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Relatório de Estágio Profissional  - "A dificuldade não está em ser, a dificuldade está em desenvolver a Profissão de Professor"

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“A dificuldade não está em ser, a

dificuldade está em desenvolver a

Profissão de Professor”

Relatório de Estágio Profissional

Sara Catarina Pinto Santos Silva Porto, setembro de 2018

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“A dificuldade não está em ser, a

dificuldade está em desenvolver a

Profissão de Professor”

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro)

Orientadora: Doutora Paula Silva

Sara Catarina Pinto Santos Silva Porto, setembro de 2018

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Ficha de catalogação

Silva, S. P. C. S. (2018). “A dificuldade não está em ser, a dificuldade está em desenvolver a Profissão de Professor.” Relatório de Estágio Profissional. Porto: S. Silva. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: EDUCAÇÃO-FÍSICA, ESTÁGIO-PROFISSIONAL, ENSINO-APRENDIZAGEM, PROCESSO DE TREINO, TREINO FUNCIONAL, PROFISSÃO DE PROFESSOR.

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DEDICATÓRIA

À mãe que foi a maior guerreira de toda a minha vida, Ao meu irmão por ter sido fundamental no meu crescimento enquanto pessoa, Ao meu namorado por ser quem me completa e quem me faz feliz, Aos meus animais por me alegrarem os dias quando tudo parecia mais difícil, Ao Marco pela personalidade, amizade e abraços constantes desde sempre, Aos Vila Cova por serem incansáveis e amorosos, Aos meus pais por me proporcionarem a oportunidade de continuar a estudar,

Ao meu tio, e à minha Avó, que sempre me lembram que a simplicidade é fundamental, com eterna saudade, Aos meus treinadores por me mostrarem que a vontade é a base de tudo.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer à minha mãe que apesar de todas as nossas adversidades constantes ao longo da vida nunca me deixou baixar os braços, nunca deixou de me apoiar e de me incentivar a tentar ir mais longe. Foste o meu pilar em todos os momentos da minha vida. Contigo aprendi a ser uma princesa de fato-de-treino, ganhei forças a combater as adversidades da vida.

Ao meu amigo, namorado, colega de treino, Pedro, por seres um pilar fundamental, por me amares como sou, por me fazeres sorrir, por nunca teres desistido de mim. Pelas viagens, pelos trabalhos, pelas provas, pelos nacionais, pelos olhares, pelos carinhos, pela disponibilidade, pelo amor. A ti, que me acompanhas desde que entraste na minha vida, a ti que me foste buscar tantas vezes, a ti que sabes tudo o que há para saber sobre a minha vida, a ti que mereces tudo o que há de bom.

Quero agradecer ao meu irmão pelas longas palestras sobre os ensinamentos da vida, os conselhos, os abraços, o olhar de orgulho que tens sobre mim. Por teres sido um irmão presente dentro de tudo o que foi a nossa vida ao longo dos anos, a ti que foste a pessoa que mais me desejou. Quero dedicar esta parte de mim a ti meu irmão. Quero agradecer aos Vila Cova, pelo apoio constante, por me tratarem como uma filha. Por terem aberto os braços para me receber tão bem, ao longo destes seis anos, obrigada por cuidarem de mim, por me darem conselhos, por me permitirem ser feliz com vocês. Agradeço pela força, pelos sorrisos, pelos abraços, pelas refeições na risota, pela vossa hospitalidade e pela vossa generosidade.

À minha querida Verinha, que ao longo de tantos anos continuas a ser das pessoas mais puras e verdadeiras que algum dia poderia ter tido. Grata pelos momentos, por seres um exemplo de força e superação, por termos uma amizade honesta e real, por sermos apaixonadas pelo mesmo desporto e pela mesma profissão. A ti te quero dedicar também esta passagem de forma a que saibas o quanto foste importante, para ey chegar até aqui. No meu coração, para sempre.

Aos doidos do meu grupo de treino ao longo dos anos, ao Chico, ao Frutta, Tomás, Pedro, Miguel, à Raquel, Melanie, Rafaela que me ajudaram a ser quem sou, a melhorar a minha personalidade e que me ajudaram a crescer estando sempre em forma. Ao Marco, ao Gonçalo e ao João por serem os meus fiéis companheiros de faculdade, por serem quem me abraçavam todos os dias, pelos lanches, pelas torradas pelas

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piadas, pelos feitios, pelos abraços e pelos beijos na testa como sinal de conforto e respeito.

Ao Flock, à Luna, à Mia e ao Twix, por com tão pouco me fazerem feliz, e por me fazerem revidar as energias. A todos os animais da Associação Midas, em especial à Fox por me encher de mimo em dias difíceis, por me abraçar e por me olhar com tanto carinho e admiração.

Aos meus atletas por me relembrarem de onde vim e do que sou feita, obrigada por serem uma constante motivação da minha procura de ser o melhor que posso ser. Obrigada pela admiração e pela confiança.

Aos meus alunos pela confiança, tanto aos graúdos como aos minis, por serem responsáveis, interessados, respeitadores, motivados, por me fazerem gostar ainda mais da minha profissão. Agradeço pelas palavras de apoio, pelos abraços e sorrisos ao longo de todo o ano letivo. Fui muito feliz ao vosso lado.

Ao Núcleo de Estágio, Joana e Tiago, pelo ano alucinante passado ao vosso lado. Foi desafiante, mas extraordinário.

Agradeço por fim, mas não menos importante, à Professora Fátima, pelo rigor, exigência, pelos conselhos, pelo respeito e por todo o trabalho desenvolvido comigo. Viva à Educação Física. Agradeço também à Professora Paula Silva, por todo este processo de finalização de uma das etapas mais complicadas da vida Académica, obrigada pela calma e pela orientação.

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Índice

INDICE DE ANEXOS ... XV RESUMO ... XVII ABSTRACT ... XIX LISTA DE ABREVIATURAS ... XXI

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. SER, ESTAR, LUTAR, ESCREVER E FICAR ... 5

2.1 Como ser atleta me ajudou a querer ser professora ... 6

2.2. O estágio – como será? ... 7

3. ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL ... 9

3.1. Estágio, que desafio é este? ... 10

3.2. Ser Professor e ser professor de Educação Física ... 10

4. O ESPAÇO ESCOLAR – EXPECTATIVAS E REALIDADES ... 13

4.1. A escola como instituição ... 14

4.1.1. Escola Secundária João Gonçalves Zarco ... 14

4.1.2. Agrupamento de Escolas de Matosinhos ... 16

4.1.3. Núcleo de Estágio ... 16

4.1.4. Professor Cooperante – Os Olhos da Experiência ... 17

4.2. O Desafio Do 10º Ano E A Motivação Incansável Do 5º Ano ... 18

4.2.1. Os desafiadores ... 18

4.2.2. Caracterização do grupo etário - Secundário ... 22

4.2.3. A partilha da Turma dos motivados ... 23

5. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E METODOLOGIA ... 27

5.1. Conceção do Ensino ... 28

5.1.1. A iniciação ... 28

5.1.2. O plano anual e a construção da realidade... 29

5.1.3. As Diferentes Unidades Didáticas ... 30

5.1.3.1. Atletismo | A Unidade Com Menos Expectativas, Mas Com Mais Resultados ... 30

5.1.3.2. Andebol | A procura de conhecimento de uma modalidade de exigência 34 5.1.4. Planos De Aula ... 37

5.2. Realização Do Ensino... 40

5.2.1. O Crescimento Da Autonomia ... 40

5.2.2. O Papel da Observação e a Dificuldade em Observar os Outros ... 42

5.3. Avaliação Do Ensino ... 47

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5.3.2. Avaliação Sumativa ... 50

5.3.2.1. Referenciais da Avaliação ... 51

6. EU, A ESCOLA E A COMUNIDADE ESCOLAR ... 55

6.1. Corta-Mato Escolar ... 56

6.2. A Dança Para A Comunidade Escolar – Primeiro Desafio ... 57

6.4. O Projeto Desportivo – Zarco Cup ... 59

6.5. Concelhios – No Atletismo ... 63

6.6. Out Of The School – Parque Aquático ... 65

7. O MEU (NOSSO) DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL ... 67

7.1. As Reuniões Para Além Das Nossas ... 67

7.2. Direção de Turma ... 69

7.2.1. Diretor De Turma ... 69

7.3. Reunião De Grupo Disciplinar ... 70

7.4. Desenvolvimento a partir das reflexões – a parte difícil ... 72

8. APLICAÇÃO DE UM PERÍODO DE CONDICIONAMENTO FÍSICO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DO CIRCUITO FUNCIONAL: ESTUDO REALIZADO COM ALUNOS DO 10ºANO DE ESCOLARIDADE ... 75

Introdução ... 79

Objetivos ... 83

Objetivos específicos: ... 83

Metodologia ... 84

Participantes ... 84

Caracterização do trabalho desenvolvido com a turma ... 85

Fases de Recolha de Dados ... 86

Cronograma de Recolha de Dados ... 87

Procedimentos de Análise ... 87 Resultados ... 88 Limitações ... 92 Discussão ... 92 Conclusões ... 95 9. PENSAMENTOS FINAIS ... 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 99 ANEXOS ... XXIII

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Percentagem de Idades ... 19

Figura 2 - Percentagem de Género ... 19

Figura 3 - Local de Residência ... 19

Figura 5 - Prática Desportiva ... 20

Figura 4 - Modalidades já praticadas ... 20

Figura 6 - Noção de Figura Desportiva ... 21

Figura 7 - Saúde ... 21

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Rotinas aplicadas nas aulas de EF ... 41 Tabela 2 - Cronograma de Recolhas ... 87 Tabela 3 – Estatísticas descritivas (média/desvio padrão) e análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas para IMC e gordura corporal do grupo experimental ... 88 Tabela 4 - Estatísticas descritivas (média/desvio padrão) e análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas para IMC e gordura corporal do grupo controlo ... 89 Tabela 5 - Estatísticas descritivas (média/desvio padrão) e análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas dos testes de IH, Abdominais e Extensões de Braços do grupo experimental ... 90 Tabela 6 - Estatísticas descritivas (média/desvio padrão) e análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas dos testes de IH, Abdominais e Extensões de Braços do Grupo de Controlo ... 90 Tabela 7 - Amostras Independentes de Test-T e Estatística Descritiva ... 91

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INDICE DE ANEXOS

Anexo I - Mini Quiz de Atletismo ………XXV Anexo II –Partes do Manual de Equipa Atletismo……….XXVIII

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RESUMO

O Estágio Profissional assume-se como a última etapa de um académico e como a primeira de um recém profissional. É um acumular de conhecimentos, vivências, experiências, estudos, reflexões e sentimentos que nos torna aptos para o desenvolvimento da profissão. Este relatório apresenta o crescimento pessoal e profissional de uma estudante estagiária, que aprimorou ao longo de um ano letivo as suas competências como professora, definiu ainda mais a sua identidade pela profissão, desenvolveu apetência e respeito pela profissão que desempenhou. Foi um longo caminho, cheio de estudo, tarefas, práticas pedagógicas, pesquisa, processos de ensino-aprendizagem, responsabilidades, cumprimento de horários e prazos e foi um ano com muito trabalho não só académico. Este documento está organizado por capítulos, e nesses capítulos são apresentados os temas mais importantes para a estudante estagiária durante todo o seu caminho. Os principais pontos deste documento, abordam o enquadramento pessoal, o que ela foi, o que é e o que a levou a escolher este rumo; o enquadramento institucional que apresenta a escola, os alunos, a comunidade escolar, os regulamentos indispensáveis durante todo o ano, o núcleo de estágio, a professora cooperante e o porquê da profissão de professor; o enquadramento operacional é divido em três áreas fundamentais que agrupam todo o processo num só. A área 1 diz respeito à organização e gestão do ensino aprendizagem que engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação, a área 2, participação na escola e relações com a comunidade e a área 3, desenvolvimento profissional. Ainda neste documento é apresentado um estudo de investigação sobre as aulas de educação física e por fim, é apresentado as últimas linhas de despedida a este ano sabático.

Palavras-chave: EDUCAÇÃO-FÍSICA, ESTÁGIO-PROFISSIONAL, ENSINO-APRENDIZAGEM, PROCESSO DE TREINO, TREINO FUNCIONAL, PROFISSÃO DE PROFESSOR.

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ABSTRACT

The professional stagium assume has the last stage of academic student and the first of newly professional. It is an accumulation of knowledge, experiences, studies, reflections and feelings that makes us fit for the job market. This report presents the personal and professional growth of a trainee student, who has improved her competences as a teacher over the course of a school year, promoted more her identity by profession, developed a inclination and respect for her profession. It was a long way, full of study, tasks, pedagogical practices, research, teaching-learning processes, responsibilities, accomplishment of schedules and deadlines. It was a year not only with academic work. In this document it is organized by chapters, and in these chapters the most important topics for the trainee teacher are addressed all the way. The main points of this document address the personal framework, what she was, what she is and what led her to choose this course; the institutional framework that presents the school, the students, the school community, the indispensable regulations throughout the year, the internship nucleus, the cooperating teacher and the reason for the profession of teacher; the operational framework is divided into three key areas that group the whole process into one. Area 1 relates to the organization and management of teaching learning that englobes the cenception, the planning, the implementation and evaluation, area 2, englobes the participation in school and community relations and area 3, professional development. Also in this document is presented a research study on physical education classes and finally, the last lines of farewell to this sabbatical year are presented.

KEYS WORDS: PHYSYCAL EDUCATION, PROFESSIONAL INTERSHIP, TEACHING LEARNING, TRAINNING PROCESS, FUNCIONAL TRAINING AND PROFESSOR'S PROFESSION

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABS – Abdominais

AEC – Atividades Extracurriculares

AEM – Agrupamento de Escolas de Matosinhos

CF – Circuito Funcional CM – Capacidades motoras CT – Conselho de Turma DD – Diretor Desportivo DE – Departamento de Expressões DT – Diretor de Turma EA – Ensino Aprendizagem EB – Extensões de Braços EE – Encarregado de Educação EF – Educação Física

ESJGZ – Escola Secundária João Gonçalves Zarco

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FI – Força Inferior

FM – Força Medial

FS – Força Superior

GC – Grupo de Controlo

GE – Grupo Experimental

GEF – Grupo de Educação Física

NE – Núcleo de Estágio

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MED – Modelo de Educação Desportiva

PA – Plano Anual

PAA – Plano Anual de Atividades

PAt – Plano de Atividades

PC – Professor Cooperante

PEA – Processo de Ensino-Aprendizagem

PEF – Professor de Educação Física

PG – Percentagem de Gordura

PlCu – Plano Curricular

PNEF – Programa Nacional de Educação Física

PO – Professor Orientador

TC – Torneios Concelhios

TCF – Treino de Circuito Funcional

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1. INTRODUÇÃO

O Estágio Profissional é uma das fases mais importantes de um académico que tira uma área profissionalizante, é a fase de término, é a fase de hesitação, é a fase de maior reflexão, é a fase de mais confusão, a fase de mais procura e é a fase das dúvidas a mil e das certezas a cem, é onde duvidamos do que somos e onde fazemos tudo para chegar à perfeição. O estágio é configurado a partir de regulamentação, que engloba requisitos legais, institucionais e funcionais na qual a realidade de ensino do professor estagiário é o mais autêntico possível de forma a que fiquem preparados para a realidade da profissão (Batista & Queirós, 2013).

Ele é importante para a concretização pessoal e profissional do estudante, da consciência da responsabilidade pessoal e social, que vão deter nas suas mãos ou no seu currículo profissional. É muito importante a prática do estágio profissional devido às vivências reais do que é ser professor, das dificuldades do dia-a-dia, da realidade da nossa disciplina, dos diferentes alunos e do seio escolar. Ele serve como um desafio de certezas da profissão, é neste ano de muitas exigências que o recém professor estagiário tem a certeza se vai continuar em frente. Após estas dificuldades ou se deita a toalha ao chão e percebe que afinal esta não é a área em que quer realmente atuar ou tem se a certeza que se quer continuar por este caminho. O eu gostava muito de ser (…), pode não corresponder ao eu tenho a certeza que é isto que eu quero fazer.

Sobre o enquadramento do Estágio Profissional, ele é obrigatório no decorrer do plano de estudos do 2ºCiclo de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Todo o estágio é supervisionado e acompanhado por um Professor Cooperante que é membro da escola onde o estagiário realiza a sua presença profissional, e um Professor Orientador, que pertence à Faculdade, onde o objetivo é fundamentalmente orientar o mesmo durante o decorrer do ano, para que possa haver uma ligação escola-faculdade. Relativamente ao documento redigido pelo estudante, o mesmo é fruto de um conjunto de vivências, reflexões, aprendizagens, desafios e aventuras ao longo do ano do Estágio Profissional.

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Este documento vai apresentar todo o meu percurso, desde as etapas mais difíceis, às etapas que começaram ao longo do tempo a ficar mais fáceis de realizar. O meu relatório de estágio está organizado por capítulos e subcapítulos que merecem mais destaque. O primeiro capítulo diz respeito à “introdução” que revela o contexto de todo este documento e como o mesmo se vai desenrolar e o que pretende apresentar. O segundo capítulo diz respeito ao “ser, estar, lutar, escrever, ficar” que apresenta o trajeto até este curso e todo o percurso da minha vida. Neste capítulo há dois subcapítulos, um que apresenta uma história de vida e como decidi tornar-me professora, um segundo subcapítulo que apresenta as minhas expectativas sobre este ano desafiante. O terceiro capítulo engloba o enquadramento profissional que aborda o que é ser professora e ser professora de EF, quais os desafios eminentes desta profissão. Capítulo quatro apresenta todo o espaço escolar, desde a escola residente à escola colaborativa no meu processo de formação, do núcleo que me acompanhou nesta jornada, da professora cooperante que esteve presente em todos os momentos, dos desafios constantes tanto na lecionação das aulas no ensino secundário como no básico, e, por fim, apresenta as várias reflexões/diferenças de ter estado a trabalhar “individualmente” com uma turma e de ter partilhado a lecionação de uma outra turma. O quinto capítulo é sobre o processo de ensino aprendizagem e a metodologia utilizada mediante orientações da PC, da escola e do que aprendi ao longo da minha estadia na FADEUP. O sexto capítulo diz respeito à comunidade escolar e à escola e tudo o que foi acontecendo ao longo do tempo e de que forma me envolvi com as pessoas da escola, cada uma com as suas funções. O sétimo capítulo aborda questões relacionadas com o desenvolvimento profissional enquanto recém-professora de Educação Física e todas as responsabilidades inerentes à escola e aos meus alunos. No capítulo oito podemos ler sobre o estudo de investigação realizado nas aulas de educação física sobre a realização de um período de treino de condicionamento físico a partir do treino funcional em três turmas do décimo ano com aplicação da bateria de testes do FitEscola. No capítulo nove serão expostas as últimas linhas de despedida não só deste maravilhoso ano, cheio de trabalho e desafios, como de um dos maravilhosos locais da minha vida, onde dei tanto e recebi em dobro, a minha maravilhosa faculdade.

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2. SER, ESTAR, LUTAR, ESCREVER E FICAR

“ (…)

Eu sei que esta prova é difícil, e por vezes bárbara.

Mas também sei que ela engendra a felicidade de me ver chegando quando outros

nem sequer partiram

ou de me sentir mais forte pela euforia de um novo e melhor tempo sobre a meta ou de me rever alado e renascido

por mais uma vitória

- que também o é bem sobre a morte.”

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2.1 Como ser atleta me ajudou a querer ser professora

Sou a Sara Silva, e a seguir ao Sara sou Catarina, poucas pessoas têm a intimidade de me chamar por esse nome, alguns tentam, mas só alguns têm permissão, pois só devemos entrar na vida de alguém se esse alguém permitir. Nasci a três de janeiro de mil novecentos e noventa e quatro prematuramente, com vontade de vir a correr para o mundo achando que o mesmo era um local justo. Não sou nada do que aparento, sempre cresci a traçar o meu caminho, com uma ponta de coragem e três de mau-feitio, desde cedo decidi o que era certo para mim e para o que luto todos os dias.

Sou natural da Maia, mas adoro Matosinhos e Leça da Palmeira, atualmente resido nos dois locais por força de circunstâncias familiares.

Falar de mim e do que me define, é impossível sem referir o pilar mais importante de toda a minha pessoa, a minha mãe, que não só me deu a vida, como me fez aproveitar cada segundo da minha vida, ensinando-me que eu sou aquilo que quiser ser, e que os limites são impostos por nós e que os castigos só são usados para manter os jovens na linha e que a simplicidade de uma conversa é capaz de nos colocar no caminho certo sem sequer ser necessário castigar. Certa que foram poucas as vezes que fui castigada, poucas vezes me retiravam o que eu mais gostava, pois antes de isso acontecer me explicavam o porquê das coisas não poderem ser feitas simplesmente da minha maneira.

A minha infância foi vivida na Maia até ao nono ano, a minha adolescência marcada por desafios constantes por um seio familiar desmoronado, ela foi ultrapassada no Porto com o término do secundário. Na minha infância passava o dia todo na rua (após fazer quase todos os trabalhos de casa) com os vizinhos e a fazer mil e uma aventuras, jogar a bola, esfarrapar os joelhos e cair de bicicleta até a minha mãe me chamar para jantar. Do futsal e do voleibol que eram as minhas paixões de menina desportista, surgiu depois, por via das circunstâncias, o atletismo que me ajudou a superar muitas lacunas parentais, sociais e individuais. Com o atletismo aprendi o sabor da amizade, da vitória, da frustração, do esforço, da paciência e do empenho e finalmente o sabor do amor. Nunca me destaquei muito pelo talento, mas sim pelo esforço, dez anos se passaram e poucas foram as vezes que faltei ao treino, pois quando me

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comprometo, eu cumpro. Sou produto do que deixei que o desporto fizesse de mim, uma pessoa mais feliz e mais completa, no verdadeiro sentido da palavra. Com a passagem pelo ensino secundário, numa turma difícil de lidar pelos diferentes professores, mas com espirito para realizar as coisas sempre pela maneira mais certa e responsável, agarrei-me aos meus objetivos pessoais, que era tirar uma ótima nota no Projeto de Aptidão Tecnológica (PAT) pensada no ano letivo 2011/2012 pela Escola Secundária Carolina Michaëlis e realizada com colaboração da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com o tema de “Iniciação ao Salto com Vara”. No entanto, nunca acreditei que entraria na Faculdade, mas sempre lutei para ter boas notas, tantas vezes me fizeram acreditar que não era capaz de lá estar que optei por outros caminhos, mas depois soube a minha média do secundário o que me fez pensar: “se os outros conseguem, porque que tu também não podes?”. Confesso que não entrei da primeira vez que tentei, pois não estava preparada para aqueles exames nacionais. Uma das minhas maiores alegrias foi ter entrado na única Faculdade de Desporto a que me candidatei. Posso não ser das melhores alunas, mas sempre lutei para estar aqui e para ter valor.

À FADEUP devo todo o meu “caminhão” de conhecimento, as oportunidades nunca antes vividas, os desafios que a licenciatura me impôs, e à oportunidade de entrar no Mestrado de Ensino na mesma faculdade. Devo esta decisão à Prof. Olga Vasconcelos e ao Prof. Rui Garganta que me mostraram que a média é somente um número, que pode ajudar sim, mas que não revela toda a nossa essência e eu sei que o meu valor é muito mais do que esses números. A minha vontade de assumir um papel fundamental na Educação dos jovens que cruzam o meu caminho é tão ou mais importante do que esses valores numéricos.

2.2. O estágio – como será?

Quando optei por este Mestrado sabia desde logo que tinha que passar por isto. Desde o Secundário que tenho feito muitos estágios na área das crianças, educação e desporto como sempre me foi dito para fazer através das normas enquadradas no curso que escolhi. Sabia o trabalho que daria e sabia que muitas vezes ficava difícil aguentar tudo e fazer tudo bem, o que me deixa um pouco

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frustrada, pois tento cumprir todos os prazos, todas as tarefas e todos os desafios.

Esperava que o Estágio me possibilitasse melhorar como pessoa e de me dar um futuro mais risonho para mim e para os meus, fazendo o que gosto. Esperava melhorar muito a minha comunicação com os mais jovens. Queria distanciar-me do meu passado e abraçar um ótimo futuro mesmo que talvez incerto nesta profissão. No entanto, aproveitando as aprendizagens de novas competências de ser professora e todas as suas caraterísticas peculiares que no futuro próximo espero poder aplicá-las de uma forma profissional, útil e coerente.

As expectativas eram muitas, eu queria atingir um bom patamar, queria adquirir mais competências, habilidades e capacidades e refinar as que já possuía, numa transferência da teoria para a prática continuada. Queria que os alunos gostassem de mim e que aproveitassem ao máximo as aulas que lhes proporcionei, esperando que estas fossem motivadoras. Esperava que os meus alunos fossem disciplinados, empenhados, colaborativos, entusiastas e alegres, que manifestassem interesse pelas aulas de EF e pela prática desportiva. Queria melhorar a minha expressão escrita e a minha expressão oral, esperando alguma compreensão e paciência por parte dos meus alunos, professores e colegas de núcleo.

Relativamente ao grupo de EF, tinha professores de todas as idades, sendo que existiam professores que se encontravam um pouco desmotivados. Esperava que a escola tivesse professores especialistas em várias modalidades, para que se tivéssemos dúvidas, eles pudessem partilhar dicas para nos ajudar nos diversos planeamentos da disciplina. Por fim, esperava viver, absorver ao máximo o que professores, os alunos, os funcionários e os encarregados de educação me pudessem acrescentar. Ambicionava dar um pouco de mim à história e à identidade da escola, ambicionava deixar um bocadinho de mim em cada um dos “meus” alunos.

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3. ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL

“Um galo sozinho não tece a manhã. Ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele lança e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe um grito que um galo antes lançou e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia ténue, se vá tecendo, entre todos os galos.”

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3.1. Estágio, que desafio é este?

O estágio é um dos momentos mais importantes da formação dos professores, pois de uma maneira quase obrigatória ele faz transbordar na vida do recém professor a realidade que é estar num papel que nunca foi o nosso e que até neste momento se torna um papel duplo e difícil de entender e de praticar (Batista & Queirós, 2013). Uma das componentes essenciais desta etapa é manter o recém professor à procura de compreender, planear, pesquisar, organizar, avaliar, refletir e desenvolver o contexto particular na qual está a trabalhar, onde tudo isso seja uma fonte de contributos relevantes para a sua prática como professor. Como afirma Nóvoa (2009) é necessário construir uma formação de professores dentro da profissão, por isso é tão importante, nós recém-professores, passemos por estas vivências da profissão, acompanhados pelos professores cooperantes para nos ajudaram a tomar decisões e também pelos professores orientadores que são a ligação de uma escola à outra escola de ensino superior.

3.2. Ser Professor e ser professor de Educação Física

A profissão de professor é tão complicada quanto exigente, e por isso entendo que somos um copo meio cheio ou um copo meio vazio dependendo da perspetiva que nos é colocada pela sociedade e pela perspetiva com que olhamos para nós mesmos. Em termos sociais a profissão que estive a exercer é alvo de um leque abrangente de debates onde o assunto central é a educação, onde a profissão docente vem arrastada por obrigatoriedade da sua presença nos currículos educativos das escolas. Por isso, a educação é um objeto que é alvo de crenças e aspirações na qual os professores se devem orientar para a sua prática. E de acordo com Nóvoa et al. (1999) a definição de profissionalidade é algo que está diretamente ligada à atividade docente, onde os professores são um conjunto de comportamentos, conhecimentos, destrezas, atitudes e valores que têm de possuir para realizar a sua atividade profissional de forma coerente e legal (Nóvoa et al., 1999). A prática educativa tem obrigatoriamente de produzir conhecimento e por isso ela é organizada através de um processo de

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aprendizagem que é reportada essencialmente à prática pedagógica e a ação de ensinar.

Sou professora e não foi fácil pensar sobre isso, não foi fácil distinguir a profissão e a pessoa que sou, não foi fácil conseguir conciliar as duas coisas ao mesmo tempo, ser estudante e ser professora. Ser professor é tarefa injusta, ser professor é tarefa difícil, ser professor é bom, ser professor é ter coragem. Nós, Professores, deparamo-nos com um rol de desafios ao longo da prática, quer no meu caso ao longo deste ano letivo, quer suponho ao longo dos anos seguintes. Ser professor é ouvir falar da profissão com desdém, é ouvir falar da profissão com respeito, é ouvir falar da profissão com defeitos e é ouvir os desabafos positivos dos alunos quando falam dos seus diferentes professores. Tentei ser uma Professora que pudesse aprender com os outros, para ensinar aos restantes, procurando compreender as lacunas e aperfeiçoando-as ao longo do tempo, “ao ser professor confronto-me com a obrigação de o ser tanto dentro da escola como fora, porque é algo que faz parte do meu ser, ser professor faz mim uma pessoa que deve saber partilhar a minha busca de conhecimentos e provocar nos meus alunos a motivação de modo a que eles se possam superar a cada dia, não só na escola mas na vida, isto para mim é ser professor” (Bento, 2004a).

Ser professor de educação física é ser diferente dos outros professores, não pela profissão em si, mas pela forma como toda a matéria é lecionada aos alunos, pela forma como comunicamos. Para mim, o que me levou a escolher a área de EF esteve ligado com influências anteriores, com o meu percurso escolar/académico, os meus professores de EF ao longo do tempo e as vivências desportivas associadas ao meu crescimento enquanto pessoa. No entanto, a minha crença sobre ser professora de EF também teve um impacto notório na minha decisão pela profissão. O nosso papel é muitas vezes entendido como uma transmissão de conhecimento e do ensinar a sua matéria, mas vai muito para além disso para os alunos (Moreira et al., 2015). Esta profissão oferece uma matéria muito importante para mim, o desporto, que diz respeito à corporalidade, à utilização do corpo, ao movimento e por isso ser professor de uma matéria que é ensinada pela vivência é um desafio, quer para nós docentes, quer para os alunos. Eles aprendem como utilizar o corpo como ferramenta, não

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só para a vida, mas também para toda a bagagem necessária desta disciplina, que por norma devia ficar mais complexa com o passar dos anos.

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4. O ESPAÇO ESCOLAR – EXPECTATIVAS E REALIDADES

“ Diz ele que não sei ler Isso que tem? Cá na aldeia Não se arranjam dúzia e meia Que saibam ler e escrever

(…)

Desporto e pedagogia

Se os juntassem, como irmãos, Esse conjunto daria,

Verdadeiros cidadãos! Assim, sem darem as mãos, O que um faz, outro atrofia.

Da educação desportiva, Que nos prepara p’ra vida, Fizeram luta renhida Sem nada de educativa.”

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14 4.1. A escola como instituição

A escola deve ser vista como um local de complementação da educação, ou seja, um local que devia servir para a melhor compreensão do que é a vida e do que podemos aprender com ela. No entanto a escola é uma invenção histórica que serviu para introduzir dois conceitos distintos o aprender teoricamente e o aprender a fazer com a relação de respeito social entre o “mestre” e o aluno. Ela foca-se em ensinar os alunos em diversas aéreas do saber de forma a explorarem todas as possibilidades de um futuro com bases, ela dedica-se também à formação de cidadãos com valores estáveis e intrínsecos, desempenhando um papel central na interação social.

As três dimensões da escola são de tal forma tão importantes como um bebé ter uma família coesa e estruturada de forma a crescer da forma mais completa possível, por isso a escola baseia-se na dimensão pedagógica, organizacional e institucional.

4.1.1. Escola Secundária João Gonçalves Zarco

A Escola Secundária João Gonçalves Zarco (ESJGZ), criada em 1955, é hoje herdeira de uma história e de uma identidade construída ao longo dos seus 60 anos de existência. Desde sempre demonstrou a vontade e a capacidade para desenvolver uma dinâmica de qualidade e inovação que se tornaram tradição.

Localizada na zona sul da cidade de Matosinhos, a Escola é servida por uma eficaz rede de transportes públicos e vias de comunicação que lhe conferem uma excelente acessibilidade. Em 2009, a Escola foi objeto de requalificação, no âmbito do projeto de intervenção da empresa Parque Escolar, sendo, por isso, uma escola renovada e com excelentes condições para a prática de um serviço educativo de qualidade. Atualmente, a ESJGZ acolhe uma população escolar oriunda não só de diferentes zonas da cidade de Matosinhos, mas, também, das localidades mais próximas. Dotada de um corpo docente e não docente estável,

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a ESJGZ consegue garantir a qualidade do serviço educativo conducente à obtenção de resultados académicos e sociais de elevado nível. Com um contrato de autonomia desde 2007, a Escola disponibiliza uma oferta educativa caracterizada pela sua diversidade bem como inúmeros projetos inovadores, nacionais e internacionais, em parceria com diferentes instituições culturais, sociais e pedagógicas que são responsáveis, em larga medida, pelos resultados de elevado nível obtidos pelos seus alunos.

Primando pelo rigor e qualidade que coloca nas suas práticas, a Escola obteve, em 2013, pelos serviços prestados nas áreas da Ação Social, da Papelaria, do Bufete e da Gestão dos Serviços Administrativos, o Certificado de Qualidade ISO 9001. É uma Escola com 60 anos de memórias e vivências de várias gerações que, aqui, abriram as suas janelas de futuro.

No que diz respeito às instalações desportivas, e à prática das aulas de Educação Física, atualmente o pavilhão da escola está em obras para requalificação, no entanto é na mesma viável realizar as aulas de EF, sendo que existem neste momento quatro espaços para a prática da disciplina: um espaço sem coberto com um campo de basquetebol; um espaço com coberto que é normalmente usado por dois professores e diz respeito a um campo de andebol e futsal, dividido em dois; o ginásio onde se realizam modalidades indoor; e o ginásio pequeno onde pode ser lecionada a Dança, porque contém espelhos, e ginástica de uma forma mais limitada. Quando chove o professor do campo sem coberto tem que sair para outro local incluindo sala de aula, no campo parcialmente coberto o espaço fica mais reduzido porque chove nos espaços laterais, podendo até só ficar um professor por causa da limitação de espaço.

No que diz respeito ao Desporto Escolar, a Escola oferece apenas dois grupos equipa, Badminton e Atividades de Ar Livre. Como atividade interna, apresenta os Torneios da ZarcoCup às quartas-feiras durante todo o ano, de acordo com calendário já divulgado, e com as seguintes modalidades: basquetebol (3x3), futsal, andebol equipas mistas, badminton e voleibol misto, dirigidos ao ensino básico e ao ensino secundário, e por fim os Torneios Concelhios com o atletismo, andebol, voleibol, futsal, basquetebol e badminton.

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A oferta formativa da escola vai do 7ºano ao ensino secundário. Aqui a oferta inclui os cursos regulares, científicos humanísticos incluindo curso de ciências e tecnologias, socioeconómicos, línguas e humanidades. Nos cursos profissionais tem uma oferta variada, nomeadamente, Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, Técnico de Comércio, Técnico de Desporto, Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos, Restauração e Gestão. Oferece também cursos de educação e formação de adultos em horário pós-laboral.

4.1.2. Agrupamento de Escolas de Matosinhos

O agrupamento de escolas de Matosinhos, que nos apoiou nesta minha formação enquanto docente, acolhe vários tipos de alunos/famílias. No caso da nossa turma que foi sempre partilhada ao longo do ano, tínhamos alunos que precisavam da escola para obter uma vida mais completa e equilibrada, para o desenvolvimento de uma criança saudável e completa. A família de alguns alunos passava por dificuldades e a escola funcionava como um “porto de abrigo”. A escola é bastante grande e é muito heterogénea, o grupo de educação física era muito simpático, disponível e acolhedor. O nosso espaço de aula foi maioritariamente o pavilhão desportivo da escola, que é constituído por um espaço que suporta três professores e um outro espaço que é reservado a modalidades que necessitem de materiais mais específicos ou de espelho, como por exemplo o atletismo – salto em altura, a ginástica artística, a dança, etc.

4.1.3. Núcleo de Estágio

O estágio pedagógico é um processo e com ele solicita o desenvolvimento de várias competências, uma delas é o trabalho em grupo e por isso os EE são organizados pelas escolas por Núcleos de Estágio (NE) (Lima et al., 2014). O número dos estagiários nesta escola foi de seis, três oriundos da FADEUP, dois do género feminino e um masculino e três do ISMAI, dois do género masculino e um do género feminino, com professores cooperantes distintos. Por este aspeto, deparei-me com métodos de trabalhos distintos de forma que ao longo

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de todo este processo a comunicação entre nós tornou-se algo importante, dinâmico e simples.

Relativamente aos colegas que são oriundos da FADEUP, com quem tive que trabalhar ao longo de todo o ano letivo, bem de perto, sinto que somos um pouco mais maduros, pois temos responsabilidades acrescidas, trabalhamos os três. Eu sou a mais “pequenina”, depois vem a Joana e em seguida o Tiago, somos três seres completamente diferentes, em tudo, ritmo de trabalho, pontualidade, formas de comunicar, disponibilidade etc, etc. No entanto tem sido importante para mim aprender a lidar com pessoas diferentes, moldar a minha personalidade e saber gerir as expectativas em relação às pessoas que me estão a acompanhar neste ano exigente e trabalhoso. Sinto que o trabalho em grupo poderia ter sido melhor, maior e mais eficiente, sinto que nos podíamos ter esforçado mais para que as coisas tivessem dado efetivamente certo. Porém, fizemos um trabalho consistente e responsável ao longo de todo o ano. Sinto que podíamos ter sido mais proactivos e dinâmicos na comunidade escolar, no entanto para os três era algo complicado devido ao trabalho fora do estágio de cada um.

4.1.4. Professor Cooperante – Os Olhos da Experiência

Ser professor durante muitos anos pode deixar-nos fora das mudanças a nível do ensino, mas, por outro lado pode enriquecer-nos ao nível da experiência, pois já passaram por muito, já viram muito, já foram desafiados e já desafiaram. Então, ser professor cooperante é uma função positiva enquanto professor de EF, isto no meu ponto de vista. Pois, todos os anos, o professor é obrigado a dar de si e esperar que os professores estágiários deem deles o que é necessário para exercer a função de professor corretamente. Termos alguém que nos diga as verdades, que nos abra os olhos, que nos apresente outras soluções ou até mesmo outro tipo de raciocínio, deixa o professor cooperante ainda com mais bagagem, pois ele pode perceber as lacunas desses estudantes professores que eles não entendem ou não estão preparados para perceber. O professor cooperante também recebe no fundo novas informações, novos conhecimentos ou novas formas de pensar e de ensinar e até mesmo novas personalidades

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para lidar e tudo isto é um processo de refinamento ao longo de todo o estágio, que passa por um encontro com o desconhecido, juntamente com um acompanhamento da construção da identidade do estudante estagiário (EE), em que o professor cooperante (PC) tende a evoluir e a fazer evoluir o EE, sendo este um processo dinâmico e que supostamente de modifica no decorrer de todo o estágio (Rodrigues, 2013). Durante todo o meu ano de estagiária foi muito bom ter alguém que me pudesse orientar a fazer o correto e até as vezes a errar efetivamente, para depois me explicar o que podia ter sido melhor para que a minha prática fosse mais completa e eficaz. De facto, isto são “pequenos-grandes” pormenores que nós, recém professores, e mesmo recém adultos não temos ainda sensibilidade suficiente para perceber e alterar no momento da prática, o que torna a presença do nosso professor cooperante essencial.

O procedimento de estágio é todo ele um processo formativo e verdadeiramente profissionalizante e que requer uma presença obrigatória de um professor cooperante experiente, eficaz e profissional (Rolim, 2013).

4.2. O Desafio Do 10º Ano E A Motivação Incansável Do 5º Ano

4.2.1. Os desafiadores

Desde que me lembro, que queria mesmo ser professora de secundário, não só porque permite lidar com alunos que estão ponto rebuçando entre a criança e o jovem, como pela forma rápida em que eles crescem, mudam de ideias com facilidade, argumentam com vontade os seus pontos de vista, vincam os seus interesses, apresentam sentimentos distintos pelas pessoas que os rodeiam, começam a perguntar-se sobre as coisas, sobre o futuro, dão de si, ou por vezes até se fecham e isso para mim é desafiante, e como a EF é uma disciplina com acesso exclusivo à transparência comportamental dos alunos, eu sempre quis estar aqui, neste meio.

A minha turma residente é um misto de meninos interessados e empenhados com uma mistura de preguiça. São alunos que estão na fase de adolescência. São muito respeitadores e conscientes das suas ações, mas ainda estão na fase de enquadramento com o secundário e com a responsabilidade que ele acarreta. Acredito que tenha desenvolvido uma boa relação com eles, tentando ser

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exigente quando tinha de ser, “brincar” quando eles mereciam, tentar abordar da melhor maneira as aulas e motivá-los para a prática constante, quer na escola quer fora dela.

Para me ajudar a perceber os comportamentos dos meus alunos, o NE realizou um questionário com perguntas importantes para a caracterização dos alunos a nível pessoal e em enquadramento com a disciplina de educação física.

Após análise das fichas dos alunos,

relativamente a dados

sociodemográficos, a turma que me foi atribuída pertence ao Curso Cientifico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, 10º ano de escolaridade. A mesma é constituída por 27 alunos, com 19 do sexo

feminino e 8 do sexo masculino (figura nº 2), com idades compreendidas entre os 14 e 15 anos, sendo que 20 alunos têm 15 anos e 7 têm 14 (figura nº1).

Com base nas fichas dos alunos, preenchidas na 1ª aula, foram recolhidos os seguintes dados: Relativamente ao local de residência, 23 alunos são do concelho de Matosinhos, 1 do concelho da Maia, 1 do concelho de Gondomar, 1 do concelho de Valongo e 1 não precisou o seu local de residência (figura nº3).

Em relação a resultados obtidos no 9º ano de escolaridade relativos à disciplina de Educação têm Muito Bom e 2 alunos com suficiente.

30% 70%

Idade

14 anos 15 anos

Figura 1 - Percentagem de Idades

30%

70%

Sexo

Masculino Feminino

Figura 3 - Percentagem de Género

23 1 1 1 1 0 5 10 15 20 25

Local de Residência

Nº de alunos

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Quanto ao historial desportivo, de um modo geral, quase todos os alunos já praticaram algum desporto (11 modalidades distintas) e três nunca praticaram desporto onde os motivos apresentados passam pela falta de interesse e motivação (figura nº 5). Em relação aos desportos que já praticaram sabe-se que 13 já experimentaram/praticaram natação, 3 karaté, 3 basquetebol, 1 futebol, 2 patinagem, 2 voleibol, 2 ballet, 1 capoeira, 1 andebol, 1 atletismo e 1 dança (figura nº4). Atualmente, 15 alunos praticam desporto regularmente, 5 voleibol, 2 futebol, 2 andebol, 2 basquetebol, 1 artes marciais, 1 equitação, 1 natação e 1 refere que pratica atividade física no ginásio e no parque da cidade.

Chegando ao ponto das referências desportivas, deparamo-nos com um bom cenário relativamente à atenção de certas figuras desportivas pelos alunos, mesmo aqueles que não praticam nenhuma modalidade atualmente, com maior escolha foi o Cristiano Ronaldo (5 alunos), depois foram adicionadas várias figuras desportivas apenas uma vez, mas onde a modalidade se repetia, como por exemplo o voleibol (3 atletas distintos), o andebol (2 atletas distintos), o surf (1), basquetebol (1), o ténis (1), a natação (1) e por fim a equitação (1 atleta referenciada)(figura nº6). SIM 60% NÃO 28% Nunca praticou 12%

PRATICA DESPORTO

Figura 5 - Prática Desportiva

58% 23% 10%9% 0% 0% 0% 0% 0%

Modalidades já praticadas

Natação Patinagem Karaté Voleibol Ballet Basquetebol Dança Atletismo Andebol

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21 Figura 6 - Noção de Figura Desportiva

No domínio da saúde, a turma tem 5 alunos que usam óculos regularmente, sendo que um precisa de os utilizar na aula de educação física se não tiver possibilidade de colocar as lentes antes da aula, 1 aluno com dificuldades auditivas e 2 dois alunos com dificuldades de expressão oral e escrita (figura

nº7). Figura 7 - Saúde 46% 18% 18% 9% 9%

Saúde

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4.2.2. Caracterização do grupo etário - Secundário

Tal como na vida, o crescimento é feito por fases e por isso percebemos que este grupo etário é também mais uma fase da vida de uma pessoa. A vida começa desde o nascimento e onde somos desde logo categorizados como recém-nascidos, depois como crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos (Araújo, 1985). Quando falamos destas fases elas dão-se por três motivos: o crescimento, o desenvolvimento e a maturação da própria pessoa. Segundo Araújo (1985) o crescimento é caracterizado como mudanças normais na quantidade de substância viva; o desenvolvimento pode ser explicado como um processo de mudanças graduais e importantes para o individuo; e a maturação é expressa no completo desenvolvimento daquele que era intitulado como criança, adolescente ou jovem, que por fim chegou a adulto, ela também se refere às mudanças qualitativas que capacitam o organismo de progredir para níveis mais altos de desempenho que visa a perspetiva biológica. No entanto, a partir do mesmo autor, também se entende que nesta faixa etária a velocidade de crescimento e picos do mesmo são diferentes de aluno para aluno e por isso mesmo temos que distinguir dois tipos de idades, a cronológica e a biológica. Por esta altura, uns jovens mais do que outros, é marcado pelo início da puberdade, dando-se em parte a maturação dos órgãos sexuais entre outras alterações também importantes, onde é resultado de interceções de fatores ambientais e genéticos, ao mesmo tempo a parte do crescimento ósseo é também uma fase assinalada pela ossificação dos discos epifisários das epífises (Halbe, Cunha e Mantese,1991).

Segundo Hartup (1979), também nesta idade os alunos começam a distinguir as suas relações pessoais de forma a perceberem, quem são os melhores amigos, os bons amigos, amigos e os colegas. Os adolescentes têm necessidades básicas sociais que se caracterizam em ternura, compaixão, aceitação, intimidade e sexualidade. Nesta idade os conflitos tendem e podem ter um efeito positivo no desenvolvimento dos jovens, pois torna a interação social muito mais complexa (Aken & Scholte).

Através de revisão de literatura sabe-se que quanto à aptidão física deste grupo etário o desenvolvimento motor é crescente e é com maior intensidade para o sexo masculino, e por isso a potência anaeróbia é superior pelo crescimento e

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aumento músculo-esquelético. Concluímos que nesta idade os jovens tendem a acumular mais lactato após o esforço físico, pois o organismo gasta mais energia e tem mais trabalho a movimentar novas cargas, pois o seu corpo está em constante mudança (Tanaka et al., 1983).

Todas as informações recolhidas sobre os alunos da turma residente ajudaram-me a pensar na construção das diferentes unidades didáticas de forma a motivá-los ao máximo no decorrer das aulas. O facto de eu saber que desportos é que eles praticavam ajudou-me, por exemplo, na formação dos grupos de trabalho nas aulas de EF de modo a tirar o maior partido nos vários modelos de ensino aplicados ao longo do ano letivo. Sabemos que o desenvolvimento pode ocorrer na forma de mudanças qualitativas (maturação) e quantitativas (crescimento) ou ambas simultaneamente estando elas relacionadas com a idade das crianças. Nesta idade de crescimento, o cérebro funciona como um computador, porque ele usa a informação fornecida processa e exterioriza motormente da melhor forma possível (Haywood & Getchell, 2001).

4.2.3. A partilha da Turma dos motivados

A minha experiência como professora ou monitora de crianças é alguma, pois já estagiei numa escola de ensino básico quando terminei o décimo segundo ano de escolaridade. Claro que as responsabilidades eram diferentes, mas aprendi muito, assim como quando estagiei num infantário com crianças de quatro anos. É tudo totalmente diferente. Cada grupo etário tem necessidades educativas diferentes.

Neste ano o desafio foi outro, o quinto ano de escolaridade, onde os alunos são extremamente motivados, reguilas e gostam é de aprender “coisas” novas. Neste ano de escolaridade, e por opção do professor responsável pela turma, nós, estagiários do núcleo, pudemos escolher as modalidades a lecionar durante o ano letivo, sendo efetuado um plano anual para a turma em questão. A partir do que está estipulado no PNEF e no projeto educativo da escola, consideramos nesse plano as seguintes modalidades: atletismo – salto em comprimento, salto em altura, lançamentos, resistência, velocidade, lançamentos e estafetas;

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ginástica de aparelhos e ginástica de solo, patinagem, basquetebol, andebol e futsal.

Foi um ano marcado pela quantidade enorme de modalidades/matérias que queríamos que os alunos praticassem, e uma das razões de o termos conseguido, foi o facto de em todas as aulas estarmos dois professores, o que facilitou e ampliou a aprendizagem dos diferentes alunos. No entanto, nem tudo foi bom, porque apesar de os alunos estarem disponíveis para aprender, as condições ambientais do pavilhão eram limitadoras. Apesar de termos quase sempre disponível o espaço que precisávamos, devido aos professores da casa não se importarem de trocar, o calor daquelas instalações era difícil de suportar e muitas vezes tivemos que quebrar o ritmo da aula, porque tanto para os alunos como para os professores era difícil de aguentar o calor que se fazia sentir. Para além disso a acústica do espaço não era boa e, tínhamos que falar muito alto, o que maior parte do tempo impedia a compreensão total da explicação pelos alunos. Estas dificuldades de comunicação ocorreram principalmente no início da nossa prática onde os alunos se mostravam um pouco resistentes em nos ouvir. Muitas das vezes saí das aulas dos reguilas com dores de cabeça devido ao calor e à acústica do pavilhão e também ao calor e ao esforço que fazia para lhes passar as informações.

Reflexão Semanal – 19 a 23 de fevereiro “Perante o último dia desta semana atribulada, eu e a Joana fomos dar a aula à turma do 5º ano e onde procedemos à Av. Sumativa de Patinagem em forma de circuito e com a presença da Professora Fátima. Os alunos portaram-se muito melhor do que o normal, encararam a avaliação de forma responsável e respeitosa, o que mostra uma boa evolução desde o primeiro período até agora. Avaliando de forma evolutiva os alunos, vários começaram por não andar de patins, acima de 9/10 alunos, e que ao longo das aulas, foram ganhando coragem para enfrentar os seus medos e explorando as diferentes formas de começar a andar de patins, muitos começando com apenas um patim, outros pedindo ajuda aos colegas e às professoras de modo à andarem apoiados, mas com os dois patins. Terminamos apenas com cinco alunos ainda a não conseguirem andar após 8/9 aulas a praticar patinagem com os alunos. O que mais me preocupava nestas aulas eram as quedas durante as aulas, pois exploramos muitos movimentos e alguns deles de difícil execução e de certeza que ficavam doridos de tanto cair, mas nunca quiseram parar de andar. É fundamental nesta idade dar oportunidade e importância à patinagem de forma a desenvolver eficazmente o equilíbrio, noção corporal e espacial com objetos que não são pertencentes ao nosso corpo. Fiquei muito satisfeita com a entrega e responsabilidade dos

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alunos nas aulas de patinagem, maior parte lecionadas à sexta-feira por motivos de espaço em que muitos alunos traziam os seus patins de casa de forma a ser uma aula com todos os alunos a poderem andar de patins.”

Os “pequeninos” foram sem dúvida uma motivação ao longo do ano, não só porque eram completamente eufóricos pelas aulas de educação física, mas também muito autênticos nas suas personalidades e atitudes nas aulas de educação física.

Sobre as modalidades lecionadas a esta turma, a modalidade com mais evolução seguindo os objetivos a que nos propusemos tendo por base o programa nacional de educação física para o segundo ciclo foi o andebol, onde foi possível trabalhar com bola, trabalhar em jogos reduzidos e trabalhar em jogos adaptados para a modalidade. Conseguimos chegar ao jogo 3x3 com passes bem direcionados, com a marcação individual a funcionar corretamente e com o entendimento suficiente para o desenrolar do jogo conforme as regras básicas do andebol. No entanto a modalidade com menos sucesso, na minha opinião, foi o futsal devido ao comportamento dos pequenos alunos durante as aulas. Tiveram muita dificuldade na transferência dos exercícios analíticos para a situação de jogo reduzido 3x3, e por isso os objetivos propostos pelos professores não foram atingidos, no entanto maior parte dos alunos saíram da unidade didática a conseguir realizar um passe controlado e bem direcionado.

Quanto as outras modalidades, tudo correu como planeado conforme o modelo apresentado por Vicker’s e que nós adotamos ao longo de todo o ano letivo.

A patinagem e o atletismo foram as modalidades que eu mais gostei de aplicar juntamente com os meus colegas de núcleo, porque os alunos não tinham conhecimento suficiente das modalidades e por isso podemos explorar muito mais. Principalmente porque eles desconheciam maior parte das caraterísticas das modalidades. Os alunos sempre foram muito curiosos relativamente aos conteúdos que apresentávamos nas aulas e isso foi uma causa para continuação da prática de forma organizada, motivadora e adequada.

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5. O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E METODOLOGIA

“Entre o gosto e o desgosto O quadro é bem diferente, Ser moço é ser sol nascente, Ser velho é ser um sol posto, Pelas rugas do meu rosto O que eu fui, hoje não sou, Ontem estive, hoje não estou, Que o sol ao nascer fulgura, Mas ao se pôr deixa escura A parte que iluminou.”

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5.1. Conceção do Ensino

5.1.1. A iniciação

Os Professores são pessoas inconformadas, que procuram o sucesso daqueles que cruzam o seu caminho e por isso planeiam o caminho evolutivo de forma a serem o melhor possível. São aqueles que ensinam através da conexão, da empatia, dos conteúdos, dos programas, do compromisso (Bento, 2004a).

Como todos os grandes professores, eles começaram o seu percurso aprendendo e sistematizando o que a teoria e a experiência lhes deram. A iniciação em algo é um processo que requer muita metodologia, muita prática, muita vontade e sobretudo capacidade de adaptação. A primeira etapa de todo este ano foi, sem dúvida, o planeamento do ano letivo – sim do ano letivo – fiquei em choque, porque isso são muitos dias, muitas semanas, muitos meses e há uma série de imprevistos que podem acontecer. No entanto, a PC pediu para fazermos um plano ao longo do tempo com os dias das aulas, meses, tempo de aula a que correspondia, feriados, atividades da escola, marcar os períodos escolares/férias escolares, espaços designados para a turma, incluir também as modalidades que pretendíamos lecionar sequencialmente de acordo com o PNEF e o PA do 10º da própria escola. Foi uma tarefa difícil na altura, mas agora entendo que foi das tarefas mais simples no estágio. Foi um desafio na altura, eu que me achava realmente competente em planeamentos a longo prazo, devido à minha experiência pessoal como treinadora e preparadora de épocas desportivas onde realizo um trabalho parecido, contudo vi-me “aflita” para enquadrar tudo num ficheiro só. Este documento foi sem dúvida essencial, mas a partir deste vieram muitos outros, como o mapa de observações aos estagiários e PC, desenvolvimento dos primeiros modelos, começando pelo modelo de estrutura do conhecimento na modalidade de futsal, grelhas de avaliação diagnóstica, criação de questionários aos alunos, criação dos planos de aula, iniciação às reflexões semanais, necessidade de cumprir os prazos de entrega de trabalhos estipulados pela PC e por fim, mas são só, as reuniões de

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núcleo todas as quintas-feiras com todos os elementos assim como a marcação de horas para trabalho conjunto dos três recém- professores.

5.1.2. O plano anual e a construção da realidade

A educação que queremos dar aos nossos alunos no sentido da disciplina de educação física põe em causa o nosso método de trabalho e a construção de toda a nossa ação educativa (Le Boulch, 1983).

Apesar de se ter planeado desde muito cedo o escalonamento das matérias, assim como os espaços, na realidade tudo se foi alterando/aprimorando ao longo do decorrer do ano letivo e isto é de facto a realidade escolar. Tivemos a liberdade de numa primeira fase escolhermos o nosso próprio planeamento relativamente à turma que nos foi atribuída, respeitando apenas o inventário de material e confirmar as matérias que os outros professores iriam lecionar. A apresentação das modalidades aos alunos era suposto ter sido realizada da seguinte ordem: futsal, ginástica, voleibol, badminton, andebol, atletismo e ainda uma modalidade alternativa à nossa escolha e adequada aos gostos dos nossos alunos também. A ordem de execução foi pensada da seguinte forma, uma modalidade coletiva e uma modalidade individual em cada período escolar. No primeiro período o escalonamento foi praticamente cumprido, no segundo período lecionei unidades didáticas diferentes dos meus colegas por força dos espaços designados à minha turma e no terceiro período, devido às várias atividades do calendário escolar, consegui lecionar uma unidade inteira, sendo que na segunda unidade didática tivemos dificuldade em gerir as aulas, quer por causa dos espaços, quer por causa das provas de aferição de educação física, quer pelos feriados já contabilizados no documento que diminuíram o número de aulas úteis do terceiro período escolar. De facto, a análise dos documentos escolares, como o PNEF e o PA do 10º ano, facilitaram a construção dos três níveis de planeamento necessários para este ano letivo, de modo a realizarmos a lecionação da disciplina de forma organizada, controlada e lógica e de acordo com várias perspetivas, tanto nacional como da própria escola.

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5.1.3. As Diferentes Unidades Didáticas

As unidades didáticas são algo muito importante para a prática da profissão das diferentes modalidades ou conteúdos da disciplina de EF, é algo que deve ser pensado de acordo com a turma em questão e que deve ser profundamente refletido. A unidade didática é um conjunto de aprendizagens que é organizado ao longo do tempo de modo a dar respostas às dificuldades dos alunos, de forma a que os mesmos possam evoluir ao longo do tempo, cumprindo até à avaliação sumativa os objetivos propostos pelo professor em determinada modalidade ou conteúdo. Depois de uma análise dos conteúdos e da análise dos alunos a foram definidos os conteúdos e sua ordem mediante a proposta do modelo da Vicker’s.

5.1.3.1. Atletismo | A Unidade Com Menos Expectativas, Mas Com Mais Resultados

O atletismo tem tendência a ser desvalorizado pelos alunos e pelos professores, a maior parte das vezes devido às vivências negativas de um passado recente, porque de algum modo o atletismo é um desporto múltiplo e complexo para a maior parte das pessoas e por vezes é entendido também por ser algo monótono. No entanto, ele pode ser abordado de muitas formas, e ser didático, lúdico, inclusivo e motivador (Rolim & Garcia, 2013).

A unidade didática de Atletismo era a que eu estava mais preparada, mas com menos expectativas devido a tudo o que passei por ser atleta da modalidade enquanto aluna. Devido à falta de cultura desportiva dos meus colegas de escola e até de alguns professores que tive no passado, achava que a minha modalidade de eleição era constantemente desvalorizada e pouco praticada noutras variantes sem ser a resistência na escola. As minhas expetativas era que a minha turma não ia gostar de praticar a modalidade. Por proposta da PC, eu teria que decidir as modalidades que fossem possíveis de realizar mediante o espaço disponível e mediante o meu gosto também. Assim sendo, escolhi as barreiras, o salto em altura e o lançamento do peso por serem das disciplinas mais difíceis de realizar corretamente e por serem desafiantes no decorrer do processo de ensino. A unidade didática de atletismo foi desenvolvida a partir do

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modelo de educação desportiva para um maior envolvimento e entendimento dos alunos sobre a modalidade, o que me permitiu atribuir tarefas aos treinadores de cada disciplina e ensinar a manusear os diferentes materiais do atletismo. Este modelo pretende formar alunos desportivamente competentes, cultos e entusiastas (Siedentop, 1987; Hastie, 2003; Ferreira et al., 2013) e por isso foi muito desafiante, mas ao mesmo tempo motivo de alguma tristeza, ao ter ouvido dos meus alunos palavras de rejeição e descontentamento aquando apresentada a unidade didática de atletismo.

Reflexão Semanal –fevereiro “(…)Após o TF, dirigi-me para o exterior e onde encontrei um clima bastante agradável e por isso decidi dirigir-me para a “pista” de atletismo existente na escola e coloquei os materiais explicando aos alunos como o deviam fazer. Senti-os bastante medrosos por causa das barreiras e ao mesmo tempo interessados quando lhes comecei a explicar como iriamos fazer a abordagem às mesmas. É muito complicado para mim dar atletismo na escola, porque sinto que os alunos não gostam e isso deixa-me triste e desmotivada, porque eu sei que em condições reais (atletismo em pista) o atletismo pode até ser bastante desafiador e é isso que eu lhes quero transmitir, e gostava de acabar a unidade didática com os alunos a transmitirem boas impressões tanto da modalidade como do que aprenderam comigo.”

No decorrer da lecionação desta unidade didática, fui-me apercebendo que os alunos estavam interessados nos diferentes movimentos de cada uma das disciplinas. Uns gostavam mais do salto em altura, outros das barreiras e por fim alguns gostavam do lançamento do peso. A minha abordagem à modalidade, baseou-se na preparação física para a época desportiva em atletismo, como faço nos treinos. Por exemplo, a primeira abordagem aos lançamentos “pesados” foi feita através de exercícios com bola medicinal para os alunos experienciarem o que é lançar uma bola para frente e para trás com dois ou quatro quilogramas; nas barreiras foi abordada a técnica de barreiras e a técnica de corrida de forma analítica, mas dinâmica, que são conteúdos extremamente específicos de quem pratica atletismo. Estes conteúdos ajudam na consciencialização corporal e no desenvolvimento da coordenação motora; no salto em altura estava previsto abordar a técnica de saltos para promover a melhoria da capacidade de saltos dos alunos, onde se conseguiu incluir algumas rotinas nos alunos antes do salto para o colchão, mas como o tempo era escasso nestas aulas, os alunos não praticaram tanto quanto eu gostaria e por isso penso que o salto em altura foi a

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