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Carolina Fernanda Nunes Paiva Monique Alves Felix Tayná Pinheiro Alves

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Academic year: 2021

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Carolina Fernanda Nunes Paiva Monique Alves Felix Tayná Pinheiro Alves

O desenvolvimento do desenho na criança de acordo com Jean Piaget

Trabalho apresentado na disciplina Psicologia da Educação III, ministrada pela Profª. Drª. Luciene Regina Paulino Tognetta.

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Araraquara Faculdade de Ciências de Letras

Curso de Pedagogia Junho – 2015

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O desenvolvimento do desenho na criança de acordo com Jean Piaget

Por meio de leituras e análises sobre o desenho discutiremos a partir da Teoria Piagetiana o conceito de desenho, assim como discutiremos sobre as suas diferentes fases, ressaltando a importância da escola e do professor para a construção inicialmente do desenho para posteriormente a construção do próprio indivíduo.

O significado de desenho a partir do senso comum seria a de que o desenho é a representação, seja de seres, formas ou objetos, feita sobre alguma superfície. Para Jean Piaget – epistemólogo suíço – o desenho é a imitação do real, está entre o jogo simbólico e a imagem mental, ele considera que a partir do momento em que a criança tem a intenção de reproduzir um modelo o desenho torna-se imitação, mesmo que essa imitação não seja uma cópia fiel da imagem evocada.

As fases dos desenhos nas crianças segundo Piaget são divididas em quatro partes, sendo elas: realismo fortuito, realismo gorado, realismo intelectual e realismo visual. É importante ressaltarmos que as fases dos desenhos não funcionam como regras para cada idade, sendo apenas o que se espera em determinada idade.

A fase do realismo fortuito abrange dos 02 anos aos 03 anos e meio de idade, nesse período a criança realiza rabiscos com o reconhecimento de formas. A fase que se entende dos 03 anos e meio aos 04 anos e meio de idade é conhecida como realismo gorado apresentando características como a incapacidade de sintetização no desenho, além de elementos justapostos sem coordenação. Encontramos:

O chapéu muito acima da cabeça, os botões ao lado do corpo. Nesta fase um dos modelos predominantes é o dos “badamecos girinos”. A figura humana é representada por uma cabeça dotada de apêndices filiformes que são as pernas, ou dotadas de braços e pernas, mas sem tronco. (PROEPRE, 2000, p. 110).

A fase do realismo intelectual abrange dos 04 anos e meio aos 08 anos de idade, há uma evolução em relação às fases anteriores, entretanto não há preocupação com as perspectivas visuais. Observamos “assim, por exemplo, o rosto desenhado de perfil terá dois olhos. No desenho de um homem a cavalo, também de perfil, aparecem as duas pernas do cavaleiro, uma delas desenhada do outro lado do cavalo” (PROEPRE, 2000, p. 111). A transparência é outra característica desse período, por exemplo, “os móveis são vistos no interior das casas desenhadas, as raízes das plantas são vistas no interior da terra” (PROEPRE, 2000, p. 111). Ademais, temos também a ideia de cronologia em um mesmo desenho, “vários bonecos em diferentes alturas do tronco de

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uma árvore representam o mesmo personagem ao galgar o topo da árvore” (PROEPRE, 2000, p. 111).

Já na fase do realismo visual, a qual se inicia por volta dos 08 ou 09 anos de idade, as perspectivas visuais e relações métricas já estão presentes, por exemplo, o desenho de perfil não terá mais duas pernas ou dois olhos, assim como uma flor será menor que uma casa, representando as proporções entre os objetos.

A escola deve proporcionar a cada criança independente de classe social, etnia, religião, o mais alto nível de competência que se possa ser atingido. Procurando compreender as relações entre a biologia e o conhecimento, Piaget desenvolveu uma psicologia genética que procura explicar as funções mentais como no modo de formação. A infância é considerada como um período particular de uma “embriologia geral” que é iniciada bem antes do nascimento.

Para Piaget:

A aprendizagem não é um processo durante o qual o sujeito limita-se a receber ou a reagir automaticamente ao que é recebido, mas uma construção complexa, na qual o que é recebido do objeto e o que é contribuição do sujeito estão indissoluvelmente ligados. (apud. PIAGET, 1959b, p. 187).

Dentro do sistema piagetiano a aprendizagem é um processo que depende do desenvolvimento, não tem aprendizagem que se inicie do “zero”. De acordo com Piaget, o desenvolvimento acontece em um processo qualitativo, com mudanças cognitivas que se cedendo às outras, liberando a criança do egocentrismo e quando se tem o aumento de idade é acompanhado pela acumulação de conteúdos cognitivos, os “conhecimentos”.

Para Piaget os esquemas não são aprendidos, mas sim construídos; não são memorizados, mas sim conservados. A escola, desde a pré-escola até o ensino médio, deve ser um ambiente formador completo, o qual forneça condições para que o educando construa conhecimentos, por exemplo, sobre a lógica, a ética e a moral.

Segundo Piaget, o jogo simbólico é a representação corporal do imaginário, no qual há predominância da fantasia, porém, consistem também atividades psicomotoras que podem prender a criança à realidade, com a possibilidade de modificar sua vontade a partir da sua imaginação. Entretanto, quando expressar corporalmente as atividades, ela precisará respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real. Dessa maneira, ela estará agindo conforme seu corpo e sua mente mandam.

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A partir da infância, a criança passa a adaptar-se como ser social e às contingências sociais que a cercam, podendo ser culturais e ideológicas, possibilitando o processo de aprendizagem como participante ativo de suas ações por consequência de interpretações e representações dos objetos, considerando o âmbito sensitivo que a criança poderá expressar, no qual as relações afetivas apresentadas no âmbito familiar e escolar podem influenciar tais características.

A relação social e cultural tem influências na expressividade que a criança irá apresentar, como traços fortes e a pintura de acordo com o que ela vê. Desenvolvendo a percepção da etnia, social, moral e corporal, segundo Jean Piaget, essas características não são representadas por idade, mas por desenvolvimento.

O desenho, sendo uma imitação do real, é indispensável na educação de um indivíduo e deve ser sempre incentivado às crianças, mesmo sem a intenção inicial de dar formas aos desenhos. O interesse no desenho realizado pelos pequenos é uma característica fundamental para fazer com que eles desenhem mais e consequentemente se expressem mais.

Ao trabalhar com o desenho na educação é importante observarmos que o mesmo não deve ser feito pela criança a partir de sugestões sobre o que desenhar ou como desenhar, deve ser, portanto, dada à criança a liberdade para construção do seu desenho.

As características da imitação do real – ou seja, do desenho – mudam quando a criança vai se desenvolvendo, com isso as diferentes fases do desenho nos ajudam a analisar em qual estágio do seu desenvolvimento a criança está. O desenho torna-se cada vez mais rico quando a criança passa por experiências, é necessário permitir e até mesmo criar diferentes experiências às crianças para que a mesma possua diversos conhecimentos para “imitar o real”, ou seja, desenhar.

O desenho na escola pode ser usado também como uma forma de registrar atividades feitas pelos alunos, por exemplo, uma viagem com a sala feita até um hotel fazenda.

A figura do professor tem um vínculo muito importante com o desenvolvimento da criança por meio do desenho, sendo que a relação do mesmo com os alunos e seus desenhos pode ser um fator estimulante ou não para a produtividade do aluno. É necessário reconhecer que a experiência de desenhar é algo muito significativo e vai além do resultado final do desenho.

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O desenho é uma forma fantástica de expressão, preservação e trajetória de sentimentos e ideias, sendo muito importante na construção dos indivíduos, estando presente na humanidade desde antes da invenção da escrita. Na criança o desenho também é uma forma importantíssima para expressar o sentimento da criança, seja um sentimento surgido no momento da realização de um desenho ou a representação de um sentimento por meio do ato de desenhar, além disso, o desenho nos permite reconhecer a ideia de determinados assuntos e objetos próprios de cada indivíduo.

As implicações pedagógicas abordadas pelos professores dentro do ambiente escolar podem proporcionar relações de diversidade assim como a manifestação da criança, como os aspectos artísticos a partir do desenho, possibilitando a abertura do autoconhecimento e a atividade psicomotora. O professor pode abranger temas diversificados em relação ao desenho, coma oportunidade de expressão não apenas em datas comemorativas, como a pintura no dia do índio, no qual a criança não seguirá métodos dados pelo professor. Segundo a Teoria Piagetiana, o professor daria a possibilidade e a liberdade de criar e colorir o desenho com qualquer cor, não limitando sua expressão corporal para fazer o desenho.

Para melhor entendimento sobre o trabalho do desenho de acordo com a Teoria Piagetiana realizamos uma pequena pesquisa com os estudantes do segundo ano de Pedagogia com as seguintes questões:

(01) Na Educação Infantil seus professores de Educação Artística demonstraram quais reações quanto ao seu desenho:

A) Elogiaram meu desenho, porém havia regras para desenhar. B) O professor me deixou livre e incentivou os meus desenhos. C) Não aceitaram meu desenho e pediram que eu fizesse outro.

(02) No Ensino Fundamental você gostava de Educação Artística? Por quê? A) Sim, a professora me passava o que deveria ser feito e eu tentava cumprir as suas exigências.

B) Sim, pois a professora me deixava livre para expressar minhas ideias. C) Não, pois eu era reprimido a partir dos meus desenhos.

(03) Para você qual a influência que a escola exerce na criatividade e na produtividade do indivíduo a partir do desenho?

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B) A escola teve influência positiva na minha criatividade e produtividade. C) A escola teve influência negativa na minha criatividade e produtividade.

Os resultados da pesquisa podem ser assim representados:

Por meio da análise dos resultados da pesquisa podemos afirmar, portanto, que na pergunta de número 01 embora uma quantidade muito significativa tenha considerado que o professor dava liberdade às crianças da Educação Infantil para desenhar, a mesma quantidade de indivíduos considerou que o professor elogiava o desenho, porém ele impunha regras para que os desenhos fossem feitos. Na pergunta de número 02 embora uma quantidade baixa tenha considerado que era reprimida a partir dos seus desenhos, a maioria dos indivíduos considerou terem gostado de educação artística no Ensino Fundamental, entretanto, os mesmos seguiam instruções para realização das atividades. Já na pergunta de número 03 a maioria considerou que a escola teve um papel positivo na criatividade e produtividade dos próprios indivíduos, todavia, uma grande quantidade considerou que a escola não teve influência nessas características ou teve influência negativa, quando na verdade a escola, de acordo com o trabalho feito, deveria influenciar da melhor forma possível a construção dessas e outras características nos indivíduos.

Ademais, é importante ressaltarmos que analisando as respostas das pesquisas observamos que o número de professores que não permitiram com que os

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alunos se expressassem com autonomia foi extremamente significativo, o professor deve mediar os desenhos das crianças e o seu desenvolvimento como indivíduos sem, no entanto, dar fórmulas prontas para que esses desenvolvam isso.

Concluímos, portanto, por meio dos estudos realizados que a formação do desenho na criança possibilita o desenvolvimento - e consequentemente a aprendizagem - e avanços cognitivos e psicomotores, auxiliando nos jogos simbólicos que elas terão em sua formação, como suas representações e imitações diante o ambiente em que estão presentes. Ademais, podemos afirmar que a escola é um ambiente indispensável para auxiliar a criança no seu processo desenvolvimento e consequentemente na construção como indivíduo.

Referências Bibliográficas

CASTRO, Amélia Domingues de. Piaget e a pré-escola. 3ª Ed., São Paulo: Pioneira, 1986.

MARCATO, Mirian Dileide. A Importância do Desenho na Construção do Conhecimento e Expressão da Criança: O Processo de Aquisição da Linguagem Criativa. Araraquara, 2007.

PIAGET, Jean. A construção do real na criança. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1896. PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

PROEPRE: Fundamentos Teóricos. Organizadores: Orly Zucatto Mantovani de Assis; Múcio Camargo de Assis. 3ª Ed., Campinas: UNICAMP, 2000.

PROEPRE: Prática Pedagógica. Organizadores: Orly Zucatto Mantovani de Assis; Múcio Camargo de Assis. Campinas: UNICAMP, 1999.

Referências

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