Intermédios
em
p
erspectiva
www.acimed.org• Controlo tensional no AVC agudo e hemorrágico
• Ecografia vascular e acessos venosos centrais
• Levosimendan para o tratamento da insuficiência cardíaca aguda
• Hipernatrémia iatrogénica
• Resumos das palestras do 2º Meeting de Cuidados Intermédios
CUIDADOS INTERMÉDIOS
EM PERSPECTIVA
REVISTA CIENTÍFICA
As Unidades de Cuidados Intermédios surgiram pela necessidade de manter em vigilância doentes com patologia aguda e potencialmente grave ou tendencialmente instável e que não carecessem, porém, de intervenção em ambiente de cuidados intensivos. Na realidade, elas surgiram como um local, no hospital, de downstaging de Cuidados Intensivos, nomeadamente coronários e de Unidades Respiratórias. Apesar de com algumas décadas de existência no estrangeiro, elas apenas recentemente surgiram no nosso país e encontraram rapidamente o seu lugar e a importância devida no hospital e no cuidar de doentes agudos. São normalmente Unidades Polivalentes e, como tal, com uma panóplia de patologias cuja equipa médica e de enfermagem que lá trabalha necessita de saber abordar, desde a sua etiologia até ao tratamento, que muitas vezes passa por procedimentos técnicos invasivos.
A ACIM, Associação de Cuidados Intermédios Médicos, foi constituída em 2011 pelo grupo de médicos que formavam a Unidade de Cuidados Intermédios Médicos e da Urgência do Centro Hospitalar do Porto, pela necessidade de preencher um vazio a nível nacional a este nível, e com o objectivo primordial de dinamizar os conceitos e conhecimentos na prestação de cuidados em ambiente de intermédios, promovendo a interacção com outros centros do país e tentando médicos e enfermeiros, através da realização de um evento nacional (Meeting de Cuidados Intermédios) anual, bem como cursos de formação pós-graduados. O nome “Cuidados Intermédios em Perspectiva - CIP” dá uma ideia global da generalidade dos temas que virá a abordar, sempre versando áreas de interesse no âmbito dos cuidados intermédios. A de índole nacional e que seja o veículo de informação especializada preferencial para quem trabalha nesta área.
O primeiro número conta com seis artigos de revisão, um caso clínico e os resumos do 2º Meeting de Cuidados Intermédios.
Dada a alocação frequente dos doentes com AVC nas Unidades Intermédias, fez todo o sentido convidar duas médicas que com a Unidade Intermédia e a Unidade de AVC do Centro Hospitalar do Porto colaboraram para escrever textos de revisão sobre a abordagem do controlo tensional no doente com AVC
isquémico e hemorrágico, dando uma perspectiva sobre o que se sabe na actualidade, fazendo referencia aos mais recentes estudos. Como estamos cada vez mais dependentes da tecnologia, que é uma aliada na prática clínica diária, e atendendo ao facto de que a própria ACIM promoveu (e irá assim continuar) o primeiro curso de acessos vasculares, e que a cateterização venosa central é um procedimento frequente em ambiente de cuidados intermédios, não poderia deixar de haver, na primeira edição da
de doentes admitidos nas Unidades Intermédias e a sua abordagem, nos casos mais graves, pode ser complexa, pelo que chegou o momento de fazer um ponto de situação sobre a terapêutica inotrópica para esta patologia e um artigo de revisão sobre o levosimendan. Infelizmente, decorrente das nossas práticas diárias, do estado clínico do doente e da sua própria vulnerabilidade, a hipernatrémia iatrogénica é uma inter-ocorrência frequente nos doentes internados no hospital e que carece de uma abordagem contempla igualmente uma revisão sobre esta tema. A pericardite aguda, em situações especiais, pode merecer vigilância/ monitorização contínua pelo risco de tamponamento, sendo as Unidades Intermédias o local preferencial, por este motivo, a abordar esta patologia, o que motivou igualmente a redacção de um texto sobre esta entidade. Como a ciência médica faz-se com os doentes, é apresentado um caso clínico que, pela sua raridade merece ser aqui exposto. Finalmente, este número completa-se com os resumos das apresentações a efectuar pelos palestrantes no 2º Meeting de Cuidados Intermédios.
Estou certo que a CIP chegou para conquistar e, sobretudo, para permitir uma maior e melhor divulgação de conhecimentos entre aqueles que trabalham em Unidades Intermédias, com o objectivo último de melhor tratar os doentes!
Filipe Nery
Editor Chefe da CIP
CUIDADOS INTERMÉDIOS
EM PERSPECTIVA
REVISTA CIENTÍFICA
Artigos de Revisão
1- 35
O Controlo Tensional na Fase Aguda da
Hemorragia
Cerebral
Espontânea
–
da
Controvérsia às Guidelines
Sara M. Rocha ; Joana Ramalho
1- 7
Controlo da Hipertensão Arterial na Fase Aguda
do Enfarte Cerebral
Joana Ramalho ; Sara M. Rocha
8 - 12
aplicados à Cateterização Venosa Central
Filipe Nery13 - 17
Levosimendan – Está a Evidência a Favor ou
Contra?
Alexandre Pinto
18 - 23
A Hipernatrémia Iatrogénica: da Prevenção à
Abordagem
Diana Valadares
24 - 28
Tamponamento Cardíaco: da Etiologia ao
Tratamento
Vital Da Silva Domingues
29 - 35
n
ovembro 2012
|
v
olume 1
|
p
ágina 1 - 40
Casos Clínicos
36 - 40
Púrpura Retiforme dos Membros Inferiores: Um
Diagnóstico Diferencial Raro
Vital da Silva Domingues ; Sandrine Carvalho ; Ana Luísa Rego ; Filipe Nery
36 - 40
Resumos das palestras do 2º Meeting de
Cuidados Intermédios
Editor-chefe | Filipe Nery Editores Associados |
Conteúdo WEB | Edição ACIM |
CUIDADOS INTERMÉDIOS
EM PERSPECTIVA
ARTIGO DE REVISÃO
ABSTRACT
Spontaneous intracerebral hemorrhage is responsible of morbidity and mortality, with no proven therapies. Arterial hypertension is the most common risk factor and a critical issue in the general approach.
Blood pressure is often markedly elevated in patients with acute hemorrhage, by unclear mechanisms, and associated with worse outcomes. Though hypertension may contribute to hematoma expansion, aggressive blood pressure reduction may also compromise cerebral perfusion and cause peri-hematoma ischemia. So, optimal blood pressure management in the acute phase is unsure and the evidence from clinical trials is limited. The INTERACT study represents the best evidence to date of the safety of early intensive blood pressure lowering. The group with systolic pressure hematoma expansion and no increase in the rate of neurological complications. Similar results were found in others studies, like ATACH and CHHIPS.
effects of lowering blood pressure in the acute setting, but controversies remains about targets. The European
Stroke Initiative promotes high pressures in previous
hypertensive patients, while the American Heart
Association/American Stroke Association guidelines
depend on signs of intracranial hypertension. Newer data is still necessary for an evidence-based approach. Keywords . cerebral hemorrhage; arterial hypertension; cerebral perfusion
O Controlo Tensional na Fase Aguda da Hemorragia Cerebral
Espontânea – da Controvérsia às Guidelines
Sara M. Rocha1,2, Joana Ramalho1
1Interna Complementar, Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António
2Autor correspondente: Largo Prof. Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
saraisabelrocha@gmail.comRESUMO
A hemorragia cerebral espontânea representa cerca de 15% dos acidentes vasculares cerebrais, com elevada morbi-mortalidade associada. Nenhum
sido apontada como a sua principal causa e como importante factor prognóstico.
subida pode levar ao aumento do hematoma e do edema circundante, com dano neurológico acrescido. Todavia, a sua descida excessiva pode comprometer A procura de um valor tensional ideal tem motivado
inferiores a 140 mmHg é segura, bem tolerada e Resultados semelhantes foram encontrados noutros estudos, nomeadamente no ATACH e no CHHIPS.
terapêuticos. As recomendações da European Stroke
Iniciative e da American Heart Association/American Stroke Association
de cuidados. A principal diferença reside no facto das recomendações europeias permitirem valores de hipertensos e das norte-americanas ajustarem os
INTRODUÇÃO
A hemorragia cerebral (HC) espontânea é
correspondendo a 10-15% dos acidentes vasculares
cerebrais (AVC).[1]
por ano, destaca-se como o evento cerebrovascular de maior mortalidade (32-50% aos 30 dias) e de maior
recuperam a sua autonomia em 6 meses.[2]
Apesar dos avanços da ciência, nenhum tratamento
arterial (HTA) tem sido apontada como o principal o seu prognóstico. Contudo, a complexidade dos mecanismos subjacentes à HTA e os resultados
[3]
Este artigo pretende rever estes mecanismos, os estudos publicados e o estado da arte em
A HEMORRAGIA E A SUA ETIOLOGIA
A HTA é a principal causa de HC, estando presente
em 40 a 60%.[3-6]
[5]
aneurismas rompem e provocam hemorragia
os núcleos da base (especialmente o putamen), o
[4]
mecanismos têm sido associados a HC (Tabela 1) –
em percentagens claramente inferiores, e devem ser considerados sobretudo em doentes sem HTA prévia
[5,6]
AS BASES FISIOPATOLÓGICAS
do hematoma e edema perihematoma.[6,7] Após a
hemorragia inicial, o volume do hematoma pode aumentar consideravelmente nas primeiras 24 a 48
[7] Quase
em simultâneo, assiste-se ao desenvolvimento de edema perihematoma, como resultado da resposta
[7]
distintas (Figura 1): a fase de hibernação
ipsi e contralateral à HC, a fase de reperfusão
e a fase de normalização
[8,9]
A forma como a HTA se correlaciona com estes
se assiste a uma subida tensional paradoxal, mais
manter ao longo de dias.[1,3]
renina-angiotensina e sistema glucocorticoide), com aumento das catecolaminas circulantes e do péptido natriurético cerebral, bem como do aumento da
[1,5-8] CAUSAS DE HEMORRAGIA CEREBRAL Incidência estimada
Hemorragia Hipertensiva 50% Angiopatia amiloide 10% 10% 10% cerebral 10% Arterite < 5% < 5% Neoplasia cerebral < 5% < 1%
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do hematoma, do edema perihematoma e risco de nova HC, agravando o dano neurológico. Contudo, esta
[5,8]
[1,3,7,8] Nos doentes previamente
média considerados “normais” e bem tolerados em
[8,9]
Assim, se por um lado uma PA elevada pode levar ao
ideal, ou melhor, um intervalo de segurança de PA na
MEDICINA BASEADA NA EVIDÊNCIA
aumento da mortalidade no grupo de doentes tratados com antihipertensores. Todavia, apenas os doentes
[8]
nas primeiras 2 a 6 horas após o evento. Este estudo
de sangue ventricular e o estado neurológico inicial.[8]
neurológico, Becker contrapunha com um novo estudo
descida da PAM nas primeiras 24 horas.[6,8,9]
de mercúrio (mmHg) era um factor independente de
primeiras 24 horas era segura.[8,9]
Por todos estes resultados divergentes num assunto de vital importância, houve necessidade de criar
(Tabela 2).
Estudo Amostra
INTERACT (2005-2007)
Principal: efeito no volume do hematoma nas 24 horas iniciais adversos e capacidade funcional aos 90 dias - HC até 6 horas de - Idade > 18 anos - PAS 150-220 mmHg PAS < 180 mm Hg, oral e endovenosa
-Tratamento intensivo para descer PAS < 140 mmHg Prevista: 400 Total: 404 (publicado) (INTERAC II em curso) ATACH (2005-2008)
Determinar valor de PA mais (o menor tolerado sem dano neurológico)
- HS até 12 horas de - Idade > 18 anos - PAS > 170 mmHg
-Nicardipina para baixar PAS para valores 170-200, 140-170 e 110-140 mmHg em 3 grupos distintos Prevista: 60 Total: 60 (publicado) (ATACH II - curso) CHHIPS (2004-2008)
Principal: dependência ou morte às 2 semanas
às 2 semanas, estado funcional,
-AVC até 12 horas e PAS > 160 mm Hg (braço hipotensor) ou PAS < 140 mm Hg (braço hipertensor)
-Lisinopril ou labetalol vs placebo (braço hipotensor)
-Fenilefrina vs placebo (braço hipertensor)
Prevista: 2000 Total: 179 (publicado)
(2003-2009) terapêutica prévia antihipertensora
-AVC até 48 horas, com conhecimento da última prévia -Terapêutica antihipertensora do doente Prevista: 2900 Total: 763 (publicado)
INTERACT – Intensive blood pressure reduction in acute
cerebral haemorrhage trial, em 2007. Multicêntrico,
duplamente cego e de fase III, este estudo tinha como
6 horas pós-evento e apresentando valores PAS entre
forma intensiva para valores abaixo de 140 mmHg, uma estratégia mais conservadora, procurando PAS descida agressiva da PAS é segura, bem tolerada
risco de efeitos adversos nem a capacidade funcional
aos 90 dias.[1,3,5,6,9,10]
com dano neurológico severo e com hematomas
em aberto.
Antihypertensive Treatment of Acute Cerebral Hemorrhage
e 2008, surgiu logo de seguida, com um objectivo
principal muito semelhante.[11] Neste estudo
doentes com hemorragia supratentorial com menos mmHg. Divididos em 3 grupos com alvos terapêuticos (n=18 doentes), 140-170 (n=20 doentes) ou 110-140 mm Hg (n=22 doentes), todos eles foram tratados com nicardipina endovenosa e em todos eles se mediram entre 8 e 60 ml) e a capacidade funcional pelas escalas da PAS para valores 110-140 mmHg nas primeiras
e da mortalidade intra-hospitalar.[11,12]
actualmente em curso, com o intuito de determinar
HC supratentorial mas admitidos apenas nas 3
primeiras horas após o evento.[12]
agressiva da PAS para valores inferiores a 140 mmHg,
à semelhança do INTERACT.[12]
Em 2009, foi apresentado o terceiro grande ensaio, o CHHIPS – Controlling Hypertension and Hypotension
Immediately Post-Stroke trial
aferir os efeitos do controlo tensional em fase aguda
na capacidade funcional dos doentes.[13] Para o
grupos – um placebo, outro sob lisinopril por via oral e outro sob labetalol endovenoso para manter PAS entre 140 e 160 mmHg. A capacidade funcional foi avaliada
[13]
modesta mas sustentada da PA, com boa tolerância, mostrou-se uma boa arma terapêutica nos doentes
com disfagia.[13]
associada a um melhor prognóstico, com controlo do
[8]
suspender a terapêutica antihipertensora prévia na
post-Stroke Antihypertensives Collaborative Study
cego, separou 763 doentes com AVC agudo em 2 antihipertensora prévia (n=379 doentes) e no segundo Rankin, todos os doentes foram reavaliados 2 semanas
eventos adversos.[14]
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O ESTADO DA ARTE
guidelines, visando
agudo.
Em 2006, a EUSI – European Stroke Initiative publica,
a abordagem da HC aguda.[15]
valores de PA, com as recomendações terapêuticas
a 180 e/ou PA diastólica (PAD) superior a 105 mmHg em doentes previamente hipertensos e PAS superiores a 160 e/ou PAD superiores a 95mm Hg em doentes
sem história de HTA conhecida (Tabela 3).[15]
160/100 ou PAM inferior a 120 mmHg e PA inferiores a 150/90 ou PAM inferior a 110 mmHg, respectivamente.
habitual.[7, 15]
Estes limites e alvos terapêuticos devem, todavia, ser adaptados (permitindo valores mais altos) em
aórtica.[15]
As recomendações da AHA/ASA – American Heart
Association e American Stroke Association, de
(Tabela 4).[1,9]
(e endovenoso) de PAS superior a 200 ou PAM
Tabela 3 | Recomendações da EUSI, 2006 Se doente previamente hipertenso PAmáx 180/105
PAmáx 160/100
PAMmáx 120
Se doente sem história prévia de HTA PAmáx 160/95
PAmáx 150/90
PAMmáx 110
A PAM deve ser limitada a 20% do basal.
(Valores de PA e PAM em mmHg)
←
em 5 minutos e com o objectivo de atingir PAS próxima de 140 mmHg. Quando a PAS ultrapassa os 180 ou a PAM os 130 mmHg, a abordagem terapêutica depende da presença ou ausência de sinas de
de PAM ideal apontado é de 110 ou de 100 mmHg se craniotomia (mas sempre superior a 90 mmHg). No segundo, permitem reduções mais modestas da PA, para valores de 160/90 ou PAM de 110mm Hg,
cada 15 minutos.[1,9]
Este consenso alerta ainda para o facto do controlo da
simultâneo.[1,9]
Tabela 4 | Recomendações da AHA/ASA, 2010 Se PAS > 200 ou
PAM > 150 mmHg
redução agressiva da PA com antihipertensor endovenoso cada 5 minutos Se PAS > 180 ou PAM > 130 mmHg e evidência ou suspeita intracraniana considerar monitorização da pressão intracraniana
PA com antihipertensor endovenoso
manter pressão de perfusão cerebral superior a 60-80 mmHg Se PAS > 180 ou PAM > 130 mmHg sem evidência ou intracraniana antihipertensor endovenoso intermitente para PA de 160/90 ou PAM de 110 15 minutos
Relativamente aos antihipertensores a usar,
as guidelines
overtreatment. A
estarem contra-indicados, devem ser evitados pelo
[1,9,15]
dano neurológico obrigam a um controlo estrito da
de preferência com linha arterial.[1,9,15] As Unidades
de AVC e as Unidades de Cuidados Intermédios
oferecem a estes doentes agudos.[1,15]
timing ideal para iniciar terapêutica oral também
ou terceiro dia, de acordo com estado neurológico e
controlo tensional apresentados.[7,9] Teoricamente,
agendada para a terceira semana pós-HC, altura em
CONCLUSÕES
guidelines
melhoria assistencial, aguardam-se com expectativa os resultados dos estudos de fase III em curso.
LEARNING POINTS
A hemorragia cerebral espontânea é a patologia cerebrovascular de maior morbi-mortalidade.
exigindo uma abordagem estruturada.
ao aumento do hematoma e do dano neurológico, mas a sua descida excessiva
perihematoma.
aguda da hemorragia cerebral exige
de Cuidados Intermédios e de AVC.
Dose Vantagens Precauções
Labetalol
Bólus 5-20 mg cada 15 min;
5 min
2-4 horas
(BAV), hipoglicemia
Esmolol 1-2 min até 15 min Bradicardia, BAV
Nicardipina 5-15 mg/h 1-5 min 15-30 min
(até 4 h) Sem efeito rebound Nitroglicerina 5-100 mg/min, - 5mg/min 2-5 min 3-5 min Preload
( PAS)
metahemoglobina Nitroprussiato de
sódio 0,25-10 g/Kg/min 1 min 2-5 min afterload
( PAD) por tiocianeto, PIC Bólus 5-20 mg cada 30min;
1,5-5 g/Kg/min
15-25 min 1- 4 horas
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BIBLIOGRAFIA
1. Morgenstern LB, Hemphill JC, Becker K et al, American Heart Association/American Stroke association, Guidelines for the Management of Spontaneous Intracerebral Hemorrhage, Stroke 2010, 41:2108-2129
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Spontaneous Intracerebral Hemorrhage, Neurologic Clinics 2008, 26:373-384
3.
intracerebral hemorrhage, F1000 Medicine Reports 2010, 21:2-75
4. Fauci AS, Braunwald E, Kasper DL et al, Harrison Medicina
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Stroke, Neurologic Clinics 2008, 26:565-583
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9. Hocker S, Morales-Vidal S, Schneck MJ, Management of Arterial Blood Pressure in Acute Ischemic and Hemorragic Stroke, Neurologic Clinics 2010, 28:863-886
10. Anderson, Craig S, Huang Y, Wang JG et al, Intensive blood pressure reduction in acute cerebral haemorrhage trial 7:391-99
11. Qureshi AI, Antihypertensive Treatment of Acute Cerebral Hemorrhage (ATACH): rationale and design, Neurocrit Care 2007, 6:56-66
12. Qureshi AI, Palesch YY, Antihypertensive Treatment of Acute Cerebral Hemorrhage (ATACH) II: Design, Methods and Rationale, Neurocrit Care 2011
13. Potter JF, Robinson TG, Ford GA et al, Controlling hypertension and hypotension immediately post-stroke (CHHIPS): a Neurology 2009; 8:48-56
14. Robinson TG, Potter JF, Ford GA et al, Effects of antihypertensive
Neurology 2010; 9:767-775
15. The European Stroke Iniciative Writing Committee and the Writing Committee for the EUSI Executive Committee, Recommendations for the Management of Intracranial Haemorrhage – Part I: Spontaneous Intracerebral Haemorrhage, Cerebrovascular Diseases 2006, 22:294-316
ABSTRACT
Acute stroke is one of the main causes of morbidity in
this matter, there are some expert recommendations
Keywords .
Controlo da Hipertensão Arterial na Fase Aguda do Enfarte
Cerebral
Joana Ramalho1,2 e Sara Rocha1
1Interna Complementar, Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Porto - Hospital de Santo António
2Autor correspondente: Largo Prof. Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
jasorblue@gmail.comRESUMO
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P
INTRODUÇÃO
[1,2,3] Estudos apontam para uma incidência de 1 a 2/1000 habitantes por ano, crescente
[3]
[1,2]
[1,2,4]
[5]
FISIOPATOLOGIA DO ENFARTE CEREBRAL
periferia desse centro, existe uma área, chamada de
[1]
[1]
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
com a recidiva precoce e com o aumento do risco de
[7]
[11]
[12]
[13]
[14]
O ESTADO DA ARTE
Doente previamente hipertenso máx
máx
[1]
[1,2,4,15]
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PAS>185 mmHg ou PAD> 110 mmHg
Labetalol Nicardipina
Se PA continuar superior a 185/110 mm Hg, não efectuar trombólise.
Se PAS>180 a 230 mmHg ou PAD> 105 a 120 mmHg Labetalol Se PAS>230 mmHg ou PAD> 121 a 140 mmHg Labetalol Labetalol Nicardipina
MEDICAÇÃO ANTI-HIPERTENSORA DOMICILIÁRIA
[17]
LEARNING POINTS
BIBLIOGRAFIA
CUIDADOS INTERMÉDIOS
EM PERSPECTIVA
ARTIGO DE REVISÃO
ABSTRACT
Introduction . There are several indications for the insertion of central venous catheters (CVC), and they are widely used in the context of emergency medicine. The technical procedure should be performed by experienced doctors and their insertion with ultrasound control seems to be advantageous.
Material and Methods . Literature review on the basic principles of vascular ultrasound and how to proceed with the ultrasound-guided insertion of CVC.
Results / discussion. The insertion of ultrasound-guided the rate of complications compared to the classical technique using anatomical references. The internal jugular vein approach is one in which this advantage when the CVC is inserted under ultrasound control in the face of landmark technique, relating with the shortest time spent and lower complication rate. Conclusions . All physicians in their daily practice should insert CVC’s under ultrasound control if properly trained for the purpose, being a practice included in international recommendations.
Keywords: ultrasound-guided; Central venous
catheters
Filipe Nery 1
1Assistente Hospitalar, Serviço de Cuidados Intensivos 1 - Unidade Intermédia Médico-Cirúrgica – CHP-HSA
Autor correspondente: Largo Prof Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
RESUMO
Introdução . São várias as indicações para a inserção de cateteres venosos centrais (CVC), sendo muito utilizados em contexto da medicina de urgência e emergência. O procedimento técnico deve ser realizado por pessoal médico experiente, e a sua Material e Métodos .
proceder à inserção de CVC de forma ecoguiada. Resultados / discussão . A introdução de CVC’s taxa de complicações face à técnica clássica fazendo uso de referências anatómicas. A abordagem da veia jugular interna é aquela em que essa vantagem é mais óbvia. A relação custo/benefício é também maior face à técnica clássica, relacionando-se com o menor tempo dispendido e uma menor taxa de complicações. Conclusões . Todos os médicos que, na sua prática diária, introduzem CVC’s devem fazê-lo com controlo treinados para o efeito, já que se trata de uma boa prática incluída nas recomendações internacionais. Palavras-chave: ecoguiado; cateter venoso central
O “LEAD” JORNALÍSTICO APLICADO AO CATETERISMO VENOSO CENTRAL
O quê?
A cateterização de uma veia central é uma técnica praticada em ambiente hospitalar, fazendo uso de técnica asséptica, e que permite a abordagem de uma veia central, de grande calibre.
Quem?
A técnica deverá ser executada por médicos experientes neste tipo de procedimentos, que tenham enfermeiro.
Quando e Por quê?
Dever-se-á cateterizar uma veia central em doentes submetidos a quimioterapia, com necessidade de técnica dialítica (em situação aguda, enquanto é confeccionada e maturada fístula arterio-venosa, ou na falência de acesso vascular), para monitorização de parâmetros hemodinâmicos, para a perfusão de fármacos (como por exemplo vasopressores, parentérica, ou na falência de acessos periféricos.
Onde?
A abordagem de uma veia central pode ser realizada através da veia jugular interna, subclávia, femoral, ou de um cateter central perifericamente inserido.
Como?
A cateterização de uma veia central é efectuada usando material esterilizado e técnica asséptica, com desinfecção do local a abordar por pelo menos três vezes, do centro para a periferia, com solução
de iodopovidona ou, preferencialmente, com
clorohexidina, e fazendo uso da técnica de Seldinger para a introdução do CVC. O médico responsável pela execução da técnica deverá estar familiarizado com as referências anatómicas para a inserção do CVC, vascular e manuseio do ecógrafo.
O PAPEL DA ECOGRAFIA NA INSERÇÃO DO CVC A utilização de referências anatómicas para a inserção do CVC, se útil em situação de inexistência de ecógrafo e em algumas formas de abordagem dos grandes vasos e com as quais todos os médicos que praticam esta técnica deverão estar familiarizados, está a cair em desuso, sobretudo na abordagem da veia jugular interna, nos hospitais que possuem A falência na cateterização da veia jugular interna
(assim como dos outros grandes vasos) também pode estar dependente de variantes anatómicas, estando descritas variações à sua localização face à carótida
largo e curto, a radioterapia local, o edema, as a alteração da anatomia normal e o aumento da taxa de falência na cateterização de veia central usando
apenas referências anatómicas.[1]
Uma metanálise que incluiu 18 estudos (do ano de
das referências anatómicas, em termos de falência de colocação do cateter, complicações, número de picadas e tempo dispendido no procedimento. Esta posição relativa da agulha, do vaso, e das estruturas circunjacentes. Apesar de haver algum benefício na cateterização das veias subclávia e femoral de forma ecoguiada face ao método tradicional envolvendo apenas as referências anatómicas, ele não é tão Usando um modelo de decisão analítica, demonstrou-cateterismo central ecoguiado em confronto com a utilização das referências anatómicas, ao diminuir o tempo de picada e a taxa de complicações (punção arterial e pneumotórax), independentemente do procedimento ser realizado no bloco operatório (BO), com uma equipa técnica maior, ou em ambiente de cuidados intensivos, em que não é necessário deslocar o doente ao BO e a equipa técnica é menor. Com
[3]
O National Institute for Clinical Excellence (NICE) refere que os técnicos devem manter a sua capacidade de usar o método de referências anatómicas e que este continue a ser ensinado juntamente com a técnica ecoguiada, recomendando a colocação de CVC guiado não por audio eco-doppler, mas sim por
[4]
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECOGRAFIA VASCULAR A produção de imagens fazendo uso da tecnologia de ultra-som assenta no princípio da criação de ondas de som de alta frequência que são transmitidas e recebidas por uma sonda e que, na prática clínica regular variam
maior for a frequência, menor é a profundidade, mas melhor é a qualidade de imagem e, quanto menor for a frequência, maior é a profundidade, em detrimento
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A CATETERIZAÇÃO VENOSA CENTRAL JUGULAR ECOGUIADA
Sabendo as indicações para o recurso a cateterização venosa central (o seu operador deverá, igualmente, saber lidar com as complicações), a anatomia local vasos, o médico pode iniciar a colocação do CVC. Se experiente, poderá fazê-lo apenas com o auxilio de um enfermeiro. Caso contrário deverá ter o apoio de um médico mais experiente, enquanto estabelece a sua curva de aprendizagem.
A preparação do material
Deverá constar do material a utilizar: bata, coberturas (“panos”) e luvas esterilizadas, máscara (para o operador e para o enfermeiro), touca para o iodopovidona, compressas esterilizadas, lidocaína a cutâneas e intra-musculares, ecógrafo com sonda linear de alta frequência, manga e gel esterilizados, sutura, material de penso.
da qualidade de imagem. Na abordagem dos acessos vasculares centrais, dever-se-á usar uma sonda que permita uma boa qualidade de imagem e, estando uma sonda de alta frequência. O modo a utilizar é o da imagem. Essa barreira é ultrapassada usando gel entre a sonda do ecógrafo e a pele. A visualização dos vasos deve ser efectuada com uma sonda linear de alta frequência (as sondas curvilíneas, de abdominal e torácica). Uma vez escolhida a sonda e que se observam. Em termos genéricos, a sua
ultra sónicas de forma diferente. Assim, o osso e
cone de sombra posteriormente a elas, enquanto que os líquidos transmitem as ondas ultra sónicas e aparecem representados a preto (é o caso dos vasos). Os tecidos moles e órgãos aparecem representados em tonalidades de cinzento, pois transmitem e
profundidade, sendo usado para aumentar ou diminuir o nível de brilho da imagem. No caso dos vasos, eles
A destrinça entre uma veia e artéria faz-se pelas suas
diferentes características (Tabela 1).
Figura 1 | Diferenciação entre a veia jugular interna (VJI) e artéria carótida (AC) quando não colapsada (A) e colapsada (B)
diferenciar uma veia de uma artéria.
Veia Artéria
Compressibilidade Sim Não
Pulsatilidade Não (pode ser por
empréstimo) Sim
Forma Ovalada Circular
Espessura da parede + fina + espessa
Valsalva Distende (VJI) Sem alteração
Localização VJI antero-lateral à carótida
VF medial à artéria femoral
A compressibilidade da veia face à artéria é uma das características mais importantes e fáceis de observar com o ecógrafo: depois de localizar os vasos, exerce-se ligeira pressão com a sonda sobre o local. O vaso que é colapsável é a veia, mantendo-se a artéria
A preparação do doente
Na abordagem jugular, o doente deverá estar deitado em decúbito dorsal (posição supina), com a cabeça rodada para o lado oposto ao do procedimento, numa pequena angulação, que não deve ser superior a
[1], apesar de haver a descrição da técnica (sem
anatomia, colapsam a VJI e aumentam a probabilidade de cateterização da carótida pelo cavalgamento da VJI sobre aquela artéria, pelo que de facto se devem favorecer posições mais neutrais da cabeça, não
[7] É preferível a
abordagem da VJI direita face à esquerda porque esta sobrepõem-se menos vezes sobre a carótida face à VJI contralateral e não existe risco de lesão do ducto torácico.
A descrição do procedimento
A colocação de CVC na VJI de forma ecoguiada pode ser efectuada com recurso a técnica estática (localização do vaso e sua marcação na pele, procedendo depois a uma técnica “cega”) ou dinâmica, preferível e recomendada, utilizando a sonda do ecógrafo durante todo o procedimento até à punção da VJI.
Após lavagem cirúrgica das mãos do operador, da utilização do equipamento esterilizado (bata, luvas), da desinfecção alargada do local a puncionar (3 vezes, do centro para a periferia, com iodopovidona ou, preferencialmente, com clorohexidina, deixando secar a solução utilizada), da colocação dos panos preenchimento das várias vias do CVC e da anestesia local, passa-se à fase da colocação da sonda dentro da manga esterilizada. No interior da manga (local não estéril), pode-se colocar gel sem ser estéril. Contudo, se durante o procedimento houver rotura da manga e extravasamento do gel, o campo e materiais deixam de estar estéreis, pelo que é menos recomendado. Aplica-se no local a abordar o gel estéril (ou uma solução salina) por forma a minorar as interferências de imagem no ecógrafo promovidas pelo ar entre a pele e a manga que reveste a sonda. O doente é, então, colocado na posição de Trendelenburg, a
11]
(sempre manipulada com a mão não dominante) perpendicularmente aos mesmos, fazendo um ângulo transversal, e ajustam-se a profundidade e o ganho a ajudar à técnica). A utilização da sonda nesta posição permite manter igualmente o visionamento da carótida e a sua relação com a VJI, pelo que é aconselhada para operadores menos experientes. A veia, depois
Artéria, V. Veia, Ag. Agulha
da imagem, e a introdução da agulha (em aspiração) relação com a pele. Deve-se observar a agulha a avançar na imagem e a penetrar a VJI. Contudo, esta abordagem permite vê-la apenas como um ponto
.
Uma vez recuperado o sangue na seringa, pousa-se a sonda sobre os campos esterilizados no doente e prossegue-se com a técnica de seldinger habitual. Para a abordagem longitudinal da VJI, procede-se como anteriormente descrito, colocando a sonda inicialmente numa posição perpendicular aos
da VJI. O ângulo de abordagem é menor ao previamente em relação à pele. A imagem conseguida é melhor no contudo, pequenos movimentos da sonda implicam perder a imagem da agulha, pelo que é uma técnica a Continua-se o procedimento conforme supracitado. guia através da agulha, sempre com monitorização
Remove-se a agulha. Com a sonda do ecógrafo da VJI. Prossegue-se com a técnica, fazendo uso do com o devido cuidado de nunca o perder de vista, pelo intravascular.
C
I
P
CONCLUSÃO
Os CVC’s continuam a ter indicações precisas e são muito utilizados no dia-a-dia das Unidades de Cuidados Intensivos e, actualmente, também nas Unidades de Cuidados Intermédios, na abordagem do doente agudamente doente. A sua colocação deverá ser efectuada por médicos experientes, o que se correlaciona com uma menor taxa de falência de colocação, bem como um menor número coadjuvante na inserção dos CVC’s deve ser uma realidade nos hospitais, e para a qual os médicos deverão ser instruídos desde a sua formação complementar. Está provado que a abordagem de acessos vasculares centrais ecoguiados é mais segura, mais rápida, tem maior probabilidade de sucesso, é mais confortável para o doente e apresenta vantagem em termos de custo-benefício face à abordagem por via clássica de referências anatómicas.
LEARNING POINTS
A colocação de cateteres venosos centrais deve ser preferencialmente efectuada sob controlo A abordagem transversal deve ser a executada por técnicos menos experientes
A colocação ecoguiada de cateteres venosos e diminui o número de picadas e taxa de complicações
BIBLIOGRAFIA
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rare complication of left internal jugular venous cannulation. Am
maneuvers on sonographically determined internal jugular vein 11.
Ultrasound validation of maneuvers to increase internal jugular vein cross-sectional area and decrease compressibility. Am J
13.
three/four-ABSTRACT
Introduction . Acute heart failure (AHF) is a clinical entity with a non despicable morbimortality and, as opposite to chronic heart failure, only recently has been a target of a more accurate investigation. Inotropic support may be a therapeutic approach in AHF. Levosimendan is a drug which induces its therapeutic effect by sensitizing calcium channels and inducing vasodilatation of the arterial and venous beds.
Material and Methods . Literature review using Medline/ Pubmed search, concerning AHF, inotropic intervention and levosimendan.
Results / Discussion . Seven major studies using levosimendan in AHF were reviewed: LIDO, RUSSLAN, CASINO, REVIVE-I and II, SURVIVE and PORTLAND. Some of them favor the use of levosimendan in this setting, referring a lower mortality rate with its use when compared to dobutamine or placebo (LIDO, RUSSLAN, CASINO), while others (REVIVE and SURVIVE) didn’t selection and levosimendan charge and maintenance doses may be implied in the aforementioned results. Conclusions . In spite of being a drug to be considered when inotropic treatment for AHF is indicated, it is not recommended to all the situations. It seems that levosimendan is best tolerated and has the best results in those patients with acute on chronic heart failure, without hypotension, non depleted of intravascular volume and under beta-blocker.
Keywords . Acute heart failure; inotropic support; levosimendan
Levosimendan – Está a Evidência a Favor ou Contra?
Alexandre Pinto1
1Assistente Hospitalar, Serviço de Cuidados Intensivos 1 - Unidade Intermédia Médico-Cirúrgica – CHP-HSA
Autor correspondente: Largo Prof. Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
alexandrefpinto@sapo.ptRESUMO Introdução .
Material e Métodos .
a Medline/ Pubmed como motores de busca, Resultados / Discussão . Sete grandes estudos LIDO, RUSSLAN, CASINO, REVIVE-I e II, SURVIVE do levosimendan neste contexto, referindo uma com a dobutamina ou placebo (LIDO, RUSSLAN,
como os doentes foram selecionados e as doses de
Conclusões .
o levosimendan é melhor tolerado e tem os melhores
deplectados de volume intravascular e sob
C
I
P
INTRODUÇÃO A
das causas major de morbilidade e mortalidade
durante o primeiro ano de seguimento, pelo menos uma vez, sendo a mortalidade elevada atingindo os
[1]
guidelines para o manuseio da ICA foram publicadas
[1]
[1]
PRINCÍPIOS DE ACÇÃO
[2]
[2]
levosimendan inibe o efeito da troponina I e prolonga
O complexo levosimendan-troponina C
[2,3]
FARMACOCINÉTICA E METABOLISMO
O levosimendan tem um tempo de semi-vida de 1h. Todavia, o tempo de semi-vida dos seus
respectivamente.
é hemodinamicamente activo, com propriedades
COMBINAÇÃO COM OUTROS FÁRMACOS
orgânica é igualmente seguro[3] com levosimendan
[6,7]
constatado nos doentes sob levosimendan.[8,9]
ESTUDOS CLÍNICOS
LIDO (The levosimendan infusion versus dobutamine in severe heart failure)
levosimendan e da dobutamina, nos doentes com
dobutamina.
encravamento na artéria pulmonar foi superior no
dobutamina.
se uma melhoria da dispneia e da fadiga no braço
RUSSLAN
O estudo RUSSLAN pretendeu aferir a segurança
diferentes.
end point
levosimendam comparativamente ao grupo placebo.
CASINO
O estudo CASINO foi desenhado para comparar a
descompensada. Foram recrutados doentes com
A mortalidade observada em 6 meses com placebo
placebo).
REVIVE I e REVIVE II
posteriormente o REVIVE II, integrando um grupo de o objectivo de estudar o impacto do levosimendan internamento em ambiente intensivo e hospitalar, bem como de testar a viabilidade de end points
terem sido avaliados em estudos prévios.
de internamento a menos comparativamente ao grupo
do levosimendan para tratamento da IC
Foi um estudo duplamente cego, randomizado,
C
I
P
internamento foi reduzido em 2 dias com o levosimendan
end point
superior no grupo do levosimendan comparativamente
SURVIVE (The Survival of Patients with Acute Heart
Failure in Need of Intravenous Inotropic Suport Study)
randomizado e controlado relativo ao uso do
e vasodilatadora endovenosas e sinais de estado
na taxa de mortalidade no grupo do levosimendan
Neste estudo observou-se uma diferença
nos primeiros cinco dias, sobretudo nos doentes sob
[2,13]
PORTLAND
endpoint
meses precedentes ao uso de levosimendan foi de
Análise dos vários Estudos
publicados (LIDO, RUSSLAN) ou comunicados em
e placebo.
De acordo com estes achados, o levosimendan seria
Os resultados do REVIVE II e SURVIVE, foram de
complexa com uma multiplicidade de causas, sendo
doentes nos ensaios.
no estudo LIDO comparativamente ao estudo REVIVE, utilizando o primeiro critérios de natureza
Outro aspecto a considerar prende-se com o desenho usadas doses elevadas de levosimendan, sobretudo
prévios.
standard.[12]
uso de diurético endovenoso, concordante com os
[16]
diurética.
e hemodinâmico do levosimendan usaram meios
preloading
do tratamento.[9]
juntamente com o uso de inodilatador em dose elevada
Outras Análises
global da taxa de mortalidade com o levosimendan, aspecto relacionado com a taxa de mortalidade tem
[17]
renina-angiotensina-aldosterona. Contudo, a taxa
levosimendan.[18] No estudo PORTLAND
observou-para a ICA como o nesiritide. Um outro estudo
[19]
farmacocinético.
DOSES RECOMENDADAS
evitada.[7]
C
I
P
Atendendo ao tempo prolongado de semi-vida dos
CONCLUSÕES
O levosimendan é um sensibilizador dos canais de sem aumentar o consumo do oxigénio.
BIBLIOGRAFIA
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vs. dobutamine: Outcomes for acute heart failure patients on
9.
intravenous levosimendan compared with dobutamine in severe low output heart failure (the LIDO study): A randomised
double-of a novel calcium sensitizer, levosimendan, in patients with left ventricular failure due to an acute myocardial infarction. A randomized, placebo controlled, double-blind study (RUSSLAN).
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Campos J, Fonseca C, Lousada N, et al. Effectiveness and Safety of Levosimendan in Clinical Practice. Rev Port Cardiol
16. 16. Delgado J. Levosimendan in Acute Heart Failure: Past,
17.
levosimendan on mortality and hospitalization. A meta-analysis
18.
improves renal function in patients with advanced heart failure
19.
ABSTRACT
Iatrogenic hypernatremia (IHNa) is an hospital acquired entity induced by healthcare professionals behavior’s. Its prevention should be aimed on all medical wards. Since IHNa in critically ill patients is an independent risk factor for mortality, the diagnosis must be made fast and quickly. The diagnosis of IHNa should be made based on a detailed clinical history, physical examination and laboratory data which
losses, sodium overload, among others. Management of IHNa is based on the treatment of precipitating factors and underlying causes. The correction rate, if the onset of hypernatremia is not acute (> 48 hours), should aim a decreased in seric sodium until 10mEq/
be useful in some cases, but the most important is the to decrease 10mEq of sodium levels.
Keywords . iatrogenic hypernatremia; critically ill patients
A Hipernatrémia Iatrogénica: Da Prevenção à Abordagem
Diana Valadares1
1Assistente Hospitalar, Serviço de Cuidados Intensivos 1 - Unidade Intermédia Médico-Cirúrgica – CHP-HSA
2Autor correspondente: Largo Prof. Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
divaladares@gmail.comRESUMO
A hipernatrémia iatrogénica (HiperNa iatrog) é uma entidade adquirida no âmbito hospitalar induzida pelos cuidados/atitudes prestadas aos doentes. Desta forma, a sua prevenção deve ser tida em conta em todas as enfermarias médicas. Visto que a HiperNa iatrog, nos doentes críticos, é um factor de risco independente de mortalidade, o seu diagnóstico deve ser rápido, o qual deve ser baseado numa história clínica minuciosa, exame físico detalhado e dados laboratoriais que permitam orientar para a causa subjacente, nomeadamente a alteração do mecanismo da sede, a capacidade de adquirir água, as perdas de entre outras. A gestão da HiperNa iatrog baseia-se no tratamento do(s) factor(es) precipitantes e causas subjacentes. A correcção desta, se instalação não aguda (>48h), deve ser feita até 10mEq/dia, com
em alguns casos, no entanto, o mais importante é diminuir até 10mEq a natrémia do doente.
Palavras-chave . hipernatrémia iatrogénia; doentes críticos
C
I
P
INTRODUÇÃO
A hipernatrémia é uma patologia muito frequente associada a taxas de mortalidade que rondam os 40-60%[1] sendo a sua prevalência em doentes idosos
hospitalizados estimada em 1%.[1,2], pelo que o seu
diagnóstico e tratamento deve ser feito de forma
a idade, o género ou a raça.[3] A água corporal
distribui-se pelo compartimento intracelular (~60%) e extracelular (~40%). O compartimento extracelular engloba o plasma, espaço intersticial, osso e tecido
conjuntivo.[3]
O sódio é um soluto osmoticamente activo, sendo ele predominantemente extracelular, a sua presença determina em grande parte a osmolalidade plasmática, a qual corresponde, contudo, à soma de osmóis activos e inactivos.
comportamento das células numa solução. Se os aumenta de volume e nos casos de hipertonicidade,
as células contraem.[3] Assim, a hipernatrémia, implica
um aumento da tonicidade e induz o movimento de
água através das membranas celulares.[4]
A hipernatrémia iatrogénica (HiperNa iatrog) é adquirida no hospital e induzida pelos cuidados/ atitudes prestados aos doentes. Esta é transversal a todas as idades, ao contrário da hipernatrémia à admissão hospitalar que é mais característica da população mais idosa. Esta hipernatrémia, tratando-se de uma iatrogenia, deve tratando-ser amplamente prevenida nas enfermarias hospitalares. Desta forma, deve ser avaliado o doente no seu todo, nomeadamente se o mecanismo da sede está patente bem como a capacidade ou não de adquirir água voluntariamente e
a avaliação de perda de água livre.[2] Diversos estudos
retrospectivos mostraram que a HiperNa iatrog resulta,
livre está sobrestimada.[1,2]
A HiperNa iatrog em ambiente de cuidados intensivos é um factor independente de mortalidade nos doentes
críticos. Polderman et al reportaram que 6%
dos doentes admitidos nos cuidados intensivos desenvolveram HiperNa iatrog, sendo que a sua mortalidade foi estimada em 32% em comparação com doentes com hipernatrémia à admissão hospitalar
(20%).[8]
O prognóstico de doentes com hipernatrémia extrema
sobrevida ainda não foram descritos.[2]
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
habitualmente neurológicas exibindo uma gravidade crescente, mediante seu o valor ou o tempo de instalação, sob forma aguda (em menos de algumas horas). Os movimentos de água transcelular vão provocar a contracção celular nas células cerebrais, diminuindo o seu volume. Desta forma, existe maior risco para eventos vasculares e hemorragias intracerebrais ou subaracnoideias. Clinicamente, os doentes apresentam sintomas, como letargia, náuseas,
discurso desadequado, irritabilidade, fraqueza
no seu espectro mais grave.[4, 9]
Habitualmente, em pessoas não doentes, o mecanismo da sede combate o aumento da tonicidade. No entanto, em pessoas gravemente doentes, com incapacidade de ingestão de água voluntariamente (por depressão do estado da consciência ou lesão hipotalâmica),
esse mecanismo de defesa não existe.[4]
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de hipernatrémia tem por base a história clínica, tendo sempre em mente os pressuposto dos mecanismo que contribuem para a hipernatrémia: a perda de água livre (por não reposição ou hipodipsia) hipertónicas (por ex. A adição de bicarbonato de sódio numa paragem cardio-circulatória).
Na HiperNa iatrog as causas mais frequentes são a diminuição/ acesso a água voluntariamente, por depressão do estado da consciência, imobilização, uso de VNI (Ventilação Não Invasiva), ausência de reposição das perdas insensíveis e a febre (Figura 1). No entanto, em alguns doentes, a perda sobrestimada da drenagem de fístulas, diarreia e uso de catárticos também são importantes.
Em âmbito de cuidados intensivos, Pavelsky et al demonstrou que em 89% dos doentes com HiperNa iatrog apresentavam defeitos na concentração da urina - a maioria por uso de diuréticos e diurese osmótica, 6% por diabetes insípida hipotalâmica e 1%
AVALIAÇÃO E DADOS LABORATORIAIS
Antes do diagnóstico claro de HiperNa iatrog, as variáveis clínicas e analíticas devem ser analisadas. Desta forma após um exame físico cuidadoso deve ser registado o estado de consciência, a hidratação (turgor cutâneo, grau de hidratação das mucosas ou axilas), os sinais vitais (temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória), a pressão venosa central (se cateter venoso central), o peso do doente, o volume de diurese diária, os balanços hídricos e a
das causas de HiperNa iatrog seja apurada.
no entanto existem outros dados que são importantes no enquadramento e entendimento da etiologia da hipernatrémia. Nomeadamente, valor sérico do sódio, potássio, cloro, glucose, ureia, creatinina, osmolalidade (plasmática e urinária), sódio e potássio urinários.
TRATAMENTO
O tratamento da HiperNa iatrog assenta em três princípios: a determinação da etiologia e, por isso, o tratamento da causa em questão, a velocidade de correcção do valor do sódio plasmático e o cálculo do
Etiologia
do factor precipitante da hipernatrémia, quer seja por controlo glicémico, a existência de febre, o reajuste da alimentação parentérica, entre outros. Mediante a fármacos para auxiliar na gestão, tal como a administração de desmopressina na diabetes insípida central. Na presença de febre, a estimativa de perda e as perdas insensíveis são estimadas contabilizando
Velocidade de correcção
Em doentes em que a instalação da HiperNa iatrog ocorreu num período de horas, a sua correcção pode ser mais rápida, sem qualquer dano a nível cerebral.
Nestes doentes a correcção pode ser feita 1mEq/h.[4]
Naqueles doentes em que a instalação da HiperNa iatrog foi mais insidiosa ou de duração indeterminada, a correção tem de ser mais lenta, já que os fenómenos
adaptativos cerebrais à hiperosmolaridade já
ocorreram e, por isso, uma rápida correcção ditaria um estado hiposmolar com consequente edema cerebral. [9,10] A taxa de correcção recomendada deverá ser <
[2,4]
A administração de água por via oral ou gastroentérica através de sonda nasogástrica é a preferida para a correcção da HiperNa iatrog. Na ausência de patência aplicada. Na tabela 1 estão descritas a quantidade compartimento extracelular. Em casos de deplecção intravascular marcada, a reposição da volémia
segunda instância.
Tipo de Soro [Na Distribuição
Extracelular (%)
0 40
130
NaCl 0,9% 100
mais comummente utilizados em ambiente hospitalar Figura 1 | Causas de Hipernatrémia. VNI (Ventilação Não Invasiva)
C
I
P
A estimativa da água corporal total é calculada através de correcção”. Este factor de correcção permite adequar o cálculo mediante o género e a idade. respectivamente. Se o doente for idoso,
aplicam-mulheres, respectivamente.[11,12] Em muitos casos
de HiperNa iatrog, esta ocorre por perda apenas de
água livre em relação ao sódio.[13] Nos doentes com
x ( [Na
metade nos dois dias seguintes.
A verdade é que esta fórmula só é aplicável de forma correcta naqueles casos em que a causa da HiperNa iatrog resulta apenas da perda de água livre, excluindo a maioria dos doentes com perdas hipotónicas ou por sobrecarga/excesso de sódio; não sendo aplicável em seja necessária e não contabiliza de igual forma as perdas insensíveis. Desta maneira, para colmatar as a fórmula de Adrogué-Madias, pode ser aplicada.
- Na doente) / (Água Corporal Total
) no doente. adequada para o doente em causa (água por via oral,
(ver tabela 2).
Se o doente necessitar de reposição também de potássio a formula de Adrogué–Madias pode ser usada da seguinte forma:
) - Na doente] / (Água
Se um doente apresenta hiperglicemia ou diabetes ser instituída, mas o controlo glicémico tem de ser executado com insulinoterapia em perfusão ou bólus. Nos doentes com hipervolémia e hipernatrémia em que a via oral não está patente, o diurético da ansa hipotónicos.
por pneumonia adquirida na comunidade há 3 dias. Pedida avaliação do residente de Medicina por prostração. À chegada doente estuporosa,
Causa / Mecanismo da hipernatremia? Baixo de aporte de água, alteração do estado de consciência, perdas insensíveis e febre não suplementadas.
Velocidade de Correcção? O tempo de instalação é indeterminado, desta forma o decréscimo da natrémia deve ser até 10mEq/dia.
A doente apresenta sinais de desidratação, mas sem
está patente neste momento.
- Na doente) / (Água Corporal
doente. Assim, para o decréscimo de 10mEq deverá ser duplicado o volume de soro)
LEARNING POINTS
A HiperNa iatrog é uma entidade evitável, a sua presença é um factor de risco independente de mortalidade nos doentes críticos. Desta forma, cabe a cada médico evitar o aparecimento deste problema.
A importância da história clínica, exame físico e dados laboratoriais permitem apontar para a causa subjacente da HiperNa iatrog e iniciar o tratamento adequado.
A taxa de correcção na HiperNa iatrog insidiosa ou de duração indeterminada deve ser de 10mEq/dia, mas nas de instalação aguda é permitido a correcção até 1mEq/hora. O cálculo da variação da natrémia deve ser feito mediante a fórmula de Adrogué-Madias, contabilizando também as perdas insensíveis e por febre.
ponderada mediante cada doente e se possível a hidratação deverá ser feita por via oral.
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9. 10. 11. Saunders 12. Edition. 13.
CUIDADOS INTERMÉDIOS
EM PERSPECTIVA
ARTIGO DE REVISÃO
ABSTRACT
Introduction. Cardiac tamponade is a an entity managed on the emergency setting and which etiology, pathophysiology and treatment should be of general knowledge.
Material and Methods . Literature review of the most recent guidelines, recommendations and published papers concerning the etiology and management of cardiac tamponade.
Results / Discussion . Cardiac tamponade arises space leading to cardiac compression and increased intrapericardial pressure. Its appearance can be acute or sub acute according to its etiology. The most common described etiologies are malignancy, tuberculosis and other infections. It is a medical emergency which prevents the normal functioning of the heart. The knowledge of its pathophysiology becomes crucial for diagnosis and treatment. Treatment consists of pericardiocentesis or pericardiotomy together with the etiological treatment of the subjacent condition. Conclusions . Cardiac tamponade is an entity which every clinicians should be alerted to due to its presentation that can be life threatening.
Keywords . Cardiac tamponade; pericardiocentesis
Vital da Silva Domingues1
1Interno de Medicina Interna, Serviço de Medicina Interna, CHP-HSA
Autor correspondente: Largo Prof. Abel Salazar S/N 4099-001 Porto
|
vitalmsd@gmail.comRESUMO
Introdução . O tamponamento cardíaco é uma entidade lidada em contexto de emergência e cuja conhecimento geral.
Material e Métodos . Revisão da literatura das mais recentes linhas de orientação, recomendações e artigos publicados referentes à etiologia e manuseio do tamponamento
cardíaco-Resultados / Discussão . O tamponamento cardíaco surge aquando da acumulação de líquido no espaço pericárdico, conduzindo a compressão cardíaca secundária e ao aumento da pressão intrapericárdica. O seu aparecimento pode dar-se de forma aguda ou subaguda, de acordo com a etiologia. Os derrames pericárdicos neoplásicos, bacilares e de outras causas infecciosas estão entre as etiologias mais comuns. Trata-se de uma emergência médica que impede o normal funcionamento do coração. O conhecimento diagnóstico e tratamento. O tratamento consiste na pericardiocentese ou na pericardiotomia em conjunto com o tratamento da condição subjacente.
Conclusões . O tamponamento cardíaco é uma entidade que todos os clínicos devem estar alertas pela sua forma de apresentação que pode ser ameaçadora da vida.
Palavras-chave . Tamponamento cardíaco; pericardiocentese
Estão descritas três fases de alterações hemodinâmicas no tamponamento: fase I – nesta fase inicial, as pressões de enchimento do ventrículo direito e esquerdo são maiores que as pressões intrapericárdicas, resultando numa pressão elevada para o preenchimento do espaço pericárdico; fase II intrapericárdica daí resultante torna-se superior à do ventrículo, gerando um baixo débito cardíaco; e, fase III – progressivamente aumento do desequilíbrio entre as pressões intracardíacas e intrapericárdicas,
hemodinâmica.[4]
O enchimento ventricular no tamponamento cardíaco está seriamente comprometido e ocorre de uma forma complexa. Altas pressões diastólicas ventriculares causam uma redução no enchimento ventricular, no volume sistólico e na pressão sistólica, de acordo com o inotropismo e o nível da pressão intrapericárdica. Esta elevação na pressão telediastólica ventricular repercute-se num aumento da pressão média diastólica auricular, que se acompanha por uma hipertensão venosa pulmonar e sistémica. Embora estas pressões venosas sejam mantidas a um nível sangue para os ventrículos mantém-se. Nesta situação, o débito cardíaco é mantido sobretudo por aumento da frequência cardíaca. Em estadios mais avançados do tamponamento, o enchimento só se torna possível durante a sístole auricular, especialmente nos casos de taquicardia. Estes fenómenos levam ao desaparecimento da onda y, que representa o enchimento ventricular direito durante a diástole. A onda x, que representa o enchimento auricular, é mantida porque durante a sístole ventricular há movimento do plano da válvula inteira para o ápice do ventrículo, o que conduz a uma redução da pressão
auricular coincidindo com a ejecção ventricular.[5]
No tamponamento cardíaco, o volume cardíaco total é limitado pelo derrame, sendo que o aumento da pressão pericárdica acentua a interdependência entre as câmaras cardíacas. Deste modo, com a inspiração normal, o enchimento do ventrículo direito é superior pelo aumento da pré-carga, levando a que o ventrículo direito force o septo interventricular no sentido do ventrículo esquerdo, que consequentemente vê reduzido o seu enchimento e débito. No tamponamento as cavidades direitas são as primeiras a sofrer pelo aumento da pressão intrapericárdica devido à sua menor massa muscular e pressões, sendo a diminuição do enchimento cardíaco direito o primeiro sinal de um derrame pericárdico hemodinamicamente
[1]
das câmaras esquerdas ocorra preferencialmente durante a expiração, quando há menos sobrecarga sob as direitas. Esta relação de interdependência/ INTRODUÇÃO
O tamponamento cardíaco corresponde à fase de descompensação da compressão cardíaca secundária à acumulação de líquido no espaço pericárdico, com consequente aumento da pressão intrapericárdica. Podem ser subdivididos em tamponamentos globais (que comprometem o estado hemodinâmico), de
hemodinâmico incerto) e regionais.[1] Pode surgir de
forma aguda ou subaguda, de acordo com a etiologia. Considerando os casos de evolução mais arrastada, as etiologias mais comuns são as neoplásica (por a ruptura do miocárdio, de um aneurisma ou dissecção da aorta e a iatrogenia são causas importantes a
considerar nos tamponamentos agudos.[2]
Mais de 50% dos casos de tamponamento subsequente a pericardite são de causa maligna, tuberculosa ou secundária a outras infecções e cerca
de 10 a 15% são idiopáticos.[2] Assim, as etiologias da
pericardite subjacentes ao tamponamento cardíaco são várias e podem ser “inferidas” em acordo com as
características do líquido pericárdico (tabela 1).
PATOFISIOLOGIA
O pericárdio é constituído por dois folhetos. O espaço pericárdico (entre os dois folhetos) acomoda em condições normais apenas uma pequena quantidade
[3] A acumulação de líquido neste
espaço pode conduzir ao tamponamento.
Tabela 1 | Etiologias da pericardite de acordo com as características do líquido pericárdico (adaptado de Maisch B et al [2])
Serossanguinolento Hemorrágico Purulento Tuberculose Trauma (Cateterismo cardíaco, colocação de pacemaker ou cateter venoso central, angioplastia coronária percutânea, pericardiocentese) Infecciosa -Bacteriana -Vírica (Coxsackie Epstein-barr) -Micobactérias -Fungos Neoplasias
(pulmão, mama, linfomas)
Enfarte Agudo do Miocárdio Urémica Dissecção da aorta Mixedema Terapêutica anticoagulante Doenças do Tecido Conjuntivo Radioterapia Idiopática