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Clipping SCA. Data de Criação: 15/02/2021. Criado por: Biblioteca SP

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Data de Criação: 15/02/2021

Criado por: Biblioteca SP

Clipping SCA

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Sumário das

Matérias:

Analistas ainda veem cenário positivo para ações ligadas a commodities na bolsa brasileira

Valor ––15 de fevereiro...01

ONGs vão ao STF contra novos decretos que flexibilizam compra de armas no país

Valor ––15 de fevereiro...03

Secretaria de Pesca quer assumir administração de cessão de águas da União

Valor ––15 de fevereiro...05

Concessionária da usina Jirau inicia reestruturação

Valor ––15 de fevereiro...06

Com covid-19, empresas familiares adiam investimentos, demitem e reduzem dividendos

Valor ––15 de fevereiro...08

Transação da pandemia ou parcelamento repaginado?

Valor ––15 de fevereiro...10

Governo mapeia resistências a propostas da reforma tributária

Folha ––15 de fevereiro...13

Governo lança hoje novas regras para tentar baratear seguro de automóveis e residenciais

Globo ––15 de fevereiro...16

Bitcoin bate novo recorde, e valor chega a quase US$ 50 mil

Globo ––15 de fevereiro...19

Ford pode demitir em massa, independentemente de resultado das negociações

OESP ––15 de fevereiro...20

'Discriminação no crédito ficou mais evidente na pandemia'

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"Sem inteligência artificial, cobrança da dívida inscrita estaria condenada"

Conjur ––15 de fevereiro...25

Trabalhador com vínculo estatutário deve ser julgado por Justiça comum

Conjur ––15 de fevereiro...31

Senado deve votar marco legal das startups

Migalhas ––15 de fevereiro...32

Novas regras para arbitragem da CCI reforçam segurança e transparência

Jota ––15 de fevereiro...34

Em ofício ao Ministério da Economia setor de serviços e comércio criticam a PEC 45

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página,

segunda-feira 15 de fevereiro de 2021.

Analistas ainda veem cenário

positivo para ações ligadas a

commodities na bolsa

brasileira

Especialistas dizem que mercado deve continuar a sentir efeitos da retomada da economia global, com injeção de estímulos nos países desenvolvidos

Por Lucas Hirata, Valor — São Paulo

Mesmo com os ganhos recentes, analistas ainda veem um cenário positivo para o avanço de ações ligadas a commodities na bolsa brasileira. Alguns profissionais até apontam que grande parte do rali já passou e sinais de alerta, como o aumento da inflação no mundo, começam a aparecer. No entanto, eles também destacam que o mercado deve continuar sentindo os efeitos da retomada da economia global, com injeção massiva de estímulos nos países desenvolvidos.

No caso específico do Brasil, essas ações servem também de proteção contra solavancos no cenário local e muitas delas — como Petrobras e Vale — têm operado com preços descontados em relação aos pares no exterior.

01

“Ações de commodities ainda estão no foco do mercado. Porque, além do avanço dos preços de petróleo e minério de ferro no exterior, elas servem de proteção se surgirem problemas no cenário doméstico. São empresas com receita em dólar”, diz Marcela Morais, gestora de portfólio da ARX.

Para Daniel Utsch, gestor de renda variável da Fator Administração de Recursos, o setor de commodities ficou no grupo de destaque na bolsa, ao lado das ações de empresas de comércio eletrônico, durante a pandemia. E embora o grande rali já tenha ficado para trás, ainda há oportunidades devido a assimetrias presentes em papéis ligados a proteínas, mineração e siderurgia. “O cenário para preços de commodities e a desvalorização do câmbio foram precificados, em grande parte. Mas ainda vemos um potencial relevante de um ciclo favorável de curto prazo”, explica o profissional. Ele afirma também que as ações ajudam a compor uma carteira na bolsa porque têm uma dinâmica descorrelacionada do cenário doméstico.

Um dos riscos que precisa ser monitorado, porém, é o ambiente global de inflação e de juros nas economias desenvolvidas — algo que poderia significar uma piora das condições financeiras. No entanto, por ora, o cenário ainda traz bastante ociosidade nas grandes economias e evita um aperto de liquidez pelas autoridades, o que favorece taxas baixas, na avaliação de analistas.

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Um gestor que preferiu não ser identificado afirma que o chamado “reflation trade” — que diz respeito ao medo de recomposição inflacionária e juros mais altos — é resultado de uma economia em recuperação. Por isso, é favorável para commodities e fluxo para emergentes. Ele explica que o avanço dos juros americanos, recentemente, até gerou cautela e forçou uma correção nas bolsas globais, mas o ritmo de alta das taxas ainda é bastante gradual.

“É muito diferente essa reflação do que um claro aumento da inflação. O que estamos vendo é uma retomada da atividade com muito estímulo. E os bancos centrais têm indicado que não é a hora de um aperto de liquidez. Esse não é um risco para este momento, talvez mais para frente”, diz.

O gestor de renda variável da GAP Asset, Guilherme Motta, destaca que as commodities passaram por uma correção depois da disparada na primeira quinzena do ano, o que se refletiu nos preços das ações. Mas, apesar da volatilidade na cotação das matérias-primas, como minério de ferro e petróleo, ele aponta que ainda há bons motivos para manter posições no setor, como o desconto de Petrobras e Vale em relação a outros pares lá fora.

No caso da mineradora, o acordo com o governo de Minas Gerais devido à reparação de danos causados pela tragédia em Brumadinho deve ajudar a destravar valor na ação, porque diminui as incertezas. Já em relação a Petrobras, ainda existe o ruído em torno de preocupações sobre interferências na política de preços da estatal. No entanto, a futura venda de

02 refinarias deve amenizar esse risco, na avaliação de profissionais de mercado.

“Falar de commodities é sempre bastante complicado, porque é uma variável muito volátil e depende de todo o cenário global. Mas a expectativa de recuperação da economia deve dar suporte para preços”, diz Motta.

https://valor.globo.com/financas/noticia /2021/02/14/analistas-ainda-veem- cenario-positivo-para-acoes-ligadas-a-commodities-na-bolsa-brasileira.ghtml Retorne ao índice

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, segunda-feira 15 de

fevereiro de 2021.

ONGs vão ao STF contra novos

decretos que flexibilizam

compra de armas no país

Novas medidas foram divulgadas pelo presidente Bolsonaro, na última sexta-feira, pelas redes sociais

Por Rafael Bitencourt, Valor — Brasília

O Instituto Igarapé informou que vai mobilizar novamente organizações parceiras para questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) os quatro decretos assinados pelo presidente Jair Bolsonaro para facilitar a compra de armas de fogo no país. As novas medidas de flexibilização foram divulgadas pelo próprio presidente, na última sexta-feira, pelas redes sociais.

“Há muitas perguntas a serem respondidas pelas autoridades federais sobre as motivações políticas do descontrole de armas no país, uma vez que não há qualquer justificativa ou conhecimento técnico que embase as perigosas mudanças”, disse Michele dos Ramos, assessora especial do Instituto Igarapé, por meio de nota à imprensa.

03

Michele ressalta que os novos decretos do presidente podem agravar ainda mais a violência e os crimes praticados com arma de fogo. “Muitas

dessas medidas facilitam

sobremaneira a aquisição de armas e

munições por organizações

criminosas e cidadãos envolvidos na prática de crimes, e prejudicam a já deficiente capacidade de investigação dos crimes violentos e contra a vida pelas forças de segurança pública”, afirmou, no comunicado.

Na nota, o Instituto Igarapé informou que os decretos serão contestados no STF a exemplo de questionamentos de atos do governo relacionados ao tema já feitos anteriormente.

“Com esses decretos somam-se mais de 30 atos normativos publicados nos dois últimos anos. Isso só aumenta a urgência da apreciação das ações sobre a constitucionalidade das medidas do Executivo Federal pelo Supremo Tribunal Federal e da votação dos projetos de decreto legislativo que as suspendem no Congresso”, afirmou Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé, ao cobrar celeridade na tomada de decisão pelo Judiciário e pelo Legislativo.

“Em um Estado Democrático de Direito não se brinca com a segurança e com o bem-estar da população. As instituições da República precisam dar a prioridade e a atenção imediata que as questões de vida ou morte exigem”, frisou Ilona, na nota divulgada pelo Instituto Igarapé.

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O instituto ressaltou que os decretos saíram no “ápice de mortes da pandemia, no mesmo dia em que foram publicados os preocupantes dados sobre o aumento do número de homicídios no país em 2020”. Para a organização sem fins lucrativos, o governo federal, mesmo assim, decidiu priorizar o “desmonte” da política de controle de armas e munições do Brasil.

Ontem, o deputado Marcelo Freixo

(PSOL-RJ), entre outros

parlamentares, havia expressado preocupação com a medida, em postagem no Twitter, e disse que apresentaria projetos para anular os atos, além de voltar a acionar o STF, pois “o presidente não pode legislar sobre armas via decreto.”

https://valor.globo.com/brasil/notici a/2021/02/14/ongs-vao-ao-stf- contra-novos-decretos-que- flexibilizam-compra-de-armas-no-pais.ghtml Retorne ao índice 04

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Valor Econômico

Caderno: Politica, segunda-feira 15 de

fevereiro de 2021.

Secretaria de Pesca quer

assumir administração de

cessão de águas da União

Informação foi passada pelo secretário Jorge Seif, que acompanha o presidente Jair Bolsonaro em viagem a Santa Catarina

Por Carol Macário, Para o Valor — São Francisco do Sul (SC)

O secretário nacional da Pesca, Jorge Seif, afirmou neste sábado que a Secretaria pretende assumir a administração de cessão de águas da União.

“Nós estivemos com a Secretaria de Patrimônio da União. Tem muitos processos de cessão de água que estão parados nas superintendências da SPU nos estados. Eles já estão estudando uma forma de entregar essa administração para a Secretaria Nacional da Pesca. Se isso acontecer, em 2021, será um recorde talvez mundial de cessão de águas da união em um país em um ano. Muitos dos processos dependem de análises deles e nós temos capacidade de fazer. Isso vai honrar não só Santa Catarina, mas o Brasil inteiro”, disse.

05

Seif acompanha o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na visita a São Francisco do Sul, em Santa Catarina. 13/02/2021 13:25:15 https://valor.globo.com/politica/noti cia/2021/02/13/secretaria-de-pesca- quer-assumir-administracao-de-cessao-de-aguas-da-uniao.ghtml Retorne ao índice

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Concessionária da usina Jirau

inicia reestruturação

Localizada no Rio Madeira, em Porto Velho (RO), companhia busca reduzir custos e aumentar a eficiência do projeto

Por Gabriela Ruddy, Valor — Rio

A Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da usina hidrelétrica de Jirau, iniciou uma reestruturação que inclui a alteração do nome da empresa, que passa agora a se chamar Jirau Energia. Responsável pela usina hidrelétrica de maior disponibilidade no fornecimento ao Operador do Sistema Nacional (ONS), com um percentual que chega a 99,22%, a companhia busca reduzir custos e aumentar a eficiência do projeto.

Localizada no Rio Madeira em Porto Velho (RO), Jirau é a quarta maior hidrelétrica do país, com 3,75 gigawatts (GW) de capacidade instalada. “Revisamos estruturas e estratégias de operação e manutenção, em busca de eficiência e otimização de custos. Nesse processo de transição queremos o reequilíbrio econômico-financeiro da operação. Jirau teve dificuldades importantes”, diz o presidente da Jirau Energia, Edson Lima.

06

A hidrelétrica foi alvo de polêmicas na década passada. Protestos durante sua construção, devido aos impactos socioambentais da inundação da barragem, atrasaram as obras, que acabaram custando mais que o dobro dos R$ 9 bilhões inicialmente previstos. A hidrelétrica entrou em operação em 2013 e foi um dos maiores projetos de energia do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A Jirau Energria busca agora a renegociação dos pagamentos de dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao todo, a concessionária recebeu R$ 9,4 bilhões do banco. Também há expectativa de redução da tarifa paga para transmissão da energia (TUST) da unidade.

De acordo com o presidente da companhia, há conversas em curso com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cortar em até 30% a taxa, que atualmente está R$ 1 bilhão por ano. A expectativa é ter a nova tarifa no segundo semestre de 2022.

Desde o fim de 2019 a empresa também começou a comprar energia no mercado de curto prazo para proteger sua exposição a crises hídricas e mitigar riscos. Em paralelo, a companhia conduz projetos de pesquisa e desenvolvimento para entender melhor o comportamento do Rio Madeira.

Entre as iniciativas em análise para aumento da eficiência da operação está a possibilidade de instalação de placas fotovoltaicas na barragem, além da utilização dos troncos de

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árvores que passam pelo rio para geração de energia a base de biomassa. A ideia é aproveitar fontes renováveis para suprir o consumo de eletricidade das próprias operações da hidrelétrica. “Temos um consumo interno alto para movimentar bombas e ventiladores da usina, por exemplo”, diz o presidente.

A Jirau Energia é um consórcio formado entre a Engie Brasil Participações — controladora da Engie Brasil Energia (EBE) —, Chesf, Eletrobrás e Mitsui. Recentemente, o presidente da EBE, Eduardo Sattamini, afirmou que a companhia pode avaliar a incorporação ao seu portfólio da participação de sua controladora no projeto no futuro. Segundo Sattamini, a avaliação será feita “como se fosse a aquisição de um projeto de terceiros” e vai considerar a situação financeira e questões ambientais do projeto. https://valor.globo.com/empresas/no ticia/2021/02/14/concessionria-da-usina-jirau-inicia-reestruturao.ghtml Retorne ao índice 07

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Com covid-19, empresas

familiares adiam

investimentos, demitem e

reduzem dividendos

Realizado pela consultoria BanyanGlobal, estudo confirma o impacto negativo da pandemia de covid-19 para a maioria dos negócios

Por Lucianne Carneiro, Valor — Rio

Um levantamento realizado com 31 empresas familiares no Brasil sobre o impacto da covid-19 nos negócios mostrou que 45% delas adiaram investimentos ou grandes projetos, um terço (28%) demitiu funcionários e mais da metade (52%) reduziu dividendos. Além disso, um quarto das empresas (24%) lançaram mão de licença não remunerada de funcionários e um quinto (17%), de redução de salários ou benefícios. Realizado pela consultoria BanyanGlobal, o estudo confirma o impacto negativo da pandemia para a maioria (58%) dos negócios, embora um terço (29%) indique impacto positivo.

“As empresas familiares têm uma característica forte de resiliência, de foco no longo prazo. A pesquisa

08

mostrou que grande parte dessas companhias priorizou uma situação de caixa mais saudável. A maioria decidiu diminuir ou deixar de distribuir dividendos, para que o impacto não fosse só na equipe”, diz Aline Porto, sócia da consultoria no Brasil e também coordenadora da Plataforma de Empresas Familiares do Insper.

— Foto: Steve Buissinne/Pixabay A pesquisa foi realizada também em outros 25 países nos quais a BanyanGlobal, que é especializada em negócios familiares, atua. Ao todo, foram 183 empresas participantes, incluindo as 31 brasileiras. Os resultados do levantamento global apontam as mesmas tendências apresentadas entre as empresas brasileiras.

Das 31 respondentes do Brasil, 34% são companhias de grande porte – com receita acima de US$ 1 bilhão em 2019. No outro extremo, as empresas menores – com ganho até US$ 30 milhões – são cerca de um quarto do total (26%). Na definição da BanyanGlobal, empresa familiar é aquela em que uma família ou um conjunto de famílias controla os negócios, ou seja, têm o controle decisório.

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Entre as maiores preocupações das empresas para os próximos meses, estão perda de receita (17% se dizem

muito preocupadas e 13%

extremamente preocupadas) e fluxo de caixa insuficiente (8% se definem como muito preocupadas e 13% como extremamente preocupadas). Por outro lado, temas como perda de controle familiar e necessidade de venda não aparecem entre os que trazem extrema preocupação, apenas como muita preocupação (8% e 17%, respectivamente).

“O perfil sugere que a preocupação maior é com a receita e o momento é encarado mais como uma crise temporária, que não será suficiente para quebrar nem vender o negócio”, avalia a sócia da consultoria, admitindo, no entanto, que algumas empresas podem enfrentar situações mais graves.

A crise também obrigou os sócios das empresas familiares a se envolveram mais diretamente nas decisões. Entre as companhias brasileiras, mais da metade (56%) apontou esse envolvimento maior. Para 28% do total, foi um “envolvimento significativo”. “Na crise, os sócios sentiram necessidade de participar mais de perto das decisões”, aponta. Embora não haja dados para empresas não familiares, Aline Porto avalia que o horizonte de mais longo prazo na condução dos negócios familiares sugere que elas tendem a usar outros instrumentos para além das demissões para preservar os negócios, quando possível. “Nossa percepção é que as empresas familiares, ao analisar as alternativas para lidar com esses impactos, consideraram esse 'trade off' [troca]

09 entre os dividendos e a equipe. A empresa familiar pode usar de outros instrumentos que talvez a empresa de capital pulverizado não tenha, já que não controla exatamente a demanda de milhares de acionistas pelos dividendos ou por uma meta pré-estabelecida”, diz.

A despeito da preocupação com o momento, as empresas familiares também veem espaço para o aprendizado. Entre os benefícios apontados, seja para o curto ou o longo prazo, estão processos de tomadas de decisões (71%), aumento de eficiência operacional (63%), novas oportunidades de negócios (58%) e aumento de engajamento das equipes (58%). https://valor.globo.com/empresas/notici a/2021/02/13/com-covid-19-empresas- familiares-adiam-investimentos-demitem-e-reduzem-dividendos.ghtml Retorne ao índice

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Valor Econômico

Caderno:Legislação e Tributos,

segunda-feira 15 de fevereiro de

2021.

Transação da pandemia ou

parcelamento repaginado?

Há clara redução do âmbito de negociação possível à mera adesão do contribuinte a critérios estabelecidos unilateralmente

São Paulo

Ao fim de 2019, os tributaristas comemoraram a aprovação da Medida Provisória nº 899, que, após quase 60 anos, disciplinou o instituto da transação tributária em matéria federal, trazendo três modalidades possíveis: proposta individual ou por adesão na cobrança da dívida ativa, adesão nos demais casos de

contencioso judicial ou

administrativo tributário e adesão no contencioso administrativo tributário de baixo valor.

Ainda em 2019 e mesmo antes da conversão da MP em lei, foi publicada a Portaria PGFN nº 11.956, que estabeleceu os requisitos e condições para a realização da transação na cobrança da dívida ativa da União. Em 2020, com a conversão da MP na Lei nº 13.988/2020, as outras modalidades de transação foram disciplinadas e ao longo do ano e editais foram abertos.

10

Ontem, foi publicada uma nova portaria da Procuradoria da Fazenda Nacional, que estabeleceu condições para transação de débitos tributários resultantes da crise econômica decorrente da pandemia do coronavírus: a “transação da pandemia” (Portaria PGFN nº 1.696/2021). Nos termos do ato recém-publicado, aplica-se a essa nova possibilidade de transação as regras da “transação excepcional” previstas nas Portarias PGFN nºs 14.404/2020 e 18.731/2020, também criadas por conta do cenário econômico pandêmico.

É sabido que o Brasil está envolto em uma das maiores crises econômicas de sua história, com índices altíssimos de desemprego e aumento crescente de desigualdade. Medidas como essa visam à recuperação de empresas e indivíduos e são necessárias diante do contexto atual. Contudo, é preciso indagar: seria a transação por adesão verdadeira transação?

Há muito sou defensora da adoção de métodos alternativos de resolução de disputas em matéria tributária e a transação, ao lado da arbitragem, é instituto necessário para a redução da litigiosidade entre fisco e contribuinte. Nos termos do Código Tributário Nacional, trata-se de mecanismo de solução de litígios, calcado na negociação entre as partes, que chegam a um bom termo, mediante concessões mútuas. Parece claro que a denominada transação excepcional está longe desse desenho básico do instituto.

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A transação da pandemia, ora criada, dar-se-á por adesão e sem qualquer possibilidade de negociação. O instituto, como se vê, é muito mais próximo de um parcelamento qualificado pelos requisitos que aqueles que irão aderir devem cumprir, do que uma transação no sentido verdadeiro. Como já destaquei em outro texto escrito junto com Andréa Mascitto, a imposição de condições inegociáveis, previstas em edital cuja adesão é obrigatória para quem quer se valer dos benefícios propostos, desnatura a transação e a aproxima de outras figuras. O parcelamento é a mais óbvia delas. O tema é fundamental e não se trata de mero preciosismo acadêmico ou apego a denominações. Parcelamento e transação são institutos diversos, com consequências jurídicas e requisitos diferentes. A exigência de lei e o efeito relativo à suspensão da exigibilidade do crédito tributário apenas se dá no caso de parcelamentos; já a transação é causa de extinção do crédito, realizada na esfera de discricionariedade da autoridade tributária, dentro dos limites da lei autorizadora.

No momento atual, é interessante que haja a possibilidade de descontos e pagamentos alongados de dívidas tributárias, e os critérios eleitos pelo Ministério da Economia parecem ser justos. Mas isso, por si só, não justifica chamar de transação algo que está longe de representar a essência do instituto. Trata-se de modalidade específica de parcelamento, junto com outras figuras, como a remissão, autorizadas por ato unilateral do Poder Executivo, mediante condições específicas.

11 É possível argumentar, de outro lado, que o cerne da transação estaria presente em razão da avaliação da

capacidade econômica do

contribuinte e isso resultaria em algum grau de negociação entre as partes, já que, diferente dos parcelamentos que já tivemos, os requisitos não são indiscriminados; apenas um certo grupo de contribuintes pode aderir à transação excepcional (ou da pandemia, na linguagem atual da Portaria). A despeito de válida, não posso concordar com essa linha de pensamento, pois há clara redução do âmbito de negociação possível à mera adesão do contribuinte a critérios estabelecidos unilateralmente. Parece-me claro que quem apenas adere não verdadeiramente negocia. Para além das questões de qualificação jurídica, há ainda o risco de esse modelo de “transação por adesão” se tornar recorrente a ponto de efetivamente representar o instituto na esfera federal. Esse risco, de ordem prática, é real e pode ter impactos negativos no longo prazo, pois pode representar limitação indevida do instituto no âmbito federal. Há diversos modelos de transação tributária estaduais e municipais já implementados, que efetivamente revelam negociação e concessão das partes, sempre sob o escrutínio da lei.

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A União deveria se espalhar mais nesses modelos e menos na replicação da velha fórmula dos parcelamentos, ainda que com alguns diferenciais. Contribuintes e fisco apenas têm a ganhar com a evolução concreta do instituto e a incorporação de métodos efetivos de redução de litígio

https://valor.globo.com/legislacao/fio- da-meada/post/2021/02/transacao-da- pandemia-ou-parcelamento-repaginado.ghtml Retorne ao índice 12

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Caderno: Mercado, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Governo mapeia resistências a

propostas da reforma

tributária

Levantamento mostra críticas a todos os textos e reforça dificuldade para um desenho final

Fábio Pupo

BRASÍLIA

O governo concluiu um mapeamento das visões de empresários sobre as diferentes propostas de reforma tributária em discussão no Congresso. O resultado mostrou em detalhes setores expondo visões contrárias entre si e críticas a todos os textos, ampliando o cenário de dificuldade para Executivo e Legislativo chegarem a um desenho final.

A iniciativa foi liderada pela Secretaria de Governo a partir de reuniões com entidades empresariais e representantes da sociedade civil até o fim do ano passado.

O material servirá de base para Planalto e Ministério da Economia aprofundarem o debate e aprimorarem a articulação no momento em que o Legislativo sinaliza avançar com a reforma. Os novos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e

Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

afirmaram que a apresentação do

13

relatório da comissão mista deve ocorrer até o final deste mês.

Ambos disseram acreditar que a reforma será aprovada em definitivo no Congresso entre agosto e outubro. São três os principais textos em discussão no Congresso. Duas PECs (propostas de emenda à Constituição) do Congresso, a 45 e a 110, que fundem uma série de tributos —e criam no lugar o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), além de um imposto seletivo sobre produtos como cigarros. E um PL (projeto de lei) do governo, mais simples, que funde apenas PIS e Cofins (cobrados das empresas) na nova CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).

O objetivo principal das propostas é simplificar o sistema tributário. Mas,

como os textos têm suas

particularidades, uma mesma peça pode ser considerada interessante para um setor e uma tragédia para outro.

Foram ouvidas pelo governo as opiniões de nove entidades que têm presença constante nos gabinetes de Brasília. Entre elas, as confederações nacionais da indústria (CNI), do comércio (CNC), dos serviços (CNS), da agricultura (CNA), além da associação de empresas de infraestrutura (Abdib).

De acordo com o resultado do levantamento, obtido pela Folha, mesmo nos casos em que um setor expressou posição clara por uma proposta, foram apresentadas preocupações.

(17)

A indústria, por exemplo, considera pouco abrangente o projeto de lei apresentado pelo governo e critica a PEC 110 por causa das diferentes alíquotas previstas —por isso, defende a PEC 45.

Mas o setor demanda ajustes como a garantia constitucional de que insumos na cadeia produtiva não vão pagar os novos tributos previstos pela PEC —o novo IBS e o futuro imposto seletivo (que pode ser aplicado, por exemplo, a combustíveis fósseis usados na indústria).

Além disso, a indústria defende manter incentivos e benefícios fiscais (como a Zona Franca de Manaus). Também quer incluir o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas fusões do IBS, isentar movimentações financeiras e insumos de IBS, liberar saldos dos atuais créditos tributários para uso no modelo a ser aprovado e encurtar o prazo de transição (de dez anos).

A Folha também procurou as entidades.

Mário Sérgio Telles, gerente de Política Econômica da CNI, diz que as sugestões visam substituir o que considera um sistema tributário prejudicial por um modelo em prol não apenas da indústria.

"O atual sistema é muito danoso não só para a indústria, mas para o país. Porque retira nossa competitividade tanto nas exportações como no mercado interno [ao disputar com bens importados]", afirma.

Já o setor de serviços contesta a visão da indústria e considera as PECs do Congresso um risco, em especial a 45.

14 O grande receio é o aumento da carga tributária, já que cálculos apontam para uma alíquota de IBS de 25% a 30%, considerada elevada, e sem possibilidade de abater créditos tributários.

"Nenhuma das [três] propostas serve para o setor de serviços", diz Luigi Nese, presidente da CNS.

Para ele, o PL do governo até poderia representar um avanço, mas desde que houvesse redução na alíquota —o Executivo apresentou proposta de 12%— e a desoneração da folha de pagamento.

"Uma alíquota dessa em um setor que não tem créditos nos onera diretamente. Uma assessoria, uma consultoria, um médico, um advogado, todos terão seu custo elevado. Deveria ser de 8% ou 9% no máximo", afirma.

O setor defende os ajustes no PL do governo e principalmente a desoneração de impostos pagos pelas empresas sobre o salário dos empregados, algo a ser compensado pela recriação da CPMF (proposta também pelo ministro da Economia, Paulo Guedes).

"Aprovar antes [o PL do governo que funde PIS e Cofins] a gente não concorda, tem de ser feita concomitantemente [à desoneração]", diz.

"O importante é batalhar para empregar gente, porque cada vez mais tem dificuldade de empregar. A CPMF é um imposto que pode ser facilmente implementado sem complexidade e com menos evasão", diz.

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As empresas de infraestrutura defendem a manutenção de regimes especiais de tributação e dizem que, da forma como estão escritas, todas as propostas vão trazer prejuízos ao setor.

No caso da agricultura, a visão é similar. A PEC 45 é vista como "terrível" para o setor, por pontos como oneração da cesta básica, tributação de insumos que contam

hoje com isenções (como

fertilizantes), cobrança de ISS (um imposto municipal sobre serviços) sobre os bens e geração de complexidade à rotina dos agricultores para fazer os cálculos de créditos tributários.

"A PEC 45, da maneira como se encontra, é a que mais prejudica o agro. E a do governo é a que menos [afeta]. Mas todas elas trazem impactos", diz Renato Conchon, coordenador de economia da CNA. No caso do PL do governo, a grande vantagem vista pelo agronegócio é o tratamento diferenciado ao setor por manter a desoneração dos produtos da cesta básica. Mas a entidade vê

problemas como a maior

cumulatividade em insumos e defende pontos como uma alíquota mais baixa (no texto, está em 12%) e a manutenção da isenção sobre defensivos.

De qualquer forma, Conchon diz que a entidade vai apoiar qualquer proposta que incorpore suas sugestões —já apresentadas na forma de propostas de emendas ao Congresso.

"A reforma é uma necessidade. O que nos preocupa é essa discussão ad

15 eternum. Que investidor vai colocar dinheiro num país sem saber que imposto vai vigorar no ano que vem? Nosso objetivo é que se faça uma reforma. E que se faça logo", diz.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/202

1/02/governo-mapeia-resistencias-a-propostas-da-reforma-tributaria.shtml

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Caderno: Mercado, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Governo lança hoje novas

regras para tentar baratear

seguro de automóveis e

residenciais

Com desregulamentação, meta é simplificar e diversificar a oferta e aumentar a concorrência, mas há risco para o consumidor

Geralda Doca

Governo acaba com amarras de

seguradoras para lançar produtos com combo com diferentes coberturas e prevê barateamento de seguros em ramos como

de carros e casas Foto: Ana

Branco/Arquivo

RIO - A partir de 1º de março, as seguradoras terão total liberdade para ofertar aos consumidores combos, ou seja, pacotes de serviços com a combinação de vários de tipos de cobertura em uma mesma apólice. Atualmente, isso não é possível. Todos os produtos precisam de aprovação prévia da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Mas o governo decidiu liberar o mercado de

16 seguros de danos, destinados a proteger o patrimônio das pessoas e das empresas, como os de vida, residencial e de automóveis.

Segundo o diretor técnico da Susep, Rafael Scherre, o emaranhado de regras atuais torna o processo burocrático e caro, o que dificulta o acesso da população aos seguros: — O objetivo da desregulamentação do setor é diversificar os produtos oferecidos, reduzir preços ao consumidor final e ampliar a cobertura do seguro no país. Os produtos poderão ser estruturados de forma flexível, sem análise prévia ou aprovação das condições contratuais. A nova regra já passou por consulta pública e será divulgada amanhã pelo órgão regulador. A expectativa da Susep é que, já no segundo trimestre, comecem a aparecer produtos com cara nova no setor. Com a mudança, será possível, por exemplo, fazer um seguro residencial para proteger a casa só quando o morador estiver fora, no trabalho ou em viagens, um sistema de liga-desliga. Esse modelo de contratação intermitente já existe para veículos e permite ao motorista acionar o seguro só quando sai da garagem.

Além de danos como furto e incêndio, o seguro residencial poderá prever assistências e serviços de manutenção de geladeira, máquina de lavar, chaveiro e encanamento. O morador poderá incluir ainda coberturas relacionadas a riscos no transporte, nos deslocamentos para o trabalho.

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Produtos sob medida

O seguro do celular, hoje restrito à cobertura de furto, perda e queda do aparelho, poderá abranger proteção de dados, minimizando assim danos com vazamento de informações — cobertura, aliás, que já está no radar das seguradoras.

Segundo o presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Antônio Trindade, as empresas estão preparadas para anunciar produtos “feitos sob medida”:

— Como conheço, em tese, quem quero atingir, sei qual é a renda da família, onde mora e quais são suas necessidades imediatas, tamanho de apartamento e atividade econômica, posso colocar em uma única apólice várias coberturas para proteger os riscos que enfrenta no seu dia a dia — explica Trindade.

A nova regra pretende simplificar os contratos para facilitar o entendimento dos consumidores, diz Scherre. Será possível, por exemplo, fazer o pedido de abertura de sinistro e pagamento de indenização por aplicativos e de forma automática em alguns seguros.

— Queremos que um mesmo produto possa atender a diferentes necessidades do consumidor. No entanto, esses produtos precisam ser simples, o consumidor precisa compreender o que vai proteger, como funciona, parar com aquela sensação de que vai comprar e quando tiver algum problema não vai receber. Além do preço — diz Scherre. Segundo ele, a medida deve ampliar a concorrência e impulsionar o

17 mercado de seguros com a cobertura de diversos bens. O líder de mercado hoje é o segmento de veículos e ainda assim somente 30% da frota brasileira é coberta, segundo dados da Susep. Fiscalização mais forte

O advogado David Nigri, porém, teme que a desregulamentação prejudique o consumidor:

— Para a desregulamentação dar certo, seria preciso redobrar a fiscalização. Hoje já temos muitos problemas, seguradoras que tentam se eximir de coberturas. Quando isso acontece, temos as circulares da Susep para defender o consumidor. Sem isso, o risco é aumentar a judicialização.

O advogado Igor Marchetti, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), vê aspectos positivos na desregulamentação, como a possibilidade de flexibilizar contratos para atendimento de situações específicas, mas pondera: — Não podemos perder de vista que, via de regra, a tendência da desregulamentação é a mitigação de direitos. Apesar de ser necessário que os seguros de fato atendam às necessidades concretas dos consumidores, a prática precisa ser vista com cautela.

Scherre afirma, no entanto, que a Susep se preparou para a nova fase com a criação de novos mecanismos de controle, incluindo a figura do cliente oculto, que simulará a contratação do seguro.

A flexibilização das regras, segundo o órgão, será acompanhada de contrapartidas por parte das

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seguradoras. Elas não poderão, por exemplo, fazer o cancelamento unilateral do contrato.

Scherre diz ainda que será obrigatório o registro das apólices para permitir ao cliente verificar o contrato.

Estão previstas punições

Em caso de descumprimento das normas de conduta, as seguradoras estarão sujeitas a sanções, multas. —Como a ideia é dar liberdade e aumentar muito os tipos de produtos oferecidos e de cobertura, é importante que a nossa área de supervisão seja mais atenta do que nunca — diz o diretor da Susep.

Confira as mudanças e saiba como reclamar

Como é hoje

Atualmente há interferência da Susep no mercado, determinando um modelo padrão de seguro, que exige uma apólice para cada tipo de cobertura. O órgão regulador precisa aprovar o formato do produto e as condições dos contratos.

Como vai ficar

O setor de seguros será

desregulamentado. Ou seja, as seguradoras terão liberdade para ofertar diversos tipos de produto e fazer combinações de coberturas sem necessidade de aprovação prévia da Susep.

18 Fiscalização

A Susep continua sendo o xerife do setor, podendo aplicar sanções e multas às seguradoras que descumprirem normas de conduta que acompanham as novas regras. Canal de reclamações

Desde 1º de janeiro, o canal para reclamações dos consumidores é o Consumidor.gov.br, plataforma oficial do governo federal para composição de conflitos em relações de consumo. O canal pode ser acessado por meio

do site da Susep

(https://www2.susep.gov.br/safe/con sumidor/app/), que permite a seleção da empresa a ser reclamada e direciona para o ambiente de registro da reclamação no Consumidor.gov.br

(Colaborou Luciana Casemiro) https://oglobo.globo.com/economia/desafios -brasileiros/governo-lanca-hoje-novas- regras-para-tentar-baratear-seguro-de-automoveis-residenciais-24884034

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Caderno: Mercado, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Bitcoin bate novo recorde, e

valor chega a quase US$ 50 mil

Com adoção mais ampla, moedas virtuais começam a ganhar espaço no mercado financeiro

Reuters

Bitcoin: moeda virtual em alta no mercado Foto: DADO RUVIC / REUTERS NOVA YORK - O Bitcoin atingiu um novo recorde em seu valor e se aproximou de US$ 50 mil neste domingo, com Wall Street cada vez mais adotando a maior criptomoeda do mundo.

O Bitcoin chegou a US$ 48,7 mil dólares na manhã deste domingo, crescimento de mais de 3%. A moeda virtual foi negociada a até US$ 49,7 mil mais cedo.

VC Investe: Bitcoin dispara e já atrai a atenção de grandes gestoras e de fundos de investimento

A criptomoeda teve um crescimento de quase 70% em um ano.

Depois de serem evitadas por empresas financeiras por muito

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tempo, o Bitcoin e outras moedas virtuais parecem estar cada vez mais presentes no mercado financeiro como um ativo e meio rotineiro de pagamentos.

O banco BNY Mellon afirmou semana passada que formou uma nova unidade para ajudar clientes a manter, transferir ou emitir ativos digitais, apenas dias depois de a Tesla de Elon Musk revelar que havia comprado US$ 1,5 bilhão em Bitcoin e em breve o aceitaria como pagamento pelos seus carros elétricos.

Na sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários de Ontario, no Canadá, aprovou o lançamento da Purpose Bitcoin ETF, primeiro fundo negociado em bolsa de Bitcoin do mundo, da empresa de gestão de ativos de Toronto Purpose Investments Inc.

https://oglobo.globo.com/economia/ bitcoin-bate-novo-recorde-valor-chega-quase-us-50-mil-24883410 Retorne ao índice

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Caderno: Mercado, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

Ford pode demitir em massa,

independentemente de

resultado das negociações

Antes, a Justiça determinava que a dispensa somente poderia ser feita após a empresa 'lograr êxito' nas negociações com o sindicato; montadora ainda precisa esgotar todo o processo de conciliação antes de poder demitir

Érika Motoda, O Estado de S.Paulo

O desembargador do Trabalho Edilton Meireles de Oliveira Santos, da Justiça do Trabalho da 5ª Região, na Bahia, decidiu em liminar que a Ford pode demitir em massa os funcionários da fábrica de Camaçari (BA) independentemente do resultado das negociações coletivas. Antes, a Justiça determinava que a dispensa somente poderia ser feita após a empresa “lograr êxito” nas negociações com as entidades que representam os trabalhadores. Segundo o sindicato, a montadora ainda precisa esgotar o processo de conciliação antes de poder demitir.

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Uma das fábricas da montadora americana Ford ficava em São Bernardo do Campo (SP) Foto: Marcelo Gonçalves/Sigmapress

Na ação, argumenta-se que "se, por hipótese, o sindicato quiser continuar negociando até 2030 e disser que somente aceita celebrar o acordo coletivo para disciplinar a dispensa coletiva com o pagamento de R$ 1 milhão para cada empregado, a empresa nada poderá fazer diante da decisão”.

O texto ainda argumenta que essa determinação viola o princípio da livre-iniciativa, pois não há qualquer previsão legal que impeça a empresa a encerrar sua produção, "quando se conclui que não há como continuar obtendo resultados positivos na fabricação de veículos no Brasil". Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, as mudanças acatadas pelo desembargador tratam-se apenas de correções. As negociações do representante de trabalhadores com a Ford seguem inalteradas. “A gente quer chegar em um consenso para dar uma reparação financeira aos trabalhadores, para dar o mínimo de estabilidade social, para dar pelo menos uma sobrevida para minimizar o impacto da saída da empresa”, disse Bonfim. “A gente não quer encerrar as

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negociações, a gente quer negociar até chegar em uma posição financeira positiva para os trabalhadores.” O sindicato tem, segundo ele, uma reunião com a mesa diretora da Ford nesta segunda-feira, 15, às 14h. Há há também uma nova audiência de conciliação no TRT-5 nesta quinta-feira, 18.

A Ford disse que não vai comentar. Manutenção da ordem

O Ministério Público do trabalho divulgou uma nota neste domingo, 14, na qual afirma que a decisão do desembargador Santos manteve a ordem de liminar anterior, além de esclarecer outros pontos:

Abster-se de dispensar coletivamente os empregados até encerramento da negociação coletiva; Abster-se de suspender o pagamento de salários e/ou licenças remuneradas dos trabalhadores durante as negociações; Abster-se de praticar assédio moral negocial e de apresentar ou oferecer propostas ou valores de forma individual aos trabalhadores, durante a negociação coletiva;

21 Fornecer ao sindicato profissional as informações que lhe sejam solicitadas às negociações e à tomada de decisões

pela categoria

profissional.

A empresa está autorizada a dispensar individualmente os trabalhadores por justa causa. Além disso, liminar suspendeu a decisão que determinava à Ford que apresentasse dados de toda a rede contratual impactada pelo anúncio de encerramento abrupto das atividades no País.

Liminares

No dia 5, o juiz substituto Leonardo de Moura Landulfo Jorge, do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, emitiu uma liminar que levou em conta o risco de dispensa coletiva antes da conclusão da negociação com o sindicato. Na decisão, o juiz também apontou supostos entraves colocados pela montadora na negociação coletiva, como não fornecer informações relevantes ou manter canal de diálogo de forma individual com os trabalhadores. A multa, em caso de descumprimento de cada item da liminar, era de R$ 1 milhão de reais, acrescida de R$ 50 mil por trabalhador.

Desde então, a Ford A Ford estava impedida de demitir os funcionários das fábricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) sem que antes negociasse as indenizações trabalhistas, com os respectivos sindicatos. Da mesma forma, a montadora não poderia suspender durante essas negociações, e enquanto vigorem os contratos de

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trabalho, o pagamento dos salários de seus funcionários, assim como as

licenças remuneradas dos

trabalhadores.

A Ford anunciou em janeiro o fim de uma história de um século de produção de carros no Brasil. A montadora, que já tinha encerrado em 2019 a produção de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, comunicou que vai fechar neste ano as demais fábricas no País: Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka; Taubaté (SP), que produz motores; e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.

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Caderno: Mercado, segunda-feira 15

de fevereiro de 2021.

'Discriminação no crédito ficou

mais evidente na pandemia'

Fernando Ribeiro, presidente da Kobold, diz que empresas menores são as mais penalizadas

Entrevista com Fernando Ribeiro

Fernanda Guimarães, O Estado de S.Paulo

15 de fevereiro de 2021 | 05h00 A forma como os bancos emprestam recursos, com o olhar para seu balanço financeiro e com exigência de

garantias, desenvolve uma

“discriminação no crédito”, na qual empresas de menor porte são penalizadas com uma taxa de juros mais alta, afirma Fernando Ribeiro, presidente da Kobold, gestora especializada na gestão de fundos creditórios (FIDCs). Esse cenário

ficou mais em evidência

na pandemia, especialmente no pior momento da crise, na qual as grandes empresas tiveram acesso a liquidez, enquanto as empresas menores não. A seguir, trechos da entrevista:

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Fernando Ribeiro, presidente da

Kobold Foto:

KOBOLD/DIVULGAÇÃO

Por que o crédito é discriminatório?

A maneira em que o crédito é oferecido ao mercado vem com dogmas seculares. O grande, médio e pequeno são considerados pelos seus números e suas disponibilidades de garantias. O acesso ao crédito mais barato é para quem é mais forte e grande e mais caro para quem tem uma estrutura mais frágil de capital. Essa forma de conceder crédito não potencializa as estruturas de negócio e provoca o empoçamento de crédito e discriminação, de alguma forma. E isso ficou mais claro na pandemia?

A discriminação ficou mais evidente na pandemia. No começo houve muita busca por crédito e os grandes conseguiram, pois tinham menos risco. Para as pequenas e médias o melhor modelo foi o Pronampe, mas mesmo assim não atendeu a todas.

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E como o risco das empresas pode ser medido?

O risco não pode ser medido por uma foto do passado, sem compreender o presente. Se um pequeno empresário cumpre o que propõe em suas transações com uma grande empresa, ele não pode ser penalizado pelo seu tamanho. A tecnologia já permite que essa análise seja feita, capturando em tempo real uma série de evidências ao longo da vida da transação.

Mas como dar crédito mais barato a empresas menores? É preciso fortalecer as cadeias e dar um novo outro olhar ao crédito. Não por foto, mas por filme. É preciso conhecer as condições da cadeia, conhecer o propósito e aí precificar o risco. Com o crédito, você fortalece a empresa, a cadeia e a empresa protagonista também. Há melhora em todo o ecossistema e mais saúde para as pontas que estão mais frágeis. E as empresas protagonistas de cadeias de fornecedores estão mais sensíveis ao tema?

Estamos em conversas com mais cadeias para oferecer a infraestrutura em que grandes empresas fazem o crédito chegar aos pequenos. Fechamos com a SAP e em breve deveremos anunciar uma parceria com uma multinacional no setor de equipamentos médicos. As cadeias perceberam a necessidade de manter a sua cadeia sadia.

https://economia.estadao.com.br/noticia s/geral,discriminacao-no-credito-ficou- mais-evidente-na-pandemia,70003616781 Retorne ao índice 24

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Segunda-feira, 15 de fevereiro de

2021

"Sem inteligência artificial,

cobrança da dívida inscrita

estaria condenada"

Por Carlos de Azevedo Senna

O Plano São Paulo marcou a vida do contribuinte paulista em 2020. O conjunto de medidas e metas para lidar com a pandemia da Covid-19 dependeu da consultoria e defesa garantidas pela Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo. Também dependeu da instituição todo o combate a pedidos e pretensões de empresas e cidadãos que poderiam colocar em risco a coordenação das ações governamentais.

Apesar desse papel de advocacia do governo estadual, a procuradora-Geral do estado, Maria Lia Pinto Porto Corona, afirma que parte do sucesso da atuação da PGE é devido ao fato de não ter caráter político, e, sim, de garantia do bem público.

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Escolhida pelo governador João Doria para ocupar o cargo no biênio 2019/2020, Lia Porto atuava como procuradora na área da dívida ativa, trazendo sua experiência para a administração e reestruturando completamente os procedimentos de gestão dos valores devidos ao estado. Para modernizar a dívida ativa do estado, apostou em inteligência artificial para separar as dívidas cobráveis das irrecuperáveis, tornando São Paulo o único estado que protesta 100% da dívida inscrita. Sem inteligência artificial, afirma, o trabalho estaria condenado. "A capacidade do Judiciário jogar o prazo e rodar o processo é enorme. Se a gente não estiver preparado desse lado, não consegue atender à demanda do Judiciário."

Especializada em Direito Tributário, ela ingressou na PGE-SP em 1993. Foi procuradora-chefe da Procuradoria Fiscal e, entre setembro de 2015 e abril de 2018, subprocuradora-Geral do Contencioso Tributário Fiscal.

Impossibilitados de aderir como os outros membros da PGE ao regime de home office, Lia e sua equipe de assessores próximos trabalharam intensamente durante os momentos mais graves da pandemia para garantir a efetividade das medidas do estado. Leia abaixo a entrevista:

ConJur — Os planos da administração da senhora foram concretizados? Quais são os objetivos para o futuro? Lia Porto — Primeiro, esclarecendo que a Procuradoria não é uma

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secretaria, não é uma pasta, é uma instituição. Então nossos projetos e planos não são planos de governo, são de Estado. E desde que eu assumi, em 2019, posso dizer que sim, nós estamos atingindo tudo dos nossos projetos de atuação e, mais do que isso, estamos tendo 100% de apoio do governo do estado de São Paulo para que essas metas sejam atingidas.

Atuamos em três grandes frentes. Uma delas é na área consultiva. Nenhum grande contrato ou projeto de governo sai ou é executado sem um parecer de viabilidade jurídica. Como esse governo tem empreendido muito, tem buscado muitos investimentos, buscado muitas novidades, então nossa área está sendo bastante demandada. Mas temos um quadro que vem se mostrando brilhante nesse sentido, para que nos apoie. Temos uma frente que é o contencioso geral, que são todas essas residuais de ações que não são tributárias. Dentro da área do contencioso tributário, além da defesa das ações que nos chegam nos tribunais, temos uma parte que não é só cobrança da dívida ativa, mas gestão e cobrança. A dívida ativa pertenceu durante muito tempo à Secretaria da Fazenda. Em 2007, ela passou a ser organizada e controlada pela gestão da PGE. Durante muito tempo nós saneamos e organizamos a dívida. Nem todas as empresas haviam apresentado os valores. Herdamos um universo que tivemos de depurar para saber, de tudo aquilo, o que nós consideramos dívida cobrada e dívidas

que nós achamos que são

incobráveis. Depuramos tudo primeiro e depois segmentamos de acordo com os nossos interesses.

26 Utilizamos inteligência artificial para nos ajudar nessa construção, pois a base e as variáveis são muito grandes. Você tem de analisar a tese, o processo judicial. Muitas vezes as pessoas já estão discutindo a dívida com garantia, o Estado cobra, o contribuinte se defende, deposita em juízo aquela dívida e tem o poder de discutir até a decisão final se ela é válida ou não. As maiores dívidas muitas vezes são ou estão sendo discutidas com depósitos, com garantias. Então elas não são exigíveis naquele momento.

Por isso que a gente precisa de uma inteligência artificial, porque não estamos lidando com um único fator. Posso apresentar uma dívida de R$ 1 bilhão, mas ela está garantida, sendo discutida judicialmente. Então para nós não é que ela não é importante. Temos um grupo de procuradores para explorar a tese e discutir judicialmente. Vamos focar a nossa força de arrecadação naqueles que não têm a garantia e a dívida suspensa. E voltamos muitas vezes nisso.

ConJur — Quando falamos de modernização da dívida, é disso

que se fala?

Lia Porto — Posso lhe dizer que São Paulo, hoje, é o estado que tem a dívida ativa mais organizada, mais segmentada do Brasil. Porque quando os estados vêm nos procurar, é com a intenção de modernizar. Se você não fizer a lição de casa, você está lidando com dado podre. E isso torna o trabalho ineficiente.

O que aconteceu em São Paulo? Ficamos durante quase dez anos nesse trabalho, segmentando, saneando, tirando, oficializando conceitos. Trabalhamos muito junto da Secretaria da Fazenda, com o Tribunal de Contas,

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com a Procuradoria do estado para que isso fosse muito claro, para sabermos o que a gente poderia cobrar e o que não. Esse trabalho evoluiu bastante e hoje felizmente nós temos uma dívida muito organizada.

Ainda não fizemos a baixa dos incobráveis, pois isso depende também de autorização do Tribunal de Contas, da Procuradoria. Mas hoje em dia nós já conseguimos separar, segmentar. ConJur — Já há uma ideia de qual seria o impacto desses incobráveis na dívida ativa do estado? Lia Porto — Não tem muito. O impacto será muito positivo para nós, porque nós arrecadamos hoje um percentual que eu acho que está entre dois e três anos em cima de uma base suja. É o maior do Brasil, mas em cima de uma base suja. Então você tem uma base que, quando você tira e segmenta, novamente, de acordo com critérios contábeis e aprovados, aquela base diminui e seu percentual aumenta. Então o impacto é positivo.

O estado estava sendo ineficiente por trabalhar e empreender esforços e dinheiro em dívidas que nós consideramos, por termos contábeis, irrecuperáveis. Por exemplo, agora estou dando um exemplo rasteiro, baixo. Uma empresa que está há 20 anos desaparecida com uma dívida milionária, os sócios morreram, não existe mais garantia nenhuma a se buscar, está inteira alaranjada. Você tem, às vezes, dívidas que são valores um pouquinho menores, mas que têm capacidade de serem recuperadas. Que são empresas ativas e coisas assim. Nós não vamos empreender esforços numa empresa que está desaparecida, sumida, alaranjada. Essa é a eficiência que nós estamos buscando.

27 ConJur — Então é um trabalho de também cortar gastos com esforços que não trazem nada? Lia Porto — Exatamente. É uma economia. No princípio, isso era entendido como abrir mão do dinheiro público. Hoje a gente já entende que a cobrança é cara, envolve procurador, funcionário, Poder Judiciário, diligências. As diligências de um processo judicial são caríssimas. Então, às vezes, você fica empurrando aquele processo judicial, mandando fazer diligências que você sabe que são infrutíferas, mas você gasta para isso. Então começamos a fazer conta. Quanto se está gastando aqui? Não está valendo a pena, estamos gastando muito para recuperar zero. Sendo que muitos devedores se aproveitam dessa massa ineficiente para que os processos deles demorem. A ineficiência é a demora da rapidez. Tempo na cobrança é tudo. Quando a gente tem uma massa muito grande, a gente está trabalhando sem foco. Quem não quer pagar se aproveita muito dessa situação.

Então há hoje uma reclamação muito grande, inclusive de associações, sindicatos e até de contribuintes que se associam, que ficaram incomodados com nossa eficiência. Acham que utilizamos inteligência para invasão de privacidade. Mas não, são todos dados públicos. A gente só fez isso: separou e dividiu esforços no que achamos que tem uma cobrança mais eficiente, para que não se gaste dinheiro público com coisas que não funcionam mais.

A máquina é enorme, precisa ser enxugada. Isso está dentro do projeto que eu chamo de modernização e enxugamento de estrutura não física. Empreender as nossas estruturas em uma política mais eficiente de cobrança.

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ConJur — A aprovação da Lei 17.293, que fala sobre transação tributária, está dentro desse contexto?

Lia Porto — Sim. Hoje só é possível porque conseguimos, dentro dessa organização, segmentação de dívida ativa, fazer uma classificação, como também é feita já na Fazenda Nacional. Para você fazer uma segmentação, uma transação, você precisa ter uma lista. Isso só é possível quando você tem uma inteligência e critérios objetivos que são alimentados para isso. Estamos

trabalhando muito nessa

regulamentação interna para que esses sistemas nos apoiem.

As pessoas entendem muito a transação como programa de parcelamento incentivado. Não é anistia, é outra coisa. Uma empresa que chega aqui, por exemplo, um PPI, um parcelamento incentivado, entra num sistema e faz por isonomia de parcelas entre outros critérios. Já na transação, não. É dizer: "Deixa eu ver aqui como é que você conduz todos os seus processos, como é que você se comportou durante todos esses anos."

Se você andou sendo fraudador ou sonegador, não vai fazer, porque aí está em outra categoria. Se você tem suas dívidas garantidas, se a sua tese envolvida e discutida não é boa, se o estado for ganhar uma tese, porque eu vou transacionar? Eu só posso transacionar no que eu sei que eu vou perder ou que eu tenho menor possibilidade de vitória. A transação é muito complexa.

28 ConJur — A lei tornou algo complexo mais regulamentado e, portanto, mais tangível? Lia Porto — Isso não existia. A possibilidade de transação nunca foi posta exatamente porque nós não tínhamos lei. Só veio no momento em que a Procuradoria-Geral do Estado veio dizendo: "Ok, o estado de São Paulo está preparado para atuar na transação".

Enquanto nós não sentimos que o estado estava preparado para lidar de forma profissional com isso, não encaminhamos projeto nenhum. Porque é complexo.

ConJur — A transação é só para quem está inscrito? Então é responsabilidade integral da PGE?

Lia Porto — Vai ser acompanhada por órgãos de controle. A gente tem de ter toda uma motivação para cada caso, justificar cada um, verificar tese, valor, possibilidade de pagamento, que em dívida conta muito. Dívida de 30, 50 anos. Principalmente quando a gente está falando de ICMS, até de IPVA, também. Isso é determinante.

Quando você recebe uma cobrança de autuação, ainda que seja dano inscrito, numa fase inicial, você tem toda uma fase administrativa. Acabando essa fase administrativa, a dívida é inscrita e passa a ser para a PGE. Existe um arranjo, uma disponibilidade dos bens e das garantias que podem ser feitas. Então, quando você demora muito para cobrar, você tem menos recuperação. Nós temos um decreto estadual que dá 90 dias para a inscrição na dívida ativa. E aqui a dívida é inscrita. De 2016 para cá, ela era totalmente inscrita e depois ela passava a se chamar de ajuizada. Os

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90 dias que a gente está falando estão aqui.

Hoje nós não ajuizamos,

transformamos em processo

judicial todas as dívidas que são inscritas acima de R$ 30 mil. E 100% das dívidas inscritas, ajuizadas ou não, são protestadas. A partir do momento da inscrição, no máximo 30 dias depois, elas são protestadas. Isso foi uma mudança de paradigma absurda, é um sucesso. O estado de São Paulo é o único no Brasil que protesta 100% da dívida inscrita, tanto é que o protesto hoje corresponde a 30% da nossa arrecadação, sem honorários advocatícios.

ConJur — A inteligência artificial pode ser a resposta para muitos dos problemas do Judiciário? Lia Porto — Sim, o Poder Judiciário tem a inteligência artificial, além de tudo isso, para um saneamento, uma segmentação e cobrança eficiente. Se nós não tivéssemos, estaríamos condenados porque hoje sentenças são dadas e os processos rodam inteligências, eles têm robôs. Então a capacidade do Judiciário jogar o prazo e rodar o processo é enorme. Se a gente não estiver preparado desse lado, não consegue atender à demanda do Judiciário.

ConJur — Como foi para a PGE acompanhar os processos durante quase sete meses de sessões telepresenciais?

Lia Porto — A pandemia para nós praticamente não existiu. Trabalhamos todos os dias, sábado e domingo, desde que começou, presencialmente. Em um mês, recebemos 160 ações coletivas de altíssima complexidade, sempre ligadas ao exercício de direitos fundamentais. Os números totais só de ações

29 tributárias superam mil ações para discutir elegibilidade de tributos por conta da pandemia.

ConJur — Recentemente, o STF decidiu sobre os poderes municipais que contratam consultoria jurídica sem licitação, na ADI 6.397, dizendo que a PGE tem exclusividade para prestar consultoria jurídica à administração pública estadual. Como a PGE-SP viu essa decisão? Lia Porto — No nosso Estado, os procuradores têm atuação exclusiva. Por exemplo, procuradores do município podem ter essa atuação com a advocacia judicial. Nós não. Temos muito tempo, um histórico de exclusividade no assessoramento e na produção de novas ações. Para nós nada mudou nessa decisão. Nossa instituição é centenária, o tema está na Constituição estadual. A preocupação dos municípios, talvez, seja mais por conta da grande quantidade e do tamanho de muitos deles.

ConJur — Qual a atuação recente mais relevante da PGE na área de uso de precatórios? Lia Porto — Duas. Uma é a compensação. Antes não tínhamos, mas agora temos um sistema inteligente de compensação por dívida ativa. Então, por exemplo, muita gente que tem uma dívida ativa está discutindo judicialmente e tem um precatório. Compensamos. Isso já vem sendo executado há um tempo, um ou dois anos.

E nós temos o que chamamos de acordos. O nosso deságio é de 40%, pagamos 60% e posso dizer que ele é menor do que essas empresas que estão aí que oferecem compras e comércio de precatórios. Isso tem economizado

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