NOVEMBRO
Na França, o mesmo “esquerdista radical” – recém “presidenciável” – Melenchon (que pelo visto, está mais para “mela cuecas”), que no segundo turno das últimas eleições apoiou “de forma velada” a candidatura do atual presidente Macron – de “centro” -, em nome da “luta
contra a ascensão da extrema-direita”, agora convoca a/os franceses para protestarem contra a retomada da reforma trabalhista (por parte deste presidente que na verdade é um “homem dos grandes bancos”), já iniciada pelo governo anterior do Partido Socialista (do qual Melenchon foi membro durante décadas) encabeçado pelo ex presidente François Hollande (chamado por Lula e Dilma de “companheiro Hollande”).
Na Alemanha, Angela Merkel, de um partido tradicionalmente conservador, porém considerada uma “centrista” em questões sociais (a mesma Merkel sob a qual os níveis salariais da/os
trabalhadores alemães só vêm caindo – segundo me revelou um anarcossindicalista da cidade de Freiburg in Bresgau – e cujo governo “acolhe” imigrantes e refugiados políticos em lugares que são praticamente campos de concentração “maquiados” – conforme eu presenciei um grupo
de imigrantes e refugiados africanos denunciarem em um acampamento de protesto contra tais políticas, nas proximidades do Gorlitzer Park, em Berlim), ganhou pela quarta vez seguida as
eleições para chefe do governo federal alemão (“chanceler”), também no contexto de uma disputa com o fantasma da extrema-direita.
Vale a pena lembrar aqui as últimas eleições gregas, onde o partido de esquerda “de novo tipo”, o Syriza, chegou à chefia do governo concorrendo com adversários conservadores e, após ter realizado um plebiscito nacional para sondar se a/os grega/os queriam ou não que se firmasse
um novo acordo com os credores (leia-se: grandes bancos) da União Europeia e ter recebido como resposta “um grande NÃO” (“Oxi”), traiu seus eleitores, assinando o acordo por eles rejeitado via plebiscito e dando continuidade às políticas de austeridade que tanto vêm massacrando o povo grego desde o governo derrotado nestas eleições pelo Syriza.
No tabuleiro do xadrez das “democracias” a/os “dona/os do mundo” continuam se demonstrando a/os verdadeira/os “grãos mestres” e “dona/os do jogo”: nutrem “santa/os” e “demônios” e, desse modo, levam a/os incauta/os eleitores a “atirarem no que veem” e “serem acertada/os pelo que não veem”. De todo modo, ganham sempre “a/os de cima”.
E no Brasil: também se nutrem “santa/os” e “demônios” eleitoreira/os e, no contexto do medo do fantasma do fascismo verde (e amarelo), a/os “cidadãos” e “cidadãs” “avançadinha/os” pedem “diretas já” e militam pelo retorno do mesmo fascismo vermelho que deu os primeiros passos da reforma da previdência; se aliou ao agronegócio e às grandes empreiteiras em detrimento dos interesses de sem terras, indígenas e de populações tradicionais vivendo em áreas de mega construções; militarizou favelas; se “aconluiou” com grandes corporações esportivas para a realização de mega eventos financiados com dinheiro de impostos e que só beneficiaram a/os
dirigentes corrupta/os de tais corporações (e do governo, claro), etc. etc.
Pelo que se vê, também no Brasil “a/os dona/os do mundo” continuam dominando o jogo. Quando será que “a/os de baixo” do mundo vão chegar ao seu limite e “virar o tabuleiro”, saindo deste para outro jogo (pois neste jogo só quem ganha são a/os mestra/es que o
inventaram)?
E o pior (?), é que “o relógio” do clima global já está apontando para um provável “game over”, não apenas deste sistema ecogenocida, mas da própria “civilização” humana.
Para “quem tem olhos para ver”: “a resposta está soprando no vento”.
Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira
Como foi o surgimento da banda? Bonga: Olá Daniel e leitores do SODANUHKA! A banda surgiu em uma mesa de bar, estava eu (Bonga/vocal),
Marcelo (bateria) e Bahia (guitarra) bebendo na rua 13 de maio, no centro
de São Paulo, em um bar sujo e tosco, mas que tinha uma jukebox da hora com
VENOM, DEAD KENNEDYS, MOTÖRHEAD, entre outros sons. Já bêbados e
chapados tivemos a ideia de formar uma banda homenageando a coletânea sueca Vikings are Coming, com o nome
FEAR OF THE FUTURE, juntando o nome do FEAR OF WAR com o do RESCUES
IN FUTURE. Era para ser só uma zoeira entre amigos, mas acabamos marcando um ensaio pra tirar um som,
encontramos o Felipe (baixista) e aqui estamos, já mais de cinco anos depois desta bebedeira, com LP lançado, com uma sonoridade que vai além das
influências suecas, tocando em outros estados e com a mesma formação desde o início.
Como voces tem visto a cena
underground brasileira nos ultimos tempos?
Bonga: Vejo que está cada vez pior. A cada dia que passa vejo menos
renovação, a grande maioria da galera que cola em shows, tem bandas, faz
zines e organiza eventos tem por volta de 30 anos ou mais, já não têm mais o brilho nos olhos de outrora e nem o tempo e saúde para se dedicar como se dedicavam, mas são os que acabam levando as coisas em frente.
Um exemplo é que quando lançamos nosso primeiro LP, no começo do ano passado,
achamos que haveriam mais convites para shows fora da grande São Paulo, mas estas oportunidades são cada vez mais raras. Engraçado que quando só tínhamos a demo ou o split 7” lançados
estes convites apareciam com bem mais freqüência. Também organizo shows
para outras bandas e sei como é difícil contar com a bilheteria para trazer
uma banda de fora, sendo que trazer significa apenas pagar os custos de transporte, sem cachês.
Infelizmente vejo o futuro bem nebuloso, mas espero que a atual situação bizarra do país estimule
a juventude a gostar e se expressar por meio do rock político e selvagem, pois são nestes tempos obscuros que
a contracultura hardcore/punk geralmente tem mais inspiração, relevância e destaque.
Hoje além do Fear of The Future, quais sao as outra bandas que voces estao
envolvidos?
Bonga: Eu já tive alguns outros projetos, mas como estamos falando
do presente, além de fazer vocal no FEAR OF THE FUTURE, também toco
bateria na banda de black/death/noise NECROGOSTO, que conta com integrantes do Nucleär Fröst e Beastkrieg. O Fred Bahia, além de tocar guitarra no
Fear, toca baixo e faz vocal no KRUDA e o Felipe, além de tocar baixo no
Fear, faz vocal no ROT. Só o baterista Marcelo está apenas com o Fear no momento.
Como foram as gravações do Fear of the Future LP 12’ (2016)? Como foi a
experiência? Vocês já estão planejando gravar algum novo material ou por
enquanto vão continuar divulgando o LP?
Bonga: Foi muito bacana e a primeira experiência de todos gravando para um álbum completo que sairia em vinil.
Tudo foi feito no Caffeine Sound
Studio, em São Paulo, local que estamos acostumados a freqüentar e o Renato e o Luis são amigos e entendem o som da banda, além de viverem o faça você mesmo diariamente. Foi um processo
prazeroso, no qual o resultado ficou do jeito que esperávamos.
No momento estamos divulgando o
primeiro disco e procurando selos para o próximo lançamento, um split 7” com os amigos do Anti Clímax, que também foi gravado no Caffeine. Esperamos que no primeiro semestre de 2018 ele esteja
disponível. Já iniciamos também a
composição do nosso segundo disco, que pretendemos gravar no final de 2018 e lançar em 2019.
Há possibilidade do Fear of the Future sair turnê internacional?
Bonga: Sim, sempre há esta
possibilidade e o que não falta é
vontade, mas todos na banda trabalham para poder pagar aluguel e as demais
contas mensais e cada um consegue apenas tirar férias em determinada época, o que dificulta fazer um rolé maior aqui no Brasil ou fora do país, seja na América do Sul, seja na Europa,
além, é claro, da falta de grana. Mas em 2019 pretendemos sim ir para a Europa, já com alguns lançamentos
embaixo do braço e uma experiência bem grande em shows, mas quem sabe ano que vem não rola algo?
Quais são os planos para o “futuro” da banda?
Bonga: Acabei comentando sobre os planos a curto prazo acima, que são lançar o split 7” com o Anti Clímax, gravar as músicas do nosso segundo
disco e fazer uma turnê na Europa. Bom, meu amigo, é isso. Obrigado mais
uma vez pelo seu tempo. Abraços ao povo feio da FEAR OF THE FUTURE . Dê
o seu recado aos leitores do FANZINE SODANUHKA!
Bonga: Obrigado pelo espaço! Vida
longa ao SODANUHKA e a todos fanzines impressos. Quem quiser ouvir nosso som pode acessar nosso bandcamp. Já quem quiser ver vídeos, fotos ou entrar
em contato com a banda pode ser pelo facebook na nossa página oficial.
Sodanuhka: Como vocês se conheceram, como surgiu a ideia de formar a banda e por quê?
Mau Sangue: Nos conhecemos dentro do
underground mesmo, em gigs que ou estávamos pra assistir bandas ou tocar com outros
projetos que cada integrante fazia parte. A ideia da banda partiu do ex-vocalista (Rikärdo Chakal), a princípio a intenção
era ser uma banda com temas politizados e sociais, com uma sonoridade que tivesse o pogo do punk e o peso do metal. Com o passar
do ensaios e experimentações pras primeiras músicas foram surgindo influências de
diferentes estilos, como crust, pos-punk, doom, sludge, thrash e meio que nessa
mistura de influências pessoais distintas foram se formando as músicas, alguns dos
estilos citados são base de inspiração, mas não necessariamente marcam nosso estilo, que até agora não sabemos como rotular, a base que norteia é o punk (com uma pitada de metal), principalmente porque é o estilo que mais nos sentimos à vontade nos discursos
das letras.
S: Como surgiu a ideia do nome e o que ele representa para vocês? Quais são as principais influências da banda?
MS: O nome da banda é o título de um poema de Arthur Rimbaud, que está no livro “Uma temporada no inferno”, que pode ser interpretado como se tratando
de pessoas excluídas e discriminadas da sociedade, pessoas na base das hierarquias sociais. E embora seja um outro contexto histórico e outra época, pra nós se encaixa perfeitamente nos temas que gostamos de
escrever, que são referentes a problemas sociais e posicionamentos políticos,
transitando entre demandas feministas e LGBTQ+, assim como também variam pra temáticas pessimistas e niilistas.
Influências temos muitas, nosso som é montado sobre as predileções pessoais de
cada integrante e gostos em comum, mas diria que as principais seriam Discharge, Amebix,
Voivod, Venom, Killing Joke, Neurosis, Bauhaus, Mercenárias, Totalitär, Facção
Central, Limp Wrist, Sacrilege.
S: As mídias sociais vem assumindo um papel fundamental na formação de debates, tanto voltados ao feminismo, gênero,mulheres e transexuais , quanto a diversos outros temas, na opinião da banda, como isso pode
contribuir para a desconstrução do machismo na sociedade? Até que ponto isso pode ser visto com algo benéfico?
MS: Mídias sociais são parte de frentes que podem ajudar as pessoas a repensarem
atitudes machistas (dentre outras vivências hierárquicas de nossa sociedade), mas só elas não tem poder de grande alcance de mudança social, pois as raízes do patriarcado estão
em tudo que é esfera social. Eu sempre vou
acreditar no exemplo pela prática. E hoje o que vemos muito é discurso desconectado de
atitudes reais. Acho essencial aproveitarmos do alcance que as mídias sociais tem pra promover tais debates, divulgar eventos
onde haja assuntos relacionados. O problema que vejo nesses debates virtuais é como
diferentes vertentes de causas sociais em prol de minorias sociais discordam entre si, gerando discursos que podem mais separar
do que aproximar e somar na luta contra as opressões. E tem também tem o lado negativo da internet de que nem toda informação vem de fontes fidedignas, que junta com nossa geração de imediatismo, de muita informação
circulando e pouco senso crítico de fato e transformação de opiniões, pois se informar massivamente não é o mesmo que processar de forma crítica o que se lê. E na internet o
diálogo nem sempre flui, é comum discussões verterem para cada lado querer que sua verdade prevaleça, sem ponderar sobre o que se pode tirar pra refletir sobre algum tema.
Ainda acho que as interações reais são mais efetivas, mas vejo o meio virtual com uma ferramenta a mais, não como algo que devemos
criar dependência exclusiva.
S: E qual é a maior dificuldade hoje de se manter uma banda no cenário underground?
MS: Acho difícil falar de uma dificuldade, pois são muitas variantes. Talvez vá desde
características pessoais e ideológicas de cada integrante pra se manter um trabalho de banda, até questões da vida particular, sabe? trabalho, família, estudos; enfim, muitos compromissos pra conciliar com
um trabalho artístico que necessita de comprometimento, investimento, gastos. Fora fatores como algumas organizações de eventos ou os próprios locais, que nem sempre as bandas podem contar com um suporte
adequado ou para o público mesmo não é muito convidativo. Falando de São Paulo mesmo, há poucas casas que recebem evento underground
e de forma justa. Fica aquela coisa, tocar sempre nos mesmos picos.
S: Houve uma grande mudança comportamental no punk dos últimos anos para cá, com isso muita coisa se perdeu, a atitude, a essência,
o faça você mesmo, tudo ficou digitalizado e perdido atrás de um computador, essa
mudança de certa forma atingiu diretamente as bandas. Como isso afetou o trabalho de vocês?
MS: Com o advento das tecnologias a dinâmica no geral das pessoas foi mudando nos
últimos tempos, mas voltando à esse nicho eu acho que essa tecnologia, que em parte fez perder parte da essência, por outro lado acredito que também ajuda a difundir,
de outras maneiras. Não sei dizer ainda se pra melhor ou pior, eu particularmente me sinto prisioneira da tecnologia. Por
exemplo: se eu resolver sair do Facebook ou outras plataformas semelhantes onde as pessoas passam boa parte do tempo fica muito difícil de se divulgar os trabalhos
de banda. Assim como fica difícil saber o que está acontecendo, onde vai ter gigs, uma palestra, um debate, pois está tudo preso na rede. Mas por outro lado acho que acaba
chegando em mais pessoas. Tipo, a Mau Sangue começou a tocar no 1o semestre desse ano e pela internet pessoas de outros estados e
cidades entraram em contato com nosso som. Sem internet isso não aconteceria. Mas de todo jeito acho bem ruim a internet ter se tornado uma ferramenta praticamente
obrigatória.
S: Pessoas que se aproveitam do anonimato para atacar, ofender e atingir ou outros.
Vocês já sofreram algo do tipo? Se sim, comentem.
MS: Talvez por a banda ser muito nova ainda não conseguimos provocar o ódio de ninguém nesse sentido. O que acontece comigo vez
ou outra, por eu ser trans, é alguém me tratar de forma preconceituosa ou mesmo transfóbica. Mas foram poucas vezes dentro
do underground. Não sei dizer ainda se as pessoas estão mudando e aprendendo a respeitar mais as diferenças ou se por muitas vezes estarmos em eventos com
pessoas conhecidas acaba não rolando tais comportamentos.
S: Para encerrar, gostaria que fizessem suas considerações finais, divulgassem a agenda de shows da banda, projetos, passem sua mensagem/recado, enfim… Esse espaço é de vocês!
MS: Nesse ano temos mais três datas:
25/11/2017 no Raiz Libertária, 02/12/2017 no Good Vibrations, 17/12/2017 no Kudo Pinguim, 21/01/2018 no Underground Club. Tem mais algumas gig pra serem fechadas pro ano que vem, mas pretendemos tocar ao vivo com menos frequência pra trabalharmos em músicas novas.
Conte pra nós sobre a história da MISANTROPIC
MISANTROPIC se formou no início de 2008 das ruínas da banda Personkrets 3:1, que terminou depois de alguns anos de caos e um monte de EP’s e LP’s. Depois do término Matte (o baixista),
Johannes (vocais) e Rille (guitarra) decidiram começar uma nova banda baseada no amor mútuo por crust e
anarcopunk oldschool, e Robert e Erik se juntaram também. Um split com
Deathrace foi gravado e lançado em 2009, porém logo depois da gravação Johannes saiu da banda, devido a sua mudança para o sul, Gerda tomou seu lugar. Essa formação, com Gerda no vocal, é a que continua até hoje.
Diga então a formação e se os membros têm outros projetos na sua cidade
MISANTROPIC sou eu (Matte), Gerda, Rille, Robert e Erik. Se você quer
saber se tocamos em outras bandas aqui em Umeå, então sim, tocamos em várias. Algumas bandas que somos envolvidos são Bitchcraft, G.E.R.M., Satariel, Lesra e Päästö. Somos envolvidos
com um pico local o Verket, onde organizamos shows, e alguns de nós participamos de grupos de ativismo
como o Anarquist Black Cross e SAC. Quais suas bandas favoritas e
influências?
Bom, acho que todo membro têm suas bandas favoritas, mas algumas bandas que todos nós gostamos e que nos
influenciam são provavelmente as
velhas bandas inglesas como Sacrilege, Doom, Antisect e por ai vai. Escutamos bastante d-beat americano na nossa van de tour também, coisas como State
of Fear, Consume, Tragedy e Hellshock são grandes influências. E, claro,
Metallica e Slayer.
Como é a discografia de vocês, e os futuros projetos?
MISANTROPIC nunca se preocupou em ser uma banda muito produtiva. Temos um split com a Deathrace (2009, um mini LP “Insomnia” (2010), e um LP split com a Eaten Raw (2014), e é basicamente isso o que lançamos. Um LP coletânea com todas as músicas será lançado logo mais e 50 cópias em
edição limitada já foram lançadas no início desse ano. Estamos escrevendo novas músicas para um novo disco, que provavelmente será lançado em meados
de 2018.
Como são os shows em Umeå (Suécia), quais bandas legais vocês já tocaram
com?
Umeå tem uma boa cena punk com
várias bandas fodas. Algumas paradas locais que vale a pena mencionar são Päästö, Warchild, Scum Crusade, Dumb
Fucks, Fru Dörr, Acid Blood, Piss River, Perkulator e Leper. Dêem uma
escutada.
O que vocês sabem da cena punk brasileira?
Bom, não sabemos muito. Claro que escutamos muito Ratos de Porão, eu tenho alguns EP’s com Besthöven, mas basicamente é só isso. Abuso Sonoro também é do Brasil né?
Algumas palavras finais?
Obrigado pela entrevista! Up the Punx! Protestar e sobreviver!
polvo
Levanta teu grito
Ó larva indigesta
Dissolve o ácido
nessa farsa festa
Derrama a bile
Desmancha a carne
Derrete a máscara
falsa face expressa
Rompe, monstro amorfo
Encarna a alma vaga
jamais enganada
por rosto ou estofo
Voa, cobra alada
Corre, besta raiva
Por dentro nada se explica
por fora tudo é batalha
---QUADRA
Ontem grande
Hoje gigante
Amei poeira
Caço diamante
--- nuvens ao vento
águalgodão
logo gota chão
(Arthur Moura Campos)
Sem mais ter porque
A dor anda por si,
Velho mesmo verme
Roendo a mim
-E então, como vamos?
Digo eu ao verme.
E diz-me ele:
-Falar consome,
Mas responde-me
Tu que em palavras te fias
O que tais carcaças vazias
Trazem a ti e a mim?
Nada sei,
Mas ainda respondo,
Falo,
Pergunto,
Realimento...
E de novo o verme contorce,
Come-se,
Vomita-se,
Metásta-se
--- Dor é a contradição interna
Do ser que não devia
Mas é e não se escapa,
Não é e ainda sendo
A nada torna o nada.
(Felipe Lopes)
Bobby Sands (Michael Fassbender), figura central da história. Ele representa a própria liderança do movimento terrorista. Um homem
de uma ideologia inabalável, que manifesta uma auto-entrega absurda à causa pela qual luta. Para ele, a própria vida e a vida dos seus companheiros são instrumentos que devem
estar à disposição de algo maior. Por mais que suas atitudes sejam questionáveis, Bobby não
deixa de ser admirável pela sua perseverança. Suas motivações são exploradas de maneira brilhante em um diálogo do personagem com
o Padre, filmado em um plano sequência de aproximadamente 16 minutos. Brilhantemente escrita e interpretada, a cena atípica no
filme, se destaca também por quebrar o silêncio que reina durante a maior parte do longa.
(2008, 1h36m. Direção: Steve McQueen)
RECOMEN D A
HUNGER
A banda se formou em Seattle, EUA, a partir das cinzas de Subvert em algum momento em 1991, mas ao invés do estilo hardcore / punk que Subvert explorou, Christdriver era muito mais
um ato de punk frio e industrial: pense uma dissonância sombria, pulsando lentamente até a metade do tempo, tempos estimulados, muitas amostras, repetição hipnótica e músicas longas que variam em torno de sete minutos cada.
Eles fizeram sua estréia registrada em 1995 com “Your Vision Leaves Me Blind” 7 “e seguiram isso em 1996 com os 70 minutos em” Everything Burns “. Pouco tempo depois, eles se separaram
e alguns membros se juntaram ao Black Noise Cannon.
fantasma doom punk, 7 polegadas de 1995 (Profane Existence)
RELAÇÃO
DE CLASSES
Baseado em “O Desaparecido ou Amerika”, obra inacabada de Franz Kafka, este filme do casal Jean-Marie Straub e Danièle Huillet narra a história de um burguês alemão que é forçado a sair de sua terra e mudar-se para “Amerika”, tendo que adaptar-se à nova realidade de trabalho. Crítica às relações de classe
existentes na sociedade capitalista.
(França, 1984, 2h06m. Dir. Jean-Marie Straub)
Orides Fontela [1940-1998] foi uma das mais importantes poetas brasileiras da segunda metade do século XX. Da mesma geração de Paulo Leminski, Hilda Hilst, Roberto Piva
e Adélia Prado, sua obra se destaca e se diferencia por um alto rigor unido a uma particular beleza áspera, que a tornam,
contra a passagem do tempo, cada vez
mais contemporânea. Isto é, cada vez mais fundamental para poesia e o tempo presentes.
“Orides Fontela — Poesia completa”, organizado por Luís Dolhnikoff, com 22 poemas inéditos
ORIDES
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