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GESTÃO DOS RECURSOS HIDRICOS: A PROBLEMÁTICA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA.

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Academic year: 2021

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Moraes RODRIGUES; Adriane Karina Amin de Azevedo ARAÚJO

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GESTÃO DOS RECURSOS HIDRICOS: A PROBLEMÁTICA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA.

Indiara da Silva OLIVEIRA Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará. E-mail de contato:

indiaraso@yahoo.com.br

Márcia Aparecida da Silva PIMENTEL Docente do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Pará. E-mail de contato:

mapimentel@ufpa.br

Joana Célia Moraes RODRIGUES Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Pará. E-mail de contato:

joanageografa@hotemail.com

Adriane Karina Amin de Azevedo ARAÚJO Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Roraima. E-mail de contato:

drikazvdo@yahoo.com.br

Resumo: Belém é a capital do Estado do Pará, considerada a maior cidade abaixo da linha do Equador e a segunda mais populosa da região Norte do Brasil, possui uma população de aproximadamente 1.439,561 habitantes segundo o censo (2014) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compreendendo uma área total de 1.059,458 Km². A referida cidade está cercada de água doce, porém, ainda há uma parcela da população que não tem acesso à água potável, o que se torna um grande paradoxo abundância versus escassez em Belém. Para tanto, através de revisão histórica e documental se construiu um recorte temporal relacionando crescimento populacional e recursos hídricos, a fim de fomentar o debate sobre este recurso aparentemente tão abundante no município, a água, com o objetivo de analisar de que forma os recursos hídricos estão sendo gerenciados e quais medidas foram adotadas pelo poder público para amenizar a problemática da escassez do abastecimento de água na cidade de Belém-PA.

Palavras - chave: crescimento populacional; abastecimento de água potável; gestão de recursos hídricos.

INTRODUÇÃO

Apesar da Amazônia apresentar a maior disponibilidade de água doce per capita do mundo e a cidade de Belém estar cercada por água doce, porém, ainda há uma parcela significativa da população sem acesso à água potável (Mendes, 2010).

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Para tanto, de acordo com a Lei 9.437/97, a qual institui a Politica Nacional de Recursos Hídricos a água é um bem de domínio público; é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; e em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. No caso do referido município, frente à abundância de água, à escassez de água potável para uma parte da população, torna-se imprescindível à gestão dos recursos hídricos, que garanta uma distribuição eficiente desse recurso para a população, melhorando a qualidade de vida de todos.

A relação abundância quantitativa versus escassez qualitativa d‘água constitui-se em uma ampla arena de discussão no município, uma vez que sua expansão urbana levou a implementação e ampliação do sistema de abastecimento de água.

A consolidação e expansão urbana do espaço de Belém trouxeram a tona à problemática da qualidade/quantidade de água para o abastecimento hídrico, cada vez maior em virtude do crescimento populacional, o qual vem pressionando as fontes de abastecimento, prejudicando o serviço de abastecimento, causando um déficit nas ligações domiciliares de água.

Nesse sentido, este trabalho, tem por premissa trazer um debate entre população e recursos hídricos, tendo como objeto de análise o município de Belém, bem como, analisar de que forma os recursos hídricos estão sendo gerenciados e quais medidas estão sendo adotadas pelo poder público para amenizar o problema da escassez e da precariedade do sistema de abastecimento de água.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Fisiograficamente, o município de Belém faz parte da Região Metropolitana de Belém (RMB), junto com os municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Barbara do Pará, Santa Izabel e Castanhal, localizada na zona Guajarina, coordenadas geográficas 01º 03’ e 01º 32’S e 48º 11’ e 48º 39’W, limitando-se ao sul com o rio Guamá, ao norte com a baía de Marajó, a oeste com a baia de Guajará e a leste com o município de Santa Izabel do Pará. O referido município é formado por 13 bacias hidrográficas: Bacia do Aurá, Bacia do Tamandaré, Bacia do Reduto, Bacia da Estrada Nova, Bacia do Tucunduba, Bacia do Murucutum, Bacia do Una, Bacia de Val-de-Cães,

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bacia Mata Fome, Bacia do Cajé, Bacia do Paracuri, Bacia do Outeiro e a Bacia do Anani. Como mostra a figura (1).

METODOLOGIA

A metodologia para balizar este trabalho, constou de revisão histórico-documental em livros, artigos, leis e sites de órgãos como a Companhia de Saneamento

Figura 1: Mapa dos Limites de Bairros e Bacias Hidrográficas do Município de Belém. Fonte: CODEM/PA, 2015.

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do Pará (COSANPA), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e bibliotecas da Universidade Federal do Pará (UFPA) sobre as políticas de abastecimento de água do município, e a respeito do sistema de abastecimento, se fez importante instrumental para construção do recorte temporal relacionando crescimento populacional versus recursos hídricos, e proporcionar um debate acerca das formas de gerir este recurso aparentemente tão abundante em/para Belém,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Crescimento populacional versus abastecimento hídrico

A relação entre crescimento populacional e os recursos naturais, constitui-se em uma discussão bastante atual para o município de Belém visto seu processo de expansão urbana, que pressiona as fontes de abastecimento de água, podendo chegar a comprometê-los. Nesse sentido, faz-se necessário discorrer sobre a idéia Hardin (1968), em que o uso intensivo dos recursos naturais utilizado pelo individuo e/ou coletivo sem restrições de uso e sem custos para os usuários, tende a ser sobre explorado, e consequentemente pode ocorrer à escassez desse recurso, levando há uma tragédia para o coletivo.

No caso do município em questão, o crescimento populacional vem afetando o serviço de abastecimento de água. De acordo com Mendes (2010) a ocupação urbana de Belém ocorre em grande parte em áreas improprias ou de forma inadequada (invasões/ ocupações e em baixadas), essa forma de ocupação acarretam inúmeros problemas não só para o ambiente natural, mas para a própria população assentada e para o poder público.

Dentre os fatores responsáveis pelo crescimento populacional de Belém, tem-se a construção e implementação da estrada de ferro Belém-Bragança na primeira metade do século XX, a qual no período de 1940 a 2000 protagonizou a intensa migração da população não absorvida pelos grandes projetos, havendo segundo os dados do IBGE acréscimo da população, conforme mostra o gráfico abaixo.

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Este aumento populacional em razão da migração fez com que áreas pouco propicias a ocupação fossem ocupadas, dentre essas áreas destacam-se pontos próximos aos principais cursos d’água localizados em Belém (Tucunduba, Una, Aurá etc.), sendo áreas menos valorizadas da cidade e pouco propícias a ocupação.

À medida que a cidade foi se espraiando a pressão sobre os recursos hídricos foi se intensificando e os mananciais de abastecimento de água começam a sofrer interferência do uso do solo e da ocupação urbana em áreas adjacentes ou distantes que tem nos cursos d’água vetores de carreamento de substâncias nocivas a manutenção da qualidade hídrica.

Vale destacar, que a principal fonte de água para consumo em Belém é de origem superficial, proveniente do Rio Guamá, o qual abastece os lagos Água Preta e Bolonha que formam o manancial do Utinga, a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) é responsável pelo abastecimento público de água na maioria dos distritos administrativos do município. Há também no município sistemas que utilizam águas subterrâneas, porém são de responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém (SAAEB).

A distribuição do abastecimento de água em Belém é realizada por oito Distritos Administrativos (Distrito Administrativo de Mosqueiro (DAMOS), Distrito Administrativo de Outeiro (DAOUT), Distrito Administrativo de Icoaraci (DAICO),

Gráfico 1: Crescimento Populacional da cidade de Belém nos últimos 70 anos.

Fonte: Indiara da Silva Oliveira, Antonio Carlos ribeiro Araújo Junior e Adriane Karina Amin de Azevedo

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Distrito Administrativo do Benguí (DABEN), Distrito Administrativo do Entroncamento (DAENT), Distrito Administrativo da Sacramenta (DASAC), Distrito Administrativo de Belém (DABEL) e Distrito Administrativo do Guamá (DAGUA), abastecidos em sua maioria pela COSANPA.

De acordo com Mendes (2010), tanto a infraestrutura quanto as características populacionais e os serviços de abastecimento dos distritos são bastante diferentes. Podemos destacar, os distritos DASAC e DAGUA são os que possuem a maior densidade populacional, porém a maioria dessa população ocupam lugares impróprios para moradia, pois estão localizados nas planícies de inundação dos rios e igarapés. Dados revelam, que no ano de 2000 a média de pessoas por domicilio em Belém era de 4,31 hab., enquanto o distrito DAGUA apresentou uma média de 4,59 hab. por domicilio, um valor superior aos outros 7 distritos. E ainda, segundo os dados o DAGUA possui a maior falta de rede coletora de esgotos do município.

Outro dado importante ressaltado na pesquisa de Mendes (2010) refere-se à quantidade de domicílios que são abastecidos pelo sistema de abastecimento de água em Belém, no total de domicílios existentes no município temos aproximadamente 296.352 domicílios permanentes, entretanto apenas 218.066 domicílios são servidos pela rede geral de abastecimento de água, correspondendo a um total de 942.275 pessoas (73,58%) com acesso a água potável e 6% da população com serviço de esgoto.

Com esses dados pode-se dizer que frente à abundância de água, à escassez de água potável para uma parte da população belenense, tornando-se imprescindível à gestão dos recursos hídricos, que garanta uma distribuição eficiente desse recurso para a população, melhorando a qualidade de vida de todos.

A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS EM BELÉM

A gestão da água deve ter como objetivo principal solucionar os problemas concernentes ao uso e ao controle dos recursos hídricos, no caso de Belém várias alternativas foram pensadas para otimizar o fornecimento de água para a sua população, dentre elas vale destacar: a criação da COSANPA (1970) e a da SAAEB (1970); as várias medidas jurídico-politicas, como a criação da Área de Proteção Ambiental de

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Belém (APA Belém), a qual assegura a potabilidade da água dos mananciais Bolonha e Água Preta e a implementação da Educação Ambiental.

E ainda, a distribuição do abastecimento de água por oito Distritos Administrativos já mencionados anteriormente. E a mais recente a criação no ano de 2008 através da Lei nº 9.630 da Agência Reguladora Municipal de Água e Esgoto de Belém (AMAE), mas regulamentada no ano de 2014 pelo Decreto Municipal nº 78.441, com finalidade de dar cumprimento às políticas e desenvolver ações voltadas para o planejamento, regulação, controle e fiscalização dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Município de Belém.

Com a criação da AMAE novas expectativas surgem a respeito do abastecimento de água em Belém, que irão contribuir significativamente para a gestão desse recurso, dos quais podemos destacar: o Plano Municipal de Saneamento Básico de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Belém (PMSB), que estabelece metas e projetos para os próximos 20 anos; e o processo para que a COSANPA se torne a única operadora do serviço de abastecimento de água e esgoto do município.

Nota-se, que ao longo do tempo muitas ações foram e estão sendo implementadas para o planejamento e para a gestão dos recursos hídricos no município, para tanto, o abastecimento domiciliar com água de qualidade para o consumo ainda constitui um grande desafio. O gerenciamento desses recursos precisa dispor de um sistema eficaz, que torne viável para as populações um abastecimento de água potável com qualidade para todos.

Contudo, concorre-se para o planejamento e gestão aos moldes de politicas de gestão integrada, visando à participação do poder publico juntamente com a sociedade civil, a qual ainda carece de meios suficientemente satisfatórios para atuar de forma organizada e ativa nos processos decisórios, o que se torna indispensável para planejar e gerir um recurso essencial à vida, a água, a qual é paradoxalmente abundante e escassa no município de Belém.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O debate que envolve o município de Belém apresenta-se como um espaço imbuído pelo paradoxo entre uma abundancia relativa versus escassez de água potável,

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em que está problemática é decorrente, em grande medida da relação entre população e recursos hídricos.

Para tanto, faz-se necessário proposições, ações do poder publico em parceria com a população, em que a gestão dos recursos apresente no planejamento a capacidade de gerir os recursos hídricos a partir do conhecimento e participação, com o entrelaçamento de ambos, visando um gerenciamento dos recursos hídricos de forma articulada a justiça social.

Com a criação da AMAE novas expectativas surgem a respeito da gestão e do gerenciamento do abastecimento de água em Belém. Todavia, o gerenciamento desses recursos precisa dispor de um sistema eficaz, que torne viável para as populações um abastecimento de água potável com qualidade para todos.

É necessária uma gestão integrada, com todas as esferas do poder público juntamente com a população do município, para gerir os recursos hídricos tão abundantes em Belém, porém tão escasso em qualidade, e até muitas vezes em quantidade.

Contudo, podemos destacar a Educação Ambiental (EA) como uma forte aliada para a participação da sociedade civil nas politicas e na gestão dos recursos hídricos, haja vista que com a criação de programas de EA voltados para os moradores do município, como intuito de mostrar as consequências do uso irracional de recursos a médio e longo prazo, pregando que um ser vivo não é definido apenas por sua constituição, mas também por meio de sua organização.

REFERÊNCIAS

BARP, A. R. B. A água doce na Amazônia ontem e hoje: o caso do Pará. In: UHLY, S & SOUZA, E. L. de. (orgs.). A questão da água na grande Belém. UFPA: Casa de Estudos Germânicos. Fundação Heinrich Böll. 2004. Capítulo 4, p. 7 - 100.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 1997.

HARDIN, G. The Tragedy of the Commons . Science. December 1968: Vol. 162. no.

3859, pp. 1243 – 1248. Disponível em:

<http://www.sciencemag.org/cgi/content/full/162/3859/1243>. Acesso em: 02 abril. 2015.

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FENZEL, N; MENDES, R. L. R; FERNANDES, L. L. A sustentabilidade do sistema de abastecimento de água: da captação ao consumo de água em Belém. Belém: NUMA/UFPA, 2010.

Referências

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