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Políticas e Legislações da Educação Infantil

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Academic year: 2021

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Infantil

Renata Tereza da Silva Ferreira

Especialista em Educação pela CEUCLAR

Professora do Centro Universitário Anhanguera - Unidade Leme e-mail: renatatsf@ig.com.br

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a importância do conhecimento sobre as Políticas e Legislações da Educação Infantil, para a formação do Professor/ Educador/Mediador frente aos desafios surgidos durante sua formação acadêmica. É necessário portanto, que os formadores educacionais de uma maneira geral, conheçam dispositivos legais, diretrizes, objetivos e metas educacionais. Portanto, a atuação do pedagogo está comprometida tanto com as condições do sistema, da escola, quanto com a qualidade de sua formação acadêmica. Na presente investigação, descreve-se um breve histórico da Educação Infantil, suas legislações educacionais perante a Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Estatuto da Criança; bem como as Diretrizes e os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Pretende-se também, refletir sobre o dispositivo legal com relação às novas modificações com relação à obrigatoriedade do ensino fundamental aos seis anos de idade, com o objetivo de atualização da lei.

Palavras-chave: educação infantil; legislações

educacionais, diretrizes; referenciais e obrigatoriedade.

Abstract

The objective of this article is to analyze the importance of the knowledge on Políticas and Legislações of the Infantile Education, for the formation of the Professor/Educador/Mediador front to the challenges appeared during its academic formation. It is necessary therefore, that the educational formadores in a general way, know educational devices, lines of direction, objectives and goals legal. Therefore, the performance of pedagogo is compromised in such a way to the conditions of the system, of the school, how much with the quality of its academic formation. In the present inquiry, a historical briefing of the Infantile Education, its educational legislações describes before the Federal Constitution, Law of Lines of direction and Bases of the National Education and Statute of the Child; as well as the National Curricular Lines of direction and the Referenciais for the Infantile Education. It is also intended, to reflect on the legal device with relation to the new modifications with relation to the obligatoriness of basic education to the six years of age, with the objective of update of the law.

Key-words: Infantile education; educational

legislações, lines of direction; referenciais and obligatoriness.

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Introdução

O interesse pela realização do artigo, surgiu da necessidade dos conhecimentos específicos sobre as legislações relacionadas à educação infantil; visando a qualidade de ensino na formação acadêmica de um pedagogo.

Transmite-se às pedagogas, que a educação infantil no Brasil passa por um importante momento de transição a partir de novas políticas de educação, principalmente após a Constituição Federal de 1988 e de uma série de debates e discussões, em criação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996). A criança, por sua vez, é compreendida dentro de sua própria dinâmica, deixando de ser vista como um ser carente e incapaz . Adquirindo o título de cidadã, a criança é vista como um sujeito histórico, capaz de participar do processo de criação cultural. Com isso, hoje, essa concepção mudou e cada vez mais os pais procuram as escolas de educação infantil para compartilharem do cuidado e educação de seus filhos.

Perdendo um caráter puramente assistencialista, essas instituições passaram por um outro processo; procurando-se integrar o cuidado da criança e a educação. O cuidado não se restringe às necessidades biológicas, mas integra sua afetividade.

A educação passa a ser uma prática social, cuja participação diz respeito à toda a sociedade. O ensino deixa de ser visto como uma prática unicamente pedagógica e pode ser compreendido como um encontro entre dois sujeitos reais e não ideais. Através de uma comunicação vital, o conhecimento passa a ser construído e compartilhado.

Portanto, tratando-se de um fenômeno social e histórico, a educação deve unir conhecimentos e experiências; e resgatar a criança e o professor enquanto seres humanos únicos e desejantes em sua totalidade real. Não existe um modelo de educação que possa ser transmitido e que dê conta da multiplicidade de experiências vividas em uma sala de aula. Abrem-se novos espaços para a reflexão, para a troca e para a criação de um novo profissional de educação infantil.

História da Educação Infantil

Entende-se por criança, como um ser diferente do adulto, diferenciando na idade, na maturidade, além de ter certos comportamentos típicos. Estes papéis,

depende da classe social econômica em que está inserida a criança e a família. Não tem como tratar a criança, analisando somente sua “natureza infantil”, desvinculando-a das relações sociais, de produção existente na realidade.

A valorização e o sentimento atribuídos à infância nem sempre existiram da forma como hoje são concebidas e difundidas, tendo sido modificadas a partir de mudanças econômicas e políticas da estrutura social. Percebe-se essas modificações em pinturas, diários de família, testamentos, igrejas e túmulos, o que demonstram que família e escola, nem sempre existiram da mesma forma.

Educação Infantil na Europa

Na Educação Infantil européia, período da Idade Média; sendo composta por uma sociedade feudal, onde os senhores de terra possuíam o poder para conduzir suas leis, cultura, valores, etc; e que a criança era considerada um pequeno adulto, a expectativa de vida das mesmas, se fazia de uma maneira precária sendo o crescimento rápido de suma importância.

Com sete anos, a criança considerada rica e pobre, era colocada em outra família para aprender os trabalhos domésticos e valores humanos, adquirindo conhecimentos e experiências. Desviava-se a criança da família genitora para que não surgisse o sentimento entre pais e filhos. A Igreja é quem dirigia os colégios dessa época ; reservava-se o direito de escola para um pequeno grupo, principalmente do sexo masculino.

A partir do século XIII, as cidades começam a crescer devido ao avanço comercial e a Igreja Católica perde o poder com o surgimento da burguesia que por sua vez, é responsável pela assistência social; instala-se a pobreza. Quanto à criança, o momento é de idéias contraditórias: por um lado era considerada ingênua e inocente, por outro, imperfeita e incompleta.

Com o Iluminismo e a Revolução Industrial (Idade Moderna), a visão européia em relação à criança modifica-se; a criança nobre é tratada de maneira diferente da criança plebe; surgem as primeiras propostas de educação e moralização infantil. A educação faz-se pedagógica e menos empírica, a criança passa a ser alguém merecedora de cuidados, escolarizada e preparada para uma atuação futura, mas até aí, as classes sociais não são misturadas; há uma discriminação entre o ensino para ricos e o para pobres.

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O ensino foi primeiramente concedido para os meninos e a partir do século XVIII, para as meninas.

Nessa fase, surge o castigo corporal como forma de educação disciplinar, este é utilizado tanto pelas famílias quanto pelas escolas. Crianças e adolescentes unem-se revoltados e distanciam-se da vida adulta.

Concomitantemente aos fatos mencionados, surgem as primeiras creches para abrigarem os filhos das mães que trabalhavam na indústria.

A sociedade capitalista da época, concebeu e idealizou a criança como um ser a-histórico, a-crítico, fraco e incompetente, economicamente não produtivo, que o adulto deveria cuidados. Diferencia-se a educação: a) primário para as classes populares, formação de mão-de-obra; b) secundário para a burguesia e aristocracia, formação de eruditos, pensantes e mandantes.

Como desde o início a educação européia esteve voltada para a classe burguesa, no final do século XIX, quando difundido o ensino superior, a escola popular torna-se deficiente em muitos aspectos. Para resolver o problema, foram criados os programas compensatórios para suprir as deficiências de saúde, nutrição, educação e as do meio sócio cultural.

A essa educação compensatória, iniciada no século XIX, para os pensadores como Pestalozzi, Froebel, Montessori e McMillan, a pré-escola passa a ser encarada como uma forma de superar a miséria, a pobreza e a negligência familiar. Somente no século XX, ocorreu efetivamente a prática para a melhoria dessa. É o que menciona em seus ensinamentos a autora Sônia Kramer:

A educação pré-escolar começou a ser reconhecida como necessária, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos durante a depressão de 30. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais, e simultaneamente, fornecer proteção, nutrição e um ambiente saudável e emocionalmente estável, para crianças carentes de 2 a 5 anos de idade. (KRAMER, 1992, p.26)

Após a Segunda Guerra Mundial, o atendimento pré-escolar cresce; as mães começam a trabalhar nas indústrias e o interesse dos estudiosos pelo desenvolvimento infantil aumenta. Portanto a Educação Infantil na Europa gradativamente foi-se modificando, atingindo aspectos positivos e negativos.

Segundo Sônia Kramer, nos ensina que:

Quando falamos em criança, devemos ter o compromisso de que estamos falando de um ser humano que desenvolve-se de acordo com aquilo que lhe proporcionam, portanto, assistencial ou/e preparatória, trata-se de um vínculo com o ser humano que ainda está em desenvolvimento. (KRAMER, 1992, p.23)

Educação Infantil no Brasil

No Brasil, a concepção de Educação Infantil é a de uma educação assistencialista. Grande parte das instituições aqui existentes, foram criadas com o único objetivo de atender as crianças de baixa renda, tendo como estratégia, o combate à pobreza e a resolução dos problemas ligados a sobrevivência gerando atendimento de baixo custo, precariedade e escassez de recursos materiais, além da insuficiência de profissionais.

Por ser uma educação oferecida para pobres, não houve a preocupação em considerar as questões ligadas aos ideais de liberdade e igualdade. O trabalho oferecido pelas instituições embasado num “favor”, estigmatizou a população de baixa renda.

O Brasil é um país que tem por necessidade modificar a concepção de Educação Infantil, no entanto essa modificação implica em atentar para várias questões que ultrapassam seus aspectos legais. Em primeiro plano, as especificidades desta educação teriam de ser assumidas, fazendo valer a revisão sobre: concepções da infância; relações sociais; responsabilidade do Estado e da sociedade. Tantas são as divergências em como trabalhar os aspectos físicos, emocionais, afetivos e sociais da criança, que propostas educacionais foram elaboradas tendo por finalidade, veicular concepções sobre: criança, cuidar e educar.

A primeira etapa da educação básica é destinada às crianças brasileiras de zero a seis anos, não é obrigatória, mas também não deixa de ser um direito e que o Estado tem por obrigação em atender.

Nos grandes centros urbanos; o atendimento, advém das necessidades atuais impostas pela própria sociedade, pois as crianças têm freqüentado cada vez mais cedo pelo fato da inserção crescente das mulheres no mercado de trabalho pela busca e garantia da sobrevivência da família e/ou realização profissional.

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Educação Infantil converteu-se para uma educação como forma de combater a pobreza (Estado), e/ou como complementação salarial (família). Porém, os objetivos desta, divergem enquanto instituição e entidade privada. Os objetivos da primeira, é assistencial (crianças pobres), da segunda oferecida para as crianças de classe média é educacional.

A este propósito, Oliveira (1996) assim se manifesta:

Assim, enquanto os filhos das camadas médias e dominantes eram vistos como necessitando um atendimento estimulador de seu desenvolvimento afetivo e cognitivo, às crianças mais pobres era proposto um cuidado mais voltado para a satisfação de necessidades de guarda, higiene e alimentação. (OLIVEIRA, 1996, p.17)

Para Oliveira (1996), “a trajetória das creches

e escolas maternais foi marcada pela tradição assistencial, destinada às crianças das famílias pobres.”

Segundo essa autora, “em nosso país, as creches

surgiram para atender às necessidades do trabalho feminino industrial, respondendo assim a questões como o abandono, a desnutrição, a mortalidade infantil, a formação de hábitos higiênicos e a moralização das famílias operárias.”

Ao criar no Brasil os jardins de infância, estes foram espelhados, a partir de modelos lançados em outros países que por sua vez, eram destinados às crianças de famílias ricas, cujo objetivo visava a socialização e preparação da criança para o ensino fundamental. Devido a isso; a expansão desse ensino, foi lenta e gradual até os anos 70, caindo no âmbito assistencial onde o “cuidar” confundiu-se com o “educar”. Concluindo portanto, que ao final desse período, no Brasil a Educação Infantil era vista como assistencial; ao passo que nos países de primeiro mundo, prepara-se a criança para uma realidade mundial; uma educação para progresso.

Nos anos 80, movimentos sociais começaram a surgir, operários e feministas manifestaram o desejo da ampliação do atendimento educacional brasileiro bem como a melhoria, no entanto, a luta por creches, nessa época, pressupunha apenas o direito da mulher trabalhadora e não o entendimento do papel educacional da creche, ou seja, a creche era vista como espaço de

cuidado, assistência e guarda e não como um espaço de educação.

A Constituição Brasileira de 1988 definiu em seu dispositivo legal, artigo 208, inciso IV, a obrigação do atendimento em creche e pré-escola, às crianças de zero a seis anos de idade, ressaltando que “in verbis”:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

... IV- atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Criou uma obrigação gratuita para todo o sistema educacional, que teve que se equipar para dar respostas a esta nova responsabilidade, a qual foi confirmada pela LDB1 de 1996.

Segundo os dizeres de Campos Rosemberg (1993, capítulo 1, p.18), “a subordinação do atendimento em creches e pré-escolas à área de Educação representa, pelo menos no nível do texto constitucional, um grande passo na direção da superação do caráter assistencialista predominante nos programas voltados para essa faixa etária.”

Em 1995, na década de 90, anuncia-se uma nova etapa, marcada pela política de educação infantil difundida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 1993, através da Coordenação da Educação Infantil (COEDI), a qual reafirmou e operacionalizou os preceitos da Constituição de 1988.

Portanto, passos significativos foram dados nos últimos dez anos em relação à garantia da consolidação do atendimento educacional infantil, dentre eles o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990, art. 54, inciso IV), que faz com que a família seja parte integrante e parceira da escola na definição de propostas pedagógicas.

A Lei nº. 9394/96, incorpora a educação infantil no primeiro nível da educação básica. Inserida no Sistema Educacional, é desenvolvida em regime de colaboração nas diferentes instâncias: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Aos Municípios, compete além de oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas e manter o ensino fundamental , baixar normas complementares às leis maiores, bem como autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos de seus sistemas de ensino, e aqueles mantidos por particulares. O Município portanto, carrega grande responsabilidade para com a educação infantil. A proporção criança/educador

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expressa uma medida que contribui para a avaliação da qualidade do atendimento que se faz, e é um dos critérios de credenciamento de instituições de educação infantil. Nosso país, possui hoje, cerca de 25 milhões de crianças de zero a seis anos.2 Podemos mencionar que

30% dessas crianças estão freqüentando instituições de educação infantil. Há uma diferença na distribuição geral do atendimento por faixa etária na creche e na pré-escola - de zero a três anos somente 8,3% dessas estão matriculadas em creches e 57% na faixa etária de quatro a seis anos estão matriculadas em pré-escolas, portanto as que têm maior acesso à educação infantil, são as mais velhas e as pertencentes a famílias das zonas urbanas e com renda superior a cinco salários mínimos.

Ano, a ano a educação infantil, vem conquistando espaço, mas ainda não tem sido prioridade. Alguns municípios privilegiaram a implantação ou aprimoramento da pré-escola e do ensino fundamental em detrimento da creche, que por suas características apresenta um custo elevado, dificultando, assim a participação de verbas públicas na ampliação e manutenção desse atendimento. Esse pensamento vai de encontro com a ressalva citada anteriormente: a educação infantil não é prioridade serve também para anular o detrimento de algo mais caro.

Conclui-se que a Educação Infantil Brasileira, vem de um caráter assistencial, ainda não sendo prioridade, mas já conquistou espaço; é o que mostra os dispositivos legais do nosso sistema educacional.

Leis da Educação Infantil

A Educação Infantil no Brasil durante toda a trajetória de sua história, apresenta características específicas em cada fase, mas teve seu espaço conquistado após a Constituição Federal de 1988, onde menciona-se em seus dispositivos legais condições de direito da criança brasileira, que faz parte integrante do nosso Sistema Educacional.

A criança na Constituição Federal

Para enfocar as condições da criança brasileira em relação à Educação Infantil dentro da Constituição Federal, é necessário mencionar sobre a História da Educação Brasileira. Com a instalação da República, a educação começa a se desenhar como algo fundamental e um plano sobre tal começa a ser traçado. Em 1932 o

“Manifesto dos Pioneiros da Educação” propunham a reconstrução educacional, “de grande alcance e de vastas proporções, um plano unitário e de bases científicas”; este documento fez com que a Constituição Federal recebesse um artigo específico, (artigo 214); onde ficou declarado ser de competência da União, “fixar o Plano

Nacional de Educação”; cuja revogada Lei nº 10172

de 09/01/20013. Este Plano visa à articulação e ao

desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público que conduz à: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção humanística, científica e tecnológica do país e democratização da gestão do ensino público. Partindo disso, todas as outras Constituições incorporam esta idéia, quando em 1988 ele se concretiza.

O Plano Nacional de Educação consta como os Níveis de Ensino: Educação Básica: Ensino Fundamental, Ensino Médio, bem como a Educação Infantil inserida nele; onde tem sido prioridade, pois na Constituição Federal é estabelecido o direito aos pequenos, bem como dos pais que trabalham e necessitam de uma instituição para deixar seus filhos.

Os artigos 205, 208, 209 e 211 da nossa Carta Magna, evidenciam a importância da Educação que por vez, a Educação Infantil tem suas especificidades, ressaltando que “in verbis”:

Art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: ... IV- atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I- cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II- autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. ... §2º. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na

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educação infantil.

Tais artigos; são caracterizados como um apanhado geral sobre o significado da Educação Infantil dentro da própria Constituição Federal. A educação ser direito e dever, onde todos tem direito à ela (mesmo os menores de idade) e é dever do Estado e Família fazer com que isso se concretize. A lei também garante o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade, cuja responsabilidade dos Municípios atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil4.O Estado através dos Programas

do FNDE5, como: Programa Dinheiro Direto na Escola,

Programa Nacional de Alimentação Escolar, Programa Nacional Biblioteca na Escola, Programa Nacional do Livro Didático, Programa Nacional Saúde do Escolar e Programa Nacional de Transporte do Escolar, assegurará a Educação desde a pré-escola. A educação poderá ser desenvolvida em instituições privadas ou públicas, desde que se cumpra as normas gerais da Educação Nacional e cada Município, Estado, Distrito Federal e União, terão de organizar seus sistemas de ensino.

A criança na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Nesta Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; Lei nº 9394 de 20/12/1996, elenca-se um conjunto de instruções decorrentes da Constituição Federal de 88 em relação à realidade educacional brasileira.

A Educação Infantil encontra-se citada em suas especificidades na Seção II - Arts. 29º, 30º e 31º onde fica estabelecido normas em relação à sua finalidade, oferta avaliação e referenciais curriculares.

A Educação Infantil tem por finalidade: o desenvolvimento integral da criança em todos os aspectos: físico, intelectual, psicológico e social, com a participação da família e comunidade. Deverá ser oferecida em creches ou entidades, para as crianças até 3 anos de idade e pré-escola até 6 anos de idade. Não terá por objetivo avaliação para promoção, mas há o acompanhamento e registro de seu desenvolvimento. (grifo nosso)

Menciona que desde 1999 têm-se os Referencias Curriculares que norteia todo o processo educativo da educação infantil.

É notório, que a Educação Infantil tem respaldo

legal. Dentre outros, destacamos neste capítulo a manifestação sobre a mesma na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Educação essa que desde a década de 30 vem passando por modificações e que é a chave para o mal da sociedade brasileira, o indivíduo construirá oportunidades se a ele também lhe forem apresentadas as oportunidades e é a partir do contato com a escola que há ampliação social, “ampliação”, talvez nem seja o termo apropriado e sim desenvolvimento; desenvolvimento substancial capaz de conduzir uma sociedade massacrada pelo descaso mas que também é amparada por Leis; bastando somente notificá-la de que além de deveres ela tem direitos. “Educação - Direito Constitucional de todos” (LIBÂNEO, 2003).

A criança no Estatuto da Criança e do Adolescente

Esta Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre a proteção integral da criança e do adolescente, ou seja ao menor carente, abandonado ou infrator (artigo 1º).

Neste tópico, destaca-se o valor enaltecido pela criança e o adolescente que de uma maneira geral, baseia-se em cuidados e direitos inerentes que tem por direito; é o que ressalva o dispositivo legal, artigo 5º, que “in verbis”:

Menciona que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Tais direitos fundamentais aplica-se que a criança tem o direito a Educação, e em qualquer nível que esteja; seja em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, sendo protegida e amparada através deste Estatuto.

O artigo 11 parágrafo 1º; assegura à criança e o adolescente portadores de deficiência, o direito a receber atendimento especializado. Este atendimento especializado estende-se às instituições que oferecem Educação. Também o dispositivo legal artigo 17, considera o respeito na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,

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pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

A escola será um ambiente onde a criança irá explorar suas idéias, valores, crenças, autonomia e fará valer sua personalidade sem que sua integridade seja afligida.

Todos os acima mencionados estão direcionados de uma maneira geral à criança e o adolescente e foram aproveitados e destacados naquilo que se enquadra dentro de uma instituição educacional, na qual a criança deverá ser respeitada como ser humano e não objeto. A partir do Art. 53 deste Estatuto, destacam-se incisos que fazem parte do Capítulo IV: Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer, cujos ensinamentos são valorosos, pois diante do artigo 53, assegura que “in

verbis”:

A criança e o adolescente têm direito educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação ao trabalho, assegurando-se-lhes:

I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II- direito de ser respeitado por seus educadores;

III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV- direito de organização e participação em entidades estudantis;

V- acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Portanto, desde a pré-escola a criança tem direito pelo qual poderá desenvolver-se através da Educação e preparar-se para o exercício da cidadania, onde o Estado tem por dever assegurar à criança atendimento de 0 a 6 anos, é o que menciona o artigo 54 inciso IV: atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 (zero) a 6 (seis) anos de idade.

Falando sobre o ECA6, podemos concluir que a

criança faz parte da sociedade, necessita de educação e cuidados desde o nascimento, para que nela possa desenvolver-se e desempenhar um papel participativo, isto é, nenhum indivíduo pode passar despercebido e a sociedade brasileira necessita de que os seus coloquem em exercício a cidadania, esta por sua vez acontecerá através da prática dos direitos de qualquer ser humano.

Diretrizes, Objetivos e Metas da Educação Infantil

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

Em relação à Educação Infantil, o Referencial Curricular Nacional buscou dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (art.30 cap.II, seção II), traçar suas próprias diretrizes, a fim de atentar para as particularidades existentes e necessidades de crianças de 0 a 6 anos. Segundo o documento houve uma divisão: crianças de 0 a 3 anos creches; crianças de 6 anos EMEIs7 - pré-escola.

Considerou-se o mundo sociocultural e natural (instrumentalizou a ação do professor, onde suas experiências servem como referência para a prática educativa). Foram concebidas categorias curriculares para organizar os conteúdos - âmbitos e eixos (como trabalhar? / para quê? / por quê?).

Não se pode esquecer que após traçar as diretrizes para a Educação Infantil, os objetivos e metas devem ser cumpridos, mas no momento, ressalta-se a importância que os Referenciais para a Educação Infantil definem em relação às experiências das crianças nessa faixa etária. Definem-se portanto assim: Formação Pessoal e Social , e Conhecimento de Mundo.

A Formação Pessoal e Social refere-se à construção do sujeito; o Conhecimento de Mundo, refere-se à construção das diferentes linguagens e às relações que estabelecem os objetos de conhecimento. Cabe ao professor ter perfil para trabalhar com crianças dessa faixa etária, como menciona na página 37 dos Referenciais Curriculares8:

1. competência polivalente;

2. formação ampla que lhe proporcione condição de ser um aprendiz;

3. suas ações deverão ser planejadas para que ocorra êxito nos projetos educativos que venha desenvolver;

4. deverá estar comprometido com a prática educacional.

A essas considerações acima descritas, objetivos foram traçados obedecendo a critérios que propiciam o desenvolvimento da Educação Infantil e estes, estão relacionados à ordem física, afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social.

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da Educação Infantil, mostra-se que as capacidades de ordem física estão associadas à possibilidade de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, ao auto conhecimento, ao uso do corpo na expressão das emoções, ao deslocamento com segurança; as capacidades de ordem cognitiva estão associadas ao desenvolvimento dos recursos para pensar, o uso e apropriação de formas de representação e comunicação envolvendo resolução de problemas; as capacidades de ordem afetiva estão associadas à construção de auto-estima, às atitudes no convívio social, à compreensão de si mesmo e dos outros; as capacidades de ordem ética estão associadas a estão associadas à possibilidade de construção de valores que norteiam a ação das crianças; as capacidades de relação interpessoal estão associadas à possibilidade de estabelecimento de condições para o convívio social.

Isso implica aprender a conviver com as diferenças de temperamentos, de intenções, de hábitos e costumes, de cultura, etc; as capacidades de inserção social estão associadas à possibilidade de cada criança percebe-se como membro participante de um grupo de uma comunidade e de uma sociedade. (grifo nosso)

Para os objetivos serem atingidos, é necessário que haja seleção de conteúdos. Pode-se dizer que as diferentes aprendizagens se dão por meio de sucessivas reorganizações do conhecimento, onde as crianças vivenciam experiências através de conteúdos que lhe são fornecidos - aprendizagem = reorganização de conteúdos / experiências. Os conteúdos são concebidos no Referencial, como uma concretização dos propósitos da instituição e como um meio para que as crianças desenvolvam suas capacidades e exercitem sua maneira própria de pensar, sentir e ser (a criança participativa do mundo e da realidade que a cerca).

No Referencial explicita aquilo que realmente a criança necessita, e divide os conteúdos em: a) Conteúdos Conceituais, os quais estão relacionados à construção ativa das capacidades para operar com símbolos, idéias, imagens e representações; b) Conteúdos Procedimentais estão relacionados ao saber fazer e d) Conteúdos Atitudinais que tratam dos valores, das normas e das atitudes.

De maneira geral os conteúdos estão interligados e dependem das experiências apresentadas pelas crianças para que o professor seja o intermediador no processo de aprendizagem da criança. No caso dos conteúdos conceituais, a criança terá uma conceitualização

provisória de determinado objeto até o momento de reorganizar seu conhecimento quando entrar em contato com um novo conhecimento. Os conteúdos procedimentais, darão condições da criança construir instrumentos e estabelecer caminhos que lhe possibilite a realização de suas ações.Quanto aos atitudinais, as instituições educativas terão a função básica de socialização (contexto gerador de atitudes), o professor, deverá ser coerente tanto no discurso como na prática, para que a criança reflita sobre os valores que lhe são transmitidos cotidianamente e sobre os valores que se quer desenvolver.

Sobre como avaliar a criança de Educação Infantil, a LDB dezembro/1996, Seção II, Artigo 31, estabelece:

“... a avaliação far-se-á mediante o acompa-nhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo par o acesso ao ensino fundamental”.

Além dos objetivos específicos, o Referencial menciona na página 63 a definição dos objetivos gerais da Educação Infantil,9 os quais são:

a) Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;

b) Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;

c) Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;

d) Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

e) Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; f) Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;

g) Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação,

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de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;

h) Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

O Referencial ainda propõe programas e projetos curriculares de instituições infantis10, visando o bem estar

da criança e ambiente de trabalho favorável, como. 1. Condições externas: a proposta curricular deve estar vinculada às características socioculturais da comunidade na qual a instituição está inserida, ou seja conhecimento da população, condições de vida, etc, possibilitarão um trabalho educativo que atenda a diversidade existente em cada grupo social.

2. Condições internas: implica no funcionamento da instituição educacional para que haja um bom desenvolvimento no projeto pedagógico. 3. Ambiente Institucional: cooperação e respeito entre os profissionais.

4. Formação do Coletivo Institucional: o coletivo de profissionais é responsável pela construção do projeto educacional e do clima institucional. 5. Espaço para formação continuada: importância de reuniões, palestras, visitas e atualizações, ambiente favorável para troca de experiências. 6. Espaço Físico e Recursos Materiais: preparação adequada do ambiente para que a criança possa aprender de forma ativa na interação com outras e com os adultos.

7. Versatibilidade dos Espaços: implica na organização e mudança constante do espaço. 8. Os Recursos materiais: deverão ser os dos mais variados: mobiliário, espelhos, brinquedos, livros, lápis, papéis, pincéis, tesouras, cola massa para modelar ,etc.

9. Acessibilidade dos Materiais: os materiais devem estar dispostos de forma acessível às crianças.

10. Segurança do Espaço e os Materiais: proteção adequada onde exista possibilidade de risco e materiais de boa qualidade.

11. Critérios para a formação de Grupos de Crianças: por idade e quantidade, exemplo:

crianças de 12 meses – 6 crianças por adulto. 12. Organização do tempo: prevê atividades de repouso, alimentação e higiene.

13. Ambiente de cuidados: refere-se a um ambiente que considere as necessidades das diferentes faixas etárias, das famílias e as condições de atendimento.

14. Parceria com as famílias: implica em respeitar os vários tipos de estruturas familiares; diferentes culturas, valores e crenças; estabelecer comunicações; incluir o conhecimento familiar no trabalho educativo.

Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

Nestes documentos11, o educador poderá ter

contato com a realidade explicita sobre a criança de 0 a 6 anos e contará com fatores que influenciarão a formação pessoal e social da criança e o conhecimento de mundo. Os referenciais12 abordam a construção da

identidade e da autonomia. Ambas constroem-se gradativamente, por intermédio das interações sociais estabelecidas pelas crianças , nas quais alternadamente, imitam e se fundem com o outro para diferenciar-se dele em seguida, muitas vezes utilizando-se da oposição. A fonte original da identidade está no círculo de pessoas com quem a criança interage. Deste círculo, a família é a primeira matriz de socialização, em seguida podemos mencionar a participação da criança de festas populares de sua cidade ou bairro, igreja , feira, etc.

A sociedade brasileira, apresenta particularidades no que diz respeito a cultura e étnica variando de região para região, isso se faz presente nas crianças que freqüentam as instituições de Educação Infantil, portanto, quando a criança ingressa numa instituição , ela tende a ampliar o universo inicial de sua socialização independente das diversidades próprias e do grupo, isso implica na construção de sua autonomia e identidade.

As instituições, por sua vez, deverão conceber uma educação em direção à autonomia, dando oportunidades para as crianças de tomar decisões por si próprias, respeitando-as como seres capazes e competentes.

Com relação aos conteúdos e objetivos são explicitados da maneira como trabalhar, no entanto, refletiremos sobre como direcionar a construção da aprendizagem nessa faixa etária, respeitando as

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características de cada um, ou seja, as diversidades, pois cada criança constrói um modo particular de conceber o espaço por meio das suas percepções, do contato com a realidade e das soluções que encontra para os problemas.

O trabalho na educação infantil deve colocar desafios que dizem respeito às relações habituais das crianças com o espaço, como construir, deslocar-se, desenhar etc., à comunicação dessas ações. Deverá apresentar situações significativas que dinamizem a estruturação do espaço que as crianças desenvolvem e para que adquiram um controle cada vez maior sobre suas ações e possam resolver problemas de qualquer natureza.

Obrigatoriedade da matrícula aos seis anos de idade no ensino fundamental

A Lei nº 11.114 de 16 de maio de 2005, publicada no Diário Oficial da União de 17/05/2005, diz com relação a matrícula no ensino fundamental aos seis anos de idade; alterando os artigos 6º, 30º, 32º e 87º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade, faz-se saber a lei que “in verbis”:

Art. 6. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade no ensino fundamental. Art. 30... II (VETADO)

Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: ...

§ 3º. ... I- matricular todos os educandos a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental, atendidas as seguintes condições no âmbito de cada sistema de ensino:

a) plena observância das condições de oferta fixadas por esta lei, no caso de todas as redes escolares;

b) atingimento de taxa líquida, de escolarização de pelo menos 95% da faixa etária de sete a catorze anos, no caso das redes escolares públicas; e

c) não redução média de recursos por aluno do ensino fundamental na respectiva rede

pública, resultante da incorporação dos alunos de seis anos de idade;

Art. 2º. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, com eficácia a partir do ano letivo subseqüente.

Pela importância e complexidade da medida, têm sido apresentadas ao Conselho Nacional de Educação diversas e urgentes questões de ordem interpretativa e de orientação, que motivaram a Indicação CNE/CEB nº 2/2005. Em sua maioria, tais questões, provenientes de cidadãos, dirigentes de órgãos e instituições públicas e privadas dos sistemas de ensino, visam avaliar a incidência da medida, em termos de tempo e abrangência, assim mesmo os direitos, as responsabilidades e as competências implicadas.

Com efeito, a antecipação da idade de escolaridade obrigatória é medida que incide na definição do direito à educação e do dever de educar, como reza o Título III da Lei nº 9394 de 1996, do qual consta o artigo 6º ora modificado. Amplia direitos do cidadão e deveres, exigindo providências das famílias, das escolas, das mantenedoras públicas e privadas e dos órgãos normativos e de supervisão dos sistemas de ensino.

Por este motivo, e com o fito de contribuir para o tratamento político, administrativo e pedagógico que requer a implementação deste novo critério; a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, exara as seguintes considerações e orientações:

a) a antecipação da obrigatoriedade de matrícula e freqüência à escola a partir dos seis anos de idade e a ampliação da escolaridade obrigatória são antigas e importantes reivindicações no campo das políticas públicas de educação, no sentido de democratização do direito à educação e de capacitação dos cidadãos para o projeto de desenvolvimento social e econômico soberano da nação brasileira.

b) a matrícula e freqüência à escola a partir dos seis anos de idade, com a ampliação do Ensino Fundamental obrigatório para nove anos de duração, para todos os brasileiros, é uma política afirmativa da eqüidade social, dos valores democráticos e republicanos. Para que possa consubstanciar-se, atendendo também os princípios constitucionais e legais de provimento do ensino (CF, art. 206 e LDB, art. 3º), em especial os incisos I, que dispõem “a igualdade

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de condições para o acesso e permanência na escola”, é preciso que se mobilizem, prontamente, todas as instâncias dos sistemas de ensino, para que os educadores e as lideranças comunitárias assumam papel protagonista na elaboração de um novo projeto político-pedagógico do ensino fundamental, bem como para o conseqüente redimensionamento da educação infantil.

c) o projeto político-pedagógico escolar, para o ensino fundamental de nove anos, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade, deve considerar com primazia as condições sócio-culturais e educacionais das crianças da comunidade e nortear-se para a melhoria da qualidade da formação escolar, zelando pela oferta eqüitativa de aprendizagens e o alcance dos objetivos do ensino fundamental, conforme definidos em norma nacional.

d) a organização federativa garante que cada sistema de ensino é competente e livre para construir, com a respectiva comunidade escolar, seu plano de universalização e de ampliação do ensino fundamental, com elevação do padrão de qualidade do ensino e com matrícula e freqüência obrigatória a partir dos seis anos de idade. Cada sistema é também responsável por refletir e proceder a convenientes estudos, com a democratização do debate, envolvendo todos os segmentos interessados, antes de optar pela alternativa julgada mais adequada à sua realidade, em função dos recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis.

No entendimento da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, a antecipação da escolaridade obrigatória, com a matrícula aos seis anos de idade no ensino fundamental, implica em:

1- garantir às crianças que ingressam aos seis anos de idade no ensino fundamental pelo menos nove anos de estudo, nesta etapa da educação básica;

2- considerar a organização federativa e o regime de colaboração na regulamentação, pelo sistemas de ensino estaduais e municipais, do ensino fundamental de nove anos, assumindo-o como direito público subjetivo e, portanto, objeto de recenseamento e chamada escolar pública (LDB, art. 5º); adotando a nova nomenclatura com respectivas faixas etárias, (de acordo com a

resolução CNE/CEB nº 3/2005);

3- no ano letivo de 2006, considerado como período de transição, os sistemas de ensino poderão adaptar os critérios usuais de matrícula, relativos à idade cronológica de admissão no ensino fundamental, considerando as faixas etárias adotadas na Educação Infantil até 2005; 4- assegurar a oferta e a qualidade da educação infantil, em instituições públicas: federais, estaduais e municipais, preservando-se sua identidade pedagógica e observando a nova nomenclatura: educação infantil até cinco anos de idade, sendo creche até três anos de idade e pré-escola para quatro e cinco anos de idade; 5- promover, de forma criteriosa, com base em estudos, debates e entendimento no âmbito de cada sistema de ensino, a adequação do projeto pedagógico escolar de modo a permitir a matrícula das crianças de seis anos de idade na instituição e o seu desenvolvimento para alcançar os objetivos do ensino fundamental, em nove anos; inclusive definido se o primeiro ano ou os primeiros anos de estudo/série se destinam ou não à alfabetização dos alunos e estabelecendo a nova organização dos anos iniciais do ensino fundamental, nos termos das possibilidades dos artigos 23 e 24 da LDB;

6- providenciar o atendimento das necessidades de recursos humanos (docentes e apoio), em termos de capacitação e atualização, disponibilidade e organização do tempo, classificação e/ou promoção na carreira; bem como as de espaço, materiais didáticos, mobiliário e equipamentos;

7- tais orientações aplicam-se às escolas criadas e mantidas pela iniciativa privada,que são livres para organizar o ensino fundamental, sempre com obediência às normas fixadas pelo sistema de ensino a que pertencem.

Considerações Finais

Tendo em vista a Educação Infantil como base para a vida adulta, conclui-se que nos dias atuais, as instituições deverão estar preparadas para o atendimento da criança, não só do ponto de vista que esta necessita de cuidados, mas sim de um espaço onde possa desenvolver-se cognitiva, afetiva e socialmente. A visão

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para tal educação deverá estar direcionada para aquilo de mais essencial: o desenvolver-se; apesar das diversidades. A criança vista da maneira como deve ser: um ser em desenvolvimento, será peça fundamental da sociedade existente.

Retomando as teorias apresentadas, é bom refletir que trabalhar com a Educação Infantil sem saber o que fazer, ou não tendo uma linha de trabalho pré-estabelecida, é o mesmo que estar ensinando, sem ter a perspectiva de estar contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Jogar atividades sem saber para que servem ou porque trabalhar tal conteúdo, ou ainda usar o termo “a criança ainda tem bastante tempo”, são características de pessoas que não têm e nem terão compromisso com a Educação.

Mas aquele que realmente “entra nessa pra

valer”, sempre buscando, cada vez mais, no intuito de

aprender e transmitir conhecimentos; onde a criança é um ser pensante, em fase de desenvolvimento em todos os seus aspectos; acaba contribuindo para o crescimento integral da criança.

O objetivo primordial deste artigo científico é mostrar a intenção da importância do conhecimento sobre as Políticas e Legislações da Educação Infantil, que se encontram vigentes, para a formação do Professor/ Educador/Mediador frente aos desafios surgidos durante sua formação acadêmica. Conclui-se que é necessário portanto, que os formadores educacionais de uma maneira geral, conheçam dispositivos legais em vigor, diretrizes, objetivos e metas educacionais, colaborando assim para sua formação acadêmica. E sempre lembrando que “a base da educação, o alicerce

encontra-se na educação infantil.” (grifo nosso)

Referências Bibliográficas

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Notas

1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 2 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

- IBGE - outubro/2004.

3 BRASIL, Plano Nacional de Educação. Plano Nacional

de Educação. Brasília: Câmara dos Deputados,

Coordenação de Publicações, 2002.

4 § § 2º, 3º e 4º com redação dada pela Emenda

Constitucional nº 14, de 12/09/1996, Incisos I e II do artigo 208 da Constituição Federal.

5 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 6 Estatuto da Criança e do Adolescente.

7 EMEIs significa Escolas Municipais de Educação

Infantil.

8 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.

Secretaria de Educação Fundamental. Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil. 1v.

Brasília: MEC/SEF, 1998.

9 Ibidem, p. 63. 10 Ibidem, p. 65.

11 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto.

Secretaria de Educação Fundamental. Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil. 2v.

Brasília: MEC/SEF, 1998.

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