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MARCELO KROKOSCZ A FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NO COMBATE AO PLÁGIO ACADÊMICO: O PAPEL DE PROFESSORES, BIBLIOTECÁRIOS E ALUNOS

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES

Pós-Doutorado em Ciência da Informação

MARCELO KROKOSCZ

A FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NO

COMBATE AO PLÁGIO ACADÊMICO: O PAPEL DE

PROFESSORES, BIBLIOTECÁRIOS E ALUNOS

São Paulo 2017

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MARCELO KROKOSCZ

A FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS INFORMACIONAIS NO

COMBATE AO PLÁGIO ACADÊMICO: O PAPEL DE

PROFESSORES, BIBLIOTECÁRIOS E ALUNOS

Projeto de pesquisa apresentado à Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo como parte das exigências formais para a obtenção do título de Pós Doutor.

Área de Concentração:

Gestão de Dispositivos de Informação. Orientadora:

Prof. Dr. Sueli Mara Soares Pinto Ferreira.

São Paulo

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 8 3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ... 13 4 CRONOGRAMA ... 14 REFERÊNCIAS ... 15

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1 INTRODUÇÃO

A preocupação com o aumento e a frequência na constatação de ocorrência de plágio

acadêmico em trabalhos científicos tem demandado recomendações e iniciativas preventivas por parte de departamento governamentais e agências de fomento à pesquisa científica no Brasil (CAPES, 2011; CNPQ, 2011; FAPESP, 2014).

A Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior (CAPES) recomenda a adoção de medidas de combate ao plágio por parte das instituições de ensino públicas e privadas. Uma estratégia sugerida é a implantação de políticas de conscientização. É importante lembrar que o plágio é uma prática ilegal, prevista na legislação brasileira. (BRASIL, 1998; 2008) e além disso, trata-se de uma fraude autoral que conflita com os princípios de integridade e confiabilidade que regem o processo científico. (LAFOLLETE, 1996; NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES, NATIONAL ACADEMY OF ENGINEERING, AND INSTITUTE OF MEDICINE, 2009). A CAPES também recomenda ações informativas sobre propriedade intelectual. Isso é pertinente, pois geralmente o plágio acadêmico acontece de modo acidental, devido ao desconhecimento das regras de atribuição de créditos por parte dos alunos. Por outro lado, cabe às instituições de ensino estabelecerem e divulgarem claramente as regras e sanções relacionadas à prática do plágio visando o esclarecimento e a formação da comunidade acadêmica. Em resumo, este conjunto de ações podem contribuir para a diminuição do plágio em trabalhos científicos como monografias, dissertações e teses produzidas no âmbito das instituições de ensino superior no Brasil. (CAPES, 2011).

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem demonstrado interesse no combate às más condutas de pesquisa, entre elas a fabricação de dados, a falsificação de resultados e o plágio. Um mecanismo recomendado neste sentido, são as ações preventivas e pedagógicas. É o caso da sugestão de oferta nos cursos de graduação e pós-graduação de disciplinas com conteúdo relacionado à integridade científica. Além disto, incentiva-se a publicação de diretrizes sobre boas práticas de pesquisa. Com relação às ações de desestímulo a más condutas, o CNPq recomenda a criação de uma comissão de especialistas cuja finalidade precípua é a análise de casos envolvendo má conduta científica. Esta comissão também tem a função de ser revisora de conteúdos relacionados à ética e integridade científica a serem veiculados pela agência. (CNPQ, 2011).

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) tem um Código de Boas Práticas Científicas que requer um conjunto de ações das instituições nas quais financia pesquisas. Entre tais ações, recomenda a manutenção de órgãos de prevenção,

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formação e controle da integridade ética na produção científica. Estes órgãos devem (a) promover cursos, eventos e programas de treinamento de pesquisadores, (b) oferecer apoio e aconselhamento para alunos e pesquisadores em situações específicas e (c) investigar e punir os envolvidos em práticas de má conduta. A FAPESP também assume o compromisso de promover e disseminar conhecimentos relacionados à integridade científica. Uma destas ações relaciona-se a vinculação de apoio financeiro à adoção de medidas educativas e preventivas por parte das instituições de pesquisa. Além disto, a FAPESP dispõe-se a promover a integridade científica por meio de eventos e divulgação de materiais bibliográficos sobre o assunto. (FAPESP, 2014).

Em síntese, todas estas iniciativas têm o objetivo comum de implementar ações concretas visando o combate das más condutas no ensino superior, entre elas o plágio, e desenvolver a cultura da integridade científica por meio do empenho coletivo de esforços públicos e privados. Não obstante, sabe-se que o fenômeno do plágio é antigo e com o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação, aumentaram as taxas de frequência e índices de ocorrência de fraudes autorais em relatórios científicos (HANSEN, 2003; TOWNLEY; PARSELL, 2005; BENNETT, 2005; NOORDEN, 2011). Visando o enfrentamento deste problema, instituições de ensino superior ao redor do mundo tem desenvolvido e implementado conjuntos de ações de ordem preventivas, formativas e punitivas (KROKOSCZ, 2011).

Embora a fraude autoral seja um problema de natureza ética quando praticado de forma deliberadamente desonesta, sabe-se que um índice significante de ocorrência de plágio deve-se a aspectos acidentais e culturais. Neste caso, devido à maneira como a prática de reprodução e repetição é vista em cada país, nem sempre a cópia é entendida como uma fraude ou ofensa autoral, mas ao contrário, uma maneira de reconhecimento e reverência (GOW, 2014) e naquele caso, devido ao desconhecimento das convenções científicas e dificuldades com a escrita científica (PECORARI, 2003).

Em relação ao plágio intencional, as políticas institucionais de controle e punição continuarão sendo necessárias do ponto de vista da contenção e do combate à impunidade das imposturas intelectuais. Entretanto, do ponto de vista cultural, o esforço tem sido feito no sentido de esclarecer e orientar os estudantes e os pesquisadores sobre a necessidade de seguirem os padrões científicos adotados internacionalmente. Mas em relação ao plágio acidental, os desafios para o enfrentamento são mais complexos e tem se mostrado ineficazes.

Pode-se explicar isto em parte devido a uma presunção de esclarecimento por parte de estudantes e pesquisadores em relação ao plágio. Embora, não seja comum haver aulas ou

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treinamentos no cenário educacional brasileiro visando a caracterização e a prevenção do plágio, supõe-se que de maneira generalizada, as pessoas sabem o que é plágio e como evitá-lo. Entretanto, os estudos demonstram que isto é um equívoco e que muitos pesquisadores amadores e profissionais estão expostos ao risco de cometerem plágio sem saber.

Associado à esta percepção de autoimunidade ao plágio, a dificuldade no manejo de fontes de informação numa era em que as informações são compartilhadas de forma rápida e em massa nas redes de informação e o desconhecimento das regras de normalização dos relatórios científicos, são fatores que incrementam o uso inadvertido e indevido de conteúdos e ideias alheias, o que caracteriza o plágio.

Considerando tais aspectos, o desenvolvimento de ações voltadas para os agentes de pesquisa, visando a formação de habilidades e competências para o processo de localizar, avaliar e usar de forma ética as informações científicas, são medidas que podem contribuir para a diminuição do plágio acidental. Neste sentido, um estudo realizado na Universidade de Purdue (EUA), no âmbito da graduação, teve como objetivo entender em que medida o ensino destas práticas de fato aconteceram nos processos educativos em sala de aula. (WEINER, 2014).

Os resultados obtidos, embora não possam ser generalizados, demonstraram que esta prática varia de acordo com os professores e de acordo com cada unidade de ensino. Embora neste estudo não tenha sido identificado como os estudantes aprendem as competências informacionais e como as unidades favorecem o acesso e treinamento a isto, há indícios em outro estudo de que a taxa de ocorrência plágio diminui quando tais medidas são adotadas (GEORGE et al., 2013).

Sendo assim, propõe-se para esta pesquisa a replicação do estudo realizado por Weiner (2014), porém ampliando-se o campo de abordagem de modo que contemple professores, alunos e bibliotecários das faculdades da Universidade de São Paulo. A pergunta a ser feita é basicamente como alunos, professores e as bibliotecários lidam com as competências

informacionais durante o processo de formação na graduação?

Como objetivo principal deste estudo pretende-se determinar de que maneira as competências informacionais fazem parte do processo formativo durante o curso de graduação considerando os papeis dos alunos, dos professores e dos bibliotecários das faculdades que compõem a Universidade de São Paulo na cidade de São Paulo.

Especificamente, esta pesquisa terá como propósito a) identificar quais competências informacionais fazem parte do portfólio de alunos, professores e bibliotecários em cada

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faculdade; b) analisar as diferenças e semelhanças entre as respostas obtidas e; c) identificar se o plágio é abordado do ponto de vista do acesso e uso legal e ético das informações.

A importância deste estudo consiste no reconhecimento de que a formação de competências informacionais é considerada fundamental para estudantes em de graduação, bem como para a formação de indivíduos em permanente processo de aprendizagem (THE ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000). Além disso, há evidências de que iniciativas com o envolvimento de bibliotecários e professores visando a capacitação de estudantes para saberem localizar, avaliar e usarem informações de forma eficiente podem contribuir para a redução da ocorrência do plágio acadêmico (SCIAMMARELLA, 2009; SNYDER GIBSON; CHESTER‐ FANGMAN, 2011; GEORGE et al., 2013; WEINER, 2014)

Em suma, os resultados deste estudo poderão contribuir para subsidiar o desenvolvimento de propostas institucionais que visem a implementação e o fortalecimento da formação de competências informacionais nas unidades de ensino, seja por meio do incremento dos programas curriculares ou como propostas acadêmicas institucionais, caso por exemplo da formação de departamentos de escrita e integridade científica, os quais vem sendo demandados no Estado de São Paulo pela FAPESP (ALVES, 2017). Em qualquer dos dois casos, trata-se de uma tarefa que é considerada pela American Library Association como uma demanda que requer esforços colaborativos entre professores, estudantes e gestores.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com Dudziak (2003) A utilização do termo competência informacional é uma das possíveis traduções para a língua portuguesa da expressão Information Literacy, designação criada em 1974 por Paul Zurkowski para referir-se a “capacidade de localizar o que é conhecido ou conhecível em qualquer assunto” (ZURKOWSKI, 1974, p.23).

Contudo, da década de 1970 para cá, as interações entre sujeitos e informação tem sido objeto de muitos estudos científicos na área da ciência da informação o que contribuiu para uma diversificação e aprimoramento conceitual (DUDZIAK, 2003). Entretanto, para este estudo adota-se a definição da Association of College & Research

Libraries, uma divisão da American Library Association, publicada no documento

“Information Literacy Competency Standards for Higher Education”

Competência informacional forma a base para a aprendizagem por toda a vida. É algo comum a todas as disciplinas, a todos os ambientes de aprendizagem e a todos níveis de educação. Permite aos estudantes dominar o conteúdo e ampliar suas investigações, tornando-se mais autônomos e com maior controle sobre sua própria aprendizagem. Um indivíduo alfabetizado em informações é capaz de:

 Determinar o tamanho da sua necessidade de informação  Acessar a necessidade de informação de forma eficiente e efetiva  Avaliar criticamente a informação e suas fontes

 Incorporar informações selecionadas à própria base de conhecimento  Usar informação efetivamente para atingir objetivos específicos

 Entender os aspectos econômicos, legais e sociais relacionados ao uso da informação

 Acessar e usar informação de forma ética e legal. (THE ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000)

O desenvolvimento da ideia de competência informacional assenta-se fundamentalmente no reconhecimento da massificação da informação nas últimas décadas. A expressão “obesidade informacional” parece bem adequada para representar um cenário com muita quantidade de informação, porém com qualidade questionável. Esta é uma dádiva principalmente do surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação. Ao mesmo tempo que facilitaram a produção e troca de conteúdos, reduziram as possibilidades de controle e filtro editorial que anteriormente asseguravam a qualidade e credibilidade do que era publicado.

O uso eficaz das informações contidas neste universo de conteúdo é uma situação desafiadora que requer a capacitação de habilidades específicas e necessárias para a formação de cidadãos qualificados para agirem neste contexto (THE ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000).

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Embora a qualificação para o uso adequado da informação seja uma demanda com alcance universalizado, interessa pensá-la do ponto de vista acadêmico. Neste sentido, trata-se de uma responsabilidade institucional que envolve toda a comunidade educativa.

Através de palestras e discussões de liderança, os professores estabelecem o contexto para a aprendizagem. Professores também inspiram os alunos a explorar o desconhecido, oferecem orientação sobre a melhor forma de atender às necessidades de informação e monitoram o progresso dos alunos. Os bibliotecários acadêmicos coordenam a avaliação e seleção de recursos intelectuais para programas e serviços; organizam e mantem coleções e muitos pontos de acesso à informação; e fornecem instruções aos alunos e professores que procuram informações. Os administradores criam oportunidades de colaboração e desenvolvimento de pessoal entre professores, bibliotecários e outros profissionais que iniciam programas de alfabetização informacional, lideram o planejamento e orçamento desses programas e fornecem recursos contínuos para sustentá-los. (THE ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000, p.2)

Trata-se de uma tarefa de responsabilidades compartilhadas. Os gestores não podem ignorar a exigência desta qualificação na sua atividade fim, qual seja, a entrega de conhecimento para seus estudantes. Professores não podem se omitir na tarefa de ensinar aos alunos os caminhos e maneiras adequadas de acesso ao conhecimento e os bibliotecários, precisam assumir o protagonismo educacional implementando programas instrucionais de forma ampla e qualificadas, como realizado pela biblioteca da Universidade de Houston, que disponibiliza via web várias ferramentas educativas que visam o sucesso na experiência do usuário em relação ao uso da informação científica (CAREGNATO, 2000).

Uma atividade específica que vem sendo desenvolvida por bibliotecas em parceria com professores visando a melhoria da competência informacional dos estudantes universitário, refere-se a iniciativas para o combate ao plágio acadêmico. Plágio é uma fraude autoral que corresponde ao uso ilícito ou incorreto por um autor de conteúdo informacional produzido por outro.

Além desta prática ser ilegal do ponto de vista das legislações que regulamentam o direito autoral ao redor do mundo, no âmbito acadêmico em especial, adquirem implicações estritamente éticas devido a peculiaridade de algumas práticas autorais consideradas inaceitáveis na rotina acadêmica, embora possa ser lícita juridicamente. É o caso da redundância textual, ou autoplágio, situação em que o mesmo autor apresenta ou publica os mesmos conteúdos científicos repetidamente em diferentes circunstâncias sem a devida identificação. Também é o caso da utilização de

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conteúdos elaborados por terceiros que são gratuitamente cedidos ou adquiridos comercialmente e apresentados nas instituições de ensino como elaborados pelo próprio estudante. Ambos os casos caracterizam o que pode ser considerado acesso e uso de informação de forma ilegal e antiética, que denota desconhecimento ou incompreensão dos aspectos econômicos, legais e sociais requeridos no uso da informação científica, conforme previsto pela The Association of College and Research

Libraries (2000).

Como exemplo de iniciativas de sucesso institucional integrado com o objetivo de desenvolvimento de competência informacional voltadas para o enfrentamento do plágio, pode-se destacar o trabalho que vem sendo feito pela Universidade de Bradford, no Reino Unido, desde 2008. A instituição realiza cursos de formação para estudantes envolvidos em casos de plágio ao mesmo tempo em que promove treinamentos de prevenção para estudantes ingressantes o que tem resultado na redução da ocorrência do plágio na instituição (GEORGE et al., 2013).

Outra iniciativa semelhante envolvendo bibliotecários em colaboração com professores com o objetivo de prevenir a ocorrência do plágio acadêmico, descreve como ações integradas podem contribuir do ponto de vista educacional (SNYDER GIBSON; CHESTER‐FANGMAN, 2011). Esforços colaborativos como estes, têm sido reconhecidos como eficazes na produção de resultados positivos. Sabe-se que “estas relações podem prover estrutura para tarefas acadêmicas criando um ambiente favorável para o pesquisador estudante” (SCIAMMARELLA, 2009).

Apesar destas frentes de sucesso, Bretag (2013) cita vários estudos indicando que a realização de treinamentos ou fornecimento de orientações sobre plágio para estudantes é uma realidade pouco comum e insuficiente. Avançando na reflexão, enfatiza a importância das instituições de ensino em geral, adotarem “abordagens holísticas que envolvam todos os interessados” (p.3) para alcançarem resultados efetivos no combate ao plágio.

No entanto, o plágio não é apenas uma questão de avaliação dos alunos. É um sintoma de uma cultura acadêmica profundamente arraigada que sem dúvida apresenta recompensas tangíveis (graus, diplomas, publicações, promoções, bolsas) acima do valor intrínseco da aprendizagem e da criação de conhecimento. Para abordar a questão atual do plágio e outras violações da integridade acadêmica, as instituições educacionais devem trabalhar para promover uma cultura de integridade que vá além da dissuasão, detecção e punição dos estudantes. (BRETAG, 2013, p. 2, tradução nossa).

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Portanto, o plágio acadêmico, para ser enfrentado de maneira consistente e eficaz, pressupõe ser reconhecido como um problema que requer ações integradas envolvendo gestores, bibliotecário e professores com o objetivo de orientar e capacitar os estudantes a lidarem com a demanda e a oferta de informação.

Trata-se de uma tarefa desafiadora e urgente diante de um fenômeno antigo e complexo que não possui soluções simplistas. Até o século XVIII o plágio acontecia de forma deliberada e até mesmo naturalizada, mas a partir da Lei de Direitos Autorais promulgada pela rainha da Inglaterra em 1710, o assunto adquiriu especificidades do ponto de vista da propriedade sobre as obras produzidas. Porém, foi com o advento das novas tecnologias da informação e comunicação que o assunto obteve visibilidade, especialmente no âmbito da produção científica.

Os casos de ocorrência de plágio atualmente são divulgados mais frequentemente pela mídia, já existem serviços de monitoramento de fraudes autorais em publicações científicas, bem como há periódicos e eventos científicos exclusivos sobre o assunto. Devido a isto, nos últimos anos foram acumulados muitos conhecimentos relacionados ao plágio, obtidos a partir de estudos científicos realizados ao redor do mundo.

A título de exemplo, observa-se que

Alguns indicadores bibliométricos claramente mostram que o interesse no assunto tem aumentado consideravelmente nos anos recentes. Se nos restringirmos aos artigos indexados na SCOPUS, encontramos 38 artigos foram publicados no período de 1999-2003 (7,6 artigos por ano), 171 em 2004-2008 (34,2 artigos por ano) e 308 em 2009-2013 (61,6 artigos por ano). Considerando os estudos indexados no Google Acadêmico, encontramos 68 fontes em 1999-2003(13,6 artigos por ano), 232 em 2004-2008 (46,4 artigos por ano) e 525 em 2009-2013 (105 artigos por ano). (SUREDA-NEGRE; COMAS-FORGAS; OLIVER, 2015, p.104, tradução nossa).

Van Noorden (2011, p. 27) verificou que a partir dos anos 2000 o número de artigos retratados na Pub Med e na Web of Science aumentou exponencialmente, passando de cerca de 50 no início do período para cerca de 350 no final da década. A maioria dos motivos relacionados a má-conduta científica, isto é, fabricação ou falsificação dos resultados (11%), autoplágio (17%) e plágio (16%).

Sendo assim, considerando-se a amplitude do problema e a preocupação da comunidade científica, o desafio é desenvolver ações eficazes que garantam a credibilidade da ciência e a integridade dos seus pesquisadores. Neste sentido, já tem

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sido desenvolvido estudos que resultaram em uma série de recomendações e ações que podem minimizar e combater o problema de maneira eficiente. Sistematizar estes conhecimentos e ampliar estas contribuições, adequando-os as diferentes realidades e contextos, pode representar avanços no sentido do delineamento de novas propostas.

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3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO

Esta pesquisa consiste basicamente na replicação de um estudo realizado na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, a qual também vem sendo replicada em outras instituições de ensino superior (WEINER, 2014). A investigação consiste na aplicação de um questionários com dez questões (vide Anexo 1) as quais foram elaboradas de acordo com os aspectos que caracterizam a competência informacional conforme consta do documento “The Information Literacy Competency Standards for

Higher Education” (THE ASSOCIATION OF COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000).

Entretanto, no estudo original, o questionário foi aplicado exclusivamente para professores. Contudo, devido à limitação dos resultados obtidos, a pesquisadora sugere a replicação do estudo ampliando o quadro amostral. Por este motivo, o questionário original será adaptado para que também possa ser aplicado aos alunos e bibliotecários da Universidade de São Paulo.

A coleta de dados será realizada pela internet, por meio de formulário eletrônico com link enviado por email para os sujeitos da pesquisa, quais sejam: professores da graduação, alunos do quarto ano e bibliotecários de todas as faculdades da USP na cidade de São Paulo. A opção pelos alunos do quarto semestre deve-se ao fato de corresponderem a amostra dos alunos concluintes em boa parte dos cursos de bacharelado os quais se supõe que já possam ter tido oportunidade de passarem por treinamento ou formação de competências informacionais.

Os questionários antes da aplicação serão submetidos a um pré-teste com a finalidade da realização de ajustes internos. Com os resultados do pré-teste, será avaliada a confiabilidade e consistência interna por meio do Alfa de Cronbach. Serão adotados questionários com valores considerados ACEITÁVEIS, ou seja, acima de 0,71 (GEORGE; MALLERY, 2003 apud GLIEM; GLIEM, 2003) Os dados obtidos serão analisados quantitativamente por meio de testes estatísticos que permitam identificar a significância das respostas dadas.

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4 CRONOGRAMA

2018 JAN/FEV MAR/ABR MAI/JUN JUL/AGO SET/OUT NOV/DEZ

Aprimoramento do projeto de pesquisa. X Levantamento e análise de publicações. X X Preparação dos instrumentos de pesquisa X Teste e validação dos instrumentos de pesquisa X Participação em evento científico X Publicação 1 X Aplicação dos instrumentos de coleta de dados X X X Participação em evento científico X Publicação 2 X

2019 JAN/FEV MAR/ABR MAI/JUN JUL/AGO SET/OUT NOV/DEZ

Tabulação e análise dos levantamentos. X X Participação em evento científico X Publicação 3 X Discussão dos resultados. X X X Participação em evento científico X Apresentação dos resultados. X Publicação 4 X

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REFERÊNCIAS

ALVES, G. Fapesp bloqueará verba de instituição que não adotar medidas antiplágio.

Folha de São Paulo, 2017. São Paulo. Disponível em:

<http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/04/1878564-fapesp-bloqueara-verba-de-instituicao-que-nao-adotar-medidas-antiplagio.shtml>. Acesso em: 05 Nov. 2017. ASSOCIATION, A. L. American Libra. Disponível em:

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CAREGNATO, S. E. O desenvolvimento de habilidades informacionais: o papel das bibliotecas universitárias no contexto da informação digital em rede. Revista de

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ZURKOWSKI, P. The information service environment relationships and priorities. Washington DC: National Commission on Libraries, 1974.

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ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA PROFESSORES

OBSERVAÇÃO:

Este questionário de pesquisa foi adotado no estudo realizado por Weiner (2014) com

PROFESSORES. Requer adaptação e validação para o desenvolvimento desta pesquisa, bem como pode servir de base para a elaboração dos questionários para BIBLIOTECÁRIOS e ALUNOS.

Referências

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