Congresso Internacional Políticas Educativas, Eficácia
e Melhora das Escolas
Universidade de Évora, 21-23 nov. 2013
P
AINEL
: P
OLÍTICAS
EDUCATIVAS
,
AUTONOMIA
DAS
ESCOLAS
E
MODOS
DE
REGULAÇÃO
Comunicação:
Políticas de Accountability e modelos de
gestão das escolas
Almerindo Janela Afonso,
Universidade do Minho ajafonso@ie.uminho.pt
O conceito tem sido reduzido, simplificado e
traduzido erradamente
Accountability
é, todavia, um conceito
complexo que sintetiza ou condensa três
componentes ou PILARES essenciais:
Avaliação
Prestação de contas Responsabilização
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A
CCOUNTABILITY
(cf. SCHEDLER, 1999)
Dimensão
Informativa
Dimensão
justificativa/argumentativa
Dimensão
de imposição ou sanção
As duas primeiras dimensões correspondem
à
PRESTAÇÃO DE CONTAS
e a terceira
dimensão corresponde à
F
ORMAS
PARCELARES
DE
ACCOUNTABILITY
Modelos de accountability
Sistemas de accountability
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A
CCOUNTABILITY
:
CADA
PILAR
REFERENCIA
-
SE
A
DIFERENTES
MODELOS
Os modelos, metodologias, princípios e
valores que dizem respeito à
avaliação
,
prestação de contas
responsabilização
São muito diversos, e as suas articulações
são múltiplas…
R
ESPONSABILIZAÇÃO
–
CULPA
-
RESPONSABILIDADE
A ideia de culpa e a ideia de
responsabilização negativa são verdadeiros
obstáculos para uma discussão serena e
objetiva sobre a problemática da
accountability
É necessário separar as ideias de
culpa
(individual)
;
responsabilidade (coletiva)
e
Valores que devem nortear as dimensões da
accountability
Procura de objetividade Democraticidade Participação Diálogo Negociação Empowerment Transparência Equidade Justiça….ALGUNS MODELOS DE ACCOUNTABILITY
EM
EDUCAÇÃO
Modelo burocrático ou racional-burocrático (lógica de controlo hierárquico)
Modelo gestionário (lógica da eficiência, do direito de gerir»
Modelo de mercado
(lógica dos direitos do consumidor, liberdade de escolha…) Modelo comunitário
(lógica da reciprocidade e solidariedade)
Modelo social (lógica da cidadania ativa)
Modelo Profissional (lógica da autonomia)
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QUADRO I - MODELOSDEDIREÇÃOEGESTÃO
LEGISLADOS EPRATICADOS (ANTESDE 1974 ATÉ 2013)
FORMAS PARCELARES- MODELOS- SISTEMAS
SÓMUITORECENTEMENTESEASSUMEM ( EDEFORMARELATIVAMENTEAMBÍGUAE DISCRETA) OSPRINCÍPIOSDAAVALIAÇÃO, DAPRESTAÇÃODECONTASEDA RESPONSABILIZAÇÃO.
EXEMPLOS (EXERCÌCIO EXPLORATÓRIO)
REITORESE DIRETORES – MODELODEACCOUNTABILITYHIERÁRQUICOOU RACIONAL-BUROCRÁTICAO
COMISSÃODEGESTÃO /AUTO-GESTÃO (PERÍODOREVOLUCIONÁRIO) DEMOCRACIA DIRETA - MODELODEACCOUNTABILITY COMUNITÁRIOEPROFISSIONAL
GESTÃODEMOCRÁTICA - CONSELHOSDIRETIVOS - MODELOACCOUNTABILITY
COMUNITÁRIO, PROFISSIONALEHIERÁRQUICO/RACIONAL-BUROCRÁTICO
PROJETODA REFORMAEDUCATIVAANOS 80 – MODELOACCOUNTABILITY PROFISSIONAL, COMUNITÁRIOE – RACIONAL-BUROCRÁTICO
DECRETO-172/91 – (DIRETOREXECUTIVO) COMUNITÁRIOE HIERÁRQUICOOU RACIONAL-BUROCRÁTICO
DECRETO-LEI 43/89 (AUTONOMIA)- PE (“RESPONSABILIZAÇÃODOSVÁRIOS INTERVENIENTESNAVIDADAESCOLA” (COMUNITÁRIOEPROFISSIONAL)
[]….
Decreto-lei 115/A/98 (contratos de autonomia)
“responsabilização do Estado”; “cultura de responsabilidade”; transparência”, “responsabilização dos órgãos… “avaliação”;… “melhoria”… (Modelo de accountability comunitário, profissional, mercado, racional-burocrático…);
Decreto-lei 75/2008 “responsabilidade”, prestação de
contas”.. (Conselho Geral como primeira instância de prestação de contas à comunidade…)
Avaliação externa pode ter consequências (Modelo de accountability comunitário, hierárquico e de mercado…
Decreto-lei 137/2012 – Reforço dos «contratos de autonomia» e maior centralidade do Diretor
Modelo gestionário; de mercado, hierárquico e – comunitário
OECD REVIEWS OF EVALUATION AND ASSESSMENT
IN EDUCATION: PORTUGAL © OECD 2012
Um desafio importante é encontrar o equilíbrio certo entre as funções de melhoria da avaliação (das escolas e dos alunos) e a accountability. É evidente que as iniciativas políticas na avaliação têm enfatizado a
accountability sobre a melhoria. Por exemplo, o modelo de avaliação de professores coloca maior ênfase na progressão na carreira do que no desenvolvimento profissional e a publicação dos resultados dos exames introduz importantes consequências/ riscos (stakes) para as escolas.
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A
CCOUNTABILITYNOE
NSINOS
UPERIOR(
AVALIAÇÃO,
PRESTAÇÃO DE CONTAS E RESPONSABILIZAÇÃO)
I
INVITE YOU TO READ ABIT MORE ON THESEISSUES,
IN ADDITION TO THETEXT INCLUDEDIN THIS CONFERENCE PROCEEDINGS Afonso, A. J. (2009a). Evaluation policies and accountability
in education. Subsidies for an Ibero-american debate. Sísifo. Educational Sciences Journal, 9, 57-70.
AFONSO, A. J. (2009b). Nem tudo o que conta é mensurável
ou comparável. Crítica à accountability baseada em testes estandardizados e rankings escolares. Revista Lusófona de
Educação, 13 (1), 13-29.
Afonso, A. J. (2010). Um olhar sociológico em torno da
accountability em educação. In Teresa Esteban et al. (orgs.).
Olhares e Interfaces. Reflexões críticas sobre a avaliação.
São Paulo: Cortez, 147-170.
Afonso, A. J. (2012). Para uma concetualização alternativa de
accountability na educação. Educação & Sociedade, 33
(119), 471-484.
Examples
A partial form of accountability is present in
student assessment by external examinations;
An incomplete model of accountability is found
in school external evaluation, and in teacher
evaluation;
and
A complete model of accountability is defined
and implemented by the Agency for Evaluation
and Accreditation of Higher Education (A3ES)
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REGULAÇÃO
A regulação é uma forma de
coordenar, integrar, gerir, controlar,
constranger, estruturar e reconfigurar
acções e comportamentos individuais
e colectivos.
ESTADO
,
MERCADO
E
COMUNIDADE
A regulação pode ser exercida por instâncias,
organizações, mecanismos e instrumentos
muito diversificados
As principais instâncias de regulação social são
“Regulação gestionária”
A valorização das lógicas de mercado explicam, pelo menos em parte, o facto de as ciências da administração e gestão ganharem uma grande centralidade e visibilidade.
A utilização de mecanismos de gestão orientados
pelos “valores do mercado” pode traduzir-se pela expressão regulação gestionária (regulação gerencialista ou regulação managerialista)
“Valores” ou “lógicas” de mercado
Concorrência Competitividade
Emulação
Sobrevivência dos mais aptos (neodarwinismo
social) “Individualismo possessivo” Lucro Eficiência “livre escolha” ………..
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Na regulação gestionária, as opções de
uma
“boa gestão” são vistas como a
única
solução
para
a
crise
que
atravessam as organizações (públicas e
privadas), os sistemas educativos e a
sociedade em geral.
A
avaliação
é um dos instrumentos que
têm sido utilizados para introduzir lógicas
de mercado nos sistemas educativos
A avaliação institucional deve ser reapropriada criticamente enquanto
AVALIAÇÃO
Realizar uma avaliação interna (auto-avaliação) e uma avaliação externa que respeitem a complexidade da escola e da acção do professor;
PRESTAÇÃO de CONTAS
Argumentação dialógica e democrática… RESPONSABILIZAÇÃO
Responsabilização e co-responsabilização de todos os actores educativos (professores, pais, sociedade civil, instâncias governamentais… )
As consequências da accountability também
podem ser positivas
As imputação de culpa e/ou punição, muitas
vezes
associadas,
implicitamente
ou
explicitamente, ao conceito e prática da
accountability, são verdadeiros obstáculos
que impedem a compreensão e aceitação
correctas das suas consequências…
Críticas à conceção conservadora de
accountability
A responsabilização das escolas e dos
professores, tendo como base os resultados
de testes estandardizados externos
(high-stakes testing), é um política que tem sido
adoptada
em
muitos
países,
com
consequências negativas….
http://sites.google.com/site/movimentocontrat
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Necessidade de conceções alternativas de
accountability
Aprofundar e consolidar sistemas de
accountability mais complexos, democráticos
e avançados;
Avaliação (as teorias da avaliação avançam mais do que as políticas de avaliação)
Prestação de contas (sair dos processos burocráticos
ou de mercado para processos dialógicos, de argumentação, de democracia deliberativa…
Responsabilização (medir as consequências…planos de
melhoria podem inscrever-se neste pilar….
Para Paulo Freire, “Qualquer que seja a prática de que
participemos, a de médico, a de engenheiro, a de torneiro, a de professor, não importa de quê…, exige de nós que a exerçamos com responsabilidade. Ser responsável no desenvolvimento de uma prática implica, de um lado, o cumprimento de deveres, de outro, o exercício de direitos”
Segundo o mesmo pedagogo, o desrespeito aos direitos e o não cumprimento de deveres gera impunidade e irresponsabilidade. Por isso,
“a superação de tais descalabros não está nos discursos e
nas propostas moralistas, mas num clima de rigorosidade ética a ser criado com necessárias e urgentes transformações sociais e políticas” (In: Paulo Freire, Política e Educação. S. Paulo: Cortez,1995, pp. 89-90).