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CONFLITO DE COMPETÊNCIA N DF (2010/ )

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Relator: Ministro Luis Felipe Salomão

Suscitante: Juízo da 14ª Vara do Trabalho de Brasília-DF

Suscitado: Juízo de Direito da Vara de Falências e Recuperações Judiciais

do Distrito Federal

Interessada: Montana Soluções Corporativas Ltda.

Advogado: Marcelo Antonio Rodrigues Viegas e outro(s)

EMENTA

Processual Civil. Confl ito positivo de competência. Juízo de Direito

e Juízo do Trabalho. Recuperação judicial. Processamento deferido.

Necessidade de suspensão das ações e execuções. Competência do Juízo da

Recuperação Judicial. Precedentes.

1. Uma vez deferido o processamento da recuperação judicial, ao Juízo

Laboral compete tão-somente a análise da matéria referente à relação de

trabalho, vedada a alienação ou disponibilização do ativo em ação cautelar

ou reclamação trabalhista.

2. É que são dois valores a serem ponderados, a manutenção ou

tentativa de soerguimento da empresa em recuperação, com todas as

conseqüências sociais e econômicas dai decorrentes - como, por exemplo, a

preservação de empregos, o giro comercial da recuperanda e o tratamento

igual aos credores da mesma classe, na busca da “melhor solução para todos”

-, e, de outro lado, o pagamento dos créditos trabalhistas reconhecidos

perante a Justiça Laboral.

3. Em regra, uma vez deferido o processamento ou,

a fortiori, aprovado

o plano de recuperação judicial, revela-se incabível o prosseguimento

automático das execuções individuais, mesmo após decorrido o prazo de 180

dias previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.

4. Confl ito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito

da Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Distrito Federal.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça, por

unanimidade, conhecer do confl ito e declarar competente o Juízo de Direito da

Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Distrito Federal, o suscitado, nos

termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Paulo de

Tarso Sanseverino, Maria Isabel Gallotti, Vasco Della Giustina (Desembargador

convocado do TJ-RS), Aldir Passarinho Junior, Nancy Andrighi e João Otávio

de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justifi cadamente, o Sr. Ministro Sidnei Beneti.

Brasília (DF), 14 de março de 2011 (data do julgamento).

Ministro Luis Felipe Salomão, Relator

DJe 22.03.2011

RELATÓRIO

O Sr. Ministro Luis Felipe Salomão: 1. Cuida-se de confl ito positivo

de competência suscitado pelo Juízo da 14ª Vara do Trabalho de Brasília-DF

em face do Juízo de Direito da Vara de Falências e Recuperações Judiciais do

Distrito Federal, diante do recebimento de ofício expedido pelo Juízo universal,

onde solicita a transferência, para conta vinculada ao Juízo da recuperação, de

importância pertencente à empresa recuperanda e que se encontra bloqueada,

por força de decisão do Juízo laboral, no âmbito de ação cautelar proposta a fi m

de garantir o pagamento de verbas trabalhistas.

O Juízo Laboral afi rma que não deve ser deferida a transferência solicitada,

eis que já expirado o prazo legal de suspensão das ações e execuções, nos termos

do art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005. Assevera que os valores bloqueados

sequer foram considerados pela empresa em seu projeto de recuperação. E, ainda,

inexiste informação nos autos referente a aprovação do plano pela Assembléia

de Credores.

O Juízo da recuperação, em sede de agravo de instrumento, deferiu o

pedido de antecipação de tutela, a fi m de determinar a expedição de ofícios

aos cartórios da Justiça do Trabalho, solicitando a transferência de valores para

conta judicial à disposição do Juízo da recuperação.

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O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do ilustre

Subprocurador-Geral da República Dr. Durval Tadeu Guimarães, opinou

pela competência da Justiça do Trabalho, porém permanecendo bloqueados os

valores, enquanto não se decidir sobre o pedido de recuperação (fl s. 454-456).

O Juízo Trabalhista, ora suscitante, informou que os valores bloqueados

permanecem à disposição da Justiça Laboral, importando o saldo em R$

878.870,38 (oitocentos e setenta e oito mil, oitocentos e setenta reais e trinta e

oito centavos), encontrando-se o processo sobrestado, aguardando o julgamento

do presente confl ito de competência (fl . 466).

Por sua vez, o Juízo da recuperação, ora suscitado, informou, à fl . 470, em

24 de janeiro do corrente, que:

(...)

Após a adequação do feito aos requisitos do art. 48 e juntada dos documentos elencados no art. 51, ambos da Lei de Falências e Recuperações Judiciais, foi deferido o processamento do feito por decisão proferida no dia 15.12.2009.

Publicada a relação de credores nos termos do art. 7º, § 2º da Lei n. 11.101/2005, os autos aguardam diligências da Dra. Administradora Judicial de designação de data, local e pauta para a realização da Assembléia Geral de Credores.

É o relatório.

VOTO

O Sr. Ministro Luis Felipe Salomão (Relator): 2. A controvérsia é relativa

a defi nição de competência para atos de execução de créditos trabalhistas,

em sede da Justiça Laboral, após a Justiça Comum Estadual ter deferido o

processamento de recuperação judicial da empresa executada.

2.1. Dispõe o § 2º do art. 6º da Lei n. 11.101/2005:

Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.

(...)

§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modifi cação de créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei,

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serão processadas perante a justiça especializada até a apuração do respectivo

crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado em sentença (grifos nossos).

Destarte, as ações de natureza trabalhista serão julgadas na Justiça do

Trabalho, até a apuração do respectivo crédito, cujo valor será determinado em

sentença e, posteriormente, inscrito no quadro-geral de credores.

Assim é para se concentrar, no juízo da recuperação judicial, todas as

decisões que envolvam o patrimônio da recuperanda, a fi m de não comprometer

a tentativa de mantê-la em funcionamento.

2.2. Portanto, deferido o processamento da recuperação judicial, ao Juízo

Laboral compete tão-somente a análise da matéria referente à relação de

trabalho, vedada a alienação ou disponibilização do ativo, salvo quando houver

hasta designada, mas neste caso o produto será revertido para o juízo da

recuperação. Vale conferir a ementa do Confl ito de Competência n. 19.431-PE,

Rel. Min. Eduardo Ribeiro:

Confl ito de competência. Falência. Execução trabalhista.

O julgamento dos litígios entre empregados e empregadores far-se-á na Justiça Trabalhista. Entretanto, decretada a quebra, a alienação judicial dos bens será efetuada no juízo falimentar, a quem caberá decidir sobre eventual rateio.

Se, quando da falência, já houver praça ou leilão designado, com publicação de editais, proceder-se-á à alienação, devendo o respectivo produto ser transferido para a massa.

Fábio Ulhoa Coelho, entende que as execuções somente prosseguem se não

for aprovado o plano de recuperação judicial, ou se apresentado sem mudança

nas condições de exigibilidade dos créditos, pois do contrário, as dívidas são

novadas e serão pagas segundo as recentes regras estipuladas no plano.

Para o ilustre doutrinador:

Se a suspensão das execuções contra o falido justifi ca-se pela irracionalidade da concomitância de duas medidas judiciais satisfativas (a individual e a concursal) voltadas ao mesmo objetivo, na recuperação judicial o fundamento é diverso.

Suspendem-se as execuções individuais contra o empresário individual ou sociedade empresária que requereu a recuperação judicial para que eles tenham o fôlego necessário para atingir o objetivo pretendido da reorganização da empresa. A recuperação judicial não é execução concursal e, por isso, não se sobrepõe às execuções individuais em curso. A suspensão, aqui, tem fundamento

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diferente. Se as execuções continuassem, o devedor poderia ver frustrados os objetivos da recuperação judicial, em prejuízo, em última análise, da comunhão de credores.

Por isso, a lei fixa um prazo para a suspensão das execuções individuais operada pelo despacho de processamento da recuperação judicial: 180 dias. Se, durante esse prazo, alcança-se um plano de recuperação judicial, abrem-se duas alternativas: o crédito em execução individual teve suas condições de exigibilidade alteradas ou mantidas. Nesse último caso, a execução individual prossegue (Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, Saraiva, 2008, p. 38-39).

A idéia central, que perpassa toda a lógica do procedimento relativo a

recuperação de empresa, é a de que se busca “a melhor solução para todos”.

Ora, admitir a execução individual de alguns poucos créditos trabalhistas,

em curso o pedido de recuperação judicial já deferido, com data marcada para

Assembléia de Credores, é ferir de morte a possibilidade de solução coletiva -

podendo gerar tratamento diferente até mesmo para credores da mesma classe.

2.3. Vale conferir também o pronunciamento da Suprema Corte:

Confl ito de competência. Execução trabalhista e superveniente declaração de falência da empresa executada. Competência deste Supremo Tribunal para julgar o confl ito, à luz da interpretação fi rmada do disposto no art. 102, I, o da CF. Com a manifestação expressa do TST pela competência do Juízo suscitado, restou caracterizada a existência de confl ito entre uma Corte Superior e um Juízo de primeira instância, àquela não vinculado, sendo deste Supremo Tribunal a competência para julgá-lo. Precedentes: CC’s n. 7.025, Rel. Min. Celso de Mello, n. 7.027, Rel. Min. Celso de Mello e n. 7.087, Rel. Min. Marco Aurélio. Alegação de coisa julgada material. Inexistência. Tendo o referido mandamus como objeto a declaração do direito líquido e certo da massa falida em habilitar nos autos da falência o crédito do interessado, as teses suscitadas quanto à natureza privilegiada do crédito trabalhista, quanto à anterioridade da penhora em relação à declaração da falência e quanto à competência da Justiça Trabalhista para dar seguimento à execução, são todas razões de decidir, não alcançadas, segundo o disposto no art. 469, I do CPC, pela coisa julgada material. Ausência de identidade entre os elementos da ação mandamental impetrada e do confl ito de competência. Quanto ao mérito, tenho por competente o Juízo suscitante, uma vez que, a natureza privilegiada do crédito trabalhista, conferida por força de lei, somente pode ser concebida no próprio âmbito do concurso dos credores habilitados na falência. O processo falimentar é uma execução coletiva, abarcando, inclusive, credores de mesma hierarquia, que não podem ser preteridos, uns pelos outros, pelo exaurimento do patrimônio da massa falida nas execuções individuais, impedindo-se, assim, o justo rateio entre seus pares,

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na execução falimentar. Conflito conhecido para declarar a competência do suscitante, o Juízo de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Americana-SP.

(CC n. 7.116, Relator(a): Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 07.08.2002, DJ 23.08.2002 p. 00070 Ement Vol. 02079-01 p. 00122).

3. Ultrapassada essa questão, cabe examinar a interpretação dos §§ 4º e 5º,

do art. 6º da Lei n. 11.101/2005, no ponto em que trata da suspensão das ações

e execuções, após deferido o processamento da recuperação judicial do devedor.

O dispositivo ostenta a seguinte redação:

Art. 6º (...).

§ 4º Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

§ 5º Aplica-se o disposto no § 2º deste artigo à recuperação judicial durante o período de suspensão de que trata o § 4º deste artigo, mas, após o fi m da suspensão, as execuções trabalhistas poderão ser normalmente concluídas, ainda que o crédito já esteja inscrito no quadro-geral de credores.

3.1 É que são dois valores a serem ponderados, a manutenção ou tentativa

de soerguimento da empresa em recuperação, com todas as conseqüências

sociais e econômicas dai decorrentes - como, por exemplo, a preservação de

empregos, o giro comercial da recuperanda e o tratamento igual aos credores

da mesma classe, na busca da “melhor solução para todos” -, e, de outro lado, o

pagamento dos créditos trabalhistas reconhecidos perante a Justiça Laboral.

Além do mais, é bem de ver que o prazo de 180 dias, fi xado pela lei para

suspensão das ações e execuções, é um período de defesa, de modo a permitir

que a empresa possa se reorganizar, sem ataques ao seu patrimônio, com intuito

de viabilizar a apresentação do plano de recuperação. Nada impede, pois, que o

juízo da recuperação, dada as especifi cidades de cada caso, amplie o prazo legal.

Em regra, portanto, uma vez deferido o processamento ou, a fortiori,

aprovado o plano de recuperação judicial, revela-se incabível o prosseguimento

automático das execuções individuais, mesmo após decorrido o prazo de 180

dias previsto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.

3.2. Em precedente bastante conhecido, o Ministro Hélio Quaglia Barbosa,

quando do julgamento do Confl ito de Competência n. 73.380-SP, de que foi

relator, assim se pronunciou:

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A aparente clareza dos mencionados preceitos traduz a preocupação do legislador de evitar - a todo custo - que o instituto da recuperação judicial seja utilizado como estratagema para que a empresa em recuperação não pague seus credores e venha até mesmo a aumentar o volume das dívidas, uma vez que continua em operação; esconde, todavia, uma particularidade de ordem prática:

caso voltem a ter curso várias execuções individuais, com determinação de penhoras sobre bens e/ou faturamento, ou mesmo ocorrendo venda de bem do patrimônio, como poderá o administrador judicial cumprir o plano de recuperação aprovado pelos credores e homologado judicialmente? (grifos nossos).

Como bem ressaltou o saudoso Ministro, tal questionamento não passou

desapercebido por esta 2ª Seção, por ocasião do julgamento do Confl ito de

Competência n. 61.272-RJ, relator o Ministro Ari Pargendler, “leading case”

sobre a nova Lei de Recuperação Judicial e Falência.

Julgando o agravo regimental interposto contra a decisão concessiva de

liminar no referido confl ito, ressaltou o Eminente Ministro:

A jurisprudência formada à luz do Decreto-Lei n. 7.661, de 1945, concentrou no juízo da falência as ações propostas contra a massa falida no propósito de assegurar a igualdade dos credores (pars condicio creditorum), observados evidentemente os privilégios e preferências dos créditos.

Quid, em face da Lei n. 11.101, de 2005? Nova embora a disciplina legal, a

medida liminar deferida nestes autos partiu do pressuposto de que subsiste a necessidade de concentrar na Justiça Estadual as ações contra a empresa que está em recuperação judicial, agora por motivo diferente: o de que só o Juiz que processa o pedido de recuperação judicial pode impedir a quebra da empresa. Se na ação trabalhista o patrimônio da empresa for alienado, essa alternativa de mantê-la em funcionamento fi cará comprometida.

A exigência de que o processo de recuperação judicial subsista até a defi nição de quem é o juiz competente para decidir a respeito da sucessão das obrigações trabalhistas impõe, salvo melhor entendimento, a manutenção da medida liminar.

Bem por isso, a orientação que tem prevalecido no Superior Tribunal de

Justiça, de que constitui expressão o acórdão proferido no CC n. 73.380-SP,

relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa, do qual transcrevo o seguinte excerto,

verbis

:

Ora, uma vez aprovado e homologado o plano, contudo, não se faz plausível a retomada das execuções individuais após o mero decurso do prazo legal de 180 dias; a conseqüência previsível e natural do restabelecimento das execuções, com penhoras sobre o faturamento e sobre os bens móveis e imóveis da empresa

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em recuperação implica em não cumprimento do plano, seguido de inevitável decretação da falência que, uma vez operada, resultará novamente, na atração de todos os créditos e na suspensão das execuções individuais, sem benefício algum para quem quer que seja.

Naquela oportunidade, ressaltou o saudoso Ministro:

Nem se alegue que os trabalhadores poderiam fi car reféns, indefi nidamente, do plano de recuperação, uma vez permitida a extrapolação do prazo de 180 dias, pois a nova lei, como se sabe, possui regras fi rmes a serem observadas pelo administrador judicial e pela autoridade judiciária condutores da recuperação, como o prazo não superior a uma ano para pagamento dos créditos trabalhistas ou decorrentes de acidente do trabalho (art. 54), além de prever drástica sanção, em seu art. 61, § 1º:

§ 1º Durante o período estabelecido no caput deste artigo (dois anos depois da concessão da recuperação judicial), o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.

Convém salientar que há precedentes fl exibilizando o prazo de suspensão,

quando já aprovado o plano de recuperação judicial:

Conflito de competência. Recuperação judicial. Juízo do Trabalho e Juízo de Falências e Recuperações Judiciais. Prazo de 180 dias para a suspensão das ações e execuções ajuizadas em face da empresa em difi culdades. Prorrogação. Possibilidade. Adjudicação, na Justiça do Trabalho, posterior ao deferimento do processamento da recuperação judicial.

1 - O prazo de 180 dias para a suspensão das ações e execuções ajuizadas em face da empresa em difi culdades, previsto no art. 6º, § 3º, da Lei n. 11.101/2005, pode ser prorrogado conforme as peculiaridades de cada caso concreto, se a sociedade comprovar que diligentemente obedeceu aos comandos impostos pela legislação e que não está, direta ou indiretamente, contribuindo para a demora na aprovação do plano de recuperação que apresentou.

2 - Na hipótese dos autos, a constrição efetuada pelo Juízo do Trabalho ocorreu antes da aprovação do plano de recuperação judicial apresentado pela suscitante e após o prazo de 180 dias de suspensão do curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedora.

Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no CC n. 111.614-DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em 10.11.2010, DJe 19.11.2010).

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Conflito de competência. Arresto dos bens da empresa em recuperação judicial. Impossibilidade. Suspensão das execuções individuais. Necessidade. Precedentes. Competência do juízo em que se processa a recuperação judicial. I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a difi culdade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas; II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. Juízo de Direito da 1ª Vara Cível do Foro Distrital

de Caieiras-SP. (CC n. 98.264-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 06.04.2009);

Recuperação judicial. Juízo universal. Demandas trabalhistas. Prosseguimento. Impossibilidade. 1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista. 2 - Confl ito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo-SP (CC n. 90.504-Paulo-SP, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Segunda Seção, julgado em 25.06.2008, DJe 1º.07.2008).

Outrossim, os acórdãos abaixo transcritos dão conta de que o simples

decurso do prazo de 180 (cento e oitenta dias), sem que haja a aprovação do

plano de recuperação judicial, após o deferimento do processamento, não enseja

a retomada automática das execuções individuais:

Falência e recuperação judicial. Recurso especial. Execução. Ajuizamento. Anterior. Lei n. 11.101/2005. Suspensão. Prazo. 180 (cento e oitenta) dias. Plano. Aprovação. Improvimento.

I. Salvo exceções legais, o deferimento do pedido de recuperação judicial suspende as execuções individuais, ainda que manejadas anteriormente ao advento da Lei n. 11.101/2005.

II. Em homenagem ao princípio da continuidade da sociedade empresarial, o simples decurso do prazo de 180 (cento e oitenta) dias entre o deferimento e a aprovação do plano de recuperação judicial não enseja retomada das execuções individuais quando à pessoa jurídica, ou seus sócios e administradores, não se atribui a causa da demora.

III. Recurso especial improvido.

(REsp n. 1.193.480-SP, Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior, Quarta Turma, julgado em 05.10.2010, DJe 18.10.2010).

Processual Civil. Confl ito de competência. Agravo regimental. Juízo de Direito e Juízo do Trabalho. Recuperação judicial. Reclamação trabalhista. Atos de execução. Montante apurado. Sujeição ao Juízo Recuperação Judicial. Art. 6º,

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§ 4º, da Lei n. 11.101/2005. Retomada das execuções individuais. Ausência de razoabilidade. Competência da Justiça Estadual. Decisão agravada mantida.

1. Com a edição da Lei n. 11.101, de 2005, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor.

2. Se, de um lado, há de se respeitar a exclusiva competência da Justiça Laboral para solucionar questões atinentes à relação do trabalho (art. 114 da CF); por outro, não se pode perder de vista que, após a apuração do montante devido ao reclamante, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, ex vi dos princípios e normas legais que regem o plano de reorganização da empresa recuperanda.

3. A Segunda Seção do STJ tem entendimento jurisprudencial fi rmado no sentido de que, no estágio de recuperação judicial, não é razoável a retomada das execuções individuais após o simples decurso do prazo legal de 180 dias de que trata o art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/2005.

4. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no CC n. 110.287-SP, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, julgado em 24.03.2010, DJe 29.03.2010).

No mesmo sentido, decidiu esta Colenda Segunda Seção, à unanimidade,

em acórdãos proferidos no julgamento dos Confl itos de Competência n.

88.661-SP e n. 92.005-88.661-SP, relator Ministro Fernando Gonçalves, assim ementados:

Confl ito positivo de competência. Viação Aérea São Paulo S.A - Vasp. Empresa em recuperação judicial. Suspensão das execuções individuais. Necessidade.

1. O confl ito de competência não pode ser estendido de modo a alcançar juízos perante os quais este não foi instaurado.

2. Aprovado o plano de recuperação judicial, os créditos serão satisfeitos de acordo com as condições ali estipuladas. Nesse contexto, mostra-se incabível o prosseguimento das execuções individuais. Precedente.

3. Confl ito parcialmente conhecido para declarar a competência do Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo-SP.

Recuperação judicial. Juízo universal. Demandas trabalhistas. Prosseguimento. Impossibilidade.

1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista.

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2 - Confl ito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo-SP.

Confl ito positivo de competência. Comercial. Lei n. 11.101/2005. Recuperação judicial. Processamento deferido.

1. A decisão liminar da Justiça Trabalhista que determinou a indisponibilidade dos bens da empresa em recuperação judicial, assim também dos seus sócios, não pode prevalecer, sob pena de se quebrar o princípio nuclear da recuperação, que é a possibilidade de soerguimento da empresa, ferindo também o princípio da “par

conditio creditorum”.

2. É competente o juízo da recuperação judicial para decidir acerca do patrimônio da empresa recuperanda, também da eventual extensão dos efeitos e responsabilidades aos sócios, especialmente após aprovado o plano de recuperação.

3. Os créditos apurados deverão ser satisfeitos na forma estabelecida pelo plano, aprovado de conformidade com o art. 45 da Lei n. 11.101/2005.

4. Não se mostra plausível a retomada das execuções individuais após o mero decurso do prazo legal de 180 dias.

Confl ito conhecido para declarar a competência do Juízo da 3ª Vara de Matão-SP.

(CC n. 68.173-SP, de minha relatoria, Segunda Seção, julgado em 26.11.2008, DJe 04.12.2008).

Vale registrar também precedente da Primeira Seção, da relatoria do

Eminente Ministro Castro Meira, julgado em 10.09.2008, cuja ementa está

vazada nos seguinte termos:

Confl ito positivo de competência. Recuperação judicial. Ação de reintegração de posse. Suspensão das ações e execuções. Prazo de cento e oitenta dias. Uso das áreas objeto da reintegração para o êxito do plano de recuperação.

1. O caput do art. 6º, da Lei n. 11.101/2005 dispõe que “a decretação da falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário”. Por seu turno, o § 4º desse dispositivo estabelece que essa suspensão “em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação”.

2. Deve-se interpretar o art. 6º desse diploma legal de modo sistemático com seus demais preceitos, especialmente à luz do princípio da preservação da empresa, insculpido no artigo 47, que preconiza: “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-fi nanceira do devedor, a fi m de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos

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trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”.

3. No caso, o destino do patrimônio da empresa-ré em processo de recuperação judicial não pode ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele da Recuperação, sob pena de prejudicar o funcionamento do estabelecimento, comprometendo o sucesso de seu plano de recuperação, ainda que ultrapassado o prazo legal de suspensão constante do § 4º do art. 6º, da Lei n. 11.101/2005, sob pena de violar o princípio da continuidade da empresa.

4. Precedentes: CC n. 90.075-SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ de 04.08.2008; CC n. 88.661-SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 03.06.2008.

5. Confl ito positivo de competência conhecido para declarar o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central de São Paulo competente para decidir acerca das medidas que venham a atingir o patrimônio ou negócios jurídicos da Viação Aérea São Paulo - Vasp (Confl ito de Competência n. 79.170-SP, publicado em 19.09.2008).

A controvérsia, portanto, tal como posta nos autos, encontra-se

sedimentada no âmbito da Segunda Seção desta Corte, que reconhece ser o

Juízo onde se processa a recuperação judicial o competente para julgar as causas

em que estejam envolvidos interesses e bens da empresa recuperanda, inclusive

para o prosseguimento dos atos de execução, ainda que o crédito seja anterior ao

deferimento da recuperação judicial, devendo, portanto, se submeter ao plano,

sob pena de inviabilizar a recuperação.

Confi ram-se, nesse sentido, os seguintes julgados:

Processual Civil. Confl ito positivo de competência. Juízo de Direito e Juizado Especial Cível. Processo de recuperação judicial (Lei n. 11.101/2005). Ação de indenização. Danos morais. Valor da condenação. Crédito apurado. Habilitação. Alienação de ativos e pagamentos de credores. Competência do juízo da recuperação judicial. Precedentes do STJ.

1. Com a edição da Lei n. 11.101/2005, respeitadas as especifi cidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor.

2. Após a apuração do montante devido, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, sob pena de violação dos princípios da indivisibilidade e da universalidade, além de desobediência ao comando prescrito no art. 47 da Lei n. 11.101/2005.

3. Confl ito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro (RJ).

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(CC n. 90.160-RJ, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, julgado em 27.05.2009, DJe 05.06.2009).

Conflito de competência. Arresto dos bens da empresa em recuperação judicial. Impossibilidade. Suspensão das execuções individuais. Necessidade. Precedentes. Competência do juízo em que se processa a recuperação judicial.

I - A e. 2ª Seção desta a. Corte, ao sopesar a dificuldade ou mesmo total inviabilização da implementação do plano de recuperação judicial, decorrente da continuidade das execuções individuais, concluiu que, aprovado e homologado o plano de recuperação judicial, os créditos deverão ser executados de acordo com as condições ali estipuladas;

II - Convalidação da liminar anteriormente concedida, reconhecendo a competência do r. Juízo de Direito da 1ª Vara Cível do Foro Distrital de Caieiras-SP.

(CC n. 98.264-SP, Rel. Ministro Massami Uyeda, Segunda Seção, julgado em 25.03.2009, DJe 06.04.2009).

Recuperação judicial. Juízo universal. Demandas trabalhistas. Prosseguimento. Impossibilidade.

1 - Há de prevalecer, na recuperação judicial, a universalidade, sob pena de frustração do plano aprovado pela assembléia de credores, ainda que o crédito seja trabalhista.

2 - Confl ito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo-SP.

(CC n. 90.504-SP, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Segunda Seção, julgado em 25.06.2008, DJe 1º.07.2008).

4. Destarte, no caso vertente, foi deferido o processamento do pedido

de recuperação judicial da empresa Montana Soluções Corporativas Ltda., e

apresentado o plano, com prazo máximo fi xado pelo juízo para realização da

Assembléia de Credores.

Os valores bloqueados pela Justiça do Trabalho pertencem à empresa em

recuperação.

Portanto, deve-se seguir o entendimento sedimentado nesta Corte, para

declarar a competência do juízo da recuperação.

5. Do exposto, conheço do confl ito para declarar competente o Juízo de

Direito da Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Distrito Federal.

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