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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-201 – AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO DA CAMADA DE

COBERTURA FINAL COMO SUBSTRATO PARA A REVEGETAÇÃO DE

ATERROS SANITÁRIOS – ESTUDO DE CASO PARA O ATERRO SANITÁRIO

DE BELO HORIZONTE

Allan de Freitas Magalhães

Mestrando em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos (EE-UFMG). Engenheiro Florestal (UFLA). Técnico Agrícola (CEDAF/UFV)

Gustavo Ferreira Simões(1)

Professor Adjunto do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG. Engenheiro Civil (UFMG). Mestre e Doutor em Engenharia Civil (PUC-Rio).

Valéria Ferreira Coelho

Graduanda em Engenharia Civil (UFMG). Bolsista de Iniciação Científica (FAPEMIG).

Sofia Regina Lopes

Técnica de Laboratório da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. Graduanda em Geografia (PUC-Minas). Técnica em Química (CEFET-MG).

Endereço(1): Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia – EE-UFMG - Av. do Contorno,

842/608 - Centro - 30110-060 Belo Horizonte - MG - tel.: 31 32381792 - e-mail: gfsimoes@etg.ufmg.br

RESUMO

Atualmente o impacto ambiental tem sido alvo de inúmeros estudos, neste aspecto grandes áreas de solos degradados vão sendo incorporadas ao processo produtivo, tanto no nível da produção, propriamente dito, quanto para ampliação da infra-estrutura, tais como, aterros sanitários, barragens, estradas e conjuntos habitacionais. Boa parte destas áreas não possui cobertura vegetal, causando grandes transtornos à população que tenha acesso direto e indireto. Dentre esses efeitos negativos, mais especificamente para cobertura final de aterros de disposição de resíduos sólidos urbanos tem-se a suspensão de partículas de solo (poeira), surgimento de processos erosivos e, conseqüentemente, a exposição da massa de resíduos contribuindo para o vazamento de líquidos lixiviados (chorume) e gases. Este trabalho apresenta um estudo visando avaliar a qualidade do material utilizado como substrato para a revegetação dessas áreas, ou seja, diagnosticar a disponibilidade nutricional às plantas na profundidade de 0-20 cm em comparação às exigências técnicas. A área experimental está localizada no Aterro Sanitário da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) da BR-040, no Município de Belo Horizonte. As amostras foram coletadas em 11 parcelas experimentais, totalizando 30 amostras compostas em diferentes posições para cada parcela. Ao analisar os resultados pode-se verificar que o tipo de substrato possui um caráter bastante hostil, devido principalmente à sua heterogeneidade, sobretudo a sua baixa disponibilidade de matéria orgânica contribuindo assim para a baixa disponibilidade de nutrientes, especialmente na solução do solo. Portanto, haverá uma inibição da atividade biológica e do estabelecimento inicial da comunidade microbiana. Quanto à acidez ativa, os solos foram classificados como inadequado (6,2-8,2), ou seja, boa parte dos pontos coletados apresentou um pH alcalino, acarretando sérios problemas na disponibilidade de cálcio, magnésio, manganês e outros micronutrientes como zinco, ferro, cobre e boro. As amostras apresentaram baixa saturação por Al sendo justificado pela sua baixa concentração no substrato e uma alta saturação por base. Com este nível de fertilidade pode-se dizer que o substrato possui boa quantidade de macronutrientes, porém, o grau de saturação de Al dificulta essa disponibilidade. Para o estabelecimento da vegetação, na maior parte dos solos analisados, existem algumas restrições ao tipo de vegetação que se deseja implantar, ou seja, o ideal é utilizar espécies vegetais que, além de resistir à toxidez de alumínio, possua também uma maior capacidade de incorporar matéria orgânica ao solo.

PALAVRAS-CHAVE: Aterro Sanitário, Fertilidade do Solo, Áreas Degradadas, Cobertura Final,

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

INTRODUÇÃO

A degradação do solo tem sido alvo de inúmeros estudos, na medida que grandes áreas vão sendo incorporadas ao processo produtivo, tanto no nível da produção, propriamente dito, quanto para ampliação da infra-estrutura, tais como, aterros, barragens, estradas e conjuntos habitacionais.

O número crescente de aterros de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU), atualmente desativados, em desativação, ou em processo de remediação, aumenta a preocupação quanto ao uso futuro destas áreas e sua recuperação para benefício da população, a qual deve ser compensada pelos prejuízos sofridos durante o período de operação do aterro, com a melhoria de seu conforto ambiental. Além disso, posteriormente, estas áreas serão utilizadas para outros fins, como parques ecológicos, campo de futebol e/ou estacionamentos (ANDRADE e MAHLER, 2000).

No entanto, atualmente boa parte destas áreas não possui cobertura vegetal, causando grandes transtornos à população que tenha acesso direto e indireto. Dentre esses efeitos negativos tem-se a suspensão de partículas de solo (poeira), surgimento de processos erosivos e, conseqüentemente, a exposição da massa de resíduos contribuindo para o vazamento de líquidos lixiviados (chorume) e gases.

Durante a decomposição dos resíduos têm-se: a liberação de odores desagradáveis, tais como metabólicos microbianos e amônia, que podem causar reações alérgicas; liberação ou formação de poluentes orgânicos e de compostos que podem atuar como agentes metanogênicos e carcinogênicos para os seres vivos; liberação de nutrientes inorgânicos como nitratos, fosfatos e metais pesados, que podem contaminar o solo e corpos d’água; e transmissão de doenças para o homem e animais, além de atuar como atrativos para insetos (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002).

O sistema de cobertura final dos aterros de disposição de RSU faz parte do plano de encerramento das atividades do aterro sanitário e deve ser projetado e implantado de modo a garantir a estabilidade física, química e biológica da área até que o local se encontre em condições de ser preparado para a sua utilização futura. Manutenções e reparos nesse sistema são necessários por vários motivos, tais como, recalques e fenômenos erosivos (KOERNER & DANIEL, 1997).

Diante disso, algumas técnicas têm sido utilizadas dentro de programas de recuperação ambiental para este tipo de ambiente. A revegetação parece ser uma solução adequada para estes fins e sua adequabilidade a ambientes diversificados principalmente nos aspectos de disponibilidade de nutriente, precisa ser testada e monitorada.

Dependendo do tipo de técnica a ser utilizada para recuperar estas áreas, essa disponibilidade de nutrientes pode ser insignificante, portanto deve-se fazer todo um diagnóstico bem elaborado no intuito de verificar qual a situação real para não resultar em custos desnecessários ou insucessos.

Idealmente, busca-se o crescimento de plantas com baixa demanda de insumos externos e capazes de criar condições favoráveis aos mecanismos de regeneração natural da área.

As condições locais podem ser modificadas por processos artificiais (p.ex. adubação e revolvimento do solo) e por processos naturais de desenvolvimento de vegetação (p.ex. micorrização e nodulação). O sucesso das espécies individualmente dentro da comunidade irá depender das estratégias para o seu estabelecimento e crescimento. Essas estratégias são: intensidade do stress ambiental (disponibilidade de luz, água, nutrientes, temperatura etc.), distúrbios (atividades humanas, erosão, patógenos, drenagem e fogo), competição entre indivíduos e rusticidade.

Para que haja uma melhor adaptação, às vezes é necessário artificializar o ambiente antes do estabelecimento das plantas para que então possa aliviar o stress e diminuir os distúrbios.

Do ponto de vista nutricional, o solo sem cobertura vegetal é um grande deserto para os microrganismos heterotróficos. É nas imediações das raízes, isto é, na rizosfera, que eles encontram os substratos que necessitam para sua proliferação. Conseqüentemente, vários processos importantes do solo que influenciam a produção vegetal e a qualidade ambiental são maximizados na rizosfera.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

MATERIAIS E MÉTODOS Descrição da Área de Estudo

A área experimental está localizada no Aterro Sanitário da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) da BR-040, no Município de Belo Horizonte.

O estudo se insere em um projeto mais amplo que visa à avaliação do desempenho de técnicas de bioengenharia da conservação e proteção de taludes em aterros de disposição de RSU.

Foram delimitadas 33 (trinta e três) parcelas experimentais nos taludes de uma das células de aterramento, onde diversas técnicas de bioengenharia vêm sendo testadas. Cada parcela apresenta área de 60 e 70 m2, sendo 30 parcelas com 7,15 m de comprimento e 9 m de largura e 3 parcelas com 6,15 m de comprimento e 9 m de largura, dispostas lado a lado. As parcelas foram distribuídas em um delineamento de blocos ao acaso. A Figura 1 apresenta o detalhe de uma parcela.

Coleta de Amostras e Análises do Substrato

Objetivando avaliar a heterogeneidade observada nos materiais utilizados da camada de cobertura final do aterro, fez-se necessária a caracterização química inicial do material de cada parcela de forma sistematizada. As amostras foram coletadas em 11 parcelas experimentais, totalizando 30 amostras compostas em diferentes posições para cada parcela (base, médio e topo do talude) e profundidade de 0-20 cm, conforme sugerido por Silva (1999).

Retiraram-se as amostras compostas com peso variando de 400 a 450 g, que foram identificadas, embaladas individualmente e acondicionadas em temperaturas de 2 a 50C para realização de análises de fertilidade e de metais pesados posteriormente.

Figura 1. Visão de uma parcela

Os principais parâmetros químicos ou de fertilidade analisados foram: pH em água, acidez potencial (H+Al), macro e micronutrientes (N, P, K, Ca2+, Mg2+, Al3+), matéria orgânica (M.O), carbono (C), Valor de saturação em base (V), Soma de Bases Trocáveis (SB), Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (CTC), Índice de Saturação de Alumínio (m) e Capacidade Efetiva de Troca de Cátions (t). As análises foram realizadas nos laboratórios da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) conforme seus procedimentos (Quadro 1).

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Quadro 1. Métodos de caracterização do substrato utilizados

Caracterização do solo Unidade Metodologias e fórmulas utilizadas

Matéria orgânica dag/Kg Método colorimétrico

Carbono dag/kg C. Org = M.org /1,724

Nitrogênio dag/kg N = N.calculado /M.org

pH em H2O - Método do eletrodo combinado

pH - H+Al - Método da solução de acetato de cálcio e

titulação alcalimétrica do extrato Al3+ cmol.carga/dm3 Método do cloreto de potássio 1 normal Ca2+ cmol.carga/dm3 Método do cloreto de potássio 1 normal Mg2+ cmol.carga/dm3 Método do cloreto de potássio 1 normal

P Mg/dm3 Solução extratora Mehlich 1

K Mg/dm3 Solução extratora Mehlich 1

SB cmol.carga/dm3 SB=Ca2++H++Al3+

T cmol.carga/dm3 T=S+H++Al3+

t cmol.carga/dm3 t=Al3++Ca2++Mg2++K+

m % m=100.Al3+/S+Al3+

V % V=100.SB/T

FONTE: SILVA, 1999

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para que a amostra do solo seja representativa, a área amostrada deve ser a mais homogênea possível, porém esta não é a realidade que se apresenta nos aterros de disposição de resíduos sólidos de uma forma geral. Isso se deve ao fato de que, para a construção da cobertura final dos aterros não há, normalmente, um controle rigoroso da qualidade do material de cobertura (usualmente constituído de material argiloso e resíduos da construção civil), sob o ponto de vista de seu funcionamento como substrato para a implantação de cobertura vegetal.

Pelos dados apresentados na Figura 2, podemos observar uma alta variação do substrato para a M.O. (1,06-3,73 dag.Kg-1) conseqüentemente para o C e N. Em relação à qualidade nutricional, podemos classificá-lo como baixo à médio, sendo explicado pelo tipo de resíduo depositado como: concreto de construção civil e Horizonte C argiloso. Algumas amostras revelaram um caráter médio de qualidade orgânica, podendo ter sido causado pelo revolvimento causado pela passagem de máquinas durante a execução da cobertura final dos taludes.

O tipo de substrato possui no entanto, um caráter hostil devido a sua baixa disponibilidade de M.O. contribuindo assim para a baixa disponibilidade de nutrientes, especialmente na solução do solo. Portanto, haverá uma inibição da atividade biológica e do estabelecimento da comunidade microbiana. Ao se observar o teor de M.O. dentro de cada parcela, pode-se verificar também que existe uma variação entre as próprias posições no talude (baixo, médio e topo do talude), conforme Figura 4.

O valor de pH é amplamente utilizado como um importante indicador da acidez do substrato para fins de revegetação. Nesse aspecto, à acidez ativa do solo foi classificado como inadequada (6,2-8,2), ou seja, boa parte dos pontos coletados apresentaram um pH alcalino, sendo a faixa ideal de variação 5,5-6,0 (Figura 3). As amostras poderão ter sérios problemas na disponibilidade de cálcio, magnésio, manganês e outros micronutrientes como zinco, ferro, cobre e boro (RIBEIRO et al, 1999).

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Fertilidade do solo M edi ana 25%-75% Mí ni mo-M áxi m o Ou tlie rs Mat org C N Componentes químicos 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 dag/ K g Fertilidade do solo mediana 25%-75% Mínimo-M áximo O u tliers pH Acidez do solo 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 Grau de acidez

Figura 2. Variação de matéria orgânica na área Figura 3. Variação do pH na área

Para verificar a acidez potencial do solo foram diagnosticados os teores de H+Al. Observou-se uma variação de 0,61-1,49 cmolc.dm-3, o que permite a classificação, sob o ponto de vista agronômico, como baixa a muito

baixa. Isto significa que o solo poderá ter sérios problemas de toxidez, dificultando o enraizamento e disponibilidade de nutrientes na relação solo-planta. Normalmente o sintoma da vegetação para este tipo de toxidez se caracteriza basicamente no escurecimento de raízes e dificuldades de crescimento, tornando as raízes curtas e grossas.

Para o estabelecimento de microorganismos, em relação a acidez do solo, os melhores microrganismos para se estabelecer neste tipo de ambiente são os chamados basófilos, pois, preferem ambientes alcalinos (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002). Matéria ogânica 0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Parcelas experimentais Teo r de m at é ri a o rg ân ica ( d ag/ K g ) BT MT TT Acidez ativa 0 2 4 6 8 10 12 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Parcelas experimentais pH BT MT TT

Figura 4. Variação de M.O. na parcela Figura 5. Variação do pH na parcela

Os teores de fósforo no solo são também muito influenciados pelos processos bioquímicos iniciais. Neste aspecto pode-se observar na Figura 6 que a variação do fósforo foi muito baixa (<1,0-8,40 Mg.dm-3) em comparação com a concentração de potássio (37,0-266,0 Mg.dm-3). Dentro dos aspectos de fertilidade do substrato pode-se classificá-lo como muito baixo a baixo para o fósforo, considerando o teor de argila do substrato.

Observa-se que os teores de potássio, conforme a posição de amostragem no talude, variaram entre as parcelas e dentro da parcela (Figura 9). Sua classificação agronômica foi bastante indefinida, indo de baixo a muito bom. A concentração predominante foi de 60-170 Mg.dm-3, indicando que boa parte das áreas está com bom teor de potássio, porém isto não significa que este nutriente está na forma disponível.

Estes resultados diferem do obtido por ANDRADE e MAHLER (2000), que encontraram uma variação predominante nos teores de fósforo disponível (0-2 Mg.dm-3) e potássio (32 -110 Mg.dm-3) respectivamente.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Como o pH está acima do valor ideal, o Al3+ não se encontra precipitado, sendo encontrada uma variação de (0,01-0,02 cmolc.dm-3) e, portanto, a maioria dos nutrientes não estará na forma solúvel, passíveis de serem

absorvidos pelas raízes das plantas (Figura 7). Além disso, a toxicidade do alumínio será um fator limitante ao crescimento de plantas, uma vez que poderão também afetar vários microorganismos fixadores de N2 em vida

livre ou em simbiose. Fertilidade do solo Medi ana 25%-7 5% mí ni mo-M áxi m o P K Componentes químicos 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 160,0 180,0 200,0 220,0 240,0 260,0 280,0 Md/dm 3 Fertilidade do solo M ediana 25%-75% M ínim o-M áxim o O u tliers Al3+ Ca2+ Mg2+ Componentes químicos 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 cmol .c ar ga/ dm 3

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Fósforo 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Parcelas experimentais T e or de f ósf o ro ( M g/ dm 3) BT MT TT Potássio 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Parcelas experimentais T e or de po tá s s io ( M g /dm 3) BT MT TT

Figura 8. Variação do P na parcela no talude Figura 9. Variação do K na parcela

Os teores de Ca2+ apresentaram uma variação de 2,3-5,49 cmolc.dm-3, indicando que para este elemento o solo

possui uma boa qualidade agronômica, sendo explicado pelos tipos de materiais utilizados na cobertura final, com presença de produtos derivados de rochas calcáreas (Figura 7). Para as diferentes posições do talude observou-se variação desse elemento (Figura 10).

Cálcio 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Parcelas experimentais T e o r de cál c io ( c m o l. c/ dm 3) BT MT TT Magnésio 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Parcelas experimentais T e or de m agn és io ( c m ol .c (d m 3 ) BT MT TT

Figura 10. Variação do Ca2+ na parcela Figura 11. Variação do Mg2+ na parcela

Os teores de Mg3+ variaram de 0,25 a 1,71 cmol.dm-3, tanto entre parcelas quanto dentro das parcelas (Figura 7 e 11). Dentro da classificação agronômica para a maior parte das amostras trata-se de um solo bom.

A CTC potencial (pH 7) mostrou um comportamento semelhante ao C orgânico cuja classificação foi de baixo a médio.

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As amostras apresentaram uma baixa Saturação por Al, sendo justificado pela sua baixa concentração no substrato e uma alta Saturação por base. Pode-se dizer que o substrato possui boas quantidades de macronutrientes porém o grau de saturação de Al dificulta essa disponibilidade (Quadro 2).

Quadro 2 - Caracterização agronômica dos solos

Nutriente Unidade Faixa de concentração Interpretação

(RIBEIRO et al, 1999)

Soma de bases (SB) cmolc/dm3 2,71-9,53 Médio a Muito alto Acidez potencial (H+Al) cmolc/dm3 0,61-1,49 Muito baixo a Baixo

CTC efetiva (t) cmolc/dm3 2,72-6,77 Médio a Alto

CTC pH 7 (T) cmolc/dm3 3,77-7,49 Baixo a Médio

Saturação por Al (m) % 0,11-0,52 Muito baixo

Saturação por bases (V) % 73,29-91,51 Alto a Muito alto

Analisando os dados do Quadro 2, confirmou-se a características do solo de possuir cargas ocupadas pelo H porém, apresenta uma dificuldade na sua disponibilidade principalmente dos nutrientes como Ca2+, Mg2+ e K+, sendo representado pela baixa saturação de Al e CTC efetiva.

Para o uso de espécies vegetais o mais importante é utilizar espécies que por menor tempo incorpore uma boa quantidade de resíduo orgânico ao solo através da perda de sua parte aérea. Sendo as espécies da família leguminosas as mais indicadas (SANTOS et al, 2001).

CONCLUSÕES

Para as amostras utilizadas, a concentração foi baixa para H+Al (acidez potencial), Al3+ (saturação por alumínio) e alta para pH (H2O), P, K, Mg2+ e Ca2+, conferindo um caráter alcalino para substrato.

Em relação ao estabelecimento da vegetação, na maior parte das amostras analisadas existem algumas restrições ao tipo de vegetação que se deseja implantar, pelo baixo teor de alguns macronutrientes como carbono, nitrogênio e micronutrientes como Al.

Os solos utilizados nas camadas de cobertura final da área estudada se mostraram heterogêneos no aspecto da fertilidade, não se caracterizando como um substrato adequado para o estabelecimento da vegetação.

Os resultados obtidos nesta etapa do projeto conduziram a adoção de procedimentos de correção do solo, procurando uma formulação nutricional que diminua o pH e que aumente o teor de alumínio, de forma a torná-lo disponível no substrato para toda a área, bem como possibilitaram a escolha de espécies adequadas, minimizando desta maneira, os impactos ambientais e as chances de insucesso na sua revegetação.

AGRADECIMENTOS

À Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte - SLU, pelo apoio integral ao projeto; à Empresa DEFLOR Bioengenharia, pelo financiamento da pesquisa, e à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG, pela concessão da bolsa de Iniciação Científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANDRADE, J. C. M.; MAHLER, C. F. Avaliação de aspectos da fertilidade de metais tóxicos no solo de cobertura de um aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos visando sua vegetação. In: XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, 27, vitória. Anais... (CD ROM). Vitória: ABES, 2000. 2. KOERNER, R. M.; DANIEL, D. E. Final covers for solid waste landfills and abandoned dumps. 1. ed.

Virginia: Asce press, 1997. 256 p.

3. MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, O. S. Microbiologia e bioquímica do solo. 1. ed. Lavras: UFLA, 2002. 626 p.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

4. RIBEIRO, A. C.;GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a Aproximação. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Viçosa, MG, 1999. 359 p.

5. SANTOS, A. C.; SILVA, I. F.; LIMA, J. R. S.; ANDRADE, A. P.; CAVALCANTE, V. R. Gramíneas e leguminosas na recuperação de áreas degradadas: efeito nas características químicas de solo. Revista Brasileira de Ciências do solo, v. 25, p.1063-1071, 2001.

6. SILVA, F. C. da. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. – Brasília: EMBRAPA, 1999. 370p.

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