Oratório familiar
9
º ANO
| Catequese 3, primeira parte
A família reúne-se no seu «Oratório familiar». Sugere-se a colocação de uma cruz, uma vela acesa e uma imagem de Nossa Senhora. Podem usar-se estatuetas ou estampas. Se a família tiver alguma devoção especial a um santo ou santa em particular, pode também colocar-se a sua imagem. A cruz deve ser sempre central. Convém que haja perto cadeiras para todos se sentarem.
Antes de começar a oração, é preciso combinar tarefas: uma pessoa preside (sugere-se que seja o adolescente) e são necessários 2 leitores. Caso no momento de oração participem apenas duas pessoas, então uma preside e a outra responde e faz as leituras. Após alguns momentos de silêncio, todos rezam como se segue (o V. marca as intervenções de quem preside e o R. a resposta de todos):
V. Em nome do Pai, (†) do Filho e do Espírito Santo.
R. Ámen.
A seguinte jaculatória é rezada por todos ao mesmo tempo:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Então, o adolescente que preside explica o sentido da celebração:
Nos nossos dias, há diversas formas de encarar a liberdade. Há quem ache que a liberdade é «fazer o que se quer»: essas pessoas são, normalmente, pessoas insuportáveis. Também há quem ache que «a nossa liberdade termina onde começa a dos outros»: para quem pensa assim, os outros são um limite, um concorrente, um perigo. São os que, quando se vêm sozinhos (sem os «outros» para limitar a própria liberdade), fazem os maiores disparates. Para algumas pessoas, ser «livre» é sinónimo de «eu quero, posso e mando!». Isso não é liberdade, mas egoísmo. Também há pessoas que entendem corretamente a liberdade: são aqueles que se esforçam por descobrir
caminhos de liberdade onde se realizem como pessoas e, ao mesmo tempo, contribuam para um mundo melhor. A liberdade verdadeira significa saber distinguir entre várias possibilidades, identificar o que é verdadeiro e bom e optar por isso.
Os últimos meses trouxeram uma nova realidade às nossas vidas: uma pandemia. Estes tempos novos pedem pessoas com um coração renovado: pessoas livres! Nestes meses, muitas pessoas jovens e menos jovens têm enfrentado inúmeros perigos em prol da comunidade, lutando pelo bem comum, tantas vezes abdicando do aconchego da família na esperança de conseguirem suavizar o mar de dor que atinge outras pessoas. Certamente que Jesus é a grande referência na vida destas pessoas altruístas! É Ele que os faz sentir-se verdadeiramente livres! Ser livre é ser capaz de escolher o bem. Aprendamos com Jesus a libertarmo-nos do mal, do pecado, dos vícios e de todas as formas de egoísmo. Acreditemos que conseguimos ser verdadeiramente livres e que somos capazes de ajudar os outros a libertar-se.
Todos se sentam. Então, entoa-se o seguinte cântico (pode repetir-se várias vezes):
Permanece junto de Mim, ora e vigia, ora e vigia.1
O leitor 1 proclama a seguinte leitura (Mt 12, 1-8).
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus passou através das searas em dia de sábado e os discípulos, sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas. Os
1Pode ouvir-se uma versão deste cântico em:
fariseus viram e disseram a Jesus: «Vê como os teus discípulos estão a fazer o que não é permitido ao sábado». Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa de Deus e comeu dos pães da proposição, que não era permitido comer, nem a ele nem aos seus companheiros, mas somente aos sacerdotes. Também não lestes na Lei que, ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o repouso sabático e ficam isentos de culpa? Eu vos digo que está aqui alguém que é maior que o templo. Se soubésseis o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’, não condenaríeis os que não têm culpa. Porque o Filho do homem é Senhor do sábado».
Palavra da salvação.
R. Glória a Vós, Senhor.
Segue-se o Salmo Responsorial.
Guardai-me junto de Vós: na Vossa paz, Senhor.
1| Senhor, não se eleva soberbo o meu coração,
nem se levantam altivos os meus olhos. Não ambiciono riquezas,
nem coisas superiores a mim.
2| Antes fico sossegado e tranquilo,
como criança ao colo da mãe. Espera, Israel, no Senhor, agora e para sempre.
O leitor 2 faz a seguinte leitura:
Entre nós, acontece muitas vezes que queremos ser livres, mas deixamo-nos escravizar pelo pensamento dominante. Que liberdade existe em ser-se conduzido, em gritar o que todos gritam, em repetir o que outros dizem? Onde está a liberdade quando, sem analisar, consentimos? Onde está a liberdade quando deixamos que outros pensem e decidam por nós? A sociedade ocidental, também apelidada de «mundo livre», vive dependente dos meios de comunicação social, com as suas mensagens e opiniões pré-fabricadas. Que liberdade há, também, em se deixar escravizar pela droga ou pelo álcool? Que liberdade temos se somos irresponsáveis nas nossas atitudes para com os outros?
Ser livre é ser pensante, é questionar-me e questionar o mundo que me rodeia. Se livre é fazer as minhas opções de vida e saber as razões pelas quais as faço. Ser livre é ver, pensar e agir. A liberdade manifesta-se na procura da verdade e do bem. Há uma voz dentro de nós – a nossa consciência – que nos diz: «faz isto, evita aquilo». Na procura pela verdade e pelo bem, o cristão segue a própria consciência, devidamente formada à luz da Palavra de Deus. O cristão não vai nas «ondas da moda», mas segue Jesus. Mais ainda: o cristão é aquela pessoa livre que está pronta para servir. Sente-se responsável pelo bem de todos e, por isso, não cruza os braços, antes intervém na vida social e procura transformar a sociedade à sua volta. O cristão – o discípulo de Jesus – sabe que o seu contributo e a sua opinião são essenciais para a construção de um mundo melhor. A liberdade do cristão é dom de Jesus: pois só Ele é verdadeiramente livre e capaz de nos libertar.
Ser livre tem consequências, para nós e para os outros. Temos de trabalhar cada dia para gerir a nossa liberdade de forma responsável. E temos também de ser capazes de lutar pela liberdade dos outros. Isto implicará alguns incómodos, sacrifícios e até, em certos casos, perseguições. Que a nossa voz, à semelhança da de Jesus, seja um grito de liberdade e nos conduza pelos caminhos do amor.
No final da meditação, vem um momento longo de silêncio (3 minutos). Todos são convidados a pedir o dom de ser libertado de todas as escravidões exteriores e a coragem de ser livre. Quem quiser, pode ajoelhar-se.
Ao fim do tempo assinalado, todos se levantam e cantam (repete-se várias vezes):
Tu és fonte de vida, Tu és fogo, Tu és amor: Vem, Espírito Santo.
O adolescente que preside inicia as preces:
De mãos dadas, caminhemos para uma liberdade cada vez mais consciente e verdadeira. Invoquemos a bondade de Deus, para que nos conceda o que Lhe imploramos com fé, dizendo:
Senhor, ajudai-nos a procurar o Vosso Reino.
Os leitores 1 e 2, alternadamente, propõem as preces.
1| Para que o nosso Bispo, os presbíteros e os diáconos vivam a mensagem
libertadora do Evangelho e ensinem aos cristãos o caminho libertador do amor, oremos irmãos.
2| Por todos os cristãos, que anseiam pela liberdade e estão prontos a sofrer
3| Para que todos os discípulos de Cristo se ponham ao lado dos que são perseguidos, por lutar contra as injustiças no mundo, oremos irmãos.
4| Por todos os jovens, para que compreendam o verdadeiro sentido de ser
pessoa livre e descubram, em Deus, como se libertar das amarras que os prendem, oremos irmãos.
5| Pelos nossos familiares e pelos nossos amigos, para que sejam verdadeiros
soldados de Cristo, oremos irmãos.
6| Por todos nós, para que consigamos lutar contra a liberdade egoísta,
oremos irmãos.
O adolescente que preside inicia o Pai-nosso, que todos rezam juntos. No final, o adolescente conclui com a seguinte oração:
V. Senhor Deus, queremos apresentar-nos diante de Vós com o que somos e
temos, com as nossas amarras e com as opressões que nos atormentam. Senhor, fazei de nós pessoas livres, desapegadas do pecado e capazes de ajudar os outros. Fazei que procuremos o bem, que procuremos amar mais do que ser amados, pois é dando que somos verdadeiramente felizes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
R. Ámen.
O momento de oração conclui-se do seguinte modo:
V. O Senhor nos abençoe, nos livre de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
E, voltados para a imagem de Nossa Senhora, rezam em conjunto:
Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo(a) a vós, e em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa. Lembrai-vos que vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa. Ah, guardai-me e defendei-me como coisa própria vossa.
Então, em silêncio, todos se benzem.
Para guardar na memória e no coração…
A liberdade humana é um dos maiores sinais que somos
imagem de Deus!
De forma a exteriorizares o que pensas, abre o teu catecismo na página 28 e escreve 10 palavras com as quais definas a «liberdade».
Desafio...
Atreve-te a procurar no
YouTube a música «Cristo
dará a liberdade» e acompanha com a letra que
se encontra no teu catecismo (página 26).