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O PASSADO AINDA PRESENTE: Atributos da casa modernista paulista na contemporânea

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Academic year: 2021

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O PASSADO AINDA PRESENTE: Atributos da casa modernista

paulista na contemporânea

Cassya Netto Vargas Mestranda

UniRitter/ Mackenzie

cassyanvargas@gmail.com

Resumo: O presente artigo tem por objetivo refletir sobre a produção dos arquitetos

modernistas paulistas por meio de seus atributos, mais especificamente a materializada em seus projetos residenciais, e sua influência na produção de casas contemporâneas. O trabalho analisa projetos referenciais de residências modernas construídas na capital São Paulo nas décadas de 1940 e 1950 e relaciona com a produção de escritórios paulistas de relevância nacional e internacional que possuem uma assumida visão crítica da arquitetura, no período de 2000 a 2015. São estabelecidos quatro critérios principais de análise e verificadas as características mais proeminentes de cada período. Por fim, o trabalho aponta relações formais e estéticas entre as edificações produzidas pela nova geração de arquitetos no panorama de um modernismo revisitado.

1 Introdução

Em meio à atual crise que ronda a disciplina arquitetura e urbanismo, há um crescente desenvolvimento de uma produção arquitetônica crítica. Escritórios brasileiros contemporâneos – reconhecidos tanto nacionalmente quanto internacionalmente – apresentam obras que vão de encontro com a produção de massa que vem da especulação mobiliária e da valorização do impacto cenográfico. Esses jovens arquitetos remetem a uma arquitetura modernista que permanece como referência.

No Brasil, a Arquitetura Moderna teve influência do racionalismo trazido por Le Corbusier na década de 1930 e no organicismo advindo de Frank Lloyd Wright na mesma época. Racional, pela busca das formas simples, elementos dos cinco pontos de Le Corbusier e organicista pelo emprego de materiais locais e a integração com a natureza. Os arquitetos brasileiros adequaram as ideias do movimento moderno internacional às condições locais, como clima, lugar e material disponível. Seria essa uma posição possibilitou arquiteturas originais de um regionalismo crítico definido por Frampton (2015) como a agregação do contexto na arquitetura. Desta forma, no cenário da produção referencial paulista deste período inicial do modernismo, o destaque se deu a nomes como João Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi, Rino Levi e Oswaldo Bratke.

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Para Mahfuz (2005a) os melhores projetos das últimas décadas no Brasil podem ser entendidos como continuação e evolução da Arquitetura Moderna surgida a partir de 1930 no país e admirada mundo afora. Nos últimos anos, consideravelmente desde a virada do século, surgiram preceitos que pretenderam substituir um modernismo aparentemente superado; “a existência de uma produção como a que comento aqui é prova cabal da vigência da modernidade”. (MAHFUZ, 2005b). Do conjunto desta obra referencial, algumas características constantes essenciais são identificadas nas edificações projetadas pelos profissionais da nova geração em questão, como a busca pelas formas puras e simples, grandes aberturas na proporção da fachada, distribuição fluída dos ambientes, integração dos espaços internos e externos e a racionalização do sistema construtivo. Aqui se relacionará estes atributos na obra dos dois períodos, entendendo que, apesar da forte influência na Arquitetura Moderna, os arquitetos contemporâneos não anseiam reaver um passado glorioso; buscam revisar os preceitos do modernismo, usando-o como base e adequá-lo à contemporaneidade, explorando novos contextos, combinações e tecnologias (CAVALCANTI; LAGO, 2005, p. 9).

O arquiteto Eduardo Kneese de Mello, em 1946, afirmou: “o verdadeiro hoje é o concreto armado, a estrutura de aço, as paredes livres e móveis, os grandes painéis de vidro, as formas simples”(MELLO, 1946, p. 168). Pode-se perceber uma similaridade nas constantes formais apontadas com as que serão exemplificadas na sua ocorrência em obras residenciais contemporâneas – construídas de 2000 a 2015 – de escritórios de São Paulo: UNA Arquitetos, FGMF, Grupo SP e SPBR Arquitetos. O objetivo não é fazer um apanhado do trabalho das equipes, mas sim apontar como a arquitetura atualmente produzida na capital paulista tem raízes no período modernista. Aqui será colocada em questão tal reverberação da moradia moderna na contemporânea por sua importância em conjunto com a visão crítica. 2 Sobre a simplicidade da forma

Uma das características mais marcantes do modernismo é a produção de volumes puros e despidos de decoração aplicada, em oposição à arquitetura eclética, dominante na época. Less is more, a frase manifesto de Mies Van der Rohe, e Ornament and crime, o texto manifesto de Adolf Loss, conduziram a produção dos anos iniciais. Le Corbusier fala de como as formas primárias como o cubo são as mais nítidas para o observador ao afirmar que “a arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes reunidos sob a luz”(CORBUSIER, 1973, p. 13).

No Brasil, o marco da arquitetura residencial modernista foi dado pela casa concebida por Gregori Warchavchik em 1927 e construída em 1928. Warchavchik também foi autor de texto manifesto a favor do racionalismo moderno em seu texto

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Acerca da Arquitetura Moderna. Sucessivamente, inúmeros feitos moldaram a casa

moderna brasileira, porém estes foram significativos uma década posterior à construção da Casa Modernista de Warchavchik, quando houve maior aceitação do modernismo. Em São Paulo, os arquitetos modernistas sofreram grande influência da obra de Mies Van der Rohe, a qual “transformada e adaptada, define algumas das suas características mais importantes e é parcialmente responsável pela qualidade dessa arquitetura” (MAHFUZ, 2005a). Uma das características mais adotadas foi o predomínio da horizontalidade, com os prismas puros sobrepostos. Como exemplar da combinação da herança racionalista e organicista, tem-se a Segunda Residência do arquiteto Vilanova Artigas (Figura 1), projeto de 1949, o qual Bruand (2008, p. 296) confere que volume apresenta leveza e elegância, além de no pureza no conjunto da obra.

Figura 1: Segunda Residência do Arquiteto. Vilanova Artigas (1949).

Fonte: Acervo da Autora.

A arquitetura pura e silenciosa1

reverbera na produção atual. Em Casa em Alto de Pinheiros (2004), do UNA Arquitetos e Casa Mattos (2015), do FGMF Arquitetos, foram propostas combinações de blocos prismáticos simples, sem o exagero da ornamentação e excesso de formas. As duas residências são projetadas da forma que o volume superior é mais fechado e o inferior mais transparente; os pilares afastados das fachadas de vidro do térreo sustentam o pavimento superior

1 Expressão utilizada por MAHFUZ (2005) em “Arquiteturas Silenciosas: Práticas de resistência nas

fissuras da sociedade mercantilista” para se referir à produção na nova geração com visão crítica da arquitetura, em oposição à arquitetura cenográfica.

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mais extenso, criando balanço em todas as direções que geram a proteção do sol. O jogo de cheios e vazios utilizado na morada moderna paulista ainda é vigente, assim como o uso da laje impermeabilizada no lugar do telhado cerâmico.

O mesmo ocorre na Casa Marquise (2013- Figura 2), também do FGMF Arquitetos, que deve influência à Casa Oscar Americano e à Casa do Arquiteto, obras de Oswaldo Bratke, construídas em 1953. Ambas são coroadas com marquise que unifica o todo, dando a sensação de um volume único que circunda um pátio interno. Outra semelhança é de as edificações parecerem de um pavimento, mas na verdade possuem dois: o inferior fica camuflado pelo desnível do terreno.

Figura 2: Casa Marquise, do FGMF Arquitetos (2015): a unidade do volume é dada pela marquise que coroa a edificação e os panos móveis de vidro que integram a sala com o exterior.

Fonte: Rafaela Netto.

3 Sobre os planos horizontais e verticais

O plano horizontal do habitat moderno, a planta, passou por uma racionalização dada pela distribuição dos ambientes conforme a função. Por questão cultural, a planta livre modernista passa por adaptações: a integração se apresenta mais nos ambientes de estar e jantar; a cozinha não é integrada – como nos projetos no exterior – e os espaços de serviço compõe parte considerável do programa. A forma de morar foi basicamente dividida em setor privado e social, onde o primeiro concentra a parte de dormitórios e o segundo o estar, cozinha e jantar. Na residência Castor Delgado Perez (1959), de Rino Levi, a separação desses setores é conformada com um pátio central. O arquiteto, segundo Cavalcanti e Lago (2005, p. 17) “(...) foi um mestre em criar espaços acolhedores com atmosferas intimistas, em contraste com o caos urbano”. Pode-se afirmar que não somente na casa de Levi,

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mas também em outras casas projetadas em São Paulo nas décadas de 40 e 50, já havia uma preocupação com a privacidade do usuário em relação à cidade. O emprego de recuos da casa em relação ao lote era novidade, quando até então as edificações comumente ocupavam toda a extensão do lote.

Ao analisar as residências contemporâneas percebe-se uma distribuição racional da planta e a mesma preocupação com a necessidade do morador e a privacidade dos modernistas, agora muito mais decorrente pela cidade mais consolidada e insegura. A aqui já citada Casa Marquise (Figura 2) está abaixo do passeio público; para quem ali passa não consegue visualizar somente a cobertura da casa. Nela, os setores estão divididos pelos pavimentos, solução que foi trazida pelos modernos. Aqui houve uma inversão: o setor social está no nível superior e o íntimo no nível inferior da edificação, enquanto o mais comum é o contrário, como na Casa no Jardim Paulistano (2015- Figura 4), do Grupo SP. A distribuição da planta nessa casa se dá de maneira fluída e é de três pavimentos e dá-se a partir do núcleo central em concreto armado. A herança da fluidez da planta das casas modernistas ocorre igualmente em projetos como o da Casa no Morro do Querosene (Grupo SP-2008), da Casa Boaçava (UNA Arquitetos- 2011), e da Casa Mattos (FGMF Arquitetos-2015).

Figura 3: Casa de Vidro. Lina Bo Bardi (1951).

Fonte: Acervo da Autora.

Partindo para dos planos horizontais para os verticais: a Casa de Vidro (1951 – Figura 3), projetada por Lina Bo Bardi, além da fluidez do espaço e área social em planta livre, é constituída pela fachada livre modernista. Conforme explica Josep Maria Montaner:

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Sua própria casa em São Paulo, a casa de Vidro (1951), baseia-se na planta livre, com espaços de estar totalmente envidraçados a partir do uso de uma fina esquadria metálica. Sobre os esbeltos pilotis constituídos por tubos Manessman, com estrutura horizontal de concreto armado e pátios ajardinados no interior da casa, este espaço para a vivência integra-se perfeitamente a um entorno de jardim tropical, com as cores e os odores da vegetação e os sons dos pássaros e insetos. (MONTANER, 2012, p. 21)

Com grande pano de vidro, é importante ressaltar também a Segunda Residência do Arquiteto de João Vilanova Artigas (Figura 1). Porém nem todas as casas modernas paulistas foram projetadas como as de Lina e Artigas, com predomínio do plano envidraçado sem proteção. Nas residências Castor Delgado Perez e Milton Guper, Rino Levi adotou a proteção fixa, um cobogó em concreto. Em ambas as construções o elemento vazado vira para o plano horizontal como uma cobertura em pérgula, “formando espécies de gaiolas de luz, sob as quais os jardins se acham protegidos contra todo excesso de insolação e vento” (MINDLIN, 2000, p. 86) Fato é que as casas construídas em São Paulo no período modernista possuem as aberturas em rasgos, não pequenas janelas com vergas e de largura reduzida como as até então construídas, como as aqui já citadas residências Oscar Americano e do próprio Bratke.

Figura 4: Casa no Jardim Paulistano (Grupo SP, 2015): volume simples, fluidez da planta, plano de vidro protegido por painel articulável metálico e integração com a natureza.

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A nova geração de arquitetos utiliza com frequência essa referência das grandes aberturas. Na Casa Marquise (Figura 2) todos planos envidraçados se comunicam com o exterior por meio de portas-janelas e dessa maneira cria a continuidade dos espaços. O mesmo ocorre no térreo da Casa Alto de Pinheiros; no pavimento superior, foram realizados grandes rasgos no prisma puro. As proteções – mais comumente os brises móveis – agora são utilizadas pelos contemporâneos com mais variadas tecnologias e materialidades para compor a fachada ao mesmo tempo em que conformam um plano único. Na mesma residência do Grupo SP (a Casa no Jardim Paulistano) nota-se que há o predomínio dos grandes panos de vidro. No segundo pavimento a superfície envidraçada está toda protegida por uma espécie de tela articulável.

4 Sobre a arquitetura tocando a natureza

Um grande aspecto da aceitação da Arquitetura Moderna nas moradias por parte dos clientes deu-se pela aproximação com a natureza, de um organicismo como foi adotado por Lina em sua Casa de Vidro (Figura 3), assim como na Casa Castor Delgado Perez e Milton Guper de Levi. Segundo Czajkowski (2010), a corrente orgânica teve influência de Frank Lloyd Wright ao passar pelo Rio de Janeiro na mesma época que Le Corbusier. Com ideias diferentes do international

style do racionalismo, Wright trouxe “a necessidade de conceber a obra como um

todo – espaço, forma e materiais, indissoluvelmente ligados ao meio” (CZAJKOWSKI, 2010, p. 38). Apesar das diferenças formais e compositivas, é considerável que a arquitetura orgânica do americano Wright foi colocada em prática com o racionalismo corbusiano nos projetos dos modernistas brasileiros e ainda servem como base para a nova geração.

A varanda – presente, por exemplo, nas casas Jardim Paulistano (Grupo SP) e Alto de Pinheiros (UNA Arquitetos) – como intermédio do pátio e o interior configurou um espaço de apreciação, aconchegante de se estar. Com o predomínio da vida urbana, as casas na cidade por vezes não conseguem ter o privilégio da integração com o ambiente natural, devido à distribuição dos lotes e das edificações mais aglomeradas. Entretanto, os arquitetos aqui em questão, ao buscar a qualidade ao projetar, encontram maneiras de inserir a natureza nos pátios das residências e assim proporcionam maior qualidade de vida aos seus moradores.

A Casa Bacopari, concluída em 2012 pelo UNA Arquitetos, foi projetada de uma maneira que remete à Casa de Vidro (Figura 3) de Lina, onde os ambientes envolvem um pátio interno. Localizada em um bairro arborizado da capital paulista, os arquitetos buscaram “construir um grande jardim que permeia a casa e que constrói uma paisagem própria, em continuidade com essa vegetação” (UNA

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ARQUITETOS, 2018). Mesmo no meio urbano consolidado, insere elementos naturais dentro de residência. Isso também ocorre, como já foi visto, na Casa Marquise e na Casa de Fim de Semana (2014- Figura 5) do SPBR arquitetos, onde a sensação é de estar fora da cidade grande, quando a residência se abre toda para o pátio vegetado.

Figura 5: Casa de Fim de Semana. SPBR Arquitetos (2014).

Foto: Nelson Kon.

5 Sobre o uso do concreto

A estrutura de concreto armado é uma das inovações tecnológicas que possibilitaram a forma de projetar da Arquitetura Moderna. “Uma das características mais positivas da arquitetura modernista brasileira foi o domínio absoluto da tecnologia do concreto” (CAVALCANTI; LAGO, 2005). O esquema dominó de Le Corbusier liberou as paredes de sua obrigação de suporte, libertando também a planta e as fachadas. No período modernista inicial, a estrutura segue a influência do sistema dominó, com alterações e sofisticações locais. É o caso da Casa de Vidro (Figura 3), da Casa Oscar Americano e da Casa de Oswaldo Bratke. Sobre essa última residência, Henrique Mindlin descreve que a disposição regular dos pilares de concreto sustenta a laje de concreto armado e “a estrutura independente dá a maior liberdade possível na colocação das paredes, tanto interiores como exteriores” (MINDLIN, 2000, p. 80).

Posteriormente, os paulistas – com o pioneirismo de Vilanova Artigas – produziram uma forma de projetar com o concreto que constituiu a denominada

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Escola Paulista. Conforme afirmam Abilio Guerra e Alessandro José Castroviejo Ribeiro,

(...) a produção do chamado “brutalismo paulista” mantém com a arquitetura das décadas anteriores visíveis elos de ligação, em especial a peculiar relação com o território, aonde a suspensão da edificação torna difícil o estabelecimento de uma rígida separação entre interior e exterior. Portanto, mais do que um rompimento, trata-se de uma continuidade segundo princípios renovados e/ou reinterpretados. (CASTROVIEJO RIBEIRO; GUERRA, 2006)

Independente do momento se almejava a verdade construtiva: a unidade entre forma e função – o edifício é o que é – ou seja, estrutura determina identidade formal (estruturas aparentes e pela estrutura que a distribuição da casa era articulada). A estrutura era valorizada e sua "forma final é explicada pelos autores como resultante do conceito estrutural” (CASTROVIEJO RIBEIRO; GUERRA, 2006). Carlos Lemos (2005), se referindo ao modernismo, diz que “numa constatação usual, o concreto armado ainda é entre nós a técnica construtiva própria de nossa produção moderna, ficando as estruturas metálicas só para atender a certos programas especiais, geralmente nos edifícios públicos”.

Hoje nas estruturas das casas ainda há o predomínio do concreto armado, porém por vezes aparece estrutura metálica como na Casa Bacopari, que conta com a presença de vigas metálicas que sustentam paredes laterais de concreto e por onde pousam as lajes pré-fabricadas. Há também uma variação nos padrões de utilização da estrutura de concreto. A Casa no Morro do Querosene apresenta estrutura convencional laje, viga e pilar, porém é mimetizada com a composição de dois planos laterais de concreto. O que igualmente pode ser observado nessa edificação é o uso do concreto aparente, mostrando a realidade do material. Os modernistas empregavam esse modo de construir, mas às vezes pintavam o concreto com cores primárias, sem reboco, como na Casa Olga Baeta de Artigas construída em 1957. Os contemporâneos preferem expor a materialidade do concreto, como pode ser observado também na residência projetada pelo SPBR Arquitetos (Casa de Fim de Semana- Figura 5) e na Casa Mattos do FGMF Arquitetos.

Do moderno ao contemporâneo, o concreto é o personagem que se reinventa. A herança dos balanços nas casas de Wright é visualizada na própria Casa Olga Baeta. Na atual vigência, o concreto parece flutuar na Casa de Fim de Semana: a estrutura é apoiada em dois apoios e o peso é contrabalanceado pelo volume da piscina e o da habitação. Na Casa Boaçava do UNA Arquitetos o peso do concreto é contrastado pela transparência do pavimento que o sustenta. Nos dois períodos a cor, a textura e materialidade do concreto são adotadas como recurso formal e estético, ademais do estrutural.

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6 Considerações finais

Do volume puro à organização da planta, a nova geração de arquitetos tem base nos projetos dos arquitetos modernos paulistas. Os escritórios aqui colocados – UNA Arquitetos, FGMF Arquitetos, Grupo SP e SPBR Arquitetos – se destacam pela qualidade da produção atual. A inegável influência modernista foi aqui relacionada em algumas casas construídas por esses profissionais em São Paulo desde a virada do século com as casas construídas na capital pelos modernistas, através dos atributos. Para chegar a essa conclusão, a análise foi realizada através dos critérios da simplicidade da forma, dos planos verticais (fachada) e horizontais (planta), da integração com a natureza e da utilização do concreto. Foram encontradas semelhanças e percebeu-se uma continuidade da produção modernista com revisões e adequações à contemporaneidade.

A referência no passado é importante para com crítica solidificar e evoluir a produção projetual. Desde o período modernista, a identidade brasileira foi fundamental para a obra não decorrer de uma mera cópia internacional. Os projetos apresentados têm em comum o uso adequado do terreno, a planta bem organizada e a verdade construtiva, num espírito de contínua e interminável pesquisa, sempre com criatividade, assim como os modernos. Considera-se que a relevância desse estudo reside na pesquisa histórica, crítica e projetual da arquitetura residencial contemporânea em São Paulo, que tem relação com a significativa produção modernista. Pode-se dizer que os escritórios da nova geração aqui analisados possuem e terão cada vez mais importância âmbito nacional e internacional. O que se espera é que a formação de uma visão crítica alcance não somente os arquitetos, mas ainda os leigos, para a arquitetura cenográfica não ser o objeto de desejo das pessoas e sim um todo bem planejado.

Referências

BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.

GUERRA, A.; CASTROVIEJO RIBEIRO, A. J . Casas brasileiras do século XX. Arquitextos, São Paulo, ano 7, n. 074.01, Vitruvius, jul. 2006 Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.074/335. Acesso em 20 mai. 2018.

CAVALCANTI, L. P.; LAGO, A. C. DO. Ainda moderno? Arquitetura brasileira contemporânea. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

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CZAJKOWSKI, J. Arquitetura racionalista e a tradição brasileira. In: Textos fundamentais sobre história da arquitetura moderna brasileira_parte 2. São Paulo: Romano Guerra, 2010. p. 33-46.

FRAMPTON, K. História crítica da arquitetura moderna. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2015.

LEMOS, C. A. C. O modernismo arquitetônico em São Paulo. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 065.01, Vitruvius, out. 2005. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/413. Acesso em:13 mai. 2018.

MAHFUZ, E. DA C. Ordem, estrutura e perfeição no trópico: Mies van der Rohe e a arquitetura paulistana na segunda metade do século XX (1). Arquitextos, São Paulo, ano 5, n. 057.02, Vitruvius, fev. 2005. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/498. Acesso em: 15 mai. 2018.

MAHFUZ, E. DA C. Arquiteturas Silenciosas: Práticas de resistência nas fissuras da sociedade mercantilista. Arquitetura e Urbanismo, n. 137, p. 38-45, ago. 2005b.

MELLO, E. K. DE. Porque Arquitetura Contemporanea. Acrópole, São Paulo, ano 9, n. 102, p. 159-168, out. 1946.

MINDLIN, H. E. Arquitetura Moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.

MONTANER, J. M. A modernidade superada: ensaios sobre arquitetura contemporânea. 2. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2012.

UNA ARQUITETOS. Website institucional. Casa Bacopari. Disponível em: http://www.unaarquitetos.com.br/site/projetos/detalhes/48/casa_bacopari. Acesso em: 28 mai. 2018.

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