E ALMA
// Contamos com a experiência
de dois críticos
LIGAÇÃO
À MESA
// Vamos aprender, a fusão
entre a gastronomia e os vinhos
NO MUNDO
DOS VINHOS
EDITORIAL
Uma revista com temas leves, alegres, actuais, de informação útil e, principalmente, de leitura fácil… a ‘Experiências’ nasce com o intuito de informar os habituais clientes das lojas do DIÁRIO de Notícias, na Rua Dr. Fernão de Ornelas, Rua da Alfândega e Marina Shopping, sobre assuntos ligeiros, da nossa Região, devidamente enquadrados na altura da sua publicação. O objectivo é dar dicas, sugestões, acrescentar mais um pouco ao que já sabe, alertar para boas práticas, sempre dentro da temática em questão.
Por outro lado, e numa tentativa de dar vida ao papel, e em algumas edições, serão publicados ví- deos das nossas sugestões, na página da Internet do DIÁRIO de Notícias, de- monstrando o que es- crevemos na nossa re- vista. Uma forma dife- rente de transmitir um conteúdo útil, da ordem do dia e do seu interesse. Folheie, divirta-se, aprenda, desfrute.
Boa leitura e boas ‘Experiências’!
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FICHA TÉCNICAEmpresa do Diário de Notícias, Lda.
NIPC e de Matrícula na C.R.C. do Funchal: 511 000 235
Capital Social: 116.694,65 Euros.
Sede: Rua Dr. Fernão de Ornelas, 56, 3º, 9054 - 514 Funchal Impressão: Imprinews, Lda.
Distribuição: SDIM, Lda. Exemplares: 2.000
NO MUNDO
DOS VINHOS
//
Nesta revista, contamos com a experiência de dois críticos de
vinhos: Alexandre Lalas e Miguel Icassatti. Ao longo das próximas
páginas, vamos abordar o vinho português, que passa por um
momento alto em termos de qualidade e visibilidade e desmistificar
algumas dúvidas frequentes, tendo em conta as boas práticas com
os vinhos. Comecemos por Alexandre Lalas.
Alexandre Lalas é jornalista, nascido em 1969, brasileiro do Rio de Janeiro, com passagens por Enciclo-pédia Britânica, Jornal do Brasil, Diário Lance, Revista do Flamengo. Editou o site oficial dos Jogos
Pan-A-mericanos do Rio de Janeiro, em 2007. Assinou a coluna ‘Vinhos e
Outras Cachaças’, na Revista Programa, do Jornal do
Brasil, de 2006 até o fim da edição impressa do JB, em Setembro de 2010. Também no Jornal do Brasil, concebeu e editou as duas edições do Guia JB Vinhos, em 2008 e 2009. Colaborou escrevendo
sobre o universo da bebida em publicações como as revis-
tas Adega, Couvert, DiVi- no Sabores, Go Whe- re Rio, Magazine Casa Shopping, Wi-
neBrasil e
Eatin’Out. Em 2010, lançou e editou o jornal online Wine Report. Em 2013, lançou o próprio site (alexandre-lalas.com.br).
Actualmente escreve para as re- vistas especializadas Gula, no Brasil, onde é editor da área de vinhos, e Wine, de Portugal, além de manter o próprio site online. Assina a carta de vinhos de diversos restaurantes como Casa Vieira Souto, Sawasdee, MAC Bistrô, Q Bistrô Brasileiro e da rede Gula-Gula.
Alexandre Lalas foi ainda conselhei-ro da filial carioca da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (SBAV/RJ), fez o prefácio do livro Bistrôs de Buenos Aires, de Alex Herzog, e a revisão técnica da edição brasileira do livro 1001 Vinhos Para Provar Antes de Morrer.
Participa também como jurado e convidado de concursos e congres-sos no Brasil e no exterior, além de conduzir degustações e ministrar treinamentos, cursos e palestras sobre vinho dentro e fora do país. É membro da Confraria dos Enófilos do Alentejo e cavaleiro da Confraria do Vinho Verde, ambas em Portugal. Faz parte da equipa de palestrantes da Vini Portugal, órgão que cuida da imagem e promoção do vinho português no mundo e do casting da Essência do Vinho, pela qual faz formações no Brasil sobre os Vinhos do Alentejo e o IVDP.
“O VINHO PORTUGUÊS
ESTÁ NA MODA”
//
Para Alexandre Lalas, neste momento, “Portugal não deve
nada a nenhum produtor de vinhos do mundo”.
Para Alexandre Lalas, “o vinho português está na moda” por uma série de factores, “que vão desde uma melhoria na comuni-cação do que se faz no país”, mas também “pela preservação da identidade e da diversidade do vinho português, que se tornou um porto seguro num mundo onde os vinhos estão cada vez mais parecidos”.
Para este especialista, o vinho português passa por um
momen-to ‘almomen-to de forma’, por isso permi-te-se a competir com os melhores vinhos que possam existir, como os da Alemanha, França e alguns tintos espanhóis.
“Tanto em termos de qualidade, como no preço, Portugal não deve nada a nenhum produtor de vinhos do mundo”, salientou.
Também conhecedor, obviamente, dos vinhos mais licorosos do nosso país, como o Vinho Madeira e o Vinho do Porto, refere que há,
pelo mundo, tentativas de diversos mercados para a produção de vinhos parecidos com estes, mas, no final, não têm comparação.
“Há tentativas de se fazer parecido, mas longe de logra-rem qualquer tipo de sucesso na comparação”, referiu, realçando que os vinhos licorosos de Portugal, onde também coloca os moscatéis de Setúbal nesta lista, são únicos. “E excepcio-nais”, defendeu.
“FAZER VINHO NÃO É DIFÍCIL,
COMPLICADO É FAZER UM VINHO BOM”
// Para Alexandre Lalas, é impossível destacar uma das zonas
demarcadas de vinhos em Portugal, já que isso seria “negar
a diversidade portuguesa”.
Entre as zonas demarcadas de vinhos em Portugal, será que Alexandre Lalas destaca alguma? “Destacar apenas uma região é negar a diversidade por- tuguesa, que é, sem sombra de dúvida, uma das chaves para o actual momen-to do vinho português no mundo”, de- fendeu.
Para este jornalista brasileiro “compa-rar estilos diferentes não serve para nada, além de fazer barulho e criar polémicas”.
“Como fazemos para comparar, por exemplo, um grande vinho da Madeira com um branco antigo de Colares ou um Dão sensacional? Melhor provar-mos todos”, defendeu.
Uma das questões que muitos aprecia-dores de vinho colocam é se é mais fácil fazer um vinho branco ou um tinto, se há assim tantas especificidades que possam dificultar a elaboração de um ou de outro. No entanto, Alexandre Lalas desmistifica essa questão e garante que a dificuldade está noutro aspecto bem mais importante. “Fazer um vinho não é difícil, complicado é fazer um vinho bom, seja branco ou tinto”, observou.
No que diz respeito ao Vinho Madeira em si, os elogios são notórios e con- sidera que a aposta nas castas tradi- cionais é o caminho, por uma questão de identidade.
“Acho que as castas tradicionais tra- zem identidade e diversidade ao vinho, estão adaptadas ao lugar, ao clima”, realçou, apontando, por exemplo, não ver nenhuma necessidade de se apos- tar em castas estrangeiras na Madei-ra”.
// Alexandre Lalas responde a algumas dúvidas que um
apreciador de vinhos pode ter…
Como se deve conservar um vinho?
Os vinhos devem estar em lugares protegidos da luz e da variação de temperatura.
É preciso mesmo ter em conta as temperaturas quando
se bebe um tinto, branco, rosé ou um vinho licoroso?
Sem dúvida. Vinhos brancos, espumantes e rosados devem ser bebidos bem frios para que possamos aproveitar tudo o que a bebida tem a oferecer. Os tintos podem ser servidos um pouco menos frios, entre 14 e 16 graus. Mais do que isso é deixar o álcool mais aparente do que o necessário. E vinhos licorosos, como Porto e Madeira, também têm que ser servidos mais frescos, no máximo a 14 graus.
Perguntas frequentes…
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Ainda existe a regra de que os brancos são para peixe e os tintos para carne?
A regra existe e é uma forma segura para um iniciante no vinho não errar. Mas temos sempre que ter em mente um ditado brasileiro: “as regras, de vez em quando, são feitas para serem quebradas”.
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A LIGAÇÃO ENTRE
GASTRONOMIA E VINHOS
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Miguel Icassatti é um jornalista brasileiro, em cujo trajecto
profissional conta com várias passagens por publicações onde se
abordava a ligação dos vinhos com a comida. Vamos aprender mais.
Para falar sobre a ligação entre gastronomia e vinhos, nada melhor do que Miguel Icassatti, jornalista brasileiro que foi crítico de bares das revistas ‘Playboy‘ (1998-2000) e ‘Veja São Paulo‘ (2000), editor-assis-tente do guia ‘Divirta-se’ e um dos fundadores do ‘Paladar‘, ambos su- plementos do jornal ‘O Estado de S. Paulo‘ (2004 a 2007).
Miguel Icassatti foi também editor dos guias ‘Veja Comer & Beber‘ em 18 regiões brasileiras, entre os anos de 2007 a 2010. No seu percurso profissional conta ainda com pas-
sagens como editor-chefe do ‘Projecto Abril na Copa‘ (Placar) e da revista ‘Men’s Health Brasil‘ (2011 a 2014). Actualmente é cor- respondente no Brasil da Wine Revista – Essência do Vinho.
Com ele vamos apren- der, nas próximas páginas, a ligação entre a gastronomia e os vinhos e ver onde estes se encaixam melhor numa refeição.
OS CASAMENTOS PERFEITOS
ENTRE VINHOS E GASTRONOMIA
//
Miguel Icassatti destaca alguns, como entre os Alvarinhos e os
pescados e os vinhos Madeira com doces tradicionais portugueses.
Há casamentos perfeitos entre de- terminados tipos de vinhos e deter- minadas comidas. “Como regra ge- ral, acredito que a diversidade dos tipos de uvas autóctones portugue-sas harmoniza-se perfeitamente com a riqueza gastronómica do país”, começa por explicar Miguel Icassatti. Em específico, consegue enumerar alguns ‘casamentos’ a não perder. “Eu destacaria o bom casamento entre os Alvarinhos e os pescados e os vinhos Madeira, em especial os feitos com as uvas Malvasia e Bual, com os tradicionais doces portugue-ses, como o pastel de nata e doces
com amêndoas”, salientou.
Em relação à regra que se costuma colocar à mesa de que os vinhos brancos são para pratos de peixe e os tintos para os de carne, garante que os apreciadores estão à vontade para descobrir o que lhes agrade mais.
“Mais do que a essa regra, a harmoni-zação deve dar-se pela complexidade dos pratos e o modo de preparo”, re- feriu, apontando que “há quem acom- panhe pratos de bacalhau com tintos, outros com brancos e o casamento pode ser muito bom”. Todavia, Miguel Icassatti prefere defender que “gostos
não se discutem”. “Portanto, as pes- soas devem ficar à vontade para des- cobrir os casamentos que julgarem perfeitos”, vincou.
TÊM OS VINHOS
LICOROSOS LUGAR
NUMA REFEIÇÃO?
//
“Claro que sim!”, garante Miguel Icassatti.
Venha descobrir onde.
Miguel Icassatti defende que os vinhos licorosos, como o Vinho Madeira e do Porto, têm sem- pre lugar numa refeição. O mesmo se aplica aos espu- mantes, que não servem ape- nas para brindar em dias de festa.
“No caso dos espumantes, se estivermos numa refeição de sushi, por exemplo, podem acompanhar todas as etapas”, garantiu. Já os licorosos, de- fende que casam melhor numa
sobremesa ou como digestivo, no final de uma refeição.
Para este jornalista brasileiro e crítico de vinhos, Portugal tem estado num momento muito bom no que diz respeito a vinhos, “apostando cada vez mais na autenticidade das suas regiões e das suas uvas nativas, sem perder de vista a tecnologia e as modernas técnicas de produção e vinificação”. “É o caso recente do Alentejo, com os vinhos de talha”, recordou.
QUALIDADE INEGÁVEL!
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Portugal é “uma riqueza” no que diz respeito
a diversidade neste sector.
Portugal goza de boa fama cá dentro e lá fora no que diz respeito a vinhos. E para Miguel Icassati é uma fama que já vem de “sempre” e que só tende a melhor, se a estratégia con- tinuar no bom caminho.
“Eu diria que a aposta de Portugal deve ser na diversidade e na varie- dade de suas uvas autóctones”, de- fendeu. Para este especialista, Por- tugal compete com os melhores paí- ses do mundo. “Ao lado da Itália, é o país dono da maior diversidade e isso deve ser explorado”, acredita. Por toda a variedade e diversidade que as nossas regiões demarcadas possuem, o futuro é risonho neste sector. “É uma riqueza!”, salientou.
Um branco tem de ser servido sempre num copo
pequeno e o tinto num copo grande?
Não necessariamente. Ambos podem ser servidos no mesmo copo. Mais do que o tamanho, um bom copo de vinho deve ter um formato que permita que se aprecie não só os sabores, mas também os aromas e aspectos visuais.
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Agora é a vez de Miguel Icassatti
desmistificar algumas dúvidas.
Perguntas frequentes…
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Os aromas que se atribuem aos vinhos (frutados, madeira, baunilha) existem
ou são imaginados?
Sim, existem. O vinho é uma bebida viva e dessa forma adquire influências de terroir, clima, envelhecimento em madeira, por exemplo, que se revelam nos aromas e sabores.
Os vinhos monocasta são melhores do que os que
resultam de um conjunto de castas diferentes?
Não. Não creio que essa comparação possa nem deva ser feita. Cada região, safra, produ-tor, enólogo, terroir, entre outros aspectos, caracterizam-se por uma série de qualidades que lhes permitem produzir vinhos de muita qualidade em ambos os casos.
Os vinhos têm de respirar?
Sim, afinal é apenas quando abrimos uma garrafa e o líquido entra em contacto com o ar é que podemos apreciar o vinho a valer. Vinhos em geral de qualidade superior podem ir ao decanta-dor antes de serem servidos, para que se possa desfrutá-los na sua plenitude. Há que se mencio-nar também, nesse caso, os vinhos jovens e os de safras antigas que podem vir a ter depósito de sedimentos na garrafa. Nesse caso, torna-se conveniente deixar o líquido a respirar por um bom tempo antes do serviço.