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Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares

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Academic year: 2021

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Fernando Freitas Ganançaa*; Cristina Freitas Ganançab; Anna Paula Batista de Ávila Piresc; Juliana Antoniolli Duartec

Resumo

Cinetose é a intolerância ao movimento, resultante do conflito entre informações sensoriais vestibulares, visuais e proprioceptivas durante a movimentação passiva em veículos ou à movimentação do campo visual com o corpo imóvel. A Reabilitação Vestibular por meio de Realidade Virtual (RVRV) pode ser utilizada para seu tratamento e visa recriar mudanças ambientais, estimulando os sistemas sensoriais para ajustar os reflexos envolvidos no controle postural e nas estratégias de equilíbrio. Este estudo objetiva avaliar a eficácia da RVRV em pacientes com cinetose, através de ensaio clínico randomizado, em que 16 pacientes com diagnóstico de cinetose foram aleatoriamente distribuídos para tratamento com RVRV ou por intermédio de reabilitação vestibular (RV) com protocolo de Cawthorne e Cooksey (CC) por 4 semanas. Os pacientes foram avaliados antes e após a RV, por meio da aplicação do questionário Dizziness Handicap Inventory (DHI), da Escala Visual Analógica (EVA) e da posturografia computadorizada. Após a RV, observou-se diminuição significativa nos escores do DHI, EVA e nos parâmetros de velocidade e área de oscilação à posturografia em ambos os grupos. Já na comparação entre os grupos, pela análise da EVA, o grupo de RVRV apresentou-se superior (p=0,007) após 4 semanas de tratamento. Com o uso da RVRV, obtiveram-se resultados superiores à RV realizada por meio de protocolo de CC em relação ao aspecto da autopercepção da intensidade da tontura. Entretanto, em relação aos aspectos de qualidade de vida e parâmetros da posturografia, ambos os métodos foram eficazes, não obstante os resultados mais precoces por meio da RVRV.

Palavras-chave: Equilíbrio Postural. Reabilitação. Doenças Vestibulares. Tontura. Abstract

Motion sickness is intolerance to the movement, on account of conflict between vestibular sensorial, visual and proprioceptive information during passive motion in vehicles or movement visual area with motionless body. The use of Vestibular rehabilitation with virtual reality (VRVR) recreates ambiental changes that serve for stimulus to visual, vestibular, and somatosensory systems. The VRVR can adjust the vestibulo-ocular reflex and vestibulo-espinal reflex responsible for postural control and balance control. Objective: The aim of the study was to verify the results of VRVR in patients with motion sickness. A clinical trial was performed. Patients with medical diagnoses of motion sickness were randomly assigned to VRVR or vestibular rehabilitation (VR) by Cawthorne and Cooksey (CC) protocol. Before and after both types of VR, the patients were assessed with the Dizziness Handicap Inventory (DHI), Analogical Visual Scale (AVE), and computerized posturography. After the VR, a statistically significant decrease in scores assessed by DHI and AVE, and speed parameters and posturography to sway area were observed in both groups. When comparing all groups, AVE showed that the VRVR group was superior (p = 0.007) after 4 weeks of treatment. VRVR provided better results than the vestibular rehabilitation by CC protocol with respect to the self-perception of the intensity of dizziness. However, considering quality of life and posturography parameters, both methods were effective in lowering scores, despite the earlier results by VRVR.

Keywords: Postural Balance. Rehabilitation. Vestibular Diseases. Dizziness.

Realidade Virtual para o Tratamento da Cinetose: Resultados Preliminares

Virtual Reality for the Treatment of Patients with Motion Sickness: Preliminary Results

aUniversidade Federal de São Paulo, Departamento de Otorrinolaringologia e Distúrbios da Comunicação Humana, SP, Brasil bUniversidade Federal de São Paulo, Departamento de Fonoaudiologia, SP, Brasil

cUniversidade Federal de São Paulo, Mestrando em Otorrinolaringologia, SP, Brasil

*E-mail: ffgananca@terra.com.br

1 Introdução

Cinetose é a intolerância ao movimento, resultante do conflito entre informações sensoriais vestibulares, visuais e proprioceptivas durante movimentação passiva em veículos ou movimentação do campo visual com o corpo imóvel. A Reabilitação Vestibular (RV) visa recriar mudanças ambientais estimulando estes sistemas sensoriais para ajustar os reflexos envolvidos no controle postural e nas estratégias de equilíbrio1-3.

Vários autores verificaram a eficácia da RV no tratamento da cinetose1-5. Os protocolos mais utilizados baseiam-se em realização de exercícios repetidos de olhos e cabeça, com o objetivo de promover a habituação do sistema vestibular,

amenizando ou eliminando os sintomas desta afecção e obtendo recuperação funcional e global do equilíbrio corporal. A habituação vestibular depende de adaptações neurais multifatoriais, substituições sensoriais, recuperação funcional dos reflexos oculares (RVO) e vestíbulo-espinais (RVE), como também da alteração do estilo de vida, recuperação das seguranças física e psíquica1,2.

A RV pode ser realizada também por meio de estimulação visual com experimentação de vários ambientes visuais, estímulos conflitantes, o que requer a integração dos sistemas vestibular, visual e somatossensorial, promovendo o fenômeno da adaptação vestibular pelo SNC6. De acordo com

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Viirre e Sitarz7, mudanças no movimento da imagem podem induzir à adaptação das respostas vestibulares, o que pode ser alcançado pelo uso de dispositivos de realidade virtual. Estes dispositivos possibilitam a imersão em um mundo ilusório, em que a percepção do ambiente é modificada por um estímulo sensorial artificial, o qual pode provocar um conflito vestíbulo-visual e a mudança do ganho do RVO8.

A Reabilitação Vestibular por meio de Realidade Virtual (RVRV) é um novo método para o tratamento da cinetose e pode apresentar resultados mais eficazes e precoces que outros protocolos de RV utilizados há mais tempo. Desta maneira, o objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da RVRV e compará-los aos resultados da RV, por meio do protocolo Cawthorne e Cooksey (CC), em pacientes com cinetose. 2 Material e Métodos

Trata-se de um ensaio clínico randomizado, realizado nos setores de Equilibriometria e Reabilitação Vestibular do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo, com a inclusão de pacientes com diagnóstico de cinetose. Todos os participantes foram esclarecidos previamente a respeito da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da mesma instituição sob o protocolo número 1543/09.

Foram incluídos pacientes com diagnóstico de cinetose primária à avaliação otoneurológica, os quais não apresentavam outra doença vestibular associada e eram dos gêneros masculino ou feminino, cujas idades variavam entre 18 e 65 anos de idade. A avaliação otoneurológica constou de história clínica, audiometria, imitanciometria e vectoeletronistagmografia computadorizada (VENG). Foram excluídos pacientes que apresentavam limitações visuais ou motoras.

A casuística foi composta de 16 pacientes, distribuídos aleatoriamente em 2 grupos, de acordo com o tipo de reabilitação realizada. O grupo 1 foi submetido à RVRV, baseada em estímulos visuais controlados pelo computador que aparecem em lentes de óculos acoplados à cabeça do paciente. O grupo 2 foi submetido à reabilitação vestibular por intermédio de protocolo de CC.

A RVRV foi baseada em um programa de realidade virtual, utilizando o equipamento Balance Rehabilitation Unit, da Medicaa®9, o qual fornece estímulos visuais que elicitam respostas oculomotoras de perseguição, movimentos sacádicos, optocinéticos, reflexo vestíbulo-ocular e a interação visuo-vestibular. Neste programa, os estímulos visuais disponíveis são foveais (perseguição ocular lenta e sacádica), retinais (barras optocinéticas, túnel optocinético e trem optocinético) e de integração sensorial (RVO, supressão do RVO e optocinético-vestibular). Em cada etapa da reabilitação, o paciente foi instruído a acompanhar o objeto com os olhos e em determinadas situações relatou a figura que aparecia nos óculos, de maneira que o terapeuta pudesse verificar se o paciente estava realizando corretamente o exercício.

A unidade de RVRV combina um computador, um software operacional, um estímulo que gera o sistema, um capacete visual de realidade virtual e um cinto de segurança para evitar possíveis quedas dos pacientes. O instrumento permite a modificação em tempo real dos estímulos visuais de acordo com os principais movimentos do paciente, gerando estímulos que integram reflexos vestibulares e visuais. A Posturografia Computadorizada (PC) foi realizada em ambos os grupos anteriormente à RV e após quatro semanas de tratamento para os grupos 1 e 2. Foram avaliadas as medidas da área e da velocidade de oscilação do centro de pressão para cada paciente em cada uma de quatro condições sensoriais. Estas diferentes condições sensoriais são caracterizadas pela modificação da superfície de apoio, utilizando-se para tanto uma espuma sobre a plataforma de força e/ou a presença ou a ausência de visão. As quatro condições são: 1) paciente com os olhos abertos e apoio bipodal diretamente sobre a plataforma de força; 2) paciente com os olhos fechados e apoio bipodal sobre espuma que se posicionou em cima da plataforma de força; 3) paciente visibilizando trem optocinético horizontal e apoio bipodal diretamente sobre a plataforma de força; 4) paciente visibilizando trem optocinético vertical e apoio bipodal diretamente sobre a plataforma de força.

O programa de RVRV consistiu em um treinamento realizado duas vezes por semana, em ambulatório, com duração de 40 minutos, durante quatro semanas. O grupo 2 realizou o treinamento com os exercícios do protocolo de CC duas vezes por semana em ambulatório e os pacientes orientados a repeti-lo em casa diariamente por um período de quatro semanas. Os pacientes que apresentassem porventura falta à sessão de RV a repunham na mesma semana e, se faltassem a três sessões consecutivas de reabilitação, eram excluídos do estudo.

Os pacientes foram avaliados uma semana antes e quatro semanas após a RV, por meio de anamnese, com a aplicação da versão brasileira do questionário Dizziness

Handicap Inventory (DHI)10-11, escala analógica visual (EVA), vectoeletronistagmografia (VENG) e PC. Tanto a RVRV quanto a reabilitação por meio do protocolo de CC foram realizados durante 4 semanas, com possibilidade de aumento do período de tratamento, caso os pacientes não obtivessem melhora clínica esperada. Para avaliar a autopercepção dos efeitos incapacitantes impostos pela tontura, foi aplicado o DHI10, um questionário de 25 questões (7 referentes ao aspecto físico, 9 ao aspecto emocional e 9 ao aspecto funcional), o qual foi adaptado para aplicação na população brasileira por Castro et al.11. A avaliação da auto-percepção da intensidade da tontura foi realizada por meio da aplicação da EVA, que consiste de uma escala milimetrada na qual os pacientes apontam o local correspondente à intensidade da tontura, logo após a qual foi realizada medição com régua, variando a medida de zero a 10 cm, na qual zero indica ausência de tontura e dez a tontura de intensidade máxima. Compararam-se as médias obtidas do DHI, EVA e PC antes e após o término da RV para cada um dos grupos e entre os grupos.

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Todas as variáveis foram analisadas descritivamente. Para as variáveis quantitativas, esta análise foi feita através da observação dos valores mínimos e máximos e do cálculo de médias, desvios-padrão e quartis (percentil 25, mediana e percentil 75). Para as variáveis qualitativas calcularam-se frequências absolutas e relativas. Para a comparação dos momentos pré- e pós-RV foi utilizado o teste não-paramétrico

de Mann-Whitney. Foi utilizado também o programa computacional SPSS versão 17.0 com nível de significância para os testes de 5%12.

A casuística foi constituída por oito pacientes em cada grupo. As médias de idade, o sexo e o resultado ao VENG estão descritos na Tabela 1. Não houve diferença quanto ao sexo, média de idade e resultado à VENG entre os grupos. Tabela 1: Caracterização dos grupos de pacientes com cinetose quanto ao gênero, idade e

resultado obtido à vectoeletronistagmografia (VENG).

Variável Grupos p-valor

1 2

Sexo (F/M), n 7/1 6/2 0,522a

Resultados do Exame vestibular VENG

(Sem alterações/ SVPIB/SVPDD/SVPDE) 2/ 4/ 2/ 0 1/ 5/ 1/ 1 0,620a

Idade, média (DP) 35,13 (14,14) 32,38 (10,18) 0,833b

a Teste de Fischer b Teste Mann-Whitney

Nível de significância: α = 0,05

Legenda: SVPIB= Síndrome Vestibular Periférica Irritativa Bilateral SVPDD= Síndrome Vestibular Periférica Deficitária Direita SVPDE= Síndrome Vestibular Periférica Deficitária Esquerda A Tabela 2 mostra os valores obtidos à aplicação do

DHI e da EVA, antes e após 4 semanas de RVRV no grupo 1, revelando diferença estatisticamente significativa, com melhora da pontuação nestes instrumentos após o tratamento.

Observou-se também diminuição estatisticamente significativa dos escores na comparação entre as médias dos valores obtidos à aplicação do DHI e da EVA para o Grupo 2 antes e após 4 semanas de reabilitação vestibular por meio do protocolo de CC (Tabela 3). Tabela 2: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap

Inventory, antes e após a Reabilitação Vestibular realizada por meio de realidade virtual em pacientes

com cinetose (n=8).

Avaliação Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

EVA Pré 6,38 2,67 1,00 10,00 6,50 0,011 Pós 1,63 2,13 0,00 6,00 1,00 DHI Físico Pré 13,50 5,53 2,00 20,00 14,00 0,011 Pós 7,25 4,89 0,00 16,00 7,00 DHI Emocional Pré 11,25 10,19 0,00 32,00 7,00 0,017 Pós 5,75 8,10 0,00 24,00 3,00 DHI Funcional Pré 17,75 12,35 4,00 36,00 17,00 0,028 Pós 7,75 5,80 0,00 16,00 7,00 DHI Total Pré 42,50 23,73 12,00 84,00 40,00 0,012 Pós 20,75 15,27 6,00 54,00 17,00 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05 Legenda:

EVA: Escala Visual Analógica DHI: Dizziness Handicap Inventory

Tabela 3: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap

Inventory, antes e após a reabilitação por meio de protocolo de Cawtorne e Cooksey em pacientes com

cinetose (n=8) após 4 semanas de tratamento.

Continua ... Avaliação Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

EVA Pré 6,63 2,13 3 10 7 0,034

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... Continuação Avaliação Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

DHI Físico Pré 11,75 4,71 4 18 12 0,007 Pós 9,50 4,37 2 16 10 DHI Emocional Pré 11,50 8,92 4 30 8 0,248 Pós 1.025 7,51 2 26 8 DHI Funcional Pré 18,25 12,84 4 36 14 0,053 Pós 16,50 11,65 2 34 15 DHI Total Pré 41,50 22,84 16 82 38 0,011 Pós 36,25 20,85 12 72 34 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05 Legenda:

EVA: Escala Visual Analógica DHI: Dizziness Handicap Inventory

O grupo 2 submetido à reabilitação por meio do protocolo de CC, apesar da melhora, ainda apresentava-se sintomático após as 4 semanas e optou-se por prolongar a reabilitação vestibular por 12 semanas. A Tabela 4 mostra a comparação entre os resultados no grupo 2, obtidos à aplicação do DHI e

EVA antes e após 12 semanas de reabilitação.Na comparação entre os grupos 1 e 2 não houve diferença (p>0,05) quanto aos dados do DHI, após o tratamento. Em relação à EVA, observou-se diferença estatisticamente significativa (p=0,007), apresentando o grupo 1 menores médias dos escores (Tabela 5). Tabela 4: Valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap

Inventory, antes e após 12 semanas de tratamento no grupo que utilizou o protocolo de Cawtorne e

Cooksey (n=8).

Avaliação Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

EVA Pré 6,63 2,13 3 10 7 0,010 Pós 3,50 1,77 0 3 4 DHI Físico PósPré 11,758,00 4,713,85 42 1814 128 0,011 DHI Emocional Pré 11,50 8,92 4 30 8 0,010 Pós 8,00 8,41 0 26 4 DHI Funcional Pré 18,25 12,84 4 36 14 0,017 Pós 12,25 8,31 2 24 8 DHI Total Pré 41,50 22,84 16 82 38 0,012 Pós 27,50 16,92 4 56 24 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05 Legenda:

EVA: Escala Visual Analógica DHI: Dizziness Handicap Inventory

Tabela 5: Comparação entre os valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap Inventory, antes e após 4 semanas de reabilitação vestibular entre os grupos de reabilitação vestibular por meio de realidade virtual (grupo 1) e que utilizou o protocolo de Cawtorne e Cooksey (grupo 2).

Continua ...

Avaliação Grupo 1 Grupo 2 p- valor*

Momento Média Momento Média

EVA Pré 6,38 Pré 6,63 p=0,007 Pós 4 semanas 1,63 Pós 4 semanas 5,25 DHI Físico Pré 13,50 Pré 11,75 p=0,310 Pós 4 semanas 7,25 Pós 4 semanas 9,50 DHI Emocional Pré 11,25 Pré 11,50 p=0,099 Pós 4 semanas 5,75 Pós 4 semanas 10,25

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... Continuação

Avaliação Grupo 1 Grupo 2 p- valor*

Momento Média Momento Média

DHI Funcional Pré 17,75 Pré 18,25 p=0,127 Pós 4 semanas 7,75 Pós 4 semanas 16,50 DHI Total Pré 42,50 Pré 41,50 p=0,083 Pós 4 semanas 20,75 Pós 4 semanas 36,25 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05 Legenda:

EVA: Escala Visual Analógica DHI: Dizziness Handicap Inventory

Na comparação entre os resultados obtidos após as primeiras 4 semanas de tratamento para o grupo 1 e após 12 semanas para o grupo 2 também não foi encontrada diferença

entre os grupos quanto ao DHI. Contudo, à EVA houve tendência à diferença estatística (p=0,053) apresentando o grupo 1 menor média dos escores (Tabela 6)

Tabela 6: Comparação entre os valores obtidos à aplicação da Escala Visual Analógica de Tontura e do Dizziness Handicap Inventory, antes e após 4 semanas de reabilitação vestibular para o grupo 1 e após 12 semanas para o grupo 2.

Avaliação MomentoGrupo 1 Média MomentoGrupo 2 Média p- valor*

EVA Pré 6,38 Pré 6,63 p=0,053 Pós 4 semanas 1,63 Pós 12 semanas 3,50 DHI Físico Pré 13,50 Pré 11,75 p=0,671 Pós 4 semanas 7,25 Pós 12 semanas 8,00 DHI Emocional Pré 11,25 Pré 11,50 p=0,394 Pós 4 semanas 5,75 Pós 12 semanas 8,00 DHI Funcional Pré 17,75 Pré 18,25 p=0,204 Pós 4 semanas 7,75 Pós 12 semanas 12,25 DHI Total Pré 42,50 Pré 41,50 p=0,318 Pós 4 semanas 20,75 Pós 12 semanas 27,50 A Tabela 7 mostra os valores encontrados à avaliação pela

PC dos pacientes do grupo 1 antes e após a RVRV. Houve diferença estatística significativa com aumento da velocidade

de oscilação nas condições 1, 2 e 3; e diminuição na área de oscilação na condição 2 na comparação antes e após o tratamento.

Tabela 7: Valores obtidos à posturografia computadorizada, antes e após 4 semanas para o grupo que realizou reabilitação vestibular por meio de realidade virtual (n=8).

Continua ... Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

Área Pré 3,14 3,42 0,42 10,25 1,89 0,327 Pós 4,51 3,73 0,37 10,98 4,47 Condição 1 Velocidade Pré 1,14 0,82 0,48 2,65 0,68 0,017 Pós 1,42 0,96 0,53 3,16 0,96 Área Pré 17,15 20,86 6,20 68,22 11,48 0,012 Pós 9,59 6,33 3,36 23,63 9,10 Condição 2 Velocidade Pré 4,16 2,26 2,95 9,70 3,30 0,017 Pós 2,41 0,76 1,17 3,46 2,50 Área Pré 7,97 9,03 0,84 26,72 3,28 0,069 Pós 24,07 45,24 0,75 133,41 4,43

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... Continuação. Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor* Condição 3 Velocidade Pré 1,97 1,17 0,78 3,87 1,52 0,025 Pós 3,27 3,08 0,60 10,00 1,99 Área Pré 8,22 8,39 1,56 22,25 4,49 0,093 Pós 16,02 20,70 0,68 60,98 7,76 Condição 4 Velocidade Pré 3,06 1,68 1,05 5,54 2,87 0,401 Pós 3,64 2,31 1,00 7,84 2,90 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05

Considerando os valores da PC obtidos para o Grupo 2 (Tabela 8) antes e após a reabilitação pelo protocolo de CC, houve diferença estatística significativa com aumento da velocidade de oscilação nas condições 1 e 2. Contudo, não

houve diferença estatística na área de oscilação do corpo em nenhuma das condições estudadas. Na comparação entre os resultados obtidos após a RV à PC não houve diferença (p>0,05) entre os grupos (Tabela 9).

Tabela 8: Valores obtidos à posturografia computadorizada, antes e após 4 semanas de reabilitação por meio de protocolo de Cawtorne e Cooksey em pacientes com cinetose (n=8).

Momento Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

Área Pré 3,88 3,65 0,51 12,61 1,78 Pós 1,23 0,90 0,30 10,34 3,04 0,674 Condição 1 Velocidade Pré 1,23 0,90 0,48 2,98 0,69 Pós 1,36 0,92 0,55 3,06 0,79 0,012 Área Pré 9,53 1,75 5,75 11,36 9,89 Pós 8,69 3,02 3,06 12,85 10,02 0,327 Condição 2 Velocidade Pré 3,25 0,62 2,68 4,70 3,07 Pós 2,43 0,79 1,19 3,66 2,12 0,036 Área Pré 3,92 2,74 1,43 8,72 2,84 Pós 4,73 3,17 0,98 9,41 3,05 0,398 Condição 3 Velocidade Pré 3,65 3,07 0,75 8,95 1,37 Pós 3,63 3,62 0,62 10,15 1,87 0,889 Área Pré 4,07 4,65 1,43 15,24 2,49 Pós 6,77 7,85 0,87 25,38 4,25 0,263 Condição 4 Velocidade Pré 2,29 1,06 1,20 3,84 1,57 Pós 3,73 2,79 1,54 9,84 2,34 0,161 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,0

Tabela 9: Comparação entre os valores obtidos à Posturografia Computadorizada, após 4 semanas de reabilitação vestibular por meio de realidade virtual (grupo 1) e após 12 semanas de reabilitação vestibular por meio do protocolo de Cawtorne e Cooksey (grupo 2).

Continua ... Grupo Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor*

Área 1 4,51 3,73 0,37 10,98 4,47 0,563

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... Continuação Grupo Média DP Mínimo Máximo Mediana p- valor* Condição 1 Velocidade 1 1,42 0,96 0,53 3,16 0,96 0,600 2 1,36 0,92 0,55 3,06 0,79 Área 1 9,59 6,33 3,36 23,63 9,10 0,834 2 8,69 3,02 3,06 12,85 10,02 Condição 2 Velocidade 1 2,41 0,76 1,17 3,46 2,50 1,000 2 2,43 0,79 1,19 3,66 2,12 Área 1 24,07 45,24 0,75 133,41 4,43 0,636 2 4,73 3,17 0,98 9,41 3,05 Condição 3 Velocidade 1 3,27 3,08 0,60 10,00 1,99 0,834 2 3,63 3,62 0,62 10,15 1,87 Área 1 16,02 20,70 0,68 60,98 7,76 0,674 2 6,77 7,85 0,87 25,38 4,25 Condição 4 Velocidade 1 3,64 2,31 1,00 7,84 2,90 0,792 2 3,73 2,79 1,54 9,84 2,34 * Teste Wilcoxon Nível de significância: α = 0,05

Avaliou-se neste estudo dois grupos de pacientes com cinetose com características semelhantes com relação ao sexo e à idade.

Quanto ao tratamento da cinetose, vários autores confirmaram a eficácia da reabilitação vestibular1-5. Trendel

et al.13 observaram melhora em 80% de pacientes com cinetose por meio de estimulação optocinética. De acordo com Viirre, Sitarz7, mudanças no movimento da imagem podem induzir a adaptação das respostas vestibulares, o que pode ser alcançado pelo uso de dispositivos de realidade virtual. O objetivo de realizar a RV usando um sistema de realidade virtual é recriar mudanças ambientais relacionadas aos estímulos visuais, vestibulares e somatossensorais, para ajustar os RVO e RVE envolvidos no controle postural e nas estratégias de equilíbrio. A realidade virtual permite que o sujeito com disfunção vestibular seja exposto a situações de conflito dentro de um ambiente controlado, o qual diminui a dependência visual para o controle postural, aumentando a contribuição dos estímulos vestibulares e somatossensoriais14. A realidade virtual é um instrumento útil clinicamente sendo utilizada para o tratamento de doenças músculo-esqueléticas, na reabilitação de sequelas de AVC e para déficit cognitivos15 e acredita-se que possa otimizar também o tratamento da cinetose.

Observou-se no presente estudo melhora estatisticamente significativa dos escores do DHI pré e pós RVRV nos aspectos físico, emocional, funcional e no total. E à EVA houve decréscimo com diferença estatisticamente significativa nos valores pré e pós reabilitação. Quanto à avaliação à PC observou-se aumento da velocidade de oscilação para os dois

grupos na comparação entre o momento pré e pós RV. Com relação à diminuição de área de oscilação do corpo apenas foi encontrada diferença para o grupo 1. Estas duas alterações (aumento de velocidade e diminuição de área) representam uma melhora no controle postural destes pacientes.

Quanto à avaliação dos escores da EVA, observa-se que após quatro semanas de tratamento na comparação entre os grupos a RVRV mostrou escores menores estatisticamente significativos. Contudo, na comparação após 12 semanas de reabilitação, para o grupo 2 houve redução dos escores mas desta vez apenas com tendência a diferença estatística o que indica que a RVRV promove resultados mais precoces no tratamento destes pacientes. As vantagens do uso de realidade virtual são menor tempo de tratamento, apenas quatro semanas quando comparado as 12 semanas requeridas pelo protocolo de CC, além da menor frequência de sessões, apenas duas por semana sem a exigência do treinamento diário, que por muitas vezes é cansativo e diminui a adesão do paciente ao tratamento. Contudo, estes dispositivos de RV ainda apresentam alto custo financeiro, o que representa uma barreira principalmente quanto à aquisição nos serviços públicos de saúde. Além disso, são necessários outros estudos com casuística maior e aferição em longo prazo para avaliação dos benefícios do uso da realidade virtual no tratamento de pacientes com cinetose.

4 Conclusão

Com o uso da RVRV obteve-se resultados superiores à reabilitação vestibular realizada por meio de protocolo de CC sob o aspecto da autopercepção da intensidade da tontura.

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Entretanto, em relação aos aspectos de qualidade de vida e parâmetros da posturografia ambos os métodos foram eficazes na diminuição dos escores, contudo, com resultados mais precoces por meio da RVRV.

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