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Estatuto da Criança e do Adolescente

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Criança e do

Adolescente

a 6 edição

Estatuto da

Criança e do

Adolescente

Es ta tu to d a C ria n ça e d o A do le sc en te | 6 ª e diç ão 9 7 8 8 5 7 3 6 5 5 3 1 5 ISBN 857365531-3

A série da Editora da Câmara dos Deputados reúne

normas jurídicas, textos ou conjunto de textos legais sobre matérias específicas, com o objetivo de facilitar o acesso da socie-dade à legislação vigente no país, pois o conhecimento das normas que regem a vida dos brasileiros é importante passo para o fortalecimento da prática da cidadania. Assim, o Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, ao qual está integrada a Editora, cumpre uma das suas mais importantes atribuições: colaborar para que a Câmara promova a conso-lidação da democracia.

Legislação

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Estatuto da Criança e do Adolescente

Apresentação

A Câmara dos Deputados cumpre importan-te papel ao lançar esta edição do Estatuto da criança e do adolescente (Lei nº 8.069, de 1990, e legislação correlata), pois quer fazê-lo ainda mais conhecido e, fundamentalmente, respeitado.

O direito à vida e à saúde; o direito à liber-dade, ao respeito e à dignidade; o direito à convivência familiar e comunitária; o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; o direito à profissionalização e à proteção no trabalho, que representam preceitos funda-mentais presentes em título específico do Es-tatuto, harmonizados a princípios constitucio-nais, convocam-nos a garantir a plenitude da cidadania infanto-juvenil.

São eles, crianças e adolescentes – tantas ve-zes vulnerabilizados – , os destinatários desta edição do Estatuto da Criança e do Adoles-cente. Destinatários de um futuro melhor, em que a exploração

socioeco-nômica e o abandono sejam substituídos pela dignidade humana e por maior justiça social.

Arlindo Chinaglia

Presidente da Câmara dos Deputados

Centro de Documentação e Informação – CEDI Coordenação de Publicações – CODEP Anexo II – Térreo – Praça dos Três Poderes Brasília (DF) - CEP 70160-900

Telefone: (61) 3216-5802; Fax: (61) 3216-5810 publicacoes.cedi@camara.gov.br

(3)

Presidente Primeiro-Vice-Presidente Segundo-Vice-Presidente Primeiro-Secretário Segundo-Secretário Terceiro-Secretário Quarto-Secretário Arlindo Chinaglia Narcio Rodrigues Inocêncio Oliveira Osmar Serraglio Ciro Nogueira Waldemir Moka José Carlos Machado

Primeiro-Suplente Segundo-Suplente Terceiro-Suplente Quarto-Suplente Manato Arnon Bezerra Alexandre Silveira Deley Suplentes de Secretário

Diretor-Geral Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida

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Estatuto da Criança

e do Adolescente

6ª edição

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata

Centro de Documentação e Informação

Coordenação de Publicações Brasília | 2008

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CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO Diretor Adolfo C. A. R. Furtado

COORDENAÇÃO DE PUBLICAÇÕES Diretora Maria Clara Bicudo Cesar

COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS Diretor Frederico Silveira dos Santos

1a edição, 2000; 2a edição, 2000; 3a edição, 2001; 4a edição, 2003; 5a edição, 2006.

Câmara dos Deputados

Centro de Documentação e Informação — CEDI Coordenação de Publicações — CODEP Anexo II – Térreo - Praça dos Três Poderes Brasília (DF) - CEP 70160-900

Telefone: (61) 3216-5802; fax: (61) 3216-5810 publicacoes.cedi@camara.gov.br

Coordenação de Publicações

Projeto Gráfico Paula Scherre e Tereza Pires Capa e Diagramação Tereza Pires

Ilustração Racsow

Revisão Seção de Revisão e Indexação

SÉRIE Legislação

n. 1

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente (1990).

Estatuto da Criança e do Adolescente : Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. — 6. ed. — Brasília : Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2008.

177 p. — (Série legislação ; n. 1) ISBN 978-85-736-5531-5

1. Estatuto da criança e do adolescente, Brasil. 2. Convenção sobre os direitos da criança. 3. Direitos do menor, Brasil. 4. Direitos da criança, Brasil. I. Série. II. Título.

(9)

LEI NO 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências ...13

LIVRO I ...13 PARTE GERAL ...13

TíTULO I

Das Disposições Preliminares ...13 TíTULO II

Dos Direitos Fundamentais...15 CAPíTULO I

Do Direito à Vida e à Saúde ...15 CAPíTULO II

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade ... 18 CAPíTULO III

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária ...19 SEÇÃO I Disposições Gerais ...19 SEÇÃO II Da Família Natural ...20 SEÇÃO III Da Família Substituta ...21 SUBSEÇÃO I Disposições Gerais ...21 SUBSEÇÃO II Da Guarda ... 22 SUBSEÇÃO III Da Tutela ...23 SUBSEÇÃO IV Da Adoção ...23

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Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho ...31 TíTULO III Da Prevenção ...33 CAPíTULO I Disposições Gerais ...33 CAPíTULO II Da Prevenção Especial ...34 SEÇÃO I

Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos ...34 SEÇÃO II

Dos Produtos e Serviços ...36 SEÇÃO III

Da Autorização para Viajar ...37 LIVRO II ...38 PARTE ESPECIAL ...38 TíTULO I Da Política de Atendimento ...38 CAPíTULO I Disposições Gerais ...38 CAPíTULO II

Das Entidades de Atendimento ...40 SEÇÃO I

Disposições Gerais ...40 SEÇÃO II

Da Fiscalização das Entidades ...45 TíTULO II

Das Medidas de Proteção ...46 CAPíTULO I

(11)

Da Prática de Ato Infracional ...48 CAPíTULO I

Disposições Gerais ...48 CAPíTULO II

Dos Direitos Individuais ...49 CAPíTULO III

Das Garantias Processuais ...50 CAPíTULO IV

Das Medidas Socioeducativas ...51 SEÇÃO I

Disposições Gerais ...51 SEÇÃO II

Da Advertência ...52 SEÇÃO III

Da Obrigação de Reparar o Dano ...52 SEÇÃO IV

Da Prestação de Serviços à Comunidade ...53 SEÇÃO V Da Liberdade Assistida ...53 SEÇÃO VI Do Regime de Semiliberdade ...54 SEÇÃO VII Da Internação ...55 CAPíTULO V Da Remissão ...58 TíTULO IV

Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável ...59 TíTULO V

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Das Atribuições do Conselho ...61 CAPíTULO III

Da Competência ...63 CAPíTULO IV

Da Escolha dos Conselheiros ...63 CAPíTULO V Dos Impedimentos ...63 TíTULO VI Do Acesso à Justiça ...64 CAPíTULO I Disposições Gerais ...64 CAPíTULO II

Da Justiça da Infância e da Juventude ...65 SEÇÃO I

Disposições Gerais ...65 SEÇÃO II

Do Juiz ...66 SEÇÃO III

Dos Serviços Auxiliares ...70 CAPíTULO III

Dos Procedimentos ...70 SEÇÃO I

Disposições Gerais ...70 SEÇÃO II

Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder ...71 SEÇÃO III

Da Destituição da Tutela ...73 SEÇÃO IV

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Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento ...83 SEÇÃO VII

Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente ...84 CAPíTULO IV Dos Recursos ...85 CAPíTULO V Do Ministério Público ...87 CAPíTULO VI Do Advogado ...91 CAPíTULO VII

Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos ...92 TíTULO VII

Dos Crimes e das Infrações Administrativas ...98 CAPíTULO I

Dos Crimes ...98 SEÇÃO I

Disposições Gerais ...98 SEÇÃO II

Dos Crimes em Espécie ...98 CAPíTULO II

Das Infrações Administrativas ...104 DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITóRIAS ...108

LEGISLAÇÃO CORRELATA ...113 LEI No 8.242, DE 12 DE oUTUBRo DE 1991

Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), e dá outras providências ...115

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DECRETo No 5.007, DE 8 DE MaRço DE 2004

Promulga o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança referente à venda de crianças, à prostituição infantil e à pornografia infantil ...155

pRoToCoLo faCULTaTIVo à CoNVENção soBRE os DIREITos Da CRIaNça REfERENTE à VENDa DE CRIaNças, à pRosTITUI-ção INfaNTIL E à poRNogRafIa INfaNTIL ...157

DECRETO NO 5.089, DE 20 DE MAIO DE 2004

Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)

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- LEI N

8.069, DE 13 DE JULhO

DE 1990

1

-Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adoles-cente e dá outras providências.

O Presidente da República

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

L I V R O I

P A R T E G E R A L

TíTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

1Publicada no Diário Oficial da União, seção I, de 16 de julho de 1990, p. 13563 (retificação publi-cada no DOU, seção I, de 27-9-90, p. 18551)

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Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcio-nalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos funda-mentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral

e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimen-tação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivên-cia familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas re-lacionadas com a proteção à infância e à juventude.

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Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer for-ma de negligência, discriminação, exploração, violência, cruel-dade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condi-ção peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

TíTULO II

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPíTULO I

Do Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmo-nioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de aten-dimento, segundo critérios médicos específicos, obedecen-do-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema.

(20)

§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem.

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos fi-lhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de

gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I – manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II – identificar o recém-nascido mediante o registro de sua

im-pressão plantar e digital e da imim-pressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade ad-ministrativa competente;

III – proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV – fornecer declaração de nascimento onde constem necessa-riamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

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2Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, ga-rantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.

§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento especializado.

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relati-vos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão pro-porcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de ou-tras providências legais.

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistên-cia médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias.

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Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvol-vimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços

comunitá-rios, ressalvadas as restrições legais; II – opinião e expressão;

III – crença e culto religioso;

IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;

V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI – participar da vida política, na forma da lei;

VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangen-do a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, abrangen-dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescen-te, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violen-to, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

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Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária

Seção I

Disposições Gerais

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e edu-cado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. Art. 21. O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo

pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordân-cia, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obri-gação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui

moti-vo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em

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sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.

Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder serão decretadas judi-cialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

Seção II

Da Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro do-cumento público, qualquer que seja a origem da filiação. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o se-gredo de Justiça.

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Da Família Substituta Subseção I Disposições Gerais

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.

§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previa-mente ouvido e a sua opinião devidaprevia-mente considerada. § 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de

paren-tesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as conseqüências decorrentes da medida.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governa-mentais ou não-governagoverna-mentais, sem autorização judicial. Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui

medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará com-promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, median-te median-termo nos autos.

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Da Guarda

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu deten-tor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de represen-tação para a prática de atos determinados.

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de de-pendente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

Art. 34. O poder público estimulará, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado. Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato

judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. Subseção III

Da Tutela

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até vinte e um anos incompletos.

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Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decre-tação da perda ou suspensão do pátrio poder e implica necessaria-mente o dever de guarda.

Art. 37. A especialização de hipoteca legal será dispensada, sempre que o tutelado não possuir bens ou rendimentos ou por qualquer outro motivo relevante.

Parágrafo único. A especialização de hipoteca legal será também dis-pensada se os bens, porventura existentes em nome do tutelado, cons-tarem de instrumento público, devidamente registrado no registro de imóveis, ou se os rendimentos forem suficientes apenas para a mantença do tutelado, não havendo sobra significativa ou provável.

Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24. Subseção IV

Da Adoção

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o dis-posto nesta Lei.

Parágrafo único. É vedada a adoção por procuração.

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os

mes-mos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

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§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, man-têm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e cola-terais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos,

independente-mente de estado civil.

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. § 2º A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos poderá ser

formalizada, desde que um deles tenha completado vinte e um anos de idade, comprovada a estabilidade da família.

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

§ 4º Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e desde que o estágio de convivência te-nha sido iniciado na constância da sociedade conjugal. § 5º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca

manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedi-mento, antes de prolatada a sentença.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

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Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do represen-tante legal do adotando.

§ 1º O consentimento será dispensado em relação à criança ou ado-lescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti-tuídos do pátrio poder.

§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a crian-ça ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judi-ciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.

§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver mais de um ano de idade ou se, qualquer que seja a sua idade, já estiver na companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

§ 2º Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domici-liado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de no mínimo quinze dias para crianças de até dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.

(30)

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.

§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.

§ 3º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.

§ 4º A critério da autoridade judiciária, poderá ser fornecida certi-dão para a salvaguarda de direitos.

§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedi-do deste, poderá determinar a modificação pedi-do prenome. § 6º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado

da sentença, exceto na hipótese prevista no art. 42, § 5º, caso em que terá força retroativa à data do óbito.

Art. 48. A adoção é irrevogável.

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro re-gional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção.

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§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os

requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.

Art. 51. Cuidando-se de pedido de adoção formulado por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, observar-se-á o disposto no art. 31.

§ 1º O candidato deverá comprovar, mediante documento expedi-do pela autoridade competente expedi-do respectivo expedi-domicílio, estar devidamente habilitado à adoção, consoante as leis do seu país, bem como apresentar estudo psicossocial elaborado por agên-cia espeagên-cializada e credenagên-ciada no país de origem.

§ 2º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento do Mi-nistério Público, poderá determinar a apresentação do texto pertinente à legislação estrangeira, acompanhado de prova da respectiva vigência.

§ 3º Os documentos em língua estrangeira serão juntados aos autos, devidamente autenticados pela autoridade consular, observa-dos os trataobserva-dos e convenções internacionais, e acompanhaobserva-dos da respectiva tradução, por tradutor público juramentado. § 4º Antes de consumada a adoção não será permitida a saída do

adotando do território nacional.

Art. 52. A adoção internacional poderá ser condicionada a estudo pré-vio e análise de uma comissão estadual judiciária de adoção,

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que fornecerá o respectivo laudo de habilitação para instruir o processo competente.

Parágrafo único. Competirá à comissão manter registro centralizado de interessados estrangeiros em adoção.

CAPíTULO IV

Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao ple-no desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado por seus educadores;

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV – direito de organização e participação em entidades es-tudantis;

V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

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I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a

seis anos de idade;

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

VII – atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-mentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.

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Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus fi-lhos ou pupilos na rede regular de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental co-municarão ao Conselho Tutelar os casos de:

I – maus-tratos envolvendo seus alunos;

II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-tados os recursos escolares;

III – elevados níveis de repetência.

Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais,

artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimu-larão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

(35)

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

3Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legisla-ção especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educa-ção em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I – garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular; II – atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; III – horário especial para o exercício das atividades.

4Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

5Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegu-rados os direitos trabalhistas e previdenciários.

3 O art. 7o, inciso XXXIII, da Constituição, com redação dada pela Emenda Constitucional no 20, de 16-12-1998, assim disciplina o trabalho de menores: “proibição de trabalho noturno, perigo-so ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.

4 Idem. 5 Idem.

(36)

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade gover-namental ou não-govergover-namental, é vedado trabalho:

I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

II – perigoso, insalubre ou penoso;

III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

IV – realizado em horários e locais que não permitam a freqüên-cia à escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-gover-namental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho

efetu-ado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

(37)

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:

I – respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; II – capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

TíTULO III

DA PREVENÇÃO

CAPíTULO I

Disposições Gerais

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, la-zer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que res-peitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção

es-pecial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em

(38)

Da Prevenção Especial

Seção I

Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as

di-versões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horá-rios em que sua apresentação se mostre inadequada.

Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetá-culos pú-blicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetácu-lo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetácu-los públicos classificados como adequados à sua faixa etária. Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi-ção quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anuncia-do sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresen-tação ou exibição.

(39)

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empre-sas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de-sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou ina-dequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que conte-nham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deve-rão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem

comercial-mente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realize apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanên-cia de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação do público.

(40)

Dos Produtos e Serviços

Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I – armas, munições e explosivos;

II – bebidas alcoólicas;

III – produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV – fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo

seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qual-quer dano físico em caso de utilização indevida;

V – revistas e publicações a que alude o art. 78; VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autori-zado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Seção III

Da Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde re-side, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.

(41)

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da crian-ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;

b) a criança estiver acompanhada:

1 – de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco. 2 – de pessoa maior, expressamente autorizada pelo

pai, mãe ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsá-vel, conceder autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispen-sável, se a criança ou adolescente:

I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado

expressamen-te pelo outro através de documento com firma reconhecida. Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou

adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

(42)

L I V R O I I

P A R T E E S P E C I A L

TíTULO I

DA POLíTICA DE ATENDIMENTO

CAPíTULO I

Disposições Gerais

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do ado-lescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: I – políticas sociais básicas;

II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-pletivo, para aqueles que deles necessitem;

III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, explo-ração, abuso, crueldade e opressão;

IV – serviço de identificação e localização de pais, respon-sável, crianças e adolescentes desaparecidos;

(43)

V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi-tos da criança e do adolescente.

Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: I – municipalização do atendimento;

II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações re-presentativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; III – criação e manutenção de programas específicos, observada

a descentralização político-administrativa;

IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da crian-ça e do adolescente;

V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência So-cial, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;

VI – mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos diversos segmentos da sociedade.

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos esta-duais e municipais dos direitos da criança e do adolescente é con-siderada de interesse público relevante e não será remunerada.

(44)

Das Entidades de Atendimento

Seção I

Disposições Gerais

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execu-ção de programas de proteexecu-ção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:

I – orientação e apoio sócio-familiar; II – apoio sócio-educativo em meio aberto; III – colocação familiar;

IV – abrigo;

V – liberdade assistida; VI – semi-liberdade; VII – internação.

Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamen-tais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.

(45)

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao Con-selho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. Parágrafo único. Será negado o registro à entidade que:

a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;

b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;

c) esteja irregularmente constituída;

d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de abrigo deverão adotar os seguintes princípios:

I – preservação dos vínculos familiares;

II – integração em família substituta, quando esgotados os re-cursos de manutenção na família de origem;

III – atendimento personalizado e em pequenos grupos;

IV – desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; V – não desmembramento de grupos de irmãos;

(46)

VI – evitar, sempre que possível, a transferência para outras en-tidades de crianças e adolescentes abrigados;

VII – participação na vida da comunidade local; VIII – preparação gradativa para o desligamento;

IX – participação de pessoas da comunidade no processo educativo. Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo e equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.

Art. 93. As entidades que mantenham programas de abrigo poderão, em caráter excepcional e de urgência, abrigar crianças e adolescen-tes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato até o 2º dia útil imediato.

Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras:

I – observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;

II – não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação;

III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-des e grupos reduzidos;

IV – preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;

(47)

V – diligenciar no sentido do restabelecimento e da preserva-ção dos vínculos familiares;

VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca-sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;

VII – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha-bitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;

VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;

IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;

X – propiciar escolarização e profissionalização;

XI – propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;

XII – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças;

XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;

XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;

XV – informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;

(48)

XVI – comunicar às autoridades competentes todos os casos de ado-lescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences dos

ado-lescentes;

XVIII – manter programas destinados ao apoio e acompanhamen-to de egressos;

XIX – providenciar os documentos necessários ao exercício da ci-dadania àqueles que não os tiverem;

XX – manter arquivo de anotações onde constem data e circuns-tâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanha-mento da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualiza-ção do atendimento.

§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste ar-tigo às entidades que mantêm programa de abrigo.

§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as enti-dades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.

Seção II

Da Fiscalização das Entidades

Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares.

(49)

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apre-sentados ao estado ou ao município, conforme a origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que des-cumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da res-ponsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: I – às entidades governamentais:

a) advertência;

b) afastamento provisório de seus dirigentes; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição de programa II – às entidades não-governamentais:

a) advertência;

b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; c) interdição de unidades ou suspensão de programa; d) cassação do registro.

Parágrafo único. Em caso de reiteradas infrações cometidas por enti-dades de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou

(50)

repre-sentado perante autoridade judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução da entidade.

TíTULO II

DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO

CAPíTULO I

Disposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicá-veis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ame-açados ou violados:

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III – em razão de sua conduta.

CAPíTULO II

Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades

pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimen-to dos vínculos familiares e comunitários.

(51)

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autori-dade competente poderá determinar, dentre outras, as seguin-tes medidas:

I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III – matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

IV – inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri-co, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; VII – abrigo em entidade;

VIII – colocação em família substituta.

Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utili-zável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão acom-panhadas da regularização do registro civil.

(52)

§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nasci-mento da criança ou adolescente será feito à vista dos elenasci-mentos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária. § 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata

este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, gozan-do de absoluta prioridade.

TíTULO III

DA PRáTICA DE ATO INFRACIONAL

CAPíTULO I

Disposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, su-jeitos às medidas previstas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

(53)

Dos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamen-tada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encon-tra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsa-bilidade, a possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a neces-sidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote-ção e judiciais, salvo para efeito de confrontaprote-ção, havendo dúvida fundada.

(54)

Das Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devi-do processo legal.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato

infracio-nal, mediante citação ou meio equivalente;

II – igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas ne-cessárias à sua defesa;

III – defesa técnica por advogado;

IV – assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade compe-tente;

VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou respon-sável em qualquer fase do procedimento.

(55)

Das Medidas Socioeducativas

Seção I

Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competen-te poderá aplicar ao adolescencompeten-te as seguincompeten-tes medidas:

I – advertência;

II – obrigação de reparar o dano;

III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida;

V – inserção em regime de semi-liberdade; VI – internação em estabelecimento educacional; VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capaci-dade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravicapaci-dade da infração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a

prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local ade-quado às suas condições.

(56)

Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que hou-ver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.

Seção II

Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será redu-zida a termo e assinada.

Seção III

Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

Parágrafo único. havendo manifesta impossibilidade, a medida po-derá ser substituída por outra adequada.

(57)

Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Seção V

Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa-nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis me-ses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministé-rio Público e o defensor.

(58)

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da au-toridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecen-do-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em progra-ma oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; II – supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do

adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

IV – apresentar relatório do caso. Seção VI

Do Regime de Semiliberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o iní-cio, ou como forma de transição para o meio aberto, possibi-litada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, deven-do, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

(59)

Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à con-dição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judi-cial em contrário.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua ma-nutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação exce-derá a três anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adoles-cente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberda-de ou semi-liberda-de liberdasemi-liberda-de assistida.

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de

auto-rização judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave

ame-aça ou violência a pessoa;

(60)

III – por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses.

§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo ou-tra medida adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, complei-ção física e gravidade da infracomplei-ção.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provi-sória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:

I – entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-tério Público;

II – peticionar diretamente a qualquer autoridade; III – avistar-se reservadamente com seu defensor;

IV – ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada; V – ser tratado com respeito e dignidade;

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VI – permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VII – receber visitas, ao menos, semanalmente;

VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;

IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal; X – habitar alojamento em condições adequadas de higiene e

salubridade;

XI – receber escolarização e profissionalização;

XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;

XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;

XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;

XVI – receber, quando de sua desinternação, os documentos pes-soais indispensáveis à vida em sociedade.

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos

(62)

sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado-lescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de conten-ção e segurança.

CAPíTULO V

Da Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público pode-rá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao con-texto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remis-são pela autoridade judiciária importará na suspenremis-são ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministé-rio Público.

(63)

DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU

RESPONSáVEL

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção6 à família;

II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata-mento especializado;

VII – advertência; VIII – perda da guarda;

IX – destituição da tutela;

X – suspensão ou destituição do pátrio poder.

(64)

Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexu-al impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.

TíTULO V

DO CONSELhO TUTELAR

CAPíTULO I

Disposições Gerais

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cum-primento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

7Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, eleitos pelos cidadãos locais para mandato de três anos, permitida uma reeleição.

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exi-gidos os seguintes requisitos:

I – reconhecida idoneidade moral; II – idade superior a vinte e um anos;

(65)

III – residir no município.

Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funciona-mento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remu-neração de seus membros.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar. Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá

ser-viço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

CAPíTULO II

Das Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;

II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;

III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,

(66)

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que

cons-titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe-tência;

VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;

VII – expedir notificações;

VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;

IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-posta orçamentária para planos e programas de atendimen-to dos direiatendimen-tos da criança e do adolescente;

X – representar, em nome da pessoa e da família, contra a vio-lação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;

XI – representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou suspensão do pátrio poder.

Referências

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