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Avaliação do efeito da polinização complementar em actinídea deliciosa CV. Hayward na Região de Entre Douro e Minho

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Academic year: 2021

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Avaliação do efeito da polinização complementar em actinídea

deliciosa CV. “Hayward” na Região de Entre – Douro e Minho

Oliveira, M.1,Veloso, A.2, Teixeira, M.3, Veloso, F.4, Antunes, D.5 1 – DRAEDM-Divisão de Vitivinicultura e Fruticultura, Quinta de Sergude, Sendim, 4610-764 Felgueiras, PORTUGAL

2 – DRAEDM-Divisão de Vitivinicultura e Fruticultura, Quinta de Sergude, Sendim, 4610-764 Felgueiras, PORTUGAL, actualmente colocada na DRARO

3 – Ex. estagiária profissional DRAEDM-Divisão de Vitivinicultura e Fruticultura, Quinta de Sergude, Sendim, 4610-764 Felgueiras, PORTUGAL

4 – Frutas Douro ao Minho, Gandra, S. Estêvão Briteiros, 4805-483, Guimarães 5– Universidade do Algarve, F.E.R.N., Campus de Gambelas, 8000-117 FARO, PORTUGAL

RESUMO

A actinídea como planta dióica que é necessita sempre, da presença de uma planta macho e fêmea para que a produção seja de qualidade.

No entanto, a presença de machos e fêmeas no pomar não é o garante de uma boa produção, em qualidade e quantidade, sendo também de extrema importância outros factores como: distribuição dos machos na parcela, condições climáticas na época da floração, nutrição, poda, etc.

Nos pomares mais antigos em que as variedades de machos mais utilizada são as variedades Matua e Tomuri, ainda se levanta um outro problema, a falta de concordância de floração com as plantas fêmeas.

A utilização da polinização artificial surge como mais uma técnica que pode aumentar a probabilidade de obtenção de colheitas de melhor qualidade.

Com a realização deste trabalho, uma das linhas do Proj. Agro 688 e na sequência do Proj. Agro 231, testou-se a aplicação artificial de pólen por duas vias, via seca e via líquida, e em estados fenológicos diferentes, 50% e 90% de flores femininas abertas, procurando dar-se uma resposta adequada aos problemas atrás referenciados.

Os resultados obtidos dizem-nos que a aplicação artificial de pólen é realmente muito eficaz nos anos em que existe uma disparidade elevada da floração entre machos e fêmeas. Quando a floração é mais concordante os resultados não são tão satisfatórios. Apesar de tudo a aplicação artificial de pólen, quer por via seca quer por vai líquida, quando 90% das flores femininas estão abertas apresentou uma melhoria na quantidade e no aumento de peso dos frutos.

Palavras-chave: Pólen, via seca, via líquida, floração. ABSTRACT

Actinidia orchard needs male and female plants for good quality fruit production. However, for its success it is of great importance the distribution of male plants, climatic conditions during flowering, nutrition, pruning, etc.

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In the older orchards where male varieties are mainly Matua and Tomuri, there is the problem of lack of concordance in flowering at the same time as female plants.

The use of artificial pollination comes as a technique to increase the probability to obtain fruits of better quality.

With this work, a part of the project Agro 688 and continuation of Agro 231, it was studied the complementary pollen application by dry and wet way, at different phonological stages, 50% and 90% of female plants opened, in order to give an adequate response to the above mentioned problems.

The results tell us that the complementary pollen application is really efficient in years where there is not synchronization in flowering between male and female plants. When this synchronization exists the results are not so important. Although, the complementary pollen application when 90% of female flowers are open showed an increase in the quantity and size of kiwifruits.

Key words: kiwifruit, actinidia, pollen, complementary application, flowering.

INTRODUÇÃO

A actinídea, quando comparada com outras espécies frutícolas, apresenta um número reduzido de flores e uma percentagem elevada de frutos vingados. Esta espécie não apresenta queda natural de frutos e todas as flores que completem o seu desenvolvimento e que sejam devidamente polinizadas permanecem, podendo originar frutos de calibre adequado.

Contudo, pelo facto de ser uma espécie dióica, a polinização apresenta-se como um dos eventos cruciais na produção do kiwi, sendo a quantidade de pólen transferido e a sua qualidade de grande importância para o calibre final do fruto, dada a estreita relação entre este e o número de sementes (Mazzone, P. et al., 1996). Os frutos de calibre superior possuem cerca de 1150 sementes, de modo que podemos afirmar com segurança que, para garantir uma boa polinização, cada flor deverá receber o dobro dos grãos de pólen, o que significa 2000-3000. Uma planta masculina de boa qualidade é capaz de produzir dois milhões de grãos de pólen com 80-90% de capacidade de germinação.

Em Portugal estima-se que cerca de 30% da produção total não pode ser comercializada em consequência da falta de calibre e de deformações do fruto. Diversos factores parecem estar envolvidos nesta elevada percentagem de perdas. Factores relacionados com a polinização, a curta duração da fase da floração, a adversidade das condições climáticas (com chuvas, por vezes intensas, dificultando o trabalho dos insectos), a ausência de sincronismo entre a floração das plantas macho e fêmeas e o número reduzido e/ou a distribuição inadequada de machos nos pomares constituem barreiras relativamente importantes a uma polinização eficiente.

O processo da polinização é de tal forma importante na rentabilidade da cultura da actinídea que, na tentativa de melhorar a sua eficiência, podemos encontrar na bibliografia da especialidade numerosos estudos relacionados com o processo da floração e da polinização, nomeadamente, referências ao número de machos nos pomares (Biasi e Costa, 1984; González, et al.; 1995; Galimberti, et al., 1987, González, et al.; 1997; Succi et al., 1997;); ao estudo da actividade dos insectos polinizadores, à aplicação de atractivos para os insectos (Donovan, 1991; Pinzauti,

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1990; Tsirakoglou, et al., 1997); à polinização complementar com recolha e posterior aplicação de pólen, utilizando métodos manuais ou mecânicos (Cacioppo, 1990; Mazzone, et al.; 1996) e à selecção de machos com floração coincidente com as plantas fêmeas (González, et al.; 1994; Testolin, et al., 1995; Testolin, et al., 1997), entre outros.

A polinização complementar constitui, actualmente, uma das formas mais eficazes de melhorar a polinização da actinídea. Amplamente divulgada nos principais países produtores de kiwis, como a Nova Zelândia, Itália, Chile ou os Estados Unidos, é ainda uma prática pouco divulgada em Portugal. São poucos os kiwicultores que a utilizam nos seus pomares, e devido à falta de domínio da técnica o insucesso é frequente. A reduzida adesão a esta técnica no nosso País decorre do facto de se tratar de uma técnica inovadora, do aumento dos custos de produção que dela advêm e do desconhecimento da sua mais valia.

Existem vários trabalhos realizados em Portugal sobre a viabilidade da utilização de pólen, reduzindo assim os seus custos de importação (Abreu et al., 1999a; 1999b; 2000a; 2000b; 2000c).

MATERIAL E MÉTODOS

A presente acção, integrada no Proj. Agro 688, decorreu durante o ano de 2004 num pomar em plena produção da variedade Hayward, conduzido em T, localizado na freguesia de Vilar, concelho de Vila do Conde.

Esta acção tem como um dos objectivos demonstrar o efeito da aplicação complementar de pólen sobre os parâmetros quanti-qualitativos da produção. Os diferentes tratamentos consistem em: T – polinização livre; P1 – polinização complementar quando 50% das flores se encontravam em plena floração; P2 – polinização complementar quando 90% das flores se encontravam em plena floração; P3 – tratamento constituído por duas aplicações complementares de pólen. A primeira quando 50% das flores femininas se encontravam em plena floração e a segunda quando 90% das flores se encontravam em plena floração; PC – aplicação por via líquida quando 90% das flores femininas já se encontravam em plena floração. A dose aplicada de pólen por hectare foi de 200 g ao qual se misturaram 400 g de Lycopodium de modo a facilitar a distribuição por via seca. Na aplicação por via húmida a dose de pólen por hectare foi de 100 g, adicionada numa solução constituída por: 30 L/ha de água desionizada, 0,5 L/ha de solução nutritiva e 0,1 L/ha de corante.

RESULTADOS

Os resultados apresentados referem-se ao trabalho realizado no ano de 2004 e dizem-nos que:

- Em pomares em que a distribuição de machos é adequada e não existam problemas de chuvas e dessincronização de floração macho/fêmea, a polinização natural proporciona bons resultados ao nível dos calibres;

- Em anos em que na fase final da floração as condições climáticas não são favoráveis, a aplicação de pólen quando 90% das flores estão abertas, P2 (Fig.2), é essencial para a obtenção de bons resultados;

- A aplicação de pólen aumenta o número de frutos vingados (Fig.3);

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- Pelos dados obtidos neste ano, o tratamento P3 2 aplicações de pólen, mostrou melhores resultados.

DISCUSSÃO

Dos trabalhos efectuados até agora podemos afirmar que:

- A aplicação de pólen proporciona resultados positivos, quanto mais adversas forem as condições em que se encontra o pomar;

- A tecnologia de aplicação bem como a época de aplicação têm influência nos resultados obtidos;

- As limitações impostas na aquisição de pólen, nomeadamente as características próprias do produto, as limitações da comercialização o próprio preço do pólen são factores negativos para a implementação desta tecnologia.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi financiado pelos projectos ‘Regularidade produtiva, qualidade e conservação dos frutos de actinídea nas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Litoral, Programa Agro/medida 8.1/ nº 231 e "Demonstração e promoção de práticas agrícolas que assegurem a qualidade e segurança alimentar e que minimizem o impacto ambiental da cultura da Actinídea.” Programa Agro / Medida 8 /nº 688.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Abreu, I. S. Coimbra, N. Alves, J. Guerner-Moreira & R. Salema, 1999 -– Histochemistry of the microspore wall of male-fertile and male-sterile Actinidia deliciosa. XXXIV Reunião Anual da SPME-BC- Lisboa.

Abreu, I. S. Coimbra, N. Alves & R. Salema, 2000 - Immunolocalization of arabinogalactan proteins (AGPs) in Actinidia deliciosa female flowers. XVIth International Congress on Sexual Plant Reproduction- Banff, Alberta,Canada

Abreu, I., Torrão, L., Santos, A., Guerner-Moreira, J. and Salema, R. 2000. Protoplasts isolated from pollen and microspore tetrads of Actinidia deliciosa. XIII APLE Simposio. Cartagena. Spain.

Abreu, I., Torrão, L., Santos, A. and Salema, R. 2000. Changes of soluble and insoluble protein patterns during microsporogenesis in sterile and fertile Actinidia deliciosa anthers. Congresso nacional de Bioquímica. Póvoa de Varzim. Portugal.

Abreu, I., J. Guerner-Moreira & R. Salema, 1999 – Estudo comparativo das estruturas reprodutoras férteis e estéreis de Actinidia deliciosa. O Minho a Terra e o Homem 30 : 32-37.

Biasi, R. ; Costa, G. 1984. Aspetti e problemi dell’impolinazione dell’Actinidia. Rivista di Frutticoltura. 9/10: 45-50.

Cacioppo, O. 1990. Actinidia artificial pollination: The New Zealand method: First experiences in Italy. Acta Horticulturae, 282: 111- 111.

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Donovan, B. J. ; Read, P. E. C. 1991. Efficacy of honey bees as pollinators of kiwifruit. Acta Horticulturae, 288: 220-224.

Galimberti, P.; Marro, M.; Youssef, J. 1987. Periodo utile d’impollinazione in Actinidia chinensis (Planch). Rivista di Frutticoltura. 1: 51-54.

González, M. V.; Coque, M. ; Herrero, M. 1994. Pollinator selection in kiwifruit ( Actinidia deliciosa): Journal of Horticultural Science. 69 (4): 697-702.

González, M. V.; Coque, M. ; Herrero, M. 1997. Kiwifruit flower biology and its implications on fruit set. Acta Horticulturae. 444 (1): 425-429.

González, M. V.; Coque, M. 1995. Stigmatic receptivity limits the effective polination period in kiwifruit. J. Amer. Soc. Hort. Sci. 120 (2): 199-202.

Matheson, A . G. 1991. Managing honey bee pollination of kiwifruit (Actinidia deliciosa) in New Zealand - A review. Acta Horticulturae. 288: 213-219.

Mazzone, P. , Vitale, C.; Menella, G. F. F. 1996. Risultati di due anni di studi

sull’impollinazione manuale in Actinidia deliciosa (C.). Rivista di Frutticoltura. 2: 67-69.

Pinzauti, M.. 1990. Kiwi pollination: several ways of increase the activity of honey bees. Acta Horticulturae. 282: 149-149.

Succi, F.; Costa, G.; Testolin, R. ; Cipriani, G. 1997. Impollinazione dell’actinidia: una via per migliorare la qualità dei frutti. Rivista di Frutticoltura. 5: 39-44.

Testolin, R.; Cipriani, G.; Gottardo, L.; Costa, G: 1995. - Valutazione di selezione maschili di actinidia come impollinatori per la cv. “Hayward”. .Rivista di Frutticoltura. 4: 63-68.

Testolin, R.; Cipriani, G.; Gottardo, L.; Costa, G: 1997.- Selection and evaluation of late lowering pollinizers in Actinidia deliciosa. Acta Horticulturae. 444 (1): 113-118.

QUADROS E FIGURAS

Figura 1 – Efeito dos diferentes tratamentos sobre a produção comercial por árvore (Kg).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 T P1 P2 P3 PC Tratam e ntos P ro d u ç ã o /c o m e rc ia l/ á rv o re ( K g )

Figura 2 – Efeito dos diferentes tratamentos sobre a produção total por árvore (Kg).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 T P1 P2 P3 PC Tratam entos P ro d u ç ã o /t o ta l/ á rv o re ( K g )

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Figura 3 – Efeito dos diferentes tratamentos sobre o nº de frutos por árvore (Kg).

0 50 100 150 200 250 300 T P1 P2 P3 PC Tratam entos N º fr u to s /á rv o re

Figura 4 – Efeito dos diferentes tratamentos sobre o teor de sólidos solúveis dos frutos (ºBrix).

10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 T P1 P2 P3 PC Tratam entos T S S ( ºB ri x )

Esquema do campo de ensaio

M M M M M F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F M M M M M F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F M M M M M F F F F F F F F F F F F F F F F F F F F M M M M M Legenda:

T - Polinização livre P- polinização complementar

F - Plantas femininas M - Plantas masculinas ('Tomuri' e 'Matua')

P2 T Caminho B lo c o 1 P1 P2 PC P3 T P3 PC B lo c o 3 P2 P3 PC T P1 B lo c o 2 P1

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