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Metodologias de Desenvolvimento para Aplicações de Sistemas de Informação Geográfica

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Academic year: 2021

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Metodologias de Desenvolvimento para

Aplicações de Sistemas de Informação Geográfica Marco PAINHO1, Ricardo SENA2 e Pedro CABRAL3

Laboratório de Novas Tecnologias

Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação Universidade Nova de Lisboa

Trav. Estêvão Pinto – 1070-124 LISBOA – PORTUGAL Telefone:+351-1-3870413; Fax:+351-1-3872140

emails: 1painho@isegi.unl.pt, 2rsena@isegi.unl.pt e 3pcabral@isegi.unl.pt

1. Enquadramento

Tem-se assistido, nos últimos tempos, a um grande desenvolvimento ao nível das tecnologias de informação geográfica. Esta evolução consistiu em grande medida, numa maior integração destas tecnologias com as restantes tecnologias de informação. Neste sentido, as tecnologias de informação geográfica, baseiam-se cada vez mais em tecnologias padrão, abandonando de vez o seu carácter proprietário, nomeadamente ao nível do desenvolvimento aplicacional e da parâmetrização. Este documento apresenta e caracteriza o processo de desenvolvimento e o modelo de implementação que tem vindo a ser utilizado no Laboratório de Novas Tecnologias do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação (ISEGI-UNL), para o desenvolvimento de várias aplicações Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

2. Software de componentes: uma nova abordagem no desenvolvimento de aplicações de SIG

A situação que subsiste actualmente, é a de que a maior parte dos softwares de SIG utilizados, disponibilizam um número de ferramentas excessivas para as reais necessidades dos seus utilizadores (apenas cerca de 10 a 20 % da totalidade de funcionalidades disponíveis são utilizadas). A acrescentar a este facto, existe um outro, que é, apesar da existência de muitas bases de dados geográficas (embora muitas vezes se tente desculpar o insucesso da implementação de SIG com a inexistência de dados) para se efectuarem análises espaciais, o software de SIG actualmente à disposição está longe de ser de fácil utilização. Esta situação resulta, em nosso entender, de uma deficiência na quantidade e qualidade das ferramentas de análise espacial disponíveis que permitam aos utilizadores, que não são especialistas na utilização do software SIG, efectuarem análises espaciais fácil e eficazmente. A consequência mais visível, é o divórcio entre os utilizadores e as ferramentas que possuem ao seu dispor, pondo em causa o sucesso do processo de implementação do SIG.

Com os recentes avanços no desenvolvimento das tecnologias de informação geográfica, já não é necessário carregar os discos rígidos dos computadores com aplicações de SIG que consomem muitos recursos. Actualmente, já é possível construir aplicações específicas, feitas à medida e de fácil utilização com software de

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componentes. Este tipo de tecnologia integra um conjunto de ferramentas acessíveis ao utilizador que lhe permite construir aplicações específicas a partir de objectos que são programados em ambientes de programação visual padronizados, como por exemplo, o Visual Basicâ, Visual C++â, Delphiâ, etc. Funcionam como um conjunto de novos objectos programáveis, neste caso objectos sobre mapas, que podem ser incluidos nestes programas de desenvolvimento, permitindo o desenvolvimento aplicações com mapas.

Uma vez que as tecnologias de informação geográfica estão cada vez mais integradas com as outras tecnologias de informação, a adopção de processos e metodologias de desenvolvimento padronizados trazem grandes vantagens na implementação de aplicações de informação geográfica. Para além de levarem a uma diminuição do tempo de desenvolvimento, permitem também uma maior integração das tecnologias de informação geográfica com os sistemas de informação das organizações e a disponibilização de soluções cada vez mais adaptadas às necessidades dos utilizadores.

Estas são as razões pelas quais adoptámos este tipo de solução: queremos desenvolver aplicações que todas as pessoas consigam efectivamente usar. Esta não é uma solução para os especialistas no software de SIG, pois não pretende substituir todas as capacidades de análise, edição e outras deste tipo de programas, mas sim para as pessoas que não lidam no seu dia-a-dia com este tipo de ferramentas.

3. Processo de Desenvolvimento

O desenvolvimento de sistemas informáticos deverá basear-se numa metodologia que utilize métodos que integrem de forma coordenada as várias fases de trabalho, possuindo no entanto flexibilidade suficiente para não provocar inércia no processo de desenvolvimento.

A adopção de um modelo de desenvolvimento permite, entre outros aspectos: • Definir as actividades a serem executadas ao longo do projecto; • Ajudar o planeamento do projecto;

• Proporcionar pontos de controlo para a avaliação do projecto e para a tomada de decisões.

O faseamento das actividades a levar a cabo no desenvolvimento de sistemas informáticos não implica um rígida progressão sequencial dessas fases. Com efeito, muito dificilmente os resultados obtidos numa determinada fase se manterão imutáveis até ao fim do projecto, existindo em variadas ocasiões a necessidade de rectificar ou completar aspectos já anteriormente abordados.

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Figura nº1 – Modelo Espiral

O modelo de desenvolvimento, por nós adoptado, apresenta este carácter iterativo, baseando-se em abordagens de prototipagem. Neste modelo, denominado por Espiral (Fig. nº1), o sistema informático é desenvolvido por etapas, podendo cada uma das fases repetir-se várias vezes até à conclusão do projecto. Assim, após a avaliação dos utilizadores poderá ser necessário efectuar uma nova volta na espiral, fazendo avançar a implementação do sistema.

Durante o primeiro circuito à volta da espiral, são estabelecidos os objectivos, identificados condicionalismos e alternativas e levantada e analisada informação relativa ao projecto. Com base nesta informação, é iniciado o desenvolvimento aplicacional. Muito dificilmente será um sistema completo e que responda a todas as necessidades. Nesta fase, este desenvolvimento aplicacional resulta num protótipo que será avaliado pelos utilizadores, os quais farão a sua avaliação e darão as devidas sugestões. Com base na avaliação e nas sugestões, dá-se início a nova volta à espiral. Em cada nova iteração, são ajustados os requisitos em estrita colaboração com os utilizadores, criando-se protótipos cada vez mais evoluídos.

A utilização de uma ferramenta de desenvolvimento rápido (RAD - Rapid Application Development) como o Visual Basicâ faz com que este modelo seja considerado o mais adequado à execução deste projecto. As ferramentas de RAD permitem reduzir consideravelmente o tempo de desenvolvimento de software. Esta característica facilita em muito a construção de protótipos, reduzindo consideravelmente os recursos consumidos na sua implementação. Torna-se assim viável a utilização do Modelo da Espiral, metodologia na qual os protótipos constituem elementos essenciais para se atingir a especificação final, quer ao nível das funcionalidades a implementar como em relação ao próprio interface do sistema.

Análise Desenho Estudo Prévio Implementação Protótipo 1 Protótipo 2 Protótipo 3 Avaliação

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4. Modelo de implementação

Para a implementação das aplicações, optou-se por um modelo baseado em objectos. A adopção deste modelo deveu-se a três razões essenciais:

• Utilização de um ambiente de desenvolvimento baseado em objectos (Visual Basicâ);

• Os componentes que disponibilizam serviços de processamento de informação geográfica (MapObjectsâ, da ESRI) baseiam-se em objectos;

• As vantagens associadas ao desenvolvimento baseado em objectos.

Através de um desenvolvimento baseado em objectos procede-se à estruturação do sistema num conjunto de objectos que se relacionam entre si e disponibilizam determinado conjunto de funcionalidades. A identificação e definição dos vários objectos decorre dos elementos definidos nas fases de análise e desenho. Ao nível da implementação, procede-se a uma organização coerente destes objectos em vários componentes. Assim, cada componente poderá compreender objectos que representam ou tratam determinado domínio do sistema. Por exemplo, poderá haver um componente que compreende objectos com a responsabilidade de aceder e disponibilizar informação da base de dados, ou outro componente que possua objectos relativos ao interface.

A implementação baseada em objectos e componentes apresenta várias vantagens, nomeadamente:

• Código modular e reutilizável; • Capacidade de adaptação à mudança; • Desenvolvimento mais rápido; • Custos de manutenção reduzidos.

Ao definir o modelo de objectos pretende-se, não só obter uma implementação que corresponda por completo aos requisitos do sistema informático a desenvolver, mas também garantir que muitos desses objectos possam vir a ser re-utilizáveis em futuras implementações. Assim, cada nova componente aplicacional poderá utilizar componentes já desenvolvidos, ao mesmo tempo que especificará e implementará novos objectos. Com os sucessivos desenvolvimentos aplicacionais, o modelo de objectos vai ficando cada vez mais completo, levando a uma maior reutilização de código já construído e diminuição do tempo de implementação dos projectos.

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Figura nº2 – Arquitectura Three-Tier

A organização e e estruturação deste objectos/componentes é efectuada através de uma arquitectura Three-Tier. Esta arquitectura baseia-se na separação lógica do sistema em três níveis, cada um deles representando um conjunto de serviços. Cada nível é precisamente identificado pelos serviços que disponibiliza. Os serviços são:

Serviços do Utilizador (User Services); Serviços do Negócio (Business Services); Serviços de Dados (Data Services).

A localização física dos componentes poderá ser feita igualmente em três níveis: no computador cliente (posto de trabalho), num servidor de serviços do negócio e no servidor de dados (onde o SGBD está instalado). A arquitectura Three-Tier apresenta as seguintes vantagens:

Reutilização – as funcionalidades encapsuladas nos componentes podem ser partilhadas e reutilizadas por várias aplicações.

Flexibilidade – o processamento pode ser distribuído do posto de trabalho para servidores mais poderosos, o que ajuda a satisfazer, em algumas situações, requisitos de desempenho.

Gestão – sistemas complexos podem ser divididos em elementos mais simples e fáceis de gerir.

Manutenção – caso haja uma alteração nas características do negócio basta alterar a implementação do componenente que disponibiliza esses serviços. OLE EXE OLE DLL OLE EXE OLE DLL OLE EXE OLE DLL OLE EXE SP OLEDLL Componentes partilhados Serviços Negócio Serviços Dados Serviços Utilizador Aplicação A Aplicação B

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5. Exemplos de aplicação

5.1 Sistema de apoio à avaliação de estudos de impacte ambiental

De acordo com a legislação, a aprovação de projectos que, pela sua natureza, dimensão ou localização, se considerem susceptíveis de provocar incidências significativas no ambiente fica sujeita a um processo prévio de avaliação do impacte ambiental (AIA). Para efeitos da AIA, os donos da obra devem apresentar um estudo de impacte ambiental (EIA). O EIA identifica os impactes ambientais esperados, as medidas que devem ser tomadas para a sua minimização e as várias alternativas existentes para a implementação do projecto. A Direcção-Geral do Ambiente é o organismo responsável pela avaliação dos EIA.

5.1.1 Descrição

Um dos requisitos principais do sistema era a sua integração com o sistema operacional já implementado na DGA. Este sistema dá suporte aos processos administrativos e burocráticos da avaliação dos EIA. O sistema utiliza uma base de dados Oracle, na qual são armazenados os dados relativos à identificação e caracterização dos EIA. O sistema de apoio possui uma ligação a esta base de dados, da qual utiliza apenas a informação necessária ao processo de avaliação.

O principal objectivo do sistema de apoio é a automatização, tanto quanto possível, do processo de avaliação de EIA. Esta automatização pode ser feita a vários níveis, nomeadamente:

• Acesso aos dados relativos ao EIA;

• Acesso à informação de base e temática necessária para a avaliação do EIA; • Determinação dos impactes ambientais, para subsequente avaliação do EIA; • Produção de outputs.

Foi definido um fluxo de trabalho (Fig.3) que garantisse a correspondência e integridade da informação produzida pelo sistema operacional e pelo sistema de apoio, nomeadamente entre as componentes espacial e alfanumérica. O fluxo de trabalho é composto pelos seguintes procedimentos:

1. Quando um EIA dá entreda na DGA é registado e os seus dados são introduzidos através do sistema operacional;

2. Uma vez resgistado o EIA na base de dados, é possível introduzir a sua componente espacial através das ferramentas do sistema de apoio. Após isto, fica estabelecida uam relação entre as componentes espacial e alfa-numérica do EIA; 3. Uma vez introduzidas e relacionadas as componentes espacial e alfanumérica,

passa a ser possível efectuar as actividades de análise e avaliação;

4. Os resultados obtidos a partir das análise efetuadas podem ser utilizados para produzir relatórios, podendo ser enviados para um processador de texto o directamente para a impressora.

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Fig. 3 – Integração entre o Sistema Operacional e o Sistema de Apoio à Avaliação de EIA

Para além desta integração com o sistema operacional, o sistema de apoio foi desenvolvido de modo a suportar os requisitos inerentes ao processo de avaliação de EIA e permitir uma fácil utilização e integração com os procecimentos de trabalho dos técnicos da DGA.

O primeiro requisito foi e é um dos mais difíceis de satisfazer, na medida em que os EIA são tão diversificados e cada um possui necessidades muito específicas. O segundo requisito foi satisfeito através do desenvolvimento de um interface muito amigável, que procura implementar a forma de trabalhar dos técnicos da DGA.

Baseado nestes requisitos, foi desenvolvido um interface com as funcionalidades básicas de um explorador de informação geográfica e com as funcionalidades específicas ao processo de avaliação de EIA. Uma das principais restrições com que nos deparámos foi a potencial inexistência de informação geográfica de base e temática disponível em formato digital para ser utilizada nos processos de análise e consequente avaliação. Deste modo, o sistema teria que ser suficientemente flexível para permitir integrar caso a caso a informação existente.

Outra preocupação no desenho do interface residiu na forma de acesso à informação. Pretendia-se que este fosse o mais sistemático possível. Isto é, o acesso à informação deveria ser directo e orientado de acordo com os objectivos do sistema – a avaliação de EIA. Como pode ser visto na figura 4, o interface combina as componentes espacial e alfa-numérica dos EIA., o que permite que o utilizador seleccione alfanumericamente ou espacialmente o EIA pretendido. Para além, na parte relativa ao mapa o utilizador pode acrescentar informação geográfica temática e indicar quais os temas que serão utilizados no processo de análise e qual a informação que será produzida. Sistema Operacional Base de Dados Operacional Sistema de Apoio à Decisão Geográfica Base de Dados Entidade Externa

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Fig. 4 – Interface do Sistema de Apoio à Avaliação de EIA.

Para permitir um acesso mais fácil e directo à informação, foi implementada uma outra funcionalidade, o Catálogo de Cartografia. O Catálogo de Cartografia (Fig. 5) é um nível de informação geográfica e consiste numa grelha em que cada célula corresponde a uma folha de cartografia. Para visualizar as folhas, o utilizador só tem que abrir o catálogo desejado e seleccionar as células para adicionar ou remover as correspondes folhas. O utilizador pode definir vários catálogos (geologia, uso do solo, topografia, etc), abrindo um de cada vez. Deste modo, o utilizador não necessita de saber o número da folha que pretende visualizar ou onde está armazenado o ficheiro que contém a folha. Toda a informação necessária para aceder às folhas está armazenado num ficheiro de configuração. O sistema de apoio inclui um utilitário para criar e alterar o ficheiro de configuração do catálogo de cartografia.

O processo de análise e avaliação de EIA foi implementado através de um Wizard, mecanismo utilizado em muitas outras aplicações de Windows. O Wizard permite que o utilizador especifique passo a passo e de uma forma orientada os temas de informação geográfica a ser utilizada para a análise, qual a informação de cada tema que será utilizada para output e para a especificação das condicões de análise entre o EIA e cada tema de informação geográfica seleccionado. Até este momento, só foi implementado um processo genérico de análise e avaliação e, de acordo com as reacções e sugestões dos utilizadores, provavelmente serão desenvolvidos processos específicos de análise, baseados em cada tipo de EIA.

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Fig. 5 – Utilização do Catálogo de Cartografia

O sistema de apoio implementa diversos tipos de relatórios. Os relatórios podem ser o resultado da análise de um EIA, das actividades periódicas de avaliação de EIA, etc. Os relatórios combinam o mapa com a informação descritiva e podem ser produzidos para a impressora ou então para um documento de um processador de texto. O utilizador também tem a possibilidade de copiar o conteúdo do mapa e colocá-lo em outra aplicação de modo a criar o seu próprio documento.

5.2 Sistema de Apoio à monitorização dos contratos de adaptação ambiental Os Contratos de Adaptação Ambiental (CAA) são promovidos e coordenados pelo Ministério do Ambiente, através da Direcção-Geral do Ambiente (DGA), e têm por objectivo a concessão de um prazo às empresas aderentes para se adaptarem à legislação ambiental vigente, não podendo este prazo ultrapassar 31 de Dezembro de 1999.

No período de 18 de Março de 1997 a 6 de Fevereiro de 1998, o Ministério do Ambiente celebrou contratos com 18 sectores representados pelas respectivas associações industriais. Cada contrato especifica o faseamento e a calendarização do processo de adaptação.

O processo de adaptação baseia-se em dois elementos fundamentais a ser entregues pelos aderentes: a Caracterização Ambiental e o Plano Específico de Adaptação. Através do primeiro elemento é feita uma caracterização da situação ambiental de referência relativamente aos domínios ambientais considerados relevantes para cada sector, nomeadamente ao nível dos Efluentes Líquidos, Emissões Atmosféricas, Resíduos, Ruído ou Recuperação Paisagística. Com base na Caracterização Ambiental são identificados os pontos de incumprimento da legislação ambiental, definindo-se a partir daí o Plano Específico de Adaptação, que define a adaptação necessária efectuar para haver cumprimento da legislação ambiental.

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5.2.1 Descrição

Um dos requisitos principais do sistema a desenvolver seria a capacidade de este proceder à espacialização dos aderentes aos contratos de adaptação ambiental. A espacialização da informação é importante porque permite detectar as situações em que a localização desempenha um papel determinante e leva à ocorrência de factores regionais ou locais de distribuição dos fenómenos. Este requisito levou à adopção de tecnologias de informação geográfica para a implementação do sistema. A espacialização dos aderentes trouxe também a vantagem de permitir a integração e o cruzamento com outra informação, bastando para tal que esta também estivesse georreferenciada, o que deu a possibilidade de os técnicos da DGA combinarem os dados dos aderentes com o vasto conjunto de informação geográfica existente na DGA e ter uma visão mais global sobre os Contratos de Adaptação Ambiental. Uma vez que se procedeu à espacialização dos aderentes (através das coordenadas x e y), foi possível beneficiar das potencialidades de representação dos mapas temáticos para a apresentação dos resultados das análises efectuadas.

Fig. 6 – Interface do Sistema de Apoio à Monitorização dos Contratos de Adaptação Ambiental

O sistema foi implementado através de uma arquitectura cliente-servidor. A aplicação desenvolvida constitui um sub-sistema do Sistema de Informação da DGA, utilizando assim a base comum e partilhada de informação da organização.

Uma das principais preocupações no desenvolvimento do interface da aplicação foi o de este permitir aos técnicos um fácil e rápido acesso à informação. Para isso, foi desenvolvido um conjunto de funcionalidades que permitem seleccionar, identificar e localizar rapidamente os aderentes. Esta selecção tanto pode ser feita alfanumericamente (selecção por número de processo, concelho, freguesia, sector, produto, etc) ou espacialmente (seleccionando através do mapa). Após a identificação e selecção do aderente pretendido, é possível ter acesso à informação relativa à sua situação ambiental, ao plano específico de adaptação e ao processo de adaptação.

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adicione os temas de informação geográfica de acordo com as suas necessidades. A combinação das pesquisas alfanuméricas e espacias fazem da aplicação uma poderosa ferramenta de análise e exploração da informação.

Uma vez efectuadas as pesquisas ou análise, o utilizador pode enviar os resultados para outra aplicação windows, seja ela um processador de texto ou folha de cálculo, por exemplo. Os resultados podem ser em formato de mapa ou listagem e correspondem aos aderentes que resultem de uma condição de pesquisa ou de uma análise.

5.3 Sistema de apoio ao licenciamento ambiental

A DRA–Alentejo emite pareceres sobre toda a área sob a sua jurisdição com base na legislação ambiental em vigor, constituindo este processo de avaliação uma das muitas tarefas dos seu técnicos. Este processo de tomada de decisão era, e ainda é, feito de uma maneira tradicional: uma pessoa que pretenda, por exemplo, construir uma casa no Alentejo, poderá dirigir-se à DRA-Alentejo e solicitar um parecer para saber se existem condicionantes, ou não, para construí-la num local específico. Depois de preencher vários formulários, precisa de indicar ao técnico onde é que fica exactamente a casa e esperar pelo resultado da avaliação.

Os técnicos da DRA-Alentejo utilizam principalmente a carta militar à escala 1: 25.000 para, de acordo com as diversas condicionantes ambientais publicadas em diversa legislação dispersa, emitirem pareceres sobre a utilização de uma área sob a sua jurisdição para um determinado fim. A maior parte das vezes, têm que se deslocar pessoalmente ao local devido a insuficiente informação cartográfica ou a informação cartográfica desactualizada.

Este tipo de análise tem vantagens em utilizar tecnologia SIG, explorando em particular a base de dados espacial e as suas capacidades de análise inerentes. Foi com este objectivo em mente que a DRA-Alentejo começou a desenvolver um SIG que permitisse, entre outras funcionalidades, desenvolver um interface de apoio à decisão de fácil utilização que permitisse armazenar, consultar, extrair e analisar informação geográfica de carácter ambiental.

Outro objectivo, não menos importante, deste projecto, é o de simplificar o processo de tomada de decisão fornecendo aos técnicos da DRA-Alentejo meios técnicos suficientes para apoiarem a sua decisão de um modo fácil, eficaz e eficiente.

5.3.1 DESCRIÇÃO

Estamos a trabalhar no desenvolvimento de um interface, que pretendemos que seja de fácil utilização, e que possibilite aos técnicos da DRA-Alentejo, não necessariamente especialistas em SIG, simular e concretizar a avaliação de condicionantes ambientais de um modo muito fácil. Achamos que o software para avaliar cenários do tipo “what-if” deve ser bem desenhado e de fácil utilização, de modo a evitar uma separação disfuncional dos papéis do analista e da pessoa encarregada de tomar a decisão (Goodchild, 1993). Esta constitui uma das nossas maiores preocupações.

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Após ser iniciado o programa, aparece o seguinte interface (Fig. 7) onde é possível visualizar o mapa do Alentejo em Concelhos e Freguesias. Este interface contém uma barra de ferramentas com botões com diversas funcionalidades entre as quais: Aproximar, Afastar, Ver Tudo, Mover e Identificar. Indica também a escala a que se está a visualizar o mapa e as coordenadas militares da localização do rato em relação ao mapa.

Fig. 7 Aspecto do Interface do Sistema de Avaliação de Condicionantes

Com o objectivo de auxiliar o utilizador a pesquisar o local, onde se situa o terreno para o qual pretende obter informação, é possivel efectuar pesquisas por Concelho, ou Freguesia, a partir de uma caixa de diálogo criada para o efeito.

As cartas militares à escala 1:25.000, em formato raster, podem ser accionadas a partir de um catálogo de imagens. Deste modo, é possível visualizar apenas a imagem que se pretende (Fig. 8). É também possível, activar o catálogo de imagens com outro tipo de informação, como por exemplo, imagens de satélite, ou ortofotomapas. A versão do MapObjects (V 1.2) que estamos a utilizar ainda não permite a leitura de imagens no formato Mr_SID. Com a próxima versão (V 2.0) já será possível ler, por exemplo, os ortofotomapas do CNIG, que se encontram neste formato. Uma vez activado o catálogo de imagens, é também possível efectuar pesquisas pelo número da carta militar.

Depois de se ter visualizado a zona sobre a qual se pretende obter informação, o utilizador pode simular as condicionantes através de uma janela de diálogo que permite seleccionar o tipo de implantação espacial do processo (ponto, linha ou área). Após o desenho do terreno sobre o qual se pretende obter informação, o utilizador preenche um formulário (Fig. 8) com informação sobre o processo que fica registado numa base de dados em Access. Após a escolha do tipo de licenciamento que se pretende simular, pode-se verificar a existência, ou não, de condicionantes para o respectivo local.

O resultado obtido é apresentado num formulário criado para o efeito e permite a impressão, num documento Word, acompanhado dos dados do processo e a imagem

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Fig. 8 Avaliação de um processo com inserção numa base de dados

5. Conclusões

Os recentes avanços verificados nas tecnologias de informação geográfica baseiam-se cada vez mais em tecnologias padronizadas, permitindo alargar a âmbito da sua utilização e aumentar a sua usabilidade.

Outras vantagens deste tipo de tecnologia têm a ver com uma significativa diminuição do tempo de desenvolvimento das aplicações, devido à possibilidade de desenvolvimento de código modular e reutilizável, o que implica uma considerável diminuição dos custos de implementação.

A adopção de um modelo de desenvolvimento que permita planear, avaliar, controlar e definir as actividades a serem executadas ao longo do projecto com o objectivo de auxiliar a tomada de decisões, consideramos ser fundamental no desenvolvimento das aplicações de SIG.

6. Bibliografia

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BURROUGH, P.; MCDONNEL, R.; 1998, Principles of Geographical Information Systems, Oxford.

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GOODCHILD, M. F., 1993, Environmental Modeling with GIS, The State of GIS for Environmental Problem-Solving, Oxford.

HARTMAN, R. 1997, Focus on GIS Component Software: Featuring ESRI’s MapObjectsâ, OnWord Press, Santa Fe.

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MARTIN, J. and ODELL, J. J. 1995, Object-Oriented Methods: A Foundation, Prentice Hall.

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PRESSMAN, R. S. 1996, Software Engineering: A Practitionar’s Approach, McGraw-Hill.

SPENCER, K. L. e MILLER K. 1996, Client/Server Programming With Microsoft Visual Basic, Microsoft Programming Series, Microsoft Press.

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