• Nenhum resultado encontrado

Projeto o Cariri Paraibano Também é Afro-ameríndio. Cidade de Sumé

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Projeto o Cariri Paraibano Também é Afro-ameríndio. Cidade de Sumé"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

Projeto o Cariri Paraibano Também é Afro-ameríndio Cidade de Sumé

Luciano: Nós estamos iniciando a entrevista com é o pai Inacinho, é... primeiramente bom dia!

Pai Inacinho: Bom dia!

Luciano: É, eu gostaria que o senhor começasse falando o seu nome completo. Pai Inacinho: Meu nome é Inácio de Sousa Brito

Luciano: A data de nascimento? Pai Inacinho: 20/08/55

Luciano: Filho de quem?

Pai Inacinho: João de Sousa Brito e de Severina Tito dos Santos Luciano: Eles eram daqui mesmo?

Pai Inacinho: Não, da Cidade de São José dos Cordeiros. Luciano: Qual era a profissão de seus Pais?

Pai Inacinho: Era agricultor Luciano: E o senhor?

Pai Inacinho: Eu sou vigilante no Estado. Luciano: Aqui na cidade de Sumé mesmo? Pai Inacinho: É.

Luciano: É... eu queria que o senhor contasse um pouco como começou toda sua história, de o senhor entrar na religião de matriz africana.

Pai Inacinho: Minha religião é, começou é, o seguinte, depois que eu casei ai comecei ter uns ataque, desmaiava e não tinha cura, ia pra um médico, ia pra outro, ia pra uma cidade e pra outra, eu batia a Paraíba quase inteira e ninguém dava jeito, ai eu fui a Pedra de Buíque conheci um médico, ele falou que eu fosse à procura de um rezador porque meu problema não era pra medicina, que eu tinha mais saúde que o próprio médico, ai eu fiquei com aquilo na cabeça, ninguém da nossa família nunca gostou dessa religião, ninguém. Eu tive qui ir me aperfeiçoando devagar, ai vim construí uma casinha aqui pequena e fiquei ajudando, ajeitando, botei o pessoal pra fazer as parede, as coisa, construir tudo, ai comecei ajeitar meu santo, ai conheci um pai de santo da Bahia, ele foi feito na Bahia mais ele é do natural da gente era João filho de João Gedeão aqui de Sumé, ele foi feito na Bahia então no por sinal, ele até faleceu o ano passado, ai eu procurei ele, meio com medo, que está coisa toda vida tive muito medo desta coisa, procurei ele disse eu faço seu santo ai comecei me preparar ai quando foi com três meses a minha casa tava pronta, pronta só parede só não tinha piso não só teto e parede não tinha piso não tinha nada ai eu entrei pra fazer ao santo, passei vinte e um dia de roncô ai fui raspado e catulado, ai com vinte e um dia teve a festa quando eu sai na sala já tinha cimentado tudo já, eu entrei no chão batido ai cimentado ai de lá pra cá tou tocando meu terreiro.

Luciano: E tudo isso começou quando o senhor ainda morava lá em São José dos Cordeiros?

Pai Inacinho: Não! Não, eu sai de São José dos Cordeiros com quinze anos, ai fui morar em Campina Grande passei seis anos em Campina Grande ai de lá vim, meu pai foi roubado a umas meses ai a gente vei embora pra Sumé ele vendeu a nossa propriedade em

(4)

Cordeiros ai a gente comprou umas casinhas aqui ficamos morando de aluguel alugando as casinhas e morando aqui e trabalhando.

Luciano: O senhor lembra mais ou menos que ano chegou aqui em Sumé?

Pai Inacinho: Não lembro não, tenho lembrança não, sei tá com quarenta anos que tou aqui. Luciano: Mais começou aqui em Sumé?

Pai Inacinho: Começou aqui em Sumé, eu tenho esses ataques essas coisa desmaiando, desmaiava e quando chegava, quando eu acordava tava nos hospitais, ou em qualquer canto assim perdido.

Luciano: O que é Pedra de Buíque que o senhor disse que conhecia?

Pai Inacinho: Pedra de Buíque é um uma cidade, tem após Arco Verde, que tem um médico muito entendido de lá, Pedra de Buíque é uma cidade já do... Estado de Pernambuco.

Luciano: O senhor não lembra quando foi que fez o santo, o ano?

Pai Inacinho: Não! Não, lembro não, eu sei tá fazendo quarenta anos, eu tenho as fotos de feituras, eu tenho tudo.

Luciano: quem foi que fez estas fotos? Quem era o fotógrafo?

Pai Inacinho: O fotógrafo na época foi uma mulher que mora aqui, até o filho dela faleceu, veio ela e o filho que fizeram essas fotos.

Luciano: Mais eles são da religião também? Pai Inacinho: São não, são só fotógrafos. Luciano: O senhor lembra o nome?

Pai Inacinho: Da mulher? O menino chamava-se, ele até faleceu é, Maria do Socorro é a mulher, e o rapaz não tou lembrado, a menina conhece, ela mora até embaixo aqui do lado, ela fez as fotos das feitura, todas as fotos da feitura.

Luciano: E quem construiu esse templo?

Pai Inacinho: Rapaz isso fui gostando devagazim aos pouquim primeiro eu fiz somente isso aqui e o salão ai então ai entrei de quarto fiz o santo fui fazendo o resto das coisas toda, certo?

Luciano: A família do senhor é católica? Pai Inacinho: Todos são católicos, todos. Pai Inacinho: O senhor ainda é católico?

Pai Inacinho: Sou católico também, continuo na religião. Luciano: Frequenta a missa?

Pai Inacinho: Vou à missa, me confesso, comungo, é nunca eu nunca me separei do catolicismo, a então eu toco a religião Afro e continuo católico também.

Luciano: Mais o padre sabe?

Pai Inacinho: O outro padre anterior que faleceu ele não gostava das pessoas espiritas, até expulsava da igreja mais esse padre que ta aqui já aceita.

Luciano: Quem era o padre anterior? Pai Inacinho: Era Padre Paulo.

Luciano: Teve algum incidente? Alguma coisa que ele dizia?

Pai Inacinho: É, que eu na minha época, que eu não era espirita eu batizei muita crianças, eu sempre fui muito convidado pra casamento, batizado ou então quando o padre é chegou ao conhecimento dele que eu era espirita, ai começou menino orar entendeu? Ai, eu já passei a não frequentar mais a igreja aqui na cidade, ai então eu vou pra Monteiro, vou pra

(5)

todo ano eu viajo para o Ceará então eu lá me confesso, comungo, assisto minhas missa, ai então depois que chegou este padre aqui na cidade é então eu vou pra missa.

Luciano: Mais como é o nome deste novo padre? Pai Inacinho: Padre Aroldo.

Luciano: O Padre Aroldo ele hoje sabe que você é catolicismo? Pai Inacinho: Sabe! Sabe que ele já casou dois filhos meu já. Luciano: Mais não tem problema?

Pai Inacinho: Não tem não com ele não tem problema eu vou a missa ele me ver na igreja ele me da a confissão normalmente.

Luciano: E com relação aos evangélicos?

Pai Inacinho: Evangélicos é que eles não gostam não do espiritismo, eles condena muito a religião Afro.

Luciano: você acha que tem alguma coisa algum incidente alguma coisa que você sabe que aconteceu aqui?

Pai Inacinho: Não! Não assim eu não frequento a igreja deles porque eles não gosta do espirito né? das pessoas espiritas então não vou a missa só aqui por sinal em frente da minha casa tem uma igreja evangélica a pentecostal.

Luciano: É, o senhor considera que aqui é umbanda ou candomblé? Pai Inacinho: Umbanda.

Luciano: Por quê?

Pai Inacinho: Porque a religião da gente aqui puxa mais pra umbanda é poucas pessoas entende o candomblé as deginas, as músicas que a gente canta então a gente puxa mais pra pra umbanda sempre são ligados mais pra umbanda agora eu sou feito na Angola com Moçambique na feitura Angola e Moçambique.

Luciano: Significa o que?

Pai Inacinho: É duas religiões a uma só fundamentada a uma só, só que como a religião da gente aqui ela puxa mais é pra umbanda ai a gente toca na umbanda as músicas são mais clássicas mais fácil o pessoal do pessoal decorar.

Luciano: Canta em português? Pai Inacinho: É, português.

Luciano: E se fosse cantada em candomblé?

Pai Inacinho: Ai as músicas era um pouco diferente. Luciano: Nas línguas?

Pai Inacinho: As língua são diferente , ai a gente fica mais por lado da umbanda aqui nessa região da gente.

Luciano: O que são as diginas?

Pai Inacinho: A digina é o nome do santo que traz a gente traz né? é que a minha eu sou de Orixalá e a minha digina é Lemilidigi a digina do meu santo então ai são as diginas que o orixá traz cada pessoa nascente de um orixá ele tem a sua digina a minha é Lemidile que significa filho de Orixalá.

Luciano: Com relação aos políticos da cidade, qual a relação que eles têm com a religião afro?

Pai Inacinho: Não eles me procuram quando precisam ai se tem algum trabalho a fazer a gente faz é então fica tudo na surdina eles não, eles não é se publica para o pessoal não saber.

(6)

Pai Inacinho: Não querem que seja é que a ninguém saiba que eles frequenta esses canto então eles vem ou manda um alguém se faz uns trabalhos e então eles ali se estabelece como era pra ser e ai é fica tudo tranquilo só que não frequenta.

Luciano: Quer que mais eles pedem para fazer?

Pai Inacinho? É quando estão doente é quando os negócios tão é em fase ruim eles procura então a gente da aquela ajeitada porque tem que ajeitar mesmo fica no silêncio e acabou. Luciano: E no tempo de eleição?

Pai Inacinho: Ai na eleição eles procura mais atrás de votos, quanto tem festa na casa, quando tem cultos na casa ai eles vem, chegam de repente e tudo e fica por ai mais é pra colher votos, depois não procura ninguém.

Luciano: Eles chegam a pedir ao senhor pra o senhor pedir voto aos filhos de santo?

Pai Inacinho: É aos filhos de santo, pra me convencer eles ajudar essas coisas agora que também ajuda deles eu nunca graças a Deus eu nunca tive construi tudo a meu punho Luciano: Quais são as festas que o senhor bate aqui?

Pai Inacinho: Aqui tem as festas é.. Tem a festa de Cosmo Damião que é em Setembro tem a festa de Agosto que é do Exu e Pomba Gira mulher do Exu e no mês de Junho a festa de Xangô ai tem deze.... ai no mês de Junho no meio dia é Janeiro a gente corta pra é São Sebastião que é o Oxossi ai mês de ai ai vai por etapa no mês de Maio que é o mês de Maria como se diz a gente toca pra Iemanjá no mês de Junho a gente toca pra Xangô pra São João Batista ai vai virando até o final do ano, Setembro a gente toca pra Iansã e em Dezembro Orixalá,Obaluayê e todos os orixás junto.

Luciano: Então não toca pra Iemanjá em dezembro?

Pai Inacinho: Toco pra Iemanjá também, porque sempre que eu toco pra Orixá pra pra santo eu começo com todos os Orixás eu canto pra Exu, canto pra Pomba Gira ai viro para o Orixá ai canto pra Ogum, Oxóssi, Obaluayê todos os orixás, então todas as vezes que você vai cantar pra santo ai canta pra todos os orixás, Cosmo Damião, Orixalá, Iemanjá, Iansã, Oxum, todos eles.

Luciano: Mais faz alguma entrega?

Pai Inacinho: Nas águas eu todo ano faço a minha entrega. Luciano: Onde?

Pai Inacinho: Em João Pessoa, na praia esse ano eu fui antes do dia oito porque no dia oito o um movimento é muito grande ai a gente não fica a vontade pra fazer as nossas entregas ai eu levo os corte ai entrego as panela no mar já dei já cheguei a levar terreiros com daqui por ônibus pra fazer toque na praia sempre faço isso ai.

Luciano: Ai qual praia lá que faz a entrega?

Pai Inacinho: Eu faço em qualquer praia porque eu vou é numa época que não tem muito movimento ai eu vou chego cedo arrio as obrigações todo meu banho de limpeza e venho embora.

Luciano: E o caso de oxum que é água doce?

Pai Inacinho: Ai no caso de Oxum que é água doce é quando os rio então cheio é que eu faço entrega pra ela que nós não temos cachoeira aqui na região é quando a primeira enchente que tem ai eu arreio a cesta e dou a Oxum

Luciano: Três anos de seca como a gente ta tendo agora como é que faz pra fazer as oferendas pra Oxum?

Pai Inacinho: Ai eu vou pra um açude aonde tem bastante água e entrego lá eu não entrego no rio entrego no açude.

(7)

Luciano: E sobre a Jurema?

Pai Inacinho: A Jurema é como se diz é os assentamentos Jurema as coisa toda Jurema é os filho vem pra fazer Jurema essas coisa e a gente entrega todos as obrigação de Jurema é entrega na mata, mato verde no caso não tendo mato verde na época se entrega debaixo de um juazeiro de uma aroeira na beira de um rio onde tem árvores faz estregas.

Luciano: Ai trabalha com cachimbo? Com fumaça?

Pai Inacinho: É ai quando é Jurema, ai se usa cachimbo é com Exu a gente usa o charuto ai então dia de toque ai a gente cultua com cigarros mesmo baixa Exu, quando baixa Pomba Gira a distribuição é cigarro bebidas, poucas bebidas que eu no adoto muita cachaça na minha casa não, minha casa é mais como é de Orixalá como é de orixá frio ai eu não adoto distribuição de cachaça de essas coisa não tudo pouquinho, só limitado só pra o orixá não ficar enraivado ai eu distribuo um pouquinho de bebida champanhe e o cigarro, pronto encerro.

Luciano: E faz a matança?

Pai Inacinho: Ai a matança é antes do corte quando no caso já tenho até uma matança já é a do mês de Junho no mês é de Janeiro é pra São Sebastião que é oxóssi né? Ai então eu já corto já faço os cortes já e fica já tudo pronto mesmo que eu não de o toque sempre faço as obrigações.

Luciano: E onde é que depois coloca a carga?

Pai Inacinho: A carga eu coloco nas árvores debaixo das árvores não coloco em ambiente que passe gente que o pessoal pisa, chuta, quebra, e ainda faz aqueles comentários eu não gosto de fazer essas entregas nas encruzilhadas né? nas ruas, minhas encruzilhadas meus trabalhos eu entrego tudo nos matos verdes na beira de um rio debaixo das árvores pra não chamar muita atenção do pessoal.

Luciano: Porque o senhor falou que sempre teve medo antes de fazer o santo? Medo de quer?

Pai Inacinho: É porque a gente não sabe onde vai entrar a religião que vai é católico, católico não tem isso né? ai no caso pra se dedicar ao espiritismo a gente sabe que vai lidar com as almas né? com pessoas que ninguém conhece como Exu como a Pomba Gira como o Orixá que são pessoas que a gente não conhece, é uma entidade que é diferente da de nossa vivencia né?

Luciano: Eu queria que o senhor falasse um pouco mais sobre esse João Gedeão.

Pai Inacinho: É João o filho de João Gedeão então ele foi feito na Bahia com dezesseis anos mais ou menos que ele tinha na época que ele fez santo ai ele veio pra região pra nossa região aqui ficou com os pais que ano passado chegou a falecer ai ele no começo quando eu conheci ele, ele tinha um terreiro pequenininho ai foi um época que deu uma enchente muito grande na nossa região aqui e entrou água na na rua que ele morava ai ele acabou o terreiro porque entrou água é... é desfez as coisas porque molhou tudo ai ele foi fechou o terreiro, como eu já tinha aberto o meu terreiro ai ele veio pra cá e fiquei por aqui que eu fui feito na minha casa mais eu fiquei frequentando a casa dele entendeu? Ai até ele veio também pra cá trouxe o santo dele ficou comigo uma temporada e a gente ficou ai depois ele entreguei o santo dele porque teve umas umas coisas que não deu certo e sempre tem aquelas coisa o pai santo quer manobrar quer fazer coisas erradas no terreiro ai não dava certo ai a gente discutiu e eu também eu não me intriguei com ele só discutimos e eu entreguei as coisa dele e eu fiquei tomando conta das minhas coisas só.

(8)

Pai Inacinho: Ai então ele era meu pai de santo. Luciano: E a mãe?

Pai Inacinho: Não tem, eu não tenho, eu tenho madrinha que faleceu também é Leuzenira, feita em João Pessoa.

Luciano: Mais ela é daqui?

Pai Inacinho: É... é não a família dela ela tem uma parte da família aqui só que a família dela é em João Pessoa, ela é dos carneiros.

Luciano: E esse terreiro do filho de João Gedeão na época da enchente, era na rua principal aqui de Sumé?

Pai Inacinho: Na rua é da Rua da Lama lá em baixo perto do DENOCS era só um quartinho pequeno, com um sala aonde ele cultuava os toque da casa dele.

Luciano: É qual a diferença da direita e a esquerda?

Pai Inacinho: A direita e a esquerda é o seguinte porque nós temos a direita e temos uma esquerda é divido como orixalá, Orixalá é direito e Lucífer é esquerdo porque é o anjo da esquerda dele como eu sou de Orixalá o meu exu é Lucífer.

Luciano: Então a parte dos orixás é direita?

Pai Inacinho: É direita e a parte da esquerda são os exus são os os é os santos exus pra gente a gente não cultua eles como demônios a gente cultua eles como orixás os orixás da direita e os orixás da esquerda.

Luciano: É as pessoas, os clientes, tem muitos clientes aqui? Pai Inacinho: Tenho, tenho bastante cliente.

Luciano: Aqui em Sumé ou de outros lugares?

Pai Inacinho: Mais de fora, Monteiro, São Sebastião do Umbuzeiro, Serra Branca, de varias cidades, Serra Talhada muitas, muitas pessoas vem mais de fora a clientela de Sumé são poucas mais pessoas de fora.

Luciano: Os clientes procuram mais que tipo de trabalho?

Pai Inacinho: Mais é em sistema do amor é o homem separou da esposa ai vem a procura a mulher separou do marido ai vem a procura então é mais isso ai mais amarrações é desmancho trabalho feito que tem o pessoal que faz trabalho pra separar é mais isso ai mais em termo de amarrações, separações, casamento, e doença né? quando adoece e não tem cura na medicina ai ele procura os espirita ai a gente vai ver o que pode fazer vai se jogar pra ver o que tem que fazer como é pra fazer faz tudo ali e pronto.

Luciano: qual a importância do jogo?

Pai Inacinho: O jogo é pra saber o orixá pra saber o problema qui você a pessoa que vem qual a é a ocorrência do problema se é a saúde se é trabalho feito se é oguns que tem oguns que com que eles pega as criaturas né então ai se desliga através do jogo, tanto das cartas, como do como das cartas como os búzios.

Luciano: O senhor recebe as entidades? Pai Inacinho: Não, recebo não.

Luciano: Por quê?

Pai Inacinho: Desde da minha feitura como sou filho de orixalá é ai meu pai de santo me falou que eu nunca ia receber nenhuma entidade que eu trabalhar simplesmente como eu estou aqui, não recebo.

(9)

Pai Inacinho Eu é só aquela radiação vem se aproxima as entidades se aproxima então eu faço todo o trabalho ali eu com a minha consciência, consciente do que estou fazendo. Luciano: E a mesa branca?

Pai Inacinho: A mesa branca eu sempre reúno de sete a dez pessoas, sempre começo com sete ai então eu forro a mesa ajeito as coisa toda, pra puxar guia, o guia das pessoas que quere trabalhar em mesa branca porque a maioria é mais do lado do da esquerda, é mais do lado é do toque, e mesa branca é totalmente diferente, ai só na mesa branca eu só trabalho com perfume, vela e água.

Luciano: É kardecista?

Pai Inacinho: É kardecista, que tem pessoas que é pra gira né como no caso faz a gira e tem pessoas que é pra mesa branca então ai quando é pra mesa branca eu já vou armar a mesa e fazer a “puxassão” dos guias ai vem dão as falange, converso o que tem de falar ai pronto depois eles ver e fica só retornando né? sempre de mês e mês uma mesa branca pra ir puxando os guias.

Luciano: O que é da a falange?

Pai Inacinho: Falange é o nome da pessoa, quem é, de onde vem, quer que precisa, o que é que quer, é sobre isso ai, só isso ai.

Luciano: O senhor estudou em escola? Pai Inacinho: Eu fiz é, eu sou professor. Luciano: Hoje?

Pai Inacinho: Sou, não eu não exerço a função de professor, eu sou professor porque eu fiz o magistério né ? na época que eu estudava, terminei os estudos ai então eu fiz o magistério, sou formado mais sem ter emprego como professor, ai trabalho no Estado como vigilante.

Luciano: onde o senhor trabalha como vigilante o pessoal sabe que o senhor é pai de santo? Pai Inacinho: Todo mundo na cidade me conhece como espirita, só que eu não me dedico a é um não digo a ninguém que sou espirita o pessoal me ver na cidade não sabe que eu sou espirita eu ando normal eu não gosto de tá me expondo com aqueles colar as mãos não gosto não.

Luciano: E aqui é filiada a qual federação? Pai Inacinho: É de João Pessoa.

Luciano: É aqui essa é comandada por quem?

Pai Inacinho: Era foi Valter que tomou conta desta federação, porque ele chegou a falecer e depois que ele faleceu não apareceu mais ninguém na nossa região, a gente paga todo mês a mensalidade e ele não mandou mais ninguém fazer a cobrança da mensalidade que a gente paga todo mês.

Luciano: e uma federação de Pai Washington que tem aqui em Monteiro?

Pai Inacinho: Não essa eu no no no só conhecedor dela não, eu só conheço a de Valter em João Pessoa que é da região, da nossa região aqui.

Luciano: Quantos filhos de santo o senhor tem?

Pai Inacinho: Eu no eu no sei nem calcular porque a partir da do momento que um filho corta daquela casa da faz suas obrigações ele pertence aquela casa são filho da casa aqui acredito que uns três a quatro mil pessoas só que pra tocar o terreiro pra tocar mesmo é poucas pessoas é cinquenta, sessenta depende da dos convites que eu fizer das pessoa Luciano: São daqui de Sumé?

(10)

Luciano: Os que giram e os que sempre estão aqui, são daqui?

Pai Inacinho: São daqui da cidade vem poucos de Monteiro, Serra Branca, Congo, são poucos filhos eu faço festa aqui vem todo mundo.

Luciano: É tem algum caso de algum cliente ou alguém daqui que venha às vezes escondido pra fazer algum trabalho?

Pai Inacinho: Vem muita gente né? que faz escondido. Luciano: Por quê?

Pai Inacinho: Com medo de aparecer o pessoal saber inclusive pessoas da igreja né? qui tem religião na igreja que é como mãe rainha servidor da igreja né? que o padre pode achar ruim ai eles vem as escondidas não quer se aparecer no quer se mostrar né?

Luciano: É o senhor poderia falar um pouco do terreiro de seu Cicero em Monteiro?

Pai Inacinho: Na eu eu eu só fui uns quatro a cinco toque na cidade de Monteiro de Cicero ele é uma pessoa muito boa trabalhava bem recebia um metre muito bom só que ai como ele bebia ai o terreiro foi a decadência foi caindo porque ele bebia muito.

Luciano: Mais é o terreiro mais antigo de lá?

Pai Inacinho: É, é novo ele não é antigo o terreiro de lá, o meu aqui é o mais antigo da nossa região todinha aqui é o meu e o de Antônio Graxuá.

Luciano: O senhor lembra que década foi aqui o seu? Década nos anos setenta, oitenta? Pai Inacinho: Não não deu de oitenta pra cá.

Luciano: É o mais antigo daqui?

Pai Inacinho: É o mais antigo daqui é esse aqui e o de Antônio Graxuá e o de Madame Jô já é o mais recente porque ela vive mais em São Paulo e o de Cicero tem é de pouco tempo ele não tem muito tempo de existência lá não.

Luciano: O senhor já ouviu falar sobre João Agripino? Pai Inacinho: já.

Luciano: O que?

Pai Inacinho: Só sobre a campanha sabe aquela época que ele era ele reinava como como como é pessoas da da da política só.

Luciano: Mais nada sobre a questão da religião? Pai Inacinho: Não sei sobre a religião eu não sei. Luciano: É de onde mais vem preconceito?

Pai Inacinho: O preconceito é mais do catolicismo né? e dos umbandis... da do pessoal da religião é da Assembleia de Deus esse pessoal assim só o preconceito é mais isso ai então a maioria dos jovens que não gosta não acredita nessas coisa ai eles gostam de jogar indiretas só mais eu pra mim não faz diferença que eu não vivo ...

Luciano: Esse Padre Paulo moveu uma campanha mesmo aqui? Não foi? Pai Inacinho: Morreu aqui na cidade foi.

Luciano: digo ele, ele ...

Pai Inacinho: Ele morou aqui bem quarenta anos quando eu cheguei aqui ele já existia na cidade, eu acredito que quarenta a cinquenta anos que ele reinou na nossa cidade.

Luciano: Mais ele chegava a falar na missa?

Pai Inacinho: Falava, reclamava e expulsava as pessoas da igreja é isso. Luciano: Teve um episodio que saiu até na rádio aqui né?

Pai Inacinho: Teve teve só que eu não frequentava muito a igreja, eu tive eu tive uma amiga aqui, que ela ele expulsou ela da igreja por isso saímos evitando porque uma religião que a gente não é bem vindo ninguém vai lá ver o que né só pra você passar vergonha ou

(11)

vexame ai não da ai eu não fui no ia por isso ai e sempre ia a missa campais quando na frente da igreja eu queria ir a missa era campal eu ia no ia no precisava entrar na igreja acom... acompanhava a procissão sempre ia eu ia só que dentro da igreja eu não ia, ia a missa campal.

Luciano: Tem mais alguma coisa alguma mensagem que o senhor queira deixar ou queira acrescentar?

Pai Inacinho: Não, só suas perguntas quiser fazer alguma mais pode fazer as suas perguntas, quanto as minhas é , é as minhas respostas se lhe agradecer ai como se diz vocês é que deve fazer o que tem eu tou aqui somente pra responder as suas perguntas.

Luciano: O senhor indica mais algum terreiro que a gente possa visitar?

Pai Inacinho: Tem Antônio Graxuá aqui de lado é é ele é juremeiro só aqui, então tem Madame Jô mais tá fechado porque a casa dela ela não tá aqui acredito que não tenha nem quem der uma entrevista, porque ela foi fazer uma cirurgia em São Paulo e vai fazer quase oito meses que ela tá pra lá ela vem da os toque dela e volta pra São Paulo que ela tem terreiro também em São Paulo, agora tem Antônio Graxuá aqui do lado viu querendo ir lá na casa dele.

Luciano: Como é o nome aqui do seu terreiro?

Pai Inacinho: Aqui é o terreiro do senhor do Bom Fim. Luciano: É orixalá?

Pai Inacinho: É orixalá, senhor do Bom Bim. Luciano: Então muito obrigada pela entrevista.

Referências

Documentos relacionados

Realizou-se estudo do tipo ecológico com o objetivo de investigar o perfil sociodemográfico e epidemiológico, a frequência de casos, os indicadores epidemiológicos

De seguida, vamos adaptar a nossa demonstrac¸ ˜ao da f ´ormula de M ¨untz, partindo de outras transformadas aritm ´eticas diferentes da transformada de M ¨obius, para dedu-

 Tributação de Organismos de Investimento Colectivo não residentes, detidas por Residentes – estende-se o regime de tributação de participantes não residentes às

disciplina que compreende a religião como parte da cultura e que busca explicar as semelhanças e as diferenças entre fenômenos religiosos em sociedades diversas. No desenvolvimento

Még épp annyi idejük volt, hogy gyorsan a fejük búbjáig húzták a paplant, és Mary Poppins már nyitotta is az ajtót, és lábujjhegyen átosont a

A noção de serviços centrado na experiência abrange os elementos contextuais que influenciam as experiências dos consumidores no que concerne aos serviços, quais sejam: o

Até os dias atuais, os livros-texto reproduzem, em sua grande maioria, o currículo mais tradicional, e a probabilidade de que um aluno encontre Petrarca ou Landivar durante seus

 Ao final da jornada de trabalho, limpar o excesso de concreto e engraxar o bocal de acoplamento para o