Curso de Verão SPP Infeciologia Pediátrica
Balanite
Inflamação da glande do pénis com ou sem inflamação do prepúcio (balanopostite)
6% não circuncisados, 3% circuncisados
Maioria casos ligeira e com boa evolução sem tratamento específico
Inflamação cutânea: higiene, evitar irritantes
Eventual corticoterapia tópica (hidrocortisona 1%)
Etiologia infeciosa
Streptococos pyogenes(SGA)++
○ Associação celulite perianal ou outras manifestações do SGA: odinofagia, exantema e febre
○ Amoxicilina oral
Balanite
Candida
Rapaz sexualmente ativo, não circuncisado
Lesões maculopapulares, vermelhas, pruriginosas na glande; lesões satélites
Antifúngico : clotrimazol tópico 7 dias / fluconazol oral toma única
Vulvovaginite
Vulvite
Irritação local da vulva
Vaginite
Inflamação e eritema da mucosa vaginal frequentemente com leucorreia
Comum meninas pré-puberes
Irritação local com eritema, disúria e frequentemente leucorreia
Criança pré-pubere
Fatores predisposição
Mucosa atrófica, hipo-estrogénica
pH alcalino
Grandes lábios pouco desenvolvidos
Ausência de pêlo púbico
Proximidade anatómica do ânus
Má prática higiene
Transmissão bactérias do aparelho respiratório através das mãos
Irritantes locais (roupa nylon, sabão…)
História clínica
Leucorreia (cor, odor) 1/3 Rubor(>80%) Ardência Prurido Disúria Hemorragia Duração sintomas Uso recente ATB
Utilização possíveis fatores irritantes (sabões perfumados, banhos espuma…) Tipo roupa Infeção respiratória recente Hx menstrual,sexual
História Clínica
Leucorreia assintomática mais evidente 6-12
meses antes da menarca – Leucorreia
fisiológica.
Leucorreia sanguinolenta, odor fétido – Corpo estranho
Substâncias irritantes(exº banhos espuma) –
Vulvovaginite química
História de alterações da pele - eczema, psoriase, seborreia
Prurido vaginal/anal especialmente de noite –
Oxiúros
Exame físico
Posição : colo da mãe, pernas fletidas
(rã)
Inflamação (rubor no introito em 87%
dos casos)
Escoriação da área genital
Etiologia vulvovaginites
Criança pré-pubere Inespecíficas+++ Streptococo pyogenes Haemophilus spp; E. coli S. aureus; Shigella Enterobius vermicularis Outras causas ○ Corpo estranho○ Alterações pele vulvar
○ Reacção alérgica DST(raras) ○ Neiss. Gonorrhoeae ○ Chlamydia trachomatis ○ T. vaginalis ○ HSV Puberdade / adolescente Vaginose bacteriana+++ Candida albicans Trichomonas vaginalis Outras DST ○ Gonococo, Chlamydia ○ HSV
Etiologia vulvovaginites
Neisseria Gonorrhoeae, Chlamydia
trachomatis, Trichomonas vaginalis,
VHS
Assintomáticas – Rastreios anuais
Investigar possibilidade Abuso Sexual
Rastrear outras DST
Sífilis
VIH
Vulvovaginite
Alguns estudos
Higiene deficiente, parasitas, banhos de espuma
Ausência de grupo control
Não conclusivos!
Isolamento agentes bacterianos
Não implica necessariamente que são os causadores – portadoras!
Diagnóstico
Hx clínica
Exame Físico
Inspeção e palpação abdominal; inspeção períneo, vulva, região perianal
Escoriações, eritemas, úlceras, anomalias estruturais
Estudo laboratorial - leucorreia
Recolha do exsudado ou aspiração de material
Estudo Complementar
Gram Exame bacteriológico aerobios e anaeróbios Cultura Gonococo Cultura Chlamydia Exames a fresco: “clue cells” ou trichomonas Hidróxido de potássio para fungos Espátula: área peri anal – oxiuros Exame urina PCR para Chlamydia e Gonococo – Goldstandard Preço Falso-positivos Se suspeita de abuso sexual - sem valor médico-legal !
Culturas para
trichomonas e fungos
Vulvovaginite Inespecífica
Maioria das vulvovaginites criança
pré-pubere
Flora mista bacteriana
Fatores irritantes locais
Banhos de espuma, shampoos, sabonetes, detergentes roupa, tipos de tecidos, maus cuidados higiene
Vulvovaginite por SGA
Vulvovaginite isolada ou
Associação celulite perianal
e/ou exantema, febre e odinofagia
Eritema proeminente, pv leucorreia
sanguinolenta
Pico aos 5 anos
Amoxicilina oral 10 dias,
50/mg/Kg/dia,(Máx. 1g),10 dias, 8/8 horas
ou 1x dia
Vulvovaginite por Enterobius
Prurido vulvar e/ou anal(+ noite!)
Rubor, sem leucorreia
Sintomas recorrentes
Mebendazol 100mg(<10Kg; 50 mg) PO
dose única; repetir dose 15 dias depois
Pamoato pirantel, albendazol
Riscos/benefícios < 2 anos
Vulvovaginite por Corpo Estranho
“Foreign Body In The Immature Vagina” – June 1939 4% casos Leucorreia profusa, sanguinolenta Odor fétido Ginecologia Anestesia (Vaginoscopia)Vaginite na Adolescente
Estrogénio - alteração epitélio vaginal
lactobacilli
pH vaginal (7 para 4-4.5)
Ambiente vaginal resistente a
C.trachomatis e N. gonorrhoeae
(cervicite !)
Leucorreia Fisiológica
Vaginose bacteriana (VB), Candida,
Vaginose Bacteriana
Vaginite mais frequente na mulher adulta Alteração flora vaginal
Gardnerella vaginalis, M. hominis, anaeróbios (bacteróides) Colonização G. vaginalis - culturas rotina sem interesse
DST? O tratamento dos parceiros não previne recorrência.
Diagnóstico (critérios Amsel) – pelo menos 3 critérios Leucorreia fina, homogénea, branca ou cinza
pH vaginal > 4.5
Odor “peixe” com adição KOH 10%
20% células epiteliais aparência de “clue cells”
Tratamento – redução risco outras DST (VIH…) Metronidazol 500mg 12/12 horas, 7 dias, VO ou
Metronidazol óvulo vaginal 500mg 1x dia, 5 dias ou
Candidíase
Rara na criança pré-pubere
Fatores risco: antibióticos, diabetes, imunossupressão, fraldas
Puberdade: prurido, leucorreia(espessa,
branca, grumosa), disúria
Tratamento
Tópico (clotrimazol, miconazol) OU
Fluconazol dose única (4mg/Kg) Max 150mg via oral); repetir dose 72h depois casos graves.
Tratar parceiros sexuais se sintomaticos (balanite) com tratamento tópico
Trichomonas
DST
Muito suspeito de abuso >1 ano
Leucorreia profusa (cor cinzenta ou amarelo-esverdeado), prurido, irritação e odor fétido PCR; Cultura possível
Tratamento empírico parceiros
Rastreio anual nas mulheres VIH+ Metronidazol
50mg/Kg (Max 2g) via oral, dose única
500 mg 2x dia, 7dias, VO (preferido na coinfecção VIH) < 45 Kg: 15 mg/Kg/dia VO, 3xdia, 7 dias(Max 2g/dia)
Vaginite na Adolescente
Vaginose Bacteriana Candidíase Trichomonas
Sintomas Leucorreia ligeiramente aumentada, odor fétido
Prurido, disúria, sintomas exacerbados antes do período menstrual Prurido, disúria, leucorreia profusa purulenta Sinais Leucorreia Outros Sinais
•Moderada, branca ou cinza, homogénea, pouco viscosa, uniforme nas paredes
vaginais •Escassa, branca, grumosa, aderente às paredes vaginais •Edema e eritema vulvo-vaginal •Profusa, branca ou amarela, homogénea •Eritema vulvo-vaginal Laboratório pH KOH Microscopia Culturas •>4.5 •Odor característico •“Clue cells”; poucos leucócitos •Sem interesse •<4.5 •Micelas •Micelas; leucócitos •Possível •>4.5 •Leucócitos; trichomonas móveis em 80-90% das sintomáticas •Possível
Vulvite na Adolescente
VHS, Fungos VHS DST; mascarar outras DST Tipo1(5-30%) Tipo 2 (70-95%) Úlceras genitais dolorosas, vesículas, inflamação vulvar, linfadenopatia inguinal
Diagnóstico clínico +Laboratorial (amostra de uma lesão por PCR DNA )
Tx: Aciclovir
○ 80mg/Kg/dia,3-4 tomas,7-10 dias(Max 1,2g/dia),VO ○ >45Kg:400mg oral, 3x dia,7-10 dias, VO
Neisseria gonorrhoeae
DST
Abuso sexual fora período neonatal
Leucorreia purulenta “verde”
Ceftriaxone dose única
<=45Kg 125mg IM
>45Kg 250mg IM
Ou Cefixime 8mg/Kg(Máx 400mg) po dose
única
Tratamento simultâneo Chlamydia
Chlamydia trachomatis
DST
Abuso sexual (> 1 ano)
Leucorreia menos frequente
Tratamento
Azitromicina 20mg/Kg(Max 1g) via oral dose única
Ou doxiciclina (> 8 anos):100mg oral,2x dia 7 dias
Uretrite, Cistite, Vulvovaginite na
Adolescente
Uretrite Cistite Vulvovaginite
Sintomas Disúria “interna” Disúria “interna”,
polaquiúria,
urgência, hematúria
Disúria “externa”, leucorreia, ardência vulvar, prurido
Duração sintomas >7 dias <4 dias >7 dias; varíável
Sinais Cervicite mucopurulenta; lesões vulvares Desconforto da região supra-púbica Lesões vulvares e inflamação; leucorreia
Epidemiologia Novo parceiro
sexual; DST prévia; contato sexual com DST Cistite prévia; sintomas após 24 horas de relação sexual; Uso de espermicida e diafragma História de herpes genital; parceiro sexual com herpes genital; uso ATB; vulvovaginite
prévia; candidíase
Bibliografia
Pediatric Infectious Disease, Sarah Long 2008
Textbook of Pediatric Infectious Diseases, Feigin, 6th Edition, 2009 Red Book, 28th Edition, 2009
Evidence Based Pediatric Infectious Diseases ,BMJ ,2007
M. Joishy et al, Do we need to treat vulvovaginitis in prepubertal girls BMJ volume 330, 2005
Gayle Fischer - Chronic vulvitis in pre-pubertal girls; Australasian Journal of Dermatology, 2010
Anne Garden,Vulvovaginitis and other common childhood gynaecological conditions,Arch Dis Educ Pract Ed 2011
Sharon Mcgreal,Recurrent Vaginal Discharge in Children J Pediatric Adolesc Gynecol, 2012
Cynthia DeLago,Urogenital Symptoms in Premenarchal Girls:Parent’s and Girl’s Perceptions and associations with Irritants, J Pediatr
Gynecol,2012