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POTENCIAL E LIMITAÇÕES PARA O ESCOAMENTO DE SOJA PELOS PORTOS DA REGIÃO NORTE

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POTENCIAL E LIMITAÇÕES PARA O

ESCOAMENTO DE SOJA PELOS

PORTOS DA REGIÃO NORTE

Hibernon Marinho Alves de Andrade Filho (UFMA ) hiber_slz@hotmail.com Sergio Sampaio Cutrim (UFMA ) sergio.cutrim@yahoo.com.br Leo Tadeu Robles (UFMA ) leotadeurobles@uol.com.br NEWTON NARCISO PEREIRA (UFF ) newton.pereira@usp.br

O presente artigo tem por objetivo identificar o potencial e limitações para os terminais portuários instalados na Região Norte do Brasil tendo em vista o escoamento da soja produzida nessa região e na área de influência de seus portos. O eestudo exploratório se baseou em fontes secundárias relativas a estudos existentes e visitas a sítios de entidades especializadas. Dessa forma, demonstrou-se a importância da cultura da soja para o país e região, sendo que a commodity se constitui no principal produto das exportações agrícolas brasileiras. Dessa forma, foram analisados os principais terminais portuários da Região Norte e no cotejo entre a exportação da região em 2015 e sua capacidade se identificou a necessidade de se expandir os portos regionais, mesmo tendo em conta investimentos em andamento. Outras constatações foram a necessidade de solução do impasse político-institucional do país e do setor portuário em particular e a conveniência de se estender o estudo para portos da Região Nordeste, tais como o Porto de Itaqui no Maranhão e Pecém no Ceará.

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2 1. Introdução

O aumento da demanda global de soja nas últimas décadas tem impulsionado seu cultivo no Brasil, atualmente, a principal commodity agrícola das exportações brasileiras. No entanto, o custo logístico de seu escoamento ainda é um entrave para maior competitividade da produção brasileira nos mercados mundiais.

Este artigo aborda o potencial e os impedimentos para o desenvolvimento de exportações pelos portos do norte do Brasil, região de importante crescimento da produção, identificando se seus terminais portuários apresentam as estruturas necessárias para atender o escoamento da soja já plantada na região e em sua área de influência, notadamente na Região Centro-Oeste. Para tanto, apresenta-se um breve resumo do cultivo de soja no Brasil e de sua

importância no agronegócio e se descreve as formas de escoamento para os portos brasileiros. Este trabalho, de caráter exploratório, foi desenvolvido por revisão bibliográfica do tema e visitas a sítios de entidades especializadas na plantação e logística de escoamento da soja no Brasil, em especial a CONAB, o IBGE, o MAPA e o IPEA. A pesquisa se baseia em fontes secundárias, especificamente, relatórios, anuários, reportagens, artigos e publicações, levantando-se de informações e dados estatísticos do escoamento da soja e dos terminais portuários existentes na Região Norte.

O objetivo principal proposto é identificar as condições de exportação de soja por terminais portuários da Região Norte, analisando-se seu potencial e dificuldades a enfrentar. Note-se que o deslocamento da fronteira agrícola da soja para o norte, a relativa maior proximidade ao Hemisfério Norte e as possibilidades decorrentes da expansão da capacidade do Canal do Panamá justificam o estudo.

O artigo apresenta o diagnóstico da movimentação de soja na Região Norte e das condições dos portos regionais para absorver a demanda de soja com origem na região e área de influência, identificando uma série de investimentos em andamento, cuja implantação pode consolidar a Região Norte como alternativa de escoamento do produto.

2. A cultura da soja no Brasil

Nas últimas décadas, a soja foi a cultura agrícola que mais cresceu no país, passando a ocupar 49% da área plantada com grãos, tornando-se a principal cultura agrícola em volume de produção e área cultivada O Brasil se apresenta como segundo maior produtor mundial, com cerca de 100 milhões de t na safra 2015/2016. (EMBRAPA, 2016).

A cultura da soja no Brasil se iniciou em pequenas propriedades no Rio Grande do Sul a partir de 1914, tanto para forragem de bovinos como para engorda e suínos e só começou a ser produto comercial a partir da década de 60 (DTA Engenharia, 2011). Na década de 70, com a explosão dos preços internacionais da soja, produtores e o Governo Federal deram mais atenção à produção.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA apud MAPA, 2008) aponta que o consumo mundial dos produtos do complexo da soja (soja em grão, óleo e farelo de soja) se expandiu significativamente, com o crescimento da oferta concentrado em três produtores principais: EUA, Brasil e Argentina. No ano de 2015, estes três países produziram cerca de 83% da produção mundial (CONAB, 2016).

No Brasil ocorreu uma mudança na configuração das regiões produtoras, sendo que a Região Sul vem perdendo importância em relação à abertura de áreas do Cerrado, principalmente da Região Centro-Oeste. (CONAB, 2016).

Lazzarini e Faveret Filho (1997) explicam que:

O interesse pela região dos cerrados foi resultante de três fatores básicos: a) aspectos edafo-climáticos favoráveis (topografia plana, regularidade de chuvas, temperatura elevada e profundidade dos solos); b) a busca de terras mais baratas, visando aumentar

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da rentabilidade da exploração agrícola (lucro sobre ativos) e também a escala de operação, uma vez que, com um mesmo valor patrimonial, tornava-se possível aumentar o número de hectares cultivados e ainda por cima auferir, na maioria dos casos, ganhos com a valorização do capital fundiário; c) a busca de explorar

economias de escala: estimativas da Universidade de Brasília indicam que o custo de produção por saca de soja reduz-se em cerca de 40-45% quando a escala operacional aumenta de 50 a 1.000 ha. (LAZZARINI e FAVERET FILHO (1997).

Levantamento da Safra 2015/ 2016 da CONAB (2016) indica como principal produtor de soja o estado do Mato Grosso com 28,3 milhões de t, seguido pelo Paraná com 18,5 milhões de t e o Rio Grande do Sul com 14,8 milhões de t. As novas regiões produtoras se localizam a grandes distâncias dos portos tradicionais de escoamento, os Portos de Santos, Paranaguá e Rio Grande.

O anuário da ANTAQ de 2014 apresenta a soja como a terceira carga mais importante nos portos brasileiros, atrás apenas do minério de ferro e do petróleo e derivados (ANTAQ, 2014). Nesse ano foram escoadas 51,4 milhões de t de soja, sendo 21,6% pelo Porto de Santos, 14,2% por Paranaguá, 9,2% por Rio Grande e 8,4% por São Francisco do Sul. Note-se a concentração da exportação pelos portos das regiões Sudeste e Sul.

A Figura 1 mostra mapa elaborado pela CNA (2014) que apresenta a produção e exportação de soja no Brasil em 2013. A proposta de divisão do país em norte e sul indica que, no norte, se produziu 87,9 milhões t, sendo 17 milhões t consumidas internamente, 10,1 milhões t exportadas por portos da Região Norte, e 60,8 milhões t deslocadas para portos da Região Sudeste e Sul. No sul, a produção foi de 74,6 milhões de t, o consumo interno 69,2 milhões t e apenas 5,4 milhões de t exportadas. Esse volume junto com as 60,8 milhões de t do norte somou as 66,2 milhões t exportadas.

Esta análise evidencia o potencial de exportação dos portos da Região Norte e a necessidade de soluções logísticas por meio de investimentos públicos e privados. Note-se que já se apresenta um gargalo de capacidade nos portos da Região Sudeste e Sul.

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Fonte: CNA, 2014.

3. A Produção de soja na Região Norte e área de influência

A Região Norte do Brasil é formada por sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Dados do IBGE (2016) a apontam como a maior região do país, com 3.853.676,98 km², 45,25 % de todo território nacional. Os principais rios da região são o Amazonas e o Tocantins, que juntos compõem uma rede de aproximadamente 25.000 km de navegação viável, um enorme potencial para escoamento de cargas e passageiros. (FREITAS, 2016).

A Tabela 1 mostra uma expansão da produção de soja no Brasil de 35,5% no período de 2010/11 a 2015/16 e na Região Norte de 131,5%, atingindo cerca de 4,6 milhões de t. Além disso, dados da CONAB (2016) indicam incremento na área plantada de 645,5 mil ha em 2010 para 1.535 mil ha em 2015 e produtividade média no período de 2.980 kg/ha. Na Região Norte se destacam como principais produtores os estados do Tocantins e o Pará.

Tabela 1 – Brasil. Produção de soja. Safras 2010/11 a 2015/16 (mil t)

REGIÃO/UF 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 Previsão (¹) NORTE 1.977,2 2.172,2 2.661,5 3.391,3 4.289,5 4.577,3 RR 10,4 10,4 33,6 56,2 63,9 133,4 RO 425,3 462,2 539,3 607,7 732,9 776,2 AC - - - -AM - - - -AP - - - -PA 314,4 316,7 552,2 668,6 1.017,0 1.017,0 TO 1.227,1 1.382,9 1.536,4 2.058,8 2.475,7 2.650,7 CENTRO-OESTE 33.938,9 34.904,8 38.091,4 41.800,5 43.968,6 46.536,0 MT 20.412,20 21.849,00 23.532,80 26.441,60 28.018,60 28.279,20 MS 5.169,4 4.628,3 5.809,0 6.148,0 7.177,6 7.581,6 GO 8.181,6 8.251,5 8.562,9 8.994,9 8.625,1 10.462,9 DF 175,70 176,00 186,70 216,00 147,30 212,30 NORDESTE 6.251,5 6.096,3 5.294,8 6.620,9 8.084,1 8.722,8 SUDESTE 4.622,1 4.656,3 5.425,9 5.015,3 5.873,5 6.887,8 SUL 28.534,6 18.553,4 30.025,8 29.292,8 34.012,3 35.386,6 CENTRO-NORTE 35.916,1 37.077,0 40.752,9 45.191,8 48.258,1 51.113,3 BRASIL 75.324,3 66.383,0 81.499,4 86.120,8 96.228,0 102.110,5

Legenda: (¹) Estimativa em janeiro/2016

Fonte: Conab, 2016.

Na área de influência dos portos da Região Norte está a Região Centro-Oeste por três estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal. O IBGE (2016) indica uma área de 1.606.403,51 km² e única região do país sem acesso ao litoral. Assim, sua rede hidroviária e os portos da Região Norte são alternativas para sua exportação agrícola. A Tabela 1 indica que o Centro-Oeste apresenta produção da soja significativa (45,5% na nacional) e crescimento de 37,1% no período. Ou seja, tanto as Regiões Norte como o Centro-Oeste apresentam crescimento acima da média nacional. Nesta região os principais estados produtores são Mato Grosso e Goiás.

A expansão para essas regiões representa o aumento das distâncias de transporte do produto para os portos de exportação e, como se sabe, o custo do transporte se constitui um obstáculo para a competitividade agropecuária do Brasil é. Carvalho (2014) aponta que o custo de logística no Brasil equivale a 12,6% do PIB, sendo que nos EUA não ultrapassa 8,2%.

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5 A soja é movimentada a granel, em grandes volumes e a longas distâncias e, logisticamente, deveria utilizar os modais ferroviários e hidroviários, contudo a realidade no Brasil é de predominância do rodoviário. Essa distorção da matriz de transporte vem desde há muito e embora o escoamento por hidrovia e ferrovia ser mais eficiente, a infraestrutura existente apresenta um custo total superior ao da rodovia, ao exigir operações de transbordo, com perdas de tempo e perdas impactam o custo de movimentação. (CORREA, 2010). Além disso, o modal rodoviário apresenta maior oferta, flexibilidade e a possibilidade do transporte porta-a-porta. Castro (2013) aponta que apenas 35% das vias potencialmente navegáveis são utilizadas para cargas, por falta de terminais adequados ou necessidade de intervenções nos rios o que prejudica a Região Norte, com grande quantidade de rios navegáveis.

Na verdade, conforme citado por Castro (2013) se apresentam, atualmente, apenas dois corredores logísticos na Região Norte, um fluvial ligando o Amazonas e Roraima a Rondônia e o Amapá até o Pará e um rodoviário que liga Rondônia e Pará ao resto do país.

Vale destacar ainda o mau estado das estradas que leva a maiores tempos e custos logísticos e problema recorrente na região. Correa (2010) exemplifica que, em períodos de chuvas, as vias atingem um estado de deterioração sendo necessário o uso de tratores para desatolar

caminhões utilizados. Essa condição é agravada pela baixa fiscalização em relação a lei da balança (peso máximo por eixo).

Em relação à ferrovia, a Lei N. 11.772, de 17 de setembro de 2008 incorporou ao traçado da Ferrovia Norte Sul, trecho entre Barcarena no Pará a Açailândia no Maranhão, ampliando as alternativas de escoamento de cargas dos estados do Tocantins e Goiás. No ano de 2012, a VALEC concluiu o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental – EVTEA do trecho, todavia ainda não existe qualquer previsão de data para sua operação. (VALEC, 2016). Outro gargalo logístico é a falta de terminais portuários para a movimentação da soja para exportação. A seguir, apresentam-se os terminais portuários que movimentam a soja na Região Norte, identificando-se sua condição para escoamento da soja produzidos na região e área de influência.

4. O escoamento da soja pelo norte do Brasil

Em 2015, a Região Norte movimentou 86,6 milhões de t, sendo 59,7 milhões em 39

Terminais de Uso Privativo – TUP e 26,9 milhões t em cinco Portos Públicos - PP (ANTAQ, 2014). Os principais portos da região são o TUP Terminal de Trombetas (PA) com 18,3 milhões de t, o PP de Vila do Conde (PA) com 15,4 milhões de t e o TUP Terminal Graneleiro da Hermasa (AM) com 7,1 milhões de t . (ANTAQ, 2014).

Dentre as principais cargas dos portos regionais se destacam a Minérios, escória e cinzas com 22,9 milhões de t, 13,9 milhões de t de Sementes oleaginosos (Soja) e de 12,1 milhões de t de combustíveis e Óleos Minerais. A Tabela 2 mostra a movimentação de soja na Região Norte entre 2010 e 2015.

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NOME NATUREZA UF 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Terminal Graneleiro Hermasa TUP AM 3.020.836 2.847.505 3.393.816 3.090.790 3.315.094 3.924.909

Terminal Portuário Graneleiro de Barcarena TUP PA 1.291.714 3.315.675

Santarém Porto PA 698.959 1.503.811 1.630.935 1.737.035 1.292.689 1.691.694

Porto Velho Porto RO 1.831.546 1.374.084 1.962.918 1.230.746 1.925.106 1.380.969

Terminal da Bunge Miritituba TUP PA 468.348 1.375.910

Cargill Agrícola TUP RO 721.265 742.731 756.565 731.137 434.159 1.099.577

Terminal Ponta da Montanha TUP PA 88.729 798.886

Bertolini - Estação do Cujubinzinho TUP RO 326.873

Vila do Conde Porto PA 345 3.700 1.166 5.977

Belém Porto PA - - 99 221 143 33

Itacal TUP AM 509 28

6.272.606 6.468.131 7.744.579 6.793.408 8.817.148 13.920.531

Fonte: ANTAQ, 2016.

A Tabela 2 mostra que o escoamento da soja se concentra nos estados do Amazonas, Roraima e Pará e em 2015 se destacam o TUP da Hermasa, movimentando 28,2% do total, o TUP de Barcarena com 23,8%, o PP de Santarém (PA) com 12,2%, o PP de Porto Velho (RO) com 9,9% e o TUP da Bunge em Miritituba (PA) com 9,9%. Vale analisar a capacidade desses terminais para a movimentação da soja pela região.

4.1. Os terminais portuários que movimentam soja pela Região Norte

A Tabela 3 apresenta dados da Aliceweb (2016) para relativos ao volume exportado pelos estados das regiões Norte e Centro-Oeste no ano de 2015. A Tabela 2 indica que 11 terminais da Região Norte exportaram soja. Este estudo analisou somente terminais portuários com movimentação anual superior à capacidade de um navio Panamax (60.000 TPB), navio tipo para o transporte de soja a granel. Desse modo, excluiu-se o Terminal de Vila do Conde (PA), Belém (PA) e Itacal (AM) e o Terminal Bertolini – Estação do Cujubinzinho (RO) por se tratar de estação de transbordo com movimentação de menos de 0,5 milhão de t.

Os terminais analisados, a seguir, são Hermasa (AM), Barcarena (PA), Santarém (PA), Porto Velho (RO), Mirituba (PA), Cargill (RO) e Ponta da Montanha (PA).

Tabela 3 – Brasil. Volume de soja exportado por estados do Norte e Centro-Oeste em 2015.

UF Volume Exportado (t)

Mato Grosso 14.514.849

Mato Grosso do Sul 3.447.462

Goiás 3.225.231 Tocantins 1.570.491 Pará 830.510 Rondônia 762.626 Distrito Federal 227.075 Roraima 21.357 Amapá 17.832 Amazonas 300 Total 24.617.733 Fonte: AliceWeb, 2016.

Terminal Graneleiro Hermasa (AM)

O Terminal Graneleiro Hermasa é um TUP do Grupo André Maggi, fundado em 1997, situado em Itacoatiara (AM), próximo à foz do Rio Madeira e, atualmente, principal terminal

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7 para escoamento de grãos da Região Norte. Em 2015, movimentou 7,1 milhões de t de soja, milho, farelo de soja, óleos e fertilizantes. Do volume de soja de 2,3 milhões de t foi de navegação interior e 1,7 milhões de t exportadas. (ANTAQ, 2016). O terminal é um porto flutuante coberto, com capacidade para atender navios tipo Panamax, com equipamentos de carregamento a 1.500 t ∕ e atende, principalmente, produção do Mato Grosso do Sul e Roraima (HERMASA, 2010). O Terminal tem 78.875,10 m2 de área e capacidade estática de

armazenagem de 210.000 t com capacidade de movimentação de 4,2 milhões de t de soja. (HERMASA, 2010).

Terminal Portuário Graneleiro de Barcarena (PA)

O TUP de Barcarena, também denominado Terminal Portuário Fronteira Norte – TERFON é pertencente à Bunge do Brasil, sendo inaugurado em 2014 e se localiza no Complexo

Portuário Miritituba-Barcarena no Pará. Em 2015, já movimentou 3,4 milhões de t de soja e milho, sendo 1,9 milhões t para exportação; 1,4 milhões proveniente de navegação interior e 0,02 milhões da cabotagem. O Terminal conta com dois berços para recebimento de barcaças, um berço para navios Cape Size (até 180.000 TPB) e um sistema composto por duas correias transportadoras para soja com capacidade de até 2.000 t/h cada, ligadas a armazém com capacidade estática de 90.000 t, permitindo a movimentação de até 4,5 milhões de t/ano entre a recepção de cargas e exportação. (PLANAVE, 2015).

Porto Organizado de Santarém (PA)

O PP de Santarém começou a ser construído em 1971 e só passou a operar em 1979. Ele é administrado pela Companhia Docas do Pará e se localiza na margem direita do Rio Tapajós, em Ponta da Caieira, na cidade de Santarém. (ANTAQ, 2016). Em 2015, movimentou 4,8 milhões de t de milho, a soja, combustíveis e fertilizantes. O volume de soja movimentado foi 0,8 milhão t de navegação interior e 0,9 milhão de t de exportação (ANTAQ, 2016). O porto dispõe de oito instalações acostáveis composta por píer, dolfins de atracação, cais fluvial, terminal de granéis sólidos, três terminais de granéis líquidos e rampa Ro-Ro (on,

Roll-Off) para veículos.

O Terminal de Granel Sólido é arrendado pela Cargill, com área de 93.597,82 m2, com um silo vertical para secagem de grãos com capacidade de 1.500 t e um armazém com capacidade estática de 60.000 t. A capacidade de escoamento é de 1,5 milhões de t de soja, com correias transportadoras no Berço 401 que pode operar navios Panamax. O Berço 402 se destina à operação de barcaças graneleiras. (CDP, 2016).

Porto Organizado de Porto Velho (RO)

O PP Porto Velho começou a ser construído em 1973, porém foi apenas em 1995 que se tronou um Porto Graneleiro, quando foi equipado e ampliado para escoar a produção de soja pela hidrovia do rio madeira. Este porto público é administrado pela Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (SOPH) desde 1997 e se localiza na margem direita do Rio Madeira, próximo a cidade de Porto Velho (ANTAQ,2016). Em 2015, este porto movimentou 2,3 milhões de t provenientes de navegação interior, destacando-se soja, milho, caminhões

semirreboques e açúcar. (ANTAQ, 2016). O PP de Porto Velho conta com três terminais: Um com duas rampas paralelas para operações Ro-Ro, um segundo denominado de pátio de gruas sem cais de atracação e um terceiro, com terminal da Hermasa arrendado, possui acostagem flutuante com cinco berços. O Terminal da Hermasa possui quatro silos verticais com capacidade estática de 40 mil t, correias transportadoras e carregador de navio com

capacidade de 1.000 t ∕h. Esse terminal opera como estação de transbordo para a soja recebida por rodovia e que serão exportadas pelos Portos de Itacoatiara e Santarém (HERMASA, 2010).

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8 O TUP da Bunge se localiza nas margens do Rio Tapajós, no distrito de Miritituba, município de Itaituba e opera como estação de transbordo inaugurada em 2014 e administrada por

joint-venture entre a Bunge e a Amaggi. Em 2015, movimentou 1,5 milhões de t, sendo 1,4 milhões

de soja e 0,2 milhão de milho destinados à navegação interior (ANTAQ, 2016). O TUP recebe soja por rodovia para embarque para Barcarena (PA).

Terminal da Cargill Agrícola (RO)

O TUP da Cargill Agrícola se localiza no Rio Madeira, em Porto Velho, e opera como estação de transbordo inaugurada desde 2002. O TUP recebe atualmente mais de 200 caminhões de 40 t por dia com grãos produzidos no Mato Grosso e Rondônia (CARGILL, 2016). Em 2015, movimentou 1,2 milhões t, 1,1 milhões de soja e 0,1 milhão de milho, para navegação

interior, e destino ao Porto de Santarém, onde embarca para o mercado externo. Terminal Ponta da Montanha (PA)

O Terminal de Ponta da Montanha, TUP da Archer Daniels Midlan (ADM Logística), foi inaugurado em 2014 e se localiza na região de Barcarena, próxima a Belém do Pará. Em 2015, movimentou de 0,8 milhão de t de soja para exportação. (ANTAQ, 2016). O terminal conta com estrutura para atender o escoamento na Região Norte. Investimentos em andamento permitirão ao terminal operar sistema intermodal, recebendo 80% das cargas por hidrovia e 20% por rodovia. Trecho da Ferrovia Norte-Sul, em desenvolvimento, ampliará seu potencial de escoamento (VALEC, 2016). Atualmente, o terminal conta com silos graneleiros que permitem movimentação de 1,5 milhões de t/ano e sua ampliação prevê uma capacidade de 6 milhões t/ano. (PORTAL BRASIL, 2014).

Na Região Norte, a soja percorre, basicamente, duas rotas, quais sejam, a partir de Roraima até terminais situados no Rio Amazonas para exportação e no Pará, por hidrovia e rodovia para exportação pelos terminais da região de Barcarena e Santarém.

Uma medida do potencial de movimentação de soja na região foi feita comparando-se os volumes exportados pelos estados da Região Norte e Centro-Oeste, segundo dados do Alice Web com a capacidade dos terminais existentes levantada junto à ANTAQ. Assim, o Anuário da ANTAQ de 2015 indica a existência de somente quatro terminais no Norte do País com capacidade instalada para a exportação da soja: O Terminal Graneleiro da Hermasa (4,5 milhões de t), o Terminal Portuário Graneleiro de Barcarena (4,5 milhões de t), o Terminal de Santarém (1,5 milhões de t) e o recém-criado no Pará, o Terminal Ponta da Montanha (1,5 milhões de t).

A capacidade estática total destes terminais (12 milhões de t), sem se considerar que

movimentam outros grãos e cargas além da soja torna evidente sua insuficiência para atender as 24,6 milhões de t exportadas pelos estados da região em 2015. Além disso, fica claro por que há um deslocamento logístico aparentemente “irracional” da produção regional para os portos das regiões Sudeste e Sul.

5. Conclusões e recomendações

O presente artigo pretendeu identificar o potencial e dificuldades para a exportação de soja pelos portos da Região Norte e de sua área de influência e constatou uma insuficiência de capacidade desses portos para atender a exportação regional ao nível atual, sem se considerar o crescimento da produção e exportação.

No entanto, o potencial da Região Norte tem levado a investimentos em seus terminais portuários. Um exemplo concreto é o Terminal de Ponta da Montanha da ADM que ampliará sua capacidade para seis milhões de t/ano. Além disso, há a efetividade da autorização licitação anunciada pela Secretaria Especial de Portos – SEP de seis novos TUPs na região. No entanto, após a Lei N. 12.815/2013 se previu a licitação para arrendamento de 20 áreas nos portos públicos do Pará, sendo que cinco dos terminais destinados a granéis sólidos já tiveram edital aberto, porém sem participantes.

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9 Outra condição é o relativo impasse institucional e político que o país vem atravessando com trocas constantes de ministros na SEP e, consequente, instabilidade jurídica. Investimentos portuários, como se sabe, são de grande monta e de maturação longa e a segurança jurídico-institucional é imprescindível. Embora, diversos primeiros passos já tenham sido dados, a consolidação de investimentos e o desenvolvimento dessa rota de escoamento ainda se fazem necessários.

O trabalho indicou o potencial e dificuldades existentes e como sugestão de novos estudos, propõe-se sua extensão a portos da Região Nordeste, tais como, o Porto de Itaqui no

Maranhão e Pecém no Ceará. Além disso, logicamente, deve se considerar as infraestruturas de acesso hidroviário e terrestre (rodovia e ferrovia) a eles.

REFERÊNCIAS

ALICEWEB – Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. Disponível em:

<http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em fevereiro de 2016.

ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Disponível em: <www.antaq.gov.br> . Acesso em: 23 de janeiro de 2016

________. Anuário Estatístico 2014. Disponível em: <www.antaq.gov.br/portal/Estatisticas_Anuarios.asp>. Acesso em: 28 de janeiro de 2016.

________. Porto de Porto Velho. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/ portal/pdf/Portos/PortoVelho.pdf>. Acesso em: 5 de fevereiro de 2016.

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Referências

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