
podem
ser pensadoscomo
passageiros queperderam o trem voluntariamente,
mas
que foram deliberadamente deixadospara trás, dado o caratér das politicas agrícolas e agrárias implementadas no
periodo e as consequências delas advindas (LEITE, 1992, p. 13).
Diante
dastransformações
ocorridasno
meio
rural,os filhos
destes agricultoressão os
mais
prejudicados eacabam pagando
o
ônus
maior
deste processo, pois sãoobrigados a'abandonar
suaspropriedades
e se fixar nas cidades.Seus
destinos,na
maioria das vezes, são as favelas, cujo resultado éo
abandono da
escolade
forma
muito
precoce,num
sucessivoquadro de degradação
eagravamento
social,uma
vez
que
a cidadenão
consegue
ofereceroportunidade de
emprego
erenda para
todos.Uma
dasconseqüências
e'o
aumento do
número de desempregados
desqualificados,vivendo
na
mais
absoluta miséria,pois são
poucos os
que conseguem
vencer os
obstáculosimpostos
pela vidaurbana
e seestabelecer dignamente.
De
acordo
com
aFAO
(1995)
“[...]o marginalizadourbano de
hojeé
o
filhoou
netodo
camponês desamparado
de
ontem”
(p. 62).A
cada
ano que
passa a situaçãoda
agricultura familiar setoma
mais
problemática.
As
politicas agricolas existentes,não
têm
conseguido amenizar os problemas
enfrentados pela agricultura familiar.
Basta
citarapenas
um
exemplo:
0
caso
da
políticaeconôrnica
na questão
dos preços dos produtos
agrícolasproduzidos intemamente
que
estão congelados,
os
insumos
livres eo
setor ainda enfrenta aimportação de produtos
extemos sem
nenhuma
proteção,numa
concorrência desleal, vistoque
seus similaressão
subsidiados
em
seus» paises.Para a
FAO
(1995), a revalorizaçãodo
setor agricola,principalmente
da pequena
propriedade, poderia seruma
forma
de
solucionarmuitos
problemas
urbanos.A
marginalizaçãodo
campo
gera
tantasconseqüências
negativasna
cidade
que não
seriaexagero
afirmar: `ou se salva a área rural ou se perde a nação (no desemprego, na fome, na
delinquência, na violência pública, nas drogas, etc.).
Os
pequenos agricultores,que são injustamente considerados
como
o grande problema rural (que repercute negativamente no meio urbano), poderiam e deveriam ser a grandesolução, diretamente para o setor rural e indiretamente para o urbano (FAO,
1995, p. 62 - grifos no original).
Uma
outraquestão importante
diz respeitoa
difusãodas
tecnologias agrícolas.Segundo Mussoi
(1999), elasestavam
alicerçadasna
superioridadedo
“saber científico” etecnológico
gerados
em
centrosde
pesquisaou
adaptadas,como
foio
caso
da “Revolução
Verde”
3,sendo
osmesmos
transferidosaos
agricultores via serviçosde
assistência técnicae
extensão
rurall.Desta
forma,os
agentesde
extensão
nos
municípioseram meros
executores
de
programas
elaboradosextemamente
eos
agricultoresadotavam
estes“pacotes
tecno1ógicos”5
em
suas propriedadessem
muita
discussão.Os
resultados deste trabalhoque
durou
mais de duas
décadas,num
período de
autoritarismoem
que o
processo
de
decisãoera centralizado,
foram de
um
lado, aperda
do
controleda
sociedade
sobreo
Estado
que
não
tinhamecanismos
de
defesa ede
outro,o
descontroledo
Estado sobre
simesmo.
No
entanto, apesarde
toda imposição
do
aparato estatal,ao
longo
do
tempo
houve
inúmeras
iniciativasna busca
de
altemativas para a agricultura familiar,contrapondo
a
forma
imposta
e autoritáriada
difusãodos
pacotes tecnológicos.Destas
tentativasmuitas
foram
bem
sucedidas e foi a partir delasque no
finalda década
de 80
surgiram inúmeras
experiências inovadoras para
a
agricultura familiar.Na
busca de melhores condições
de
vida
para
o meio
rural, aproposta
viaeducação
erauma
delas. Foiuma
altemativaencontrada
para amenizar
a divida históricano meio
rural e,ao
mesmo
tempo,
atender a dois objetivos:o
primeiro possibilitar apermanência
do
agricultorem
sua unidade
produtivae
o
segundo,
oportunizar
o
acesso aosnovos
conhecimentos,
buscando
a partir daía motivação para
continuar
na
sua atividade.A
forma
encontrada
foia pedagogia
da
altemância, inspiradano modelo
das
Maisons
FamilíalesRurales
(MFRS)
francesas.Em
regime de
altemânciaos filhos
dos-agricultores
passam
uma
semana
em
internatona
Maison
eduas
nas propriedades,aplicando
na
práticao conhecimento
teórico adquirido, possibilitando aeducação de
duas
gerações ao
mesmo
tempo.
“Com
essanova forma de
formação
do meio todo
(sic), pais, 3A
“revolução verde” recebeu estadenominação
em
função da ameaça da revolução comunista que pairava no ar no periodo desua introdução. Na verdade eram “pacotes tecnológicos” difundidos através de órgãos oficiais que incluíam máquinas
agrícolas, sementes geneticamente modificadas, fertilizantes químicos, venenos químicos, entre outros.
O
que representou para o setor agricola dos países pobres urna maior dependência de importações tecnológicas e materias-primas dos países ricos (MUSSOI, 1999).“Conforme Dias (1990) o desenvolvimento da extensão rural pode ser dividida
em
três momentos: o primeiro está ligado a urnprojeto educacional extensionista, realizado
num
período de 20 anos ou seja entre os anos de 1948 a 1968.O
segundo inicia-seem
1968, que caracterizou pela “tramferência tecnológica” , indo até o inicio da decada de 80.E
o terceiro teve inicio na décadade oitenta e ainda não se cristalizou como
um
novo projeto de assistência técnica5
Segundo Oliveira (1988) , existem duas críticas entre tantas ao serviço de extensão rural que são básicas: “a que apontao
mães,
filhos,da
familia se adquiremaior capacidade para
assumircada vez mais
as própriasresponsabilidades
no
mundo
ruralem
evolução”(GILLY,
s/d, p. 05).No
Brasil estas experiências sãoconhecidas por Casas
FamiliaresRurais
(CFRs).
O
método
de
ensino utilizadopor
elas éo
mesmo,
a
pedagogia
da
alternância.Este
princípiotem
como
fiindamento
acombinação
de
um
processo
de formação,
no
qualo
jovem
ruralconvive
em
periodosde
vivênciana
escola ena
propriedade rural(SILVA,
2000),
altemando
aformação
práticacom
aformação
teórica que,além
do conteúdo
do
currículo formal, inclui
conteúdos de
vivências associativas e comunitárias.Outro ponto
fundamental
é a ênfasena
participaçãodos
paisno
processo pedagógico-educativo e
na
gestão
da
escola,além de
buscar, a partirda
família,o
desenvolvimento
de
toda a
comunidade
envolvida.`
1.1
Tema
eproblema
de
pesquisa
Para compreender melhor
o
projetodas Casas
Familiares Rurais(CFRs)
é
necessário voltar
ao ano de
1935,ao sudoeste
da
França.A
agriculturafiancesa,
nestaépoca, passava por
uma
grande
crise.Além
disso,a
educação
formal tinhasua proposta
de
ensino voltada para
o meio
urbano,sendo
incompatívelcom
a
realidadedos jovens
do meio
rural.
Além
de
serpouco
atrativatinham
que
deixar a propriedade para prosseguir seusestudos
e aindanão os preparavam
paraexercerem a profissão de
agricultor.A
partir destasdeficiências,
numa
iniciativaque contou
com
a
participaçãode
agricultores, líderes sindicaise igreja,
formularam
uma
proposta pautada
na preocupação
de
ofereceraos jovens
uma
formação
alternativa eque
estivessede
acordo
com
a sua
realidade, possibilitandoum
aprendizado
teórico/práticoque não
fosse necessárioabandonar
as atividadesna
propriedade.
Desta
idéia inicial,após
um
longo período
de
discussão, surgiu a primeiraCasa
Familiar
Rural (CFR).
Com
uma
turma
de
apenas
cinco alunoscom
idade entre 13 e14
anos.
O
sistemade
ensino era realizadode forma
altemada
em
que
os jovenspassavam
trêssemanas
em
suas propriedades euma
semana
em
regime de
internato,improvisado nas
dependências
da
igreja. A *Com
o
sucesso desta experiência, nasceriatoda
uma
estruturapedagógica,
pelas
CFRs.
Os
resultados obtidos a partir desta experiênciaforam
excelentes.Os
jovens
envolvidos
no
projetomostravam-se
interessadosem
estudar e as famíliastambém
estavam
empenhadas na formação de
seus filhos,além de
contarcom
o
envolvimento
da
comunidade
local.
Os
bons
resultados obtidos desta primeira iniciativa, possibilitou a elaboraçãode
uma
proposta
melhor
formulada.Em
1937
é organizada,de
fato,a
primeiraCFR
nos
moldes conhecidos
atualmente,com
uma
turma de 30
jovens.A
Casa
entraem
funcionamento,
sob o
comando
e responsabilidade moral, juridica e financeirade
uma
associação
de
famíliasde
pequenos
agricultores.Neste
mesmo
ano
a associação adquireuma
casa,passando
a funcionarem
suas próprias instalações.O
próximo
passo
foia
contratação
de
um
técnicopara
orientar e ensinaros jovens e ao
mesmo
tempo
realizar asvisitas,
no
período de
altemância, nas propriedades(CFRQ,
s/d).Devido
as perspectivasfavoráveis desta primeira experiência,
no ano
seguinte ésancionada
a Leide
ensino agrícolada
França,tomando
o
método
de
ensino utilizadona
CFR
obrigatório parajovens
entre14
e 17
anos
do meio
rural.Depois
destasduas
experiênciasbem
sucedidas,o
projeto expandiu-serapidamente por
todo o
Pais.E
a partirde
1945, iniciou-se0
processo de expansão para
fora
do
território francês,conquistando
diversos paisesda
Europa, Áfiica, América, Ásia e
Oceania.
Atualmente,
sãomais de
900
CFRs
distribuídasem
todos
os continentes.As
mesmas
estãoorganizadas
em
Uniões Nacionais
e vinculadas àAssociação Intemacional
das
Casas
Familiares Rurais(AIMFR),
com
sede
na
França
(ARCAFAR,
1994).No
Brasil, a primeiraCFR
surgiuno
Nordeste, mais
precisamenteno
município
de
Arapiraca,Estado
de
Alagoas,no
ano de
1981.Após
algunsproblemas
locais,o
projetoacabou sendo
desativado,vindo
surgir depoisno
município delRiacho
dasAlmas,
no
Estado
de
Pemambuco,
em
1984,numa
regiãodo
agreste nordestino,em
que
os agricultoressão
castigados e
levados
à miséria peloslongos
meses de
seca ocorridos duranteo
ano.Como
conseqüência os
agricultoresvão abandonando
suas atividades, partindo parao
artesanatocomo
solução encontrada,mas
sedepararam
com
o
problema da
comercialização emesmo
de
fabricação,devido
adependência de
intermediários.Com
a criaçãoda
CFR
estesproblemas
foram
amenizados,
pois a associaçãoda
CFR
ajudou
amelhorar
a qualidadede
vida desses ex-agricultores
organizando-os
em
grupos de produção
e comercializandoconjuntamente
seusprodutos
diretonos
centrosconsumidores. Desta
maneira,além
de
Depois
destas experiênciaso
projeto seexpandiu para
outras regiõesdo
País,migrando
primeiramente para a
região Sul (Parana),no ano de
1987. Aliforam
iniciadas asdiscussões
envolvendo os
agricultores e autoridades locais, possibilitandoo
inicioda
implantação
da
primeiraCFR,
doisanos
depois,no
município
de
Barracão-PR.
Jáem
Santa
Catarina no ano de
1991, nascia a primeiraCasa
Familiar Rural,em
Quilombo,
municipiodo
oeste catarinense.Hoje,
existem vinte eduas
CFRs
em
funcionamento
distribuídaspor
todo o
territorio Catarinense,estando
a maioria delasconcentradas na
regiãode origem
-Oeste
do
Estado. 'Com
o crescimento
do
projeto foi necessário criaruma
coordenação para
padronizar e
coordenar
as atividades.A
partir desta necessidade surgiu aARCAFAR/Sul
(Associação Regional
dasCasas
Familiares-Ruraisdo
Suldo
Brasil),como
órgão
oficial dasCFRs,
com
sedeno
município de Barracão-PR.
Segundo
aARCAFAR/Sul
uma
CFR
pode
ser definidacomo
uma
instituiçãoeducativa, dentro
do meio
rural, criadapara formar jovens filhos
de
agricultoresque
buscam
uma
educação
personalizada euma
formação
integral, a partirde
sua
própria realidade.É
uma
escola-residência,na
qualos
filhosdos
agricultoresque não
conseguiram
concluiro
Ensino Fundamental,
podem
estudaros
conteúdos de
5” a 8” séries etambém
os conteúdos
de
fonnação
geral e profissional,sem
abandonar
suas atividades.É
administradapor
uma
Associação de
pais e lideranças dascomunidades
envolvidasno
projeto, constituindo-seuma
Organização
Não
Govemamental.
O
trabalhodesenvolvido na
CFR
utilizacomo
método
de educação
apedagogia de
altemânciaõ,em
que o
jovem
passauma
semana na
Casa
Familiarem
internato eduas
semanas
nas propriedades.A
figura
1mostra
algunspontos que
diferenciam aproposta
da
CFR
em
relaçãoao
ensino regular praticado nasescolas: '
~
FIGURA
1:Ensino Regular
versusPedagogia da Altemância
,_p
Professor
Monitor
Escola
Casa
FamiliarRural
Aluno
Jovem
Merendeira
Govemanta
qTransmissão de conhecimentos
A
construção
do
conhecimento
Somente
o
aluno Família e acomunidade
Fonte:
CFRQ
-
Adaptado.°De acordo com Nogueira (1999), “tem-se identificado a altemância, que corresponde ao ritmo
em
que os jovens agricultores se alta-mam nos periodos passados com as familias e aquelesem
que desenvolvem suas atividades na Casa Familiar” (p. l2).Em
uma
escolado
ensino regularo
professor exerce afirnção de
transmissordo
conhecimento,
ou
sejade
um
determinado
conteúdo
já pré-estabelecido pelo curriculoe
que
envolve
somente
o
aluno.Na
CFR,
a função
do
monitor
émuito mais
abrangente, eleassume
o
papelde
educador,animador,
técnico eacima
de
tudo,um
profundo
conhecedor
do meio
eda
realidadedos jovens
edas
famílias envolvidasno
processo de aprendizagem.
Pois
nestecaso
parte-sedo
pressuposto
de que
o conhecimento não
pode
ser transmitido,mas
construídode forma
conjunta.Para
isso é necessárioum
grande entrosamento
entretodos
(pais,monitores
e jovens) para,a
partir daí, construir coletivamenteo conhecimento,
utilizado
como
instrumento para transformar a realidade.`
Uma
outragrande
diferenciação é_qr_1_e!ga_,esc_ol,ado
ensirio__r_egular,"
o
aluno
._ _____Z
perninece
por
um
determinado periodo
de
tempo
eapos
issonão
tem
mais
nenhuma
ligação
com
aquele mei_o.Enquanto na
CFR
há
uma
continuidade das atividades, p`o_is éconsiderada
a extensãode
sua própria re_s§_iência,_.p.or_isso,¿>_I1om_e_Casa_e__não_escola.Na
Casa
Familiar,o jovem
não
éconsiderado
um
aluno,como
ocorrena
escola regular, elenão
Z
recebe
este tratamento, pois se consideraque
aformação
deve
abrangertodo
o
processo
de
1.
vida
do
educando.
O
trabalhoda
merendeira
-na
escola -também
é
diferentedo
da
govemanta
na
CFR.
A
responsabilidadeda segunda
vaimuito além de
uma
mera
executora
de
tarefas, taiscomo:
a limpeza,o
preparo
da
merenda,
lavar louças e outras atividades realizadaspor
uma
merendeira.O
seu trabalho estácomprometido
com
aeducação dos
jovens.
As
tarefas quotidianas dentrode
uma
CFR
sãonconsideradas instrumentos
pedagógicos
.de altíssimo valorpara
o
aprendizado.dos
. j.o.vens,- divididos_em grupos
na
execução
dasmesmas.
Em
relação aimplantação
de
uma
CFR,
alguns passosdevem
ser seguidos:o
primeiro é
a
divulgação_e_a_disc.ussão_da
proposta
juntoaos
ç _'
Após
a
realizaçãoV
agricultores j
desta etapa,
o
passo
seguinte é visitaruma
CFR
em
funcionamento.Desta forma,
seo
projeto for considerado,
do
ponto de
vistados
agricultores, importantepara
eles,o
passo
seguinte é
a
organizaçãode
uma
comissão
com
o
objetivode
criaruma
associação.Cumpridas
todas estas etapasvem
a escolhado
local parao
funcionamento,
que pode
serum
prédio construído para essefim
ou
como
ocorre na
maioria das vezes,são
aproveitadasinstalações ociosas
ou
desativadasde
antigas escolas, salões comunitários, sede.__deassociações e outros.
Os mesmos
sãoadaptados e reformados
para abrigar as atividadesde
uma
Casa
Familiar.Tudo
issotem
porobjetivo a redução de
custos, poisa
meta
principalinstrumentos
pedagógicos
as próprias instalaçõesdas
propriedades,diminuindo assim
as despesas.Cumpridas
as etapas anteriores,0
próximo
passo
a seguir é teruma
associaçãoresponsável pela implantação e
manutenção da
Em
cada
localonde
é instaladauma
CFR,
primeiramente
é organizadauma
associação,tendo
como
base de
formação
as famíliase
pessoas
interessadasnos problemas
ligados àeducação
e a agricultura.O
compromisso da
ir
associação
deve
sercom
o desenvolvimento
e amelhoria
de
vida das famílias envolvidas.A
associação é
uma
entidadenão
govemamental
e seu trabalho é feitoem
parceriacom
organismos
públicos e privados,além
de
receberapoio
de
outras entidadespreocupadas
com
aformação
dos
jovens.O
papelda
associação éenvolver
todos
os associadosnas mais
diversas atividades,
além de coordenar toda
aação
burocráticada
CFR
e ainda, sera
responsável pelo
acompanhamento
na
formação
dos
jovens. 'Um
outropasso
importante a seradotado para
o
fiincionamento de
uma
CFR
é a
formação
por
altemância.O
modelo
utilizadonas
CFRs
se difere_,do_ ensinoformal
ao
propor
uma
fonnação
voltada para abusca
de
respostas às necessidades locais eao
mesmo
tempo
sercompatível
com
a realidadedos
jovens.Para
atender a estaspreocupações é
elaborado
um
currículoque
tenhao
máximo
de aproximação
com
a realidade,sendo
o
mesmo
elaborado conjuntamente
com
os
pais, monitores,jovens
matriculadosna
Casa
Familiar e
comunidade
envolvidano
projeto.Para
isso aCFR
utiliza¿:pmo_mé'¶›do de
ensino a
Pedagogia
da
Altemância,que
permiteao aluno
passarduas semanas
em
seumeio
profissional e social
-
períodosde
aplicaçãodo
conhecimento
adquirido - euma
semana na
CFR
-em
momentos
que
proporcionam
o
exercício constantede
reflexão sobre a teoriae
a
prática.
Desta
forma
possibilita aosjovens aprender ao
mesmo
tempo
na
prática,em
situações reais; e
na
teoria,na
Casa
Familiar,proporcionando
uma
formação
simultâneado
jovem
eda
família,envolvendo
também
acomunidade
local incluídana abrangência
da
CFR.
.-
A
responsabilidadena
formação
dos jovens
é divididaconjuntamente
entrepais
.e
g
monitores. Juntos elesdiscutem
os planosde estudo e
as práticas aserem adotadas
na
A A
propriedade
ena
Casa
Familiar e aindadefinem
os
papéisna
relação entre pais e filhos.O
período de
duração
do
curso éd~_
o
eqüivalenteno
ensinofiindamental à
formação
de
5” a 8” série, permitindoao
jovem
completar
0
primeiro grausem
abandonar
suas atividades e
ao
mesmo
tempo
utilizar apropriedade dos
paiscomo
elemento
principalde
suaformação.
«-A
capacidade
máxima
-defuncidnamento
de
uma
CFR
éde
trêsturmas
simultâneas
com
o
máximo
de 25
jovensque entram
acada
ano.No
primeiroano
inicia-secom
vinte e cinco alunos, repetindo-se amesma
quantidade para
o
segundo
eo
terceiroano,
quando
o
número
máximo
de vagas
écompletado,
ou
seja, três turmas,perfazendo
um
total
de 75
jovens.Para
freqüentar aCFR,
o
jovem
deve
ter idademínima
de
catorze anos,sendo
amáxima
ilimitada.A
Casa
Familiar destina-seà
formação
globaldaquele
jovem
que
deseja fazer
da
atividade a suaopção
de
vida,permanecendo no meio
em
que
vive.Em
relaçãoa
manutenção
da
Casa,a
mesma
é realizada atravésde
parceriasentre diversos setores
organizados
_d_a,,soci_ed_ade.Normalmente
o
quadro
de__funcign_é¿rigsé
mantido
pelas prefeiturasou
éformado
de
funcionárioscedidos por
instituições estaduaisentr.e.outras.
Aos
agricultores,cabe
a responsabilidade pela alimentaçãono
período
de
internato,
já
que
parte-sedo
princípiode
que o
alimento
consumido
na
residênciasdojovem,
seráo
mesmo
na
semana
de
altemânciana
CFR,
Um
outro,ponto
que
cabe
destacar éo
climaeducativo
favorávelproporcionado
pela altemância.
O
número
reduzidode jovens por
turma na
CFR,
permitea
utilizaçãode
uma
dinâmica de
formação
participativa.Os
jovens são
divididosem
peqr¿eno§_gmpqs
para
realizar osmais
diferentes tiposde
trabalhosque vão
desde
as atividades domésticas, taiscomo:
limpezada Casa
Familiar,arrumar
os quartos, fazercomida,
lavar a louçae
participar
de toda ação
educativa epedagógica
da
Casa.Esta ação
tem
por
objetivo criar un/1, ambiente. favorável.narealização
das tarefas,bem
como
proporcionar
uma
relaçãode
liberdade e responsabilidade, pemiitindo a
cada
jovem
firmar-se
dentrodo
grupo,
promovendo
uma
visão interdisciplinardo
mundo
que o
cerca(CFRQ,
s/d).O
sistemade
altemância permiteao
jovem
uma
maior motivação para
o
estudo'porque
possibilitaQconfronto
constante entrea
teoriae a
prática, facilitandoa
criaçãode
uma
maior
consciência enova
visão,novos
questionamentos para a
soluçãode
seus.problemas cotidianos.
conhecimento
aplicadoa sua
realidade pemriteuma
melhor
,compreensão
de
seu meio.O
diálogo constante realizado entre colegas,monitores
e paispossibilita soluções
de
problemas
enfrentados quotidianamente. zNuma
CFR,
além de
trabalhar osconteúdos
da
grade
curricular, osjovens
resolvem os problemas
originadosem
suas própria\s atividades.Através
do
diálogocom
os
monitores
e colegas,vão
descobrindonovas formas
de
'enfrentar suas dificuldades.uma
atividade, administração, comercialização,além de
noções
de organização
sindical,cooperativa e outras.
Trabalham
assim
a idéiade
interdisciplinaridade.Para
Silva (2000), a ênfasedada
ao
“vai evem”
da
altemância,tem
por
objetivoconfrontar os jovens,
no
processo de aprendizagem,
com
situações reais entreo
mundo
escolar e
o
mundo
vivido.Na
busca
constantede
articulação entre os universos muitasvezes opostos
entre a teoriae a
prática;do
mundo
escolarcom
o
mundo
da
vida 'e entreo
abstrato eo
concreto, aaltemância coloca
frente a frente realidades diferentes: a escolacom
a
lógicada
transmissãodo
saber ea
famíliacom
a lógicade
pequena
produção. Deste
modo,
aformação por altemância
apresentauma
dinâmica
que
trazconsigo a
relação entreo meio
escolar eo
meio
familiar. ,Esta discussão a respeito
da
altemância -como
método
pedagógico,-
tem
gerado na França inúmeros
estudos, principalmente a partirda
década de
80.Num
levantamento
realizado pelapesquisadora
a respeitodas produções acadêmicas daquele
Pais, constatou-se certas divergências entre alguns estudiosos. Elas se
dão
principalmenteem
relação a três lógicasque dão
sustentação a altemância: aeconômica,
que
analisa asfunções econômicas
e sociais sobre a relaçãoda
formação
edo
trabalho, apedagógica,
em
que
predomina
relação entrea
teoria e a prática, e a lógica relacionalque
aborda os
doismeios
envolvidosna
formação
(a escola e a' família). ~“
Pelos aspectos
da
lógicaeconômica
foi constatado aindaque a
maioriados
estudos trabalha
com
aformação
profissionalem
termos
das exigênciasdo
mundo
do
trabalho e a
geração de emprego. Considera a
altemânciacomo
um
meio de
melhorar
asatividades
em
relaçãoao
mercado de
trabalho. Ptgg-'5_m,_surgiraminúmeras
criticas contráriasafifor,ma__ç_ão_,volt_ada_
apenas para
o
campo
profissional, desta forma,_,a_alt_emãnciaé
vista; Ê9_Í_Í}9_§e_“Ê9_ _P_1,1l1ëLr_esp_‹›sta isoladaaos problemas de emprego,
E, sepor
um
lado,os
períodos
de
altemânciaasseguram
um
domínio maior
de
novas
técnicas econhecimentos
mais
elevados,por
outro,a aprendizagem
se encontra,na
maioriadas
vezes, voltadapara a
submissao
ao trabalho. ~z c
, ç
Em
relação a perspectivapedagógica
foiverificado
aindaa
existênciade
uma
corrente contrária
ao
discurso antagonista - qu.%faz_a_s_e.p.ar_açã_oda
escolacom
o
trabal_h9_na
propriedade, indomuito
além
deste discursoda
teoria versus práticaque
faz esta divisão.A
críticaem
relação a estepensamento
antagonista residena
defesada
coerência existente entreos
doisconhecimentos:
a teoriacomo
sendo o conhecimento
real (científico) eos
saberes práticos (propriedade) são referentes