• Nenhum resultado encontrado

Social work and community mediation: contribution to international comparative research

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Social work and community mediation: contribution to international comparative research"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

274

24. Social work and community mediation: contribution to international

comparative research

80

Hermínia Fernandes Gonçalves81

Abstract: The communication discusses tendencies of community mediation in Social Work from a practice of defending human rights and personal and community citizenship within a framework of limited universality marked by the erosion of public welfare services and by the introduction of collective action presuppositions, a political orientation of the last 30 years in Portugal, very similar to that of other developed countries.

This research started from the study of political changes and interpreted the theories of community practice by recording the narrative of the visions and contexts of practice using the qualitative method and the case studies, in the line of Grounded Theory followed a reasonably inductive reasoning. The analysis evidences records of a community practice and arguments of a trend of approximate incorporation of the classical method by Social Workers. There is evidence of a diversity of conceptions of practice with communities and representations of critical practice that point to the need to recover the foundations of community social work, of the concepts and the theories of practice, to explain the potential of methodological instruments and strengthen the connection of the field of the Social Work with the community. There are clear ambiguities in the perception of the professional project and a diversity of the practical, operational, analytical, reflective and scientific positions.

It is necessary to debate the professional project from the practice, a corporate reflexivity supported to the structural and ideological understanding and clarifying the limits of the politics and the practice.

Keywords: Community social work; community mediation; community; professional design.

Resumo: A comunicação discute tendências de mediação comunitária em Serviço Social a partir de uma prática de defesa de direitos humanos, de cidadania pessoal e comunitária, no quadro de uma universalidade limitada, marcada pela erosão de serviços públicos de bem estar e pela introdução de

80 Financiado por Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, na sua componente FEDER, através do

Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) [Projeto nº 006971 (UID/SOC/04011)]; e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do projeto UID/SOC/04011/2013.

81 Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro

(DESG-UTAD); e, Centro de Estudos Transdisciplinares para o Desenvolvimento da mesma Universidade (CETRAD-UTAD).

(2)

275 pressupostos de ação coletiva, uma orientação política dos últimos 30 anos em Portugal, muito similar à de outros países desenvolvidos.

Esta investigação partiu do estudo das mudanças políticas e interpretou as teorias da prática comunitária registando a narrativa das visões e os contextos da prática, utilizando o método qualitativo e os estudos de caso, na linha da Grounded Theory seguiu um raciocínio marcadamente indutivo. A análise evidência registros de uma prática comunitária e argumentos de uma tendência de incorporação aproximada do método clássico de Serviço Social Comunitário, por parte dos assistentes sociais. Há evidências de uma diversidade de conceções de prática comunitária e de representações de prática crítica, que sugerem a necessidade de recuperar fundamentos do Serviço Social Comunitário, conceitos e teorias da prática, explicitando o potencial do instrumental metodológico e a importância de fortalecer a conexão do campo disciplinar e profissional do Serviço Social com a comunidade. Resultam claras ambiguidades na perceção do projeto profissional e uma diversidade de posturas práticas, operacionais, analíticas, reflexivas e científicas.

É fundamental promover um debate sobre o desenvolvimento profissional, uma reflexividade corporativa suportada na perspetivação de dados estruturais e ideológicos e no esclarecimento dos limites da política e da prática.

Palavras clave: Serviço Social comunitário; mediação comunitária; comunidade; Projeto profissional.

1. Introdução

Esta comunicação resulta de um trabalho de investigação de doutoramento em Serviço Social sobre a “Reconfiguração do Serviço Social Contemporâneo no Quadro do Pensamento Neoliberal”, que se iniciou partindo do argumento de que as complexidades sociopolíticas contemporâneas, das últimas décadas, configuram um panorama diferente de prática no Serviço Social. A investigação analisa a reconfiguração do sistema de providência social público no seguimento da descentralização de competências de ação social e da deslocalização da resposta para estruturas pluri-institucionais de ação social em Portugal, e explicita modelos de práticas de Serviço Social Comunitário de base local, em seis municípios da Região Norte82. A fig. 1 delimita os seis municípios abrangidos pelo estudo.

82 A investigação prossegue como objetivos teorizar a reconfiguração do método clássico de Serviço Social

Comunitário a partir das narrativas e visões da prática. Foram analisadas as práticas profissionais e as narrativas de assistentes sociais integrados em estruturas pluri-institucionais em seis concelhos da Região Norte de Portugal.

(3)

276

Figura 1: Municípios abrangidos pela investigação

Fonte: Gonçalves, Hermínia (2018, p. 21)

Partindo de um quadro fenomenológico construtivista a investigação recorreu aos métodos, qualitativo, etnográfico e estudo de casos (técnico-território) e, desenvolveu uma abordagem reflexiva sobre a prática profissional no campo comunitário, explanando os impactos da orientação neoliberal das políticas e dos atores institucionais, na construção de práticas locais de intervenção comunitária e na reconfiguração do método clássico. Veja-se a síntese do quadro metodológico na fig. 2.

(4)

277 A presente comunicação discute e problematiza percepções atribuídas aos conceitos de mediação comunitária e comunidade, bem como, sentidos de aplicação contemporâneos atribuídos ao método de Serviço Social Comunitário.

2. Formulações Conceptuais de Mediação Comunitária

A área disciplinar e científica do Serviço Social tem equacionado historicamente respostas individuais e comunitárias. Partindo do legado clássico de Addams no âmbito da Hull House, paradigmático da relação do Serviço Social com a comunidade, discutem-se novas formulações dos conceitos e do método. A abordagem de Addams seguia um layout de investigação-ação-imersão, de orientação reformista, que perspetivava a integração social em comunidades de imigrantes. Promovia o empoderamento dessas comunidades a partir da inter sociabilidade entre classes e da participação ativa. Havia na abordagem de Addams um esboço de mediação política comunitária em torno dos ajustamentos políticos considerados necessários, porém toda a abordagem se inscrevia sobretudo no pragmatismo.

A mediação comunitária ganha expressão nos anos 60-70 do séc. XX nos Estados Unidos, no âmbito dos meios de Resolução Alternativa de Litígios para obter respostas de justiça informal alternativas às respostas jurídicas existentes (Bonafé-Schmitt, 2009: 26). Uma década depois, assistimos a um processo de disseminação internacional da mediação, focada em bairros, territórios vulneráveis, instituições prisionais, entre outros contextos de vulnerabilidade.

No entanto, à medida que se intensificou a relação do Serviço Social com o Estados Providência, entre os anos 70 e 80 do séc. XX, o campo comunidade foi remetido para níveis periféricos da prática profissional. Na década de 90, no advento da crise dos modelos de providência e das propostas das teorias sistémicas-ecológicas, o campo comunidade retoma uma maior centralidade na prática profissional do Serviço Social. Embora as representações de case work continuassem a ser dominantes, perspetivava-se o potencial da comunidade como espaço de ação política no Serviço Social. Contudo, a nova roupagem metodológica, com instrumentalidades de planeamento, mediação e governança, só é incorporada décadas mais tarde, por interferência da política.

A crise financeira internacional da primeira década do séc. XXI impôs uma velocidade de cruzeiro no recurso a estas práticas comunitárias por parte do Serviço Social municipal. Todavia, as evidências demonstram que, nem sempre essas práticas valorizaram os sujeitos-no-seu-contexto-histórico, local e identitário.

Sendo certo que está em curso uma tendência de intervenção comunitária, que pode reforçar o potencial emancipatório do Serviço Social crítico, é importante que implique essa prática resulte de uma postura profissional de mediação individual e comunitária adaptada aos contextos contemporâneos (Gonçalves, H., 2018).

(5)

278 Na concepção tradicional de mediação existia uma associação clara à Resolução Alternativa de Litígios, assente em procedimentos não judiciais, que implicavam proximidade, conciliação, negociação e arbitragem. No conceito atual aprimoram-se os pressupostos clássicos de proximidade, conciliação, negociação e arbitragem e introduzem-se pressupostos renovados de construção coletiva, de democracia alargada, de cidadania social, individual e comunitária. Neste sentido, a concepção contemporânea de mediação comunitária não se restringe à gestão de conflitos, incorpora o processo de transformação institucional tendente a ação coletiva inter-institucional; o processo de reivindicação do direito social, individual e comunitário (Feiock,2009; Gonçalves, H., 2011; 2016; 2018); e, o processo de aprendizagem que se traduz em novas formas de sociabilidade e de socialização (Bonafé-Schmitt, 2012).

A mediação comunitária está assim associada a procedimentos de governança, de regulação social e de abordagem de proximidade compreensiva. Prossegue fins de investigação e de ação, de mudança centrada na construção de alternativas sociais que implicam uma democracia expansiva, capaz de chegar aos públicos.

3. Formulações conceptuais de Comunidade e Sentidos de mediação comunitária

As formulações conceptuais do conceito de comunidade por parte dos assistentes sociais aludem a limites geográficos, a grupos de pessoas unidos pelo problema, a características comuns (envelhecimento, refugiados) e a pequenas unidades territoriais (como as freguesias, os bairros). A narrativa está inspirada no pressuposto de “outro generalizável” na linha de Mead (1982), sobre o qual recai a estrutura comum onde se exercem os direitos.

Este sentido de comunidade que alude a grupos sociais unidos pela problemática e pela subjetividade, é usado para descrever a esfera de pertença das relações de proximidade e o contexto micro a partir do qual se esboça a intervenção. No pressuposto da interação sociedade-comunidade, e retomando as dicotomias Gemeinnshat e Gesellshaft e de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica de Tonnies e Durkheim, o Serviço Social ocupou-se de articular, coordenar, mobilizar lógias de intervenção sobre o contexto do individuo, que fazem uso das políticas universais e formulam políticas territoriais específicas para responder às complexidades da situação.

A Comunidade é apresentada como espaço de intervenção de proximidade, de funcionalidade e de investigação. Ressurgiu associada ao “agrupamento de pessoas que habitam num espaço geográfico delimitado, onde existem objetivos comuns de resolução das problemáticas e satisfação das necessidades (...)” (Ander-Egg, 2007, p. 19). E paralelamente, afirma-se como método de intervenção-imersão-investigação num ideário de comunidade política. veja-se a fig. 3.

(6)

279 Figura 3: Representações do conceito de comunidade

Fonte: Gonçalves, Hermínia (2018, pp. 155-159)

A representação do conceito como abordagem metodológica é determinada por uma racionalidade operativa na linha da sociologia de Ação de Weber, ressalta problemas, recursos e direitos, valorizando o sentimento subjetivo de pertença comum e os fatores estruturais que afetam a vida das comunidades (Weber, 2014). Alude-se a um procedimento metodológico, que comporta quatro fases- Diagnóstico, Planeamento, Execução e Avaliação- e incorpora, ao mesmo tempo, dimensões de mediação comunitária, negociação e governança, numa perspetiva de resposta integrada que, todavia, não recusa pressupostos imediatistas de assistência.

Perspetiva-se a defesa de direitos de cidadania num pressuposto Marxista de responsabilidade pública, fundamentado na ocorrência de processos de exclusão determinados pela falta de respostas ou por fatores estruturais.

O Serviço Social visualiza a comunidade como um lugar comum de sociabilidade, onde o comum sustenta a existência e é profundamente influenciado pelas condições históricas e contextuais de cada lugar. Com efeito, a coordenação dos recursos locais é uma narrativa muito presente nas representações dos assistentes sociais. Observam-se práticas de mobilização de recursos internos e externos ao território num sentido ético próximo à ideia de comunidade ética e política de Marx, que contextualiza a vida social e económica da comunidade na história económica e política e não dispensa o Estado.

A representação de espaço económico e produtivo não é muito significativa no conceito, o que demonstra o parco papel que o Serviço Social tem assumido na mobilização do sector económico. Porém, registam-se dinâmicas pontuais de integração social, laboral e produtiva.

(7)

280 “A rede de instituições do concelho (...) está muito focada na área social, porém dada a multidimensionalidade dos problemas por vezes os projetos têm ligações à economia local. Isso é muito visível na formação profissional.” E3

Ou ainda

“Neste momento estamos a identificar necessidades formativas...temos que preparar um pacote que se adeque às necessidades e perfis dos públicos. (...) A área do calçado e da confeção (áreas produtivas muito presentes no contexto) são as que melhor se trabalham...há vários cursos na área do calçado que mobilizam beneficiários das políticas”. E9 GF4

A construção sistémica da noção de comunidade justifica-se pela interação de processos e de causas, entre causas individuais, meso e macro, e pelo pressuposto de globalidade do problema. Porém, a construção sistémica ainda está em curso, fruto de uma tradição institucional setorializada e da tendência a um exercício profissional de case work.

Há uma certa tendência para que a resposta à vulnerabilidade siga a abordagem individual (case work), todavia é importante que se desencadeie a abordagem comunitária e a mediação junto dos políticos para soluções mais estruturais... nem sempre se faz, é certo! Mas a prática mudou muito com esta proposta. (Rede Social) E4 GF3

Ou ainda

“Parece-me que haverá uma grande diversidade de práticas...alguns assistentes sociais continuam confinados ao caso... há seguramente boas práticas de intervenção comunitária mobilizadas por assistentes sociais. (...) acho que a intervenção integrada deveria estar mais interiorizada nas instituições e nos assistentes sociais.” E1

Observam-se sinais de leituras integradas do problema, ao procurarem relacionar o problema individual com a realidade comunitária.

“A intervenção neste ou naquele âmbito torna-se prioridade quando os dados revelam tratar-se de um problema significativo, focamo-nos no indivíduo, no grupo e no contexto.” E10 GF4

Ainda que de modo incipiente, está em curso uma noção de comunidade sistémica alinhada com o modelo ecológico de Eito e Gómez (2013), que formulam uma proposta operativa para o Serviço Social de integralidade sistémica e de procura dos elementos simbólicos na comunidade.

A alusão a dimensões simbólicas ainda é colocada como um desafio à prática moderna. A dimensão subjetiva dos grupos sociais é captada pelos assistentes socais no âmbito da sua imersão no trabalho de casos e no contexto comunitário.

Vejamos o discurso,

“A análise do problema a partir da vivência é uma dimensão muito trabalhada pelo Serviço Social, quando fizemos reuniões para o Plano de Ação (...) fomos muito ao subjetivo (...). Lá

(8)

281 está esta proximidade (com a comunidade) apura a sensibilidade para nos colocarmos no lugar do outro.” E5 GF6

Ou,

“Partimos muito do nosso trabalho de casos, a partir do qual tiramos ilações dos problemas...que alavancam a identificação de áreas de fragilidade no concelho, áreas a trabalhar no quadro da rede. Este processo de identificação de problemas a partir das experiências de intervenção individual, implica depois uma fundamentação maior de caraterização da realidade socioeconómica, que já se faz na Rede (no trabalho em parceria). Também interpretamos os recursos disponíveis para a resposta e refletimos em equipa a resposta possível.” E4GF5

No ideário de imersão coloca-se como um desafio à prática a comunicação intencional com os grupos sociais através de uma democracia alargada capaz de mobilizar os públicos.

“(...)Com uma comunicação intencional com os públicos...através de fóruns de discussão, conseguíamos chegar à percepção da necessidade do coletivo. (...) É efetivamente importante que eles (grupos sociais) possam dizer aquilo que consideram importante nas respostas de ação social. E4GF5

A interdependência funcional entre espaços territoriais, municipais, supramunicipais, nacionais e europeus surge na narrativa ainda que de uma forma ténue.

“A ideia é que surjam projetos e práticas inovadoras (...) temos de articular a resposta com os recursos que já existem no concelho, mobilizar as competências de cada instituição e exercer uma função de mediação política muito importante. Claro que tudo isto (a ação local) se articula com orientações estratégicas supramunicipais e com fontes de financiamento nacionais e europeias.” E3 GF5

Esta interação do espaço político local com espaços políticos externos não é apresentada como panaceia. Sublinha-se a necessidade de deslocar o poder de decisão de matérias como o financiamento para escalas territoriais de proximidade e a importância da criação de dinâmicas de mediação política por parte do Serviço Social.

Vejamos o discurso,

“O município, juntamente com a plataforma supramunicipal (Alto Trás os Montes) que conta com a representação da Segurança Social decidem sobre essas matérias (respostas sociais). Os técnicos estão um bocadinho arredados. As questões mais técnicas de análise da profundidade dos problemas ficam obviamente na rede, mas acho que algumas vezes, não são diretamente contempladas quando se trata de decidir financiamentos.” E2

Com narrativas muito próximas os discursos revelam quotidianos de práticas, de organização comunitária, de planeamento estratégico e de uma ação social que não se restringe ao apoio à

(9)

282 vulnerabilidade. Há todo um conjunto de necessidades culturais e sócio-relacionais que se inscrevem nos valores comunitários, como a recuperação de estilos de vida saudáveis, as tradições, a cultura, a recuperação dos espaços, os usos comunitários e a conservação do ambiente (Cid, 2007).

Subscrevendo Mouro (2013) na contemporaneidade o agir do Serviço Social aplica-se a indivíduos, grupos e comunidades. As narrativas dão conta de um exercício de práticas interdisciplinares complexas, e, por inerência, necessariamente integradas, com dinâmicas de investigação-intervenção e relação-intervenção.

A intervenção por projetos a partir da aplicação de um procedimento operativo de diagnóstico, planeamento, intervenção e avaliação, a par com o uso de metodologias de governança, trabalho em rede, em parceria, de articulação e coordenação de recursos, são ideias muito presentes na representação do método. Veja-se a fig. 4.

Figura 4. Ranking de atividades que constam da abordagem

Fonte: Gonçalves, Hermínia (2018, p. 162)

A narrativa perspetiva uma ação técnica, que delimita campos de intervenção prioritários e equaciona respostas reabilitativas, preventivas, de sociabilidade, relacionais, formativas, económicas, e culturais, e, segue aplicando procedimentos metodológicos de investigaçãointervenção, e de relação-intervenção.

(10)

283 Nos discursos dos assistentes sociais há uma narrativa dominante que permite situar a mediação comunitária como uma das dimensões do método de Serviço Social Comunitária. A representação da ação política embora não assuma o topo do ranking é referenciada em 4 das 6 unidades de análise. Esta ação política de mediação e resolução de conflitos (individuais e societários) está voltada para a cidadania e para o reforço de formas de sociabilidade (formal e informal).

Utilizando uma escala psicométrica de likert perspetivaram-se as dimensões mais aplicadas do método83. Consultar fig.5

A ação social de emergência e a ação de conscientização, re-socialização, empowerment, são reconhecidamente dimensões aplicadas. Com pontuações médias aproximadas estão as dimensões de planeamento estratégico intersectorial, governança integrada em torno da construção coletiva de modelos de ação, mediação política para a mobilização de recursos e criação de formas de suporte em défice na comunidade.

Acreditamos que o termo comunidade tem um sentido prático no Serviço Social, materializado na procura de uma visão interdisciplinar sobre uma realidade social complexa que está em intercessão com o processo de integração social, sendo imprescindível uma análise científica que explicite variáveis relativas ao território, à população, aos recursos, às formas de interação, à identidade, à tradição da comunidade e às novas realidades identitárias.

O que distingue o método reconfigurado do método clássico de intervenção comunitária é por um lado este acréscimo de racionalidade operativa e de investigação, e, por outro, a abordagem de mediação fundamentada na efetivação de direitos.

(11)

284 4. Conclusão

Há evidências de reconfiguração do método Serviço Social Comunitário clássico cuja relação de ajuda era determinada pelas vicissitudes de uma ação residual, arbitrária e muito focada.

Na contemporaneidade os Assistentes Sociais perspetivam um método de intervençãoinvestigação-imersão-relação, cuja racionalidade operativa inerente ao Serviço Social Comunitário está alinhada com as propostas comunitaristas contemporâneas e com as perspetivas teóricas do desenvolvimento endógeno. O assistente social está a assumir uma ação técnica, ética e política de resposta a problemas sociais comuns que se configuram como direitos sociais, pessoais e comunitários.

Contudo, persistem lógicas de défice de mobilização de ângulos de visão disciplinares no posicionamento profissional. A mediação comunitária de conquista dos direitos sociais, individuais e comunitários corresponde ao campo da ação disciplinar. A visão dialética e histórica do problema e dos direitos, reconhecendo o contexto sócio-político e a sociedade em questão, o reforço das relações sociais, a negociação com poderes públicos e a arbitragem pelos direitos sociais, são funções imprescindíveis para perspetivar sistemas de proteção social públicos e solidários complementares. O método reconfigurado de Serviço Social Comunitário implica cumulativamente: a) compreensão do ordenamento de competências; b) compreensão do problema, dos recursos e dos direitos; c) mediação a partir de uma articulação institucional e política com vista à garantia da cidadania; c) mediação com as populações em torno da explicitação do sentido coletivo do interesse das comunidades; f) investigação etnometodológicas, em torno do problema-recursos e direitos, assente na proximidade aos grupos sociais da comunidade; e g) investigação-ação, conciliando a compreensão dos problemas a partir da variável território com a mudança social, numa abordagem dialógica, integrada e crítica.

5. Referencias Bibliográficas

Ander-Egg, E.(2007). Acción municipal, desarollo local y trabajo comunitário. Universidad Bolivariana. Venezuela.

Bonafé-Schmitt, J-P (2009). “Global trends in mediation training and accreditation — the case of France”. Em: ADR Bulletin: Vol.11: No. 3, Article 3, pp.47- 50. Available at:

http://epublications.bond.edu.au/adr/vol11/iss3/3

Bonafé-Schmitt, J-P (2012). “Social Mediation and School Mediation. A Process of socialization”. Em: Baraldi,C. and Lerverse, V. (Ed.).Participation, Facilitation and Mediation. Children and Young People in their Social Contexts. Routledge Research in Education. NY:Routledge Taylors and Francis Group, pp. 49-65.

Carrasco, Marta Blanco (2016). Mediation and the Social Work profession: particularly in the community context. Madrid: Universidad Complutense de Madrid

(12)

285 Cid, X. F. (2007). Educação, animação socio- cultural e desenvolvimento comunitário. Universidade de

Vigo, Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. Allariz.

Eito, A.; Gómez, J. (2013). El concepto de comunidad y trabajo social. Em: Revista Espacios

Transnacionales [En línea] No. 1. Julio-Diciembre.

http://www.espaciostransnacionales.org/conceptos/conceptotrabajosocial.

FeiocK, C.R. (2009). “Metropolitan Governance and Institutional Collective Action”. Em: Urban Affairs Review .Volume 44. Nº 3. January. Pp. 356-377 https://doi.org/10.1177/1078087408324000. Gonçalves, H. ( 2011). Estratégias Coletivas de Governação Local, Alcances e Limites. Estudo

Sociológico Comparativo, Portugal e Espanha. Tese de Doutoramento. Universidade de Salamanca.

Gonçalves, H.; Gerry, C. e Del Barrio Aliste, J.M.. (2012). Descentralização de competências de ação social para os governos locais, reformas e desafios de governança: resultados de um estudo sociológico comparativo. Em: XXII ªs Jornadas Luso-Espanholas de Gestão Científica, 1 a 3 de Fevereiro de 2012, UTAD, Vila Real, Portugal. ISBN 978-969-704-063-4.

Gonçalves, H.; Marta-Costa, A. e Cristóvão, A. (2013). Empoderamento de comunidades rurais como prática de revitalização de aldeias”. Em: Atas Proceedings. Políticas de base regional e recuperação Económica. Iniciativa conjunta com Innovaflow Conference.

Gonçalves; H. (2014). Democracia participativa em territórios rurais: Uma análise Comparativa de práticas de governança. Em: Dallabridda, Valdir (Org). Desenvolvimento territorial, politicas públicas brasileiras e experiencias internacionais e a indicação geográfica como referência. 1ª ed., São Paulo: Editora LiberArts. ISBN 978-85-64783-44-7. Pp. 121 - 131. consultar em

http://www.unc.br/mestrado/livros/LIVRO%20desenvolvimento%20territorial%20- %20final-ebook%20-%20WORKSHOP.pdf

Gonçalves, H. (2016). Ação coletiva na intervenção social comunitária: Desafios de (re) configuração da governança local. Em: Book Proceedings XI Colóquio Ibérico de estudos rurais. Vila Real: UTAD. ISBN: 978-989-704-222-5. P.419-424.

Gonçalves, Hermínia. (2017). Serviço Social, Territórios e Comunidades: Sentidos e Paradoxos. Em: Comunidades Sustenibles: Dilemas e Retos desde el Trabajo Social. ed.

Christian Felber, Teresa Matus & Sami Naïr. Capítulo 2, pp295-302 . 1ª ed., octubre 2017. ISBN: 978-84-9177-336-8. Cizur Menor: Thomson Reuters (Aranzadi) Limited.

Gonçalves, Hermínia (2018). Reconfiguração do Serviço Social Contemporâneo no Quadro do Pensamento Neoliberal. Tese de Doutoramento. ISCTE-IUL

Gonçalves, Hermínia; Ferreira, Jorge (2018). Serviço Social Comunitário, Perspetivas Contemporâneas. Em: II Congresso Ibero-Americano de Intervenção Social, Direitos Sociais e Exclusão. Pp303-306. Lema d’Origem – Editora. ISBN: 978-989-8890-11-5

(13)

286 Mead, G. (1982). Espíritu, persona y sociedad. Desde el punto de vista del conductismo social. Paidós.

Buenos Aires.

Mouro, H. (2013). Estruturalismo, pós estruturalismo e intervenção comunitária. Em: Reflexones Críticas. No 82. ISSN:2007-9729 DOI: www.espaciostransnacionales.org

Weber, M. (2014). Economía y sociedad Esbozo de sociología comprensiva. 3a Ed. D.F.: Fondo de Cultura Económica. México.

Imagem

Figura 1: Municípios abrangidos pela investigação
Figura 3: Representações do conceito de comunidade
Figura 4. Ranking de atividades que constam da abordagem

Referências

Documentos relacionados

Surgem novas formas de pensar o direito que não almejam a universalidade. O estado plurinacional, a interculturalidade e o pluralismo jurídico, tal como são tratados pelos movimentos

A solução, inicialmente vermelha tornou-se gradativamente marrom, e o sólido marrom escuro obtido foi filtrado, lavado várias vezes com etanol, éter etílico anidro e

Circuito contratado UFRB Campus de Santo Amaro BA Pequeno 40 Não Pendência de. informação UFRJ Campus de

Os impactos econômicos gerados pela tecnologia foram comparados com a situação ant erior, ou seja, comparou-se a atividade de produção de leite que o pecuarista

Portanto, dada a abrangência da educação financeira, por ser um tema transversal e podendo ser atrelado a todas os cursos dentro do meio acadêmico, as instituições

Sobre esses pacientes foram obtidas e analisadas as seguintes informa9oes: numero de especimes clinicos enviados para analises microbiologicas; intervalo de tempo transcorrido entre

Este estudo analisa o subsídio como instrumento econômico e critica o recente instrumento que instituiu o ICMS Ecológico na gestão ambiental do Brasil, sob dois aspectos principais: a

Como assinala Lévi-Strauss (2003), os mitos, que, aparentemente, são arbitrários, reproduzem-se de forma semelhante em todas as regiões, ou seja, com os mesmos caracteres,