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Homoafetividade à luz da psicologia espírita

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Academic year: 2021

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Homoafetividade à luz da psicologia espírita

A palavra homossexualismo tem sido então usada para designar a realidade de homens que sentem atração por outros homens ou mulheres por outras mulheres. Contudo, como esta palavra tem sido usada ao longo do tempo dentro de uma grande carga de

preconceito, razão pela qual preferem a palavra homossexualidade, que teria um caráter mais neutro. Ainda mais recentemente, outros pesquisadores tem preferido a palavra homoafetividade, por lembrar que a atração não diz respeito apenas a questões sexuais, mas envolve também troca afetiva, convivência amorosa e mesmo a criação de laços estáveis através de relacionamentos duradouros. Embora a homoafetividade esteja presente em várias culturas e países diferentes, no passado ou na atualidade, no mundo ocidental ela foi encarada durante muito tempo como uma doença, transtorno ou desvio de comportamento. Preconceitos, discriminações e

injustiças foram e ainda são praticadas com base neste julgamento. Nas últimas décadas, contudo, um avanço geral da mentalidade social e científica tem trazido uma luz diferente para esta questão. Em países como os EUA e o Brasil, por exemplo, os compêndios e conselhos profissionais já háá algum tempo retiraram a

homoafetividade da categoria de transtornos mentais ou

comportamentais. O mesmo avanço se verifica nas questões legais, que buscam prevenir as práticas homofóbicas e igualar os direitos de heterossexuais e homossexuais, inclusive com o direito de

constituírem famílias reconhecidas como casamento. No Brasil, embora a lei ainda não preveja o casamento homoafetivo,

recentemente um tribunal superior reconheceu a união estável entre dois homens, igualando este relacionamento a um casamento.

Depois desta decisão judicial, alguns cartórios do Brasil passaram a entender que a celebração da união estável entre pessoas do

mesmo sexo já pode ser feita diretamente nos tabelionatos, sem necessidade de solicitar a permissão judicial.

Entre os estudiosos do comportamento humano, aos poucos tem sido construído um consenso de que a definição do desejo sexual

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não é exatamente uma “preferência”, mas sim uma “orientação”. Isto significa de que a atração sexual ou mesmo a falta dela não são exatamente uma decisão consciente, mas sim o resultado de todo um processo de desenvolvimento do indivíduo, que envolve questões biológicas, familiares, sociais, psico-afetivas, etc. De um modo geral, se reconhece hoje quatro possibilidades de orientação sexual: a heterossexualidade, quando a atração de dá entre homem e mulher; a homossexualidade, com a atração entre pessoas de sexo diferente; a bissexualidade, quando a atração é por ambos os sexos; e finalmente a assexualidade, quando o indivíduo não sente atração sexual por outras pessoas. Todas estas orientações são hoje consideradas dentro de um aspecto de normalidade, sendo que os distúrbios que possam atingir o comportamento sexual não são privilégio de nenhuma categoria.

Embora os estudos e as pesquisas tivessem concluído que não há base empírica ou científica para considerar a homossexualidade como uma anormalidade, ao invés de uma orientação sexual normal e saudável, o certo é que ainda há um contexto de preconceito

social muito forte envolvendo a questão da homoafetividade. Isto se pode ver nos termos chulos e de menosprezo que ainda se usam em comentários e piadinhas, para designar os gays. Embora hoje os homossexuais contem até mesmo com proteções do campo dos direitos humanos, o certo é que ainda há no nosso meio um

preconceito, algumas vezes velado e outras vezes escancarado, de que um indivíduo homossexual tivesse menos dignidade ou fosse um ser humano menor de que uma pessoa heterossexual.

Infelizmente, este tipo de preconceito social foi e ainda é alimentado dentro de muitas religiões, que colocam a homossexualidade como uma prática desviante e mesmo um pecado, um crime contra a ordem divina ou sagrada. O certo é que muitos religiosos ainda não superaram seus próprios preconceitos pessoais e acabam

confundindo suas convicções pessoais com verdades

transcendentes, gerando equívocos e sofrimentos, exatamente no espaço onde todas as pessoas, independente de sua orientação sexual, deveriam encontrar compreensão, apoio, orientação e

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entendimento, para viveram sua realidade afetiva e sexual dentro de um clima de respeito, saúde e elevação.

Embora o Espiritismo seja uma filosofia de vida com base empírica e consequências éticas e espirituais e, portanto, baseada na livre investigação, no bom senso e na fé raciocinada, é certo que alguns autores espíritas ainda têm tratado do tema com certa dose de preconceito. Alguns autores acabaram interpretando algumas revelações mediúnicas de uma forma um tanto distorcida,

exatamente por que cada um de nós enxerga o mundo através da lente do seu próprio modelo mental. E muitas vezes não

conseguimos ter consciência que o óculos que estamos usando para enxergar a realidade é matizados pelas nossas próprias experiências de vida e condicionamentos culturais, familiares e sociais.

A principal destas revelações mediúnicas explica a tendência

homossexual pelo fato de que, em vidas anteriores, aquele espírito ter feito mau uso do sexo. Razão pela qual, numa nova vida,

reencarnaria num corpo diferente da sua tendência sexual

predominante. Explicando melhor. Sabemos que o espírito não tem sexo, razão pela qual pode reencarnar tanto no sexo masculino quanto no feminino. E é exatamente o que acontece, porque o espírito, em sua processo evolutivo rumo à união com Deus, necessita de ambas as experiências, seja como homem ou como mulher, para desenvolver aspectos diferentes de seu próprio potencial divino. Assim, por exemplo, o espírito que tenha

reencarnado prioritariamente como homem e desenvolvido mais o lado masculino de sua personalidade, poderia reencarnar como mulher, para efeito de experimentar algo que se faz necessário para o seu aprendizado. O mesmo poderia se dar também no sentido contrário, um espírito mais desenvolvido nos seus aspectos

femininos, poderia vir a reencarnar como homem. Estes indivíduos, então, embora na atual encarnação como homem ou mulher,

sentem mais atração, afetiva e sexual, por pessoas do mesmo sexo, pois sua tendência psicológica é mais forte do que a sua natureza biológica.

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Até aqui, tudo bem, a explicação espiritual espírita traz uma nova e importante questão para ser considerada dentro da complexidade de fatores que vai determinar qual orientação sexual vai constituir o comportamento desta ou daquela pessoa. O problema aparece quando alguns autores espíritas entendem que, por causa desta explicação reencarnatória, isto significa que aquele espírito deveria obrigatoriamente “curar” a sua orientação homossexual ou então deveria abster-se de manter relacionamentos homoafetivos. Ambas estas conclusões estão equivocadas.

Lembremos de Kardec, que nos diz que o Espiritismo nunca será ultrapassado pela ciência, pois se a ciência um dia comprovasse que a Doutrina estaria equivocada em algum ponto, ela se

modificaria. Isto foi um grande insight de Kardec, pois embora acreditemos que o Espiritismo é fruto das revelações de Espíritos Superiores, que estão de posse de verdades maiores sobre a vida, estas revelações só chegam até nós através do canal da

mediunidade e do trabalho de entendimento, interpretação e organização deste conhecimento por parte dos encarnados. Em sendo a Doutrina Espírita uma construção que se faz numa via de mão dupla, irá conter aspectos modulados pelo entendimento humano, que é sempre parcial e condicionado pelo estado da cultura de determinado momento histórico.

Logo, se a ciência hoje, em diversos campos de investigação,

especialmente no estudo da saúde, com a medicina/psiquiatra, e no estudo do comportamento, com a psicologia, não encontram bases para sustentar que a homoafetiva continue sendo considerada um distúrbio mental ou transtorno de comportamento, a Doutrina Espírita precisa levar isto seriamente em consideração. Neste sentido, não se pode pensar mais em homossexualidade como algum tipo de anormalidade, e portanto também não se pode mais falar em “curar” a homossexualidade. Diga-se de passagem que, no Brasil,o Conselho de Psicologia, proibiu aos psicólogos oferecer qualquer tipo de tratamento que tenha como mote tratar da homossexualidade como transtorno psicológico.

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Por outro lado, sendo considerado dentro do aspecto de

normalidade do comportamento humano, também não há mais que aconselhar que indivíduos com orientação homoafetivo deveriam abster-se de ter relacionamentos homoafetivos, para cultivar uma pretensa elevação de comportamento através do celibato ou da abstinência afetiva ou sexual.

Se o indivíduo reencarnou num corpo com o sexo oposto às suas tendências psicológicas, isto significa apenas que este espírito precisa passar por um determinado gênero de experiências, para sua própria evolução. Este gênero de prova não é mais nem menos do que a prova que um heterossexual possa ter em relação às suas experiências afetivas e sexuais.

O que o Espiritismo tem a dizer para um indivíduo homoafetivo é absolutamente o mesmo que tem a dizer a um heteroafetivo: utilize-se do utilize-sexo dentro do relacionamento afetivo sério e comprometido, evitando a promiscuidade e toda e qualquer prática que traga algum prejuízo para a saúde sua e de seu parceiro.

No mais, todos os espíritos tem direito a buscar e condições de alcançar a sua felicidade. Todas as pessoas tem o direito de

experimentar o prazer que vem dos sentidos e o prazer que vem do coração. Quando o prazer dos sentidos se une ao prazer do

coração, o sexo deixa der ser apenas o encontro erótico de dois corpos e passa a ser uma união sagrada de duas almas que

experimentam a mais sublime de todas as experiências humanas: o amor!

Cabe a nós, espíritas, fazer coro com as forças do avanço da cultura, da filosofia e da ciência humanas. Cabe a nós contribuir com as forças evolucionárias que estão aos poucos construindo a era nova da regeneração. Cabe a nós receber no centro espírita a todos os nossos irmãos, independente do gênero de provas e experiências que tenham escolhido o necessitado passar para a sua própria evolução. Que nossas mentes e corações abertos sejam o prelúdio de um novo tempo, onde amor maior deixou de ser um mandamento para ser o fundamento verdadeiro da nossa vida.

Referências

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