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EFEITO DE DIFERENTES DOSES DE EXTRATO DE ALHO (Allium sativum L.) NA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE CABERNET SAUVIGNON (Vitis vinifera L.

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE

DO SUL CAMPUS BENTO GONÇALVES

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA

EFEITO DE DIFERENTES DOSES DE EXTRATO DE ALHO

(Allium sativum L.) NA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE

CABERNET SAUVIGNON (Vitis vinifera L.)

Jhonatan Marini

Prof.a Larissa Dias de Ávila - Orientadora

Bento Gonçalves Setembro 2011

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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves

Curso Superior de Tecnologia Em Viticultura e Enologia

EFEITO DE DIFERENTES DOSES DE EXTRATO DE ALHO

(Allium sativum L.) NA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE

CABERNET SAUVIGNON (Vitis vinifera L.)

Jhonatan Marini

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do título de Tecnólogo em Viticultura e Enologia.

Prof.ª Larissa Dias de Ávila- Orientadora

Bento Gonçalves Setembro 2011

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família pelo apoio e incentivo desde o início das minhas atividades letivas até o transcorrer final deste curso, a minha irmã, Morgana Zambiasi Marini, que mesmo estando longe sempre me ajudou e em especial aos meus pais, Ari Marini e Ana Zambiasi Marini pela educação e incondicional participação nos meus estudos e minha carreira profissional.

Ao meu supervisor de estágio, Doutor Henrique Pessoa dos Santos, pelo aprendizado, pela amizade e por instruir-me de maneira objetiva enquanto estagiário da Embrapa Uva e Vinho. E aos demais colegas de laboratório na Embrapa, Daniel Antunes, Marcelo Zart e Leonardo Cury, obrigado por tudo.

A Fapergs pela concessão da bolsa de estudo durante o período de estágio na Embrapa Uva e Vinho.

Aos professores que formam o corpo docente do IFRS-BG, especialmente ao professor Evandro Ficagna pelo suporte na análise estatística e a professora Larissa Dias de Ávila pela atenção, dedicação e apoio técnico durante a trajetória da pesquisa.

A minha namorada, Juliana Toniolo Rossatto, pelo incentivo, além do carinho, amor e compreensão a mim despendidos.

A todos os amigos que me apoiaram durante esta trajetória, em especial os amigos Maciel Ampese e Guilherme Caio.

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SUMÁRIO

RESUMO ... 6

ABSTRACT ... 7

1. INTRODUÇÃO ... 8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 10

2.1 Ecofisiologia da videira e fatores envolvidos na dormência ... 10

2.1.1 Ácido Abscísico (ABA)... 12

2.2 Quebra de dormência da videira ... 12

2.2.1 Incisão anelar ... 13

2.2.2 Arqueamento de ramos da videira ... 14

2.2.3 Manejo hídrico ... 14

2.2.4 Cianamida Hidrogenada ... 15

2.3 Produtos Alternativos ... 16

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 18

3.1 Caracterização da área experimental ... 18

3.2 Delineamento experimental e tratamentos ... 19

3.3 Coleta de dados ... 20

3.4 Análise Estatística ... 21

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 22

5. CONCLUSÕES ... 27

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FIGURAS E TABELAS

FIGURA 1. Imagem aérea do local do experimento ... 18

FIGURA 2. Croqui da área experimental, sendo que cada célula representa 5 plantas . 19 FIGURA 3. Rolo utilizado na aplicação dos tratamentos ... 20

FIGURA 4. Os estádios fenológicos da videira. Estádio C ou 05 ou 09. Ponta verde. Proposto pela IFV ... 20

FIGURA 5. Médias das porcentagens de brotação durante todo o período estudado ... 24

FIGURA 6. Imagem de vara de produção do T1, em 20/10/10 ... 25

FIGURA 7. Imagem de vara de produção do T3 em 20/10/2010 ... 25

FIGURA 8. Imagem de vara de produção do T2 em 20/10/10 ... 26

TABELA 1. Porcentagens de brotação nas datas 22/09, 27/09 e 18/10 nas videiras submetidas aos tratamentos T1, T2, T3, T4, e T5 ... 22

TABELA 2. Médias de temperaturas < 7,2°C e < 10°C no período de 1976 a 2009 e no ano de 2010 ... 24

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RESUMO

A videira é uma planta de clima temperado, com fisiologia dependente da superação de dormência. Produtos sintéticos são comumente usados para auxiliar a superação de dormência, resultando melhor padronização da brotação, floração e conseqüentemente, da produção. Atualmente, existe uma dependência do uso desses compostos, em vista de seus benefícios, especialmente em regiões tropicais. Com a intenção de testar produtos alternativos que induzam a quebra de dormência em videiras, tendo em vista a toxidez dos já existentes no mercado, foram avaliadas doses diferentes de extrato de alho (Bioalho®, Natural Rural S.A., E.A.) e óleo mineral (Assist® 750 mL L-1 óleo mineral, Basf S.A., O.M.), as quais foram comparadas ao efeito da cianamida hidrogenada (Dormex™, 520 gL-1 H2CN2, Basf S.A., D).

O experimento foi realizado na área experimental da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS, na safra 2010/2011. Foi utilizado um vinhedo de Vitis vinifera cv. Cabernet Sauvignon, com plantas de 10 anos, enxertadas sob porta-enxerto Paulsen 1103 e cultivadas no sistema de condução Latada (2,5 x 1,5 m). Foi realizada poda mista deixando-se 4 varas por planta, com 7 a 8 gemas por vara. O delineamento experimental foi o de blocos inteiramente casualizados, utilizando 4 fileiras de plantas, sendo cada fileira dividida em 2 blocos. Foram consideradas 5 plantas por bloco, num total de 40 plantas por tratamento. Os tratamentos utilizados foram: T1, água (testemunha); T2, D 2,5% i.a.; T3, E.A. 5% + O.M. 2%; T4, E.A. 10% + O.M. 2%; T5, E.A. 10%. As varas foram tratadas em 09/09/2010, com auxílio de uma esponja umedecida e o acompanhamento da brotação foi realizado 3 vezes por semana entre os dias 15/09 e 20/10/2010. Apenas as gemas com ponta verde foram consideradas como brotação. Os tratamentos T3 e T4 apresentaram uma porcentagem de gemas brotadas superior a da testemunha, T1, porém não se distanciaram muito dos tratamentos T2 e T5. Ocorreu uma antecipação na brotação do T2 em relação ao T1, que por sua vez também se antecipou em relação ao T3, T4 e T5.

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ABSTRACT

The vine is a plant of temperate climate, with dependent physiology of dormancy breaking. Synthetic products are commonly used to help overcome dormancy, resulting in better standardization of budding, flowering, and consequently, of the production. Actually, there is a dependence on the use of these compounds, in view of its benefits, especially in tropical regions. The aim of this study was to evaluate alternative products to induce dormancy breaking in grapevines, in view of the toxicity of the existing in the market. Thus, we used different doses of garlic extract (Bioalho®, Natural Rural S.A., E.A.) and mineral oil (Assist® 750 mL L-1 óleo mineral, Basf S.A., O.M.) which were compared to the effect of hydrogen cyanamide (Dormex™, 520 gL-1 H2CN2, Basf S.A., D). The experiment was

conducted at the Embrapa Uva e Vinho Bento Gonçalves, RS in the 2010/2011 vintage. The vineyard of Vitis vinifera cv. Cabernet Sauvingnon, with 10 years-old plants, grafted on Paulsen 1103 rootstock and cultivated in trellis training systems (2.5 x 1.5 m) was subjected to mixed pruning leaving 4 rods per plant, with 7 to 8 buds per stick. The experimental design was in randomized blocks, using 4 rows of plants. Each row was divided into two blocks containing five plants, for a total of 40 plants per treatment. The treatments were: T1, water (control), T2, D 2.5%, T3, EA 5% + OM 2%, T4, EA 10% + O.M. 2%, T5, EA. 10%. The rods were treated at 09/09/2010, with the help of a damp sponge. The budding was followed three times a week between days 15/09 and 20/10/2010. The budding was assessed only by buds with green tip. The T3 and T4 treatments showed a higher percentage of budding than control, T1, but were similar to T2 and T5 treatments. The budding occurred earlier in T2 than T1, which in turn was also earlier than T3, T4 and T5.

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1. INTRODUÇÃO

A videira pertence à família Vitacea, gênero Vitis, e é umas das culturas mais antigas da civilização (Queiroz-Voltan & Pires, 2003). No Brasil ela é cultivada principalmente no Rio Grande do Sul, onde é responsável pela metade da produção nacional de uvas (Brito, 2006).

As fruteiras de clima temperado caracterizam-se pela queda das folhas no final do ciclo vegetativo e entrada em dormência no inverno, fenômeno fisiológico regido por vários processos bioquímicos e enzimáticos e, dependente de substâncias de reserva da planta, o que permite a sua sobrevivência em condições de baixas temperaturas. Para que essas plantas iniciem um novo ciclo na primavera, é necessária a sua exposição a um período de frio, variável para cada espécie e cultivar (Petri et al., 1996).

A brotação irregular de videiras, principalmente em regiões com invernos amenos, pode tornar-se um fator limitante na produção comercial de uvas. De maneira geral, um período de frio é necessário para superar o estado de dormência e promover a brotação uniforme das gemas (Lavee & May, 1997).

Contudo, existem práticas de manejo que podem favorecer a brotação e viabilizar o ajuste de uma cultivar a uma realidade de clima. Entre essas práticas temos o manejo hídrico, a incisão anelar, o arqueamento de ramos e o uso de produtos químicos que atuam como reguladores de crescimento (Leão, 2001).

A utilização de reguladores de crescimento é praticada há muitos anos na viticultura, sendo a cianamida hidrogenada (H2CN2) um dos produtos mais utilizados. Esse produto tem

proporcionado a garantia de brotação uniforme e produção em condições de clima tropical (Reddy & Shikhamany,1989; Pires, 1998) e de invernos irregulares em regiões mais frias (Miele, 1991). Com o objetivo de manter a saúde do produtor e controlar os impactos ambientais possivelmente causados pelo uso da cianamida hidrogenada, apesar da sua eficácia, a sua utilização vem sendo contestada, tendo em vista a classe de toxidez a qual se enquadra (Classe I – altamente tóxico). Produtores de uvas que buscam a certificação orgânica e querem exportar o produto tem como fator limitante a alta toxicidade da cianamida. O problema mais grave ainda é onde o uso deste produto se torna fundamental para o desenvolvimento da viticultura, como nas regiões tropicais.

Diante desta situação, tem-se observado uma busca constante nos últimos anos por um novo produto que apresente a mesma eficácia da cianamida hidrogenada, porém sem danos à

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saúde do produtor bem como ao meio ambiente. Em razão disso cresceu o número de pesquisas relativas ao tema, tendo como foco dos experimentos a calda sulfocálcica, o óleo mineral e o extrato de alho. No intuito de buscar substâncias alternativas com menor impacto ambiental, o extrato de alho apresenta resultados promissores na quebra da dormência de fruteiras de clima temperado (Botelho & Müller, 2007).

Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses de extrato de alho na superação da dormência de Cabernet Sauvignon (Vitis vinifera L.), na região de Bento Gonçalves – RS.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Ecofisiologia da videira e fatores envolvidos na dormência

A dormência é conhecida pelo período no ciclo de vida de um organismo no qual o desenvolvimento é temporariamente suspenso, é um fenômeno de ordem biológica que pode ocorrer em diferentes tecidos e órgãos vegetais, e principalmente em espécies de clima temperado. Ela minimiza o gasto energético, por reduzir a atividade metabólica, e pode auxiliar um organismo a conservar energia.

Pires & Pommer (2003) consideram como principal hormônio envolvido no processo de dormência o ácido abscísico (ABA), presente nas folhas, principalmente quando ocorrem as primeiras reduções de temperatura no outono. Antes da síntese do fito-hormônio ABA (ácido abscísico), carboidratos e outras substâncias orgânicas e minerais migram do limbo e do pecíolo para ramos de um ano de idade, troncos e raízes, onde são armazenadas na forma de amido e macromoléculas necessárias para o período de repouso hibernal (Pires e Pommer, 2003).

Segundo Lang et al. (1987), a dormência de gemas pode ser classificada em três tipos: paradormência, endodormência e ecodormência. A endodormência ocorre somente em regiões de ocorrência de frio, nos meses de inverno, caracterizada pela paralisação do desenvolvimento da gema em função de eventos bioquímicos e fisiológicos que acontecem nas gemas. A paradormência ocorre durante o ciclo de vegetação/produção da planta e é resultante da influência de outro(s) órgão(s) vegetal(is) sobre a gema, sendo mais conhecida como “dominância apical”. Por fim, a ecodormência ocorre após o período de inverno quando as gemas já superaram a endodormência e corresponde a limitação de brotação quando as condições de temperatura ou disponibilidade hídrica não estão favoráveis.

O estado de endodormência é atingido quando a videira, da mesma forma em outras frutíferas de clima temperado, ao final do ciclo vegetativo, perde as suas folhas. Determinado comportamento fisiológico é necessário para que as plantas iniciem um novo ciclo na primavera (Petri et al., 1996), e desta forma sobrevivam em condições de baixas temperaturas. Em condições tropicais as videiras não acionam a endodormência pela ausência de frio, portanto, ocorrem somente a paradormência (com predomínio de brotações apicais e crescimento vegetativo contínuo) e a ecodormência (coordenada pela disponibilidade hídrica).

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Nas regiões áridas e quentes do Vale do Rio São Francisco, devido à falta de frio, a videira nunca entra em dormência verdadeira, sendo a queda de suas folhas forçada pela supressão da água de irrigação e/ou aplicação de fito-hormônios. Para que a videira rebrote é preciso aplicar tratamentos químicos às gemas, para que ocorra a quebra de dormência e o reinício do suprimento de água (Giovaninni & Manfroi, 2008).

Em regiões frias onde ocorre a endodormência, é necessário que a videira seja exposta a baixas temperaturas (T ≤ 7,2ºC), para que supere esse processo de dormência e inicie a brotação. A intensidade e a regularidade do frio hibernal são de extrema importância, pois flutuações de temperaturas elevadas durante o período de inverno prejudicam a uniformidade de brotação na primavera, limitando o potencial de produção. Essa situação desfavorável pode tornar-se mais intensa se considerarmos as projeções de aquecimento global (Lima et al., 2001). De modo geral, as videiras necessitam de 50 a 400 horas de frio (T ≤ 7,2ºC), dependendo da cultivar (Dokoozlian, 1999), para atingir a máxima capacidade de brotação. Além disso, as respostas às baixas temperaturas são variadas de acordo com a sanidade, a nutrição e a idade das gemas e influenciam no crescimento e na sobrevivência das plantas (Zanette et al., 2000).

O crescimento vegetativo da videira tende a ser contínuo e predominantemente nas gemas distais, resultando em plantas com grande dominância apical e com diferentes estágios de desenvolvimento ao longo do ano. Esse crescimento apical é típico da paradormência, o qual limita o número total de gemas brotadas por planta (Schenato et al., 2007), afetando diretamente a produtividade. Diante dos efeitos da endodormência e paradormência sobre a videira, a viabilização dos cultivos depende inicialmente da adoção de cultivares mais adaptadas às condições de cada local de cultivo.

A ausência de frio no inverno produz efeitos adversos na videira, tais como o atraso na brotação das gemas, diminuição de ramos por planta e da produtividade, pouca uniformidade e desenvolvimento dos ramos e atraso na maturação das bagas (Petri, 2003), promovendo uma perda significativa na qualidade da fruta e conseqüentemente o seu valor comercial.

O crescimento vegetativo, e o ciclo vital da planta, são algumas situações em que temperatura influencia diretamente, possibilitando assim a obtenção de duas safras por ano, onde é feito um manejo com indutores de supressão de dormência, já que essa fase é fundamental para a produção.

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2.1.1 Ácido Abscísico (ABA)

O ácido abscísico (ABA) é um ácido fraco, sintetizado por vegetais superiores, algas e fungos que, na grande maioria dos casos, retarda o crescimento e desenvolvimento das plantas. As maiores concentrações de ABA têm sido encontradas nas folhas, gemas, frutas e sementes, porém pode ser encontrado em todas as partes das plantas. A concentração de ABA pode ser aumentada em condições de estresse, causado por falta de água, baixas temperaturas, ataque severo de pragas e doenças, entre outros. O transporte se dá via floema e xilema e a inativação pode ocorrer devido a uma ligação com glicose ou através da oxidação.

As principais respostas fisiológicas do ABA estão relacionadas com o fenômeno da dormência, quer seja de sementes ou de gemas. O ácido abscísico também está relacionado com a adaptação ao estresse, controle estomático, abscisão e senescência de folhas, flores e frutas.

O ácido abscísico também atua no mecanismo estomático. Quando as folhas apresentam uma perda de água da ordem de 10% e murcham, ocorre um aumento rápido de ABA, de cerca de 40 vezes, que promove o fechamento dos estômatos. Esse efeito também ocorre com a aplicação exógena de ABA.

2.2 Quebra de dormência da videira

A quebra de dormência é controlada por diversos fatores, entre os quais se destacam os ambientais como água, luz e pressão do oxigênio e, a ação de alguns compostos químicos (Amberger, 1984).

Em regiões onde a dormência não é superada pelo frio do inverno, sendo esse muito curto ou com baixa intensidade de frio, ou as cultivares empregadas tenham uma necessidade muito grande de horas de frio, há a necessidade de emprego de produtos químicos para a quebra de dormência (Giovannini & Manfroi, 2009). Essa técnica visa à antecipação da brotação e um aumento na brotação.

Em geral, o aumento na porcentagem de gemas brotadas conduz a uma maior produtividade e melhor formação de ramos, que ficarão para a poda do ano seguinte. Entretanto, esses benefícios são acompanhados por diminuição da graduação em açúcar e, as vezes, da coloração da uva (Cartabellotta et al., 1994).

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Há fortes evidências de que um dos principais mecanismos envolvidos na quebra de dormência de plantas frutíferas de clima temperado esteja relacionado à indução pelo estresse oxidativo (Pinto et al., 2007). De acordo com Pinto et al. (2007), o H2O2 funcionaria como um

sinal químico, ativando diretamente a expressão de genes ou, indiretamente, provocando alterações metabólicas que são detectadas por outras moléculas, como, por exemplo, quinases, que ativariam ou reprimiriam a expressão de genes responsáveis pela saída da dormência. Segundo Pérez & Lira (2005), tanto a aplicação de cianamida hidrogenada como a exposição ao frio inibiram a atividade de catalase, a principal enzima responsável pela degradação do peróxido de hidrogênio (H2O2) na gema de videiras.

Muitos compostos químicos como dinitro-orto-cresol, tioureia, nitrato de potássio, nitrato de cálcio, ácido giberélico e cinetina são citados como efetivos na quebra de dormência, mas a videira responde bem a compostos que contenham cianamida (Pires, 1998).

2.2.1 Incisão anelar

A incisão anelar é uma técnica de manejo que pode promover, de acordo com a época realizada, uma superação de dormência mais satisfatória, pois possibilita um maior direcionamento de carboidratos a gema dormente. Consiste na remoção de um anel completo da casca, de 3,5 mm a 6,5 mm de largura, de ramos da videira. O ferimento deve interromper somente os vasos que conduzem a seiva elaborada (a casca e o líber). Portanto, as partes que ficarem acima da incisão receberão os carboidratos sintetizados nas folhas, ficando supernutridos. Essa nutrição em excesso persistirá enquanto não ocorrer a cicatrização do ferimento. Posteriormente, como a recomposição dos tecidos não fica igual ao que era antes da incisão, continuará havendo um pequeno excesso nutricional na região acima do anelamento.

A prática da incisão anelar é aplicada com diversas finalidades e deve ser feita com instrumentos apropriados, que são chamados incisores, sendo em forma de tesoura de poda ou canivete, provido de duas lâminas de corte paralelas, distanciadas na medida em que se deseja a espessura do anel a ser retirado (Leão & Maia, 1998).

O anelamento é praticado nos países produtores de uva de mesa, sendo pouco empregado no Brasil. Deverá ser mais bem estudado em condições locais, pois tem o inconveniente de causar estresse nas partes da videira que ficam abaixo dos cortes. Estas partes ficarão, temporariamente, privadas da normal nutrição. Em condições tropicais onde o

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metabolismo é intenso, a incisão não deverá ser praticada em ciclos consecutivos nas mesmas plantas (Leão & Maia, 1998).

2.2.2 Arqueamento de ramos da videira

A prática de torção de ramos é comum entre os produtores de uva, especialmente em condições tropicais, para induzir quebra de dormência das gemas. Entretanto, o seu emprego poderá facilitar a entrada de patógenos pelas aberturas que são feitas nos ramos seccionados (Tavares et al., 2000). Consiste em se forçar as varas de produção, por meio de torção feita com as mãos, antes da amarração no aramado. Esta prática tem por objetivo aumentar a brotação das gemas (Giovannini & Manfroi, 2009)

2.2.3 Manejo hídrico

Tanto a deficiência como o excesso hídrico afetam de maneira marcante o comportamento dos estádios fenológicos da cultura da videira.

Teixeira & Azevedo (1996) constataram que, para uma boa produtividade da cultura da videira, é recomendável que o desenvolvimento vegetativo da planta ocorra sob condições de déficit hídrico e que as necessidades hídricas de cada fase fenológica sejam satisfeitas através da irrigação, no entanto, a escolha do sistema de irrigação depende de uma série de fatores técnicos, econômicos e culturais, mas o gotejamento e a microaspersão se destacam por suas vantagens.

De acordo com Winkler et al. (1974) para parreirais californianos, o consumo hídrico da videira durante todo o seu ciclo varia de 405 a 1370 mm, enquanto Doorenbos & Kassam (1979) afirmaram que, de maneira geral, as necessidades hídricas variam de 500 a 1200 mm, dependendo do clima, do solo, da variedade e do manejo cultural.

Nas regiões tropicais o crescimento vegetativo da videira é contínuo, resultando em plantas de diversos estádios de desenvolvimento ao longo do ano. Isto ocorre porque o repouso não é estimulado pelas temperaturas baixas, sendo este, necessariamente, induzido por déficit hídrico ou por tratamentos com reguladores de crescimento para facilitar a condução e manejo das plantas.

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Além de interferir em outros processos fisiológicos como crescimento e dormência, o ABA atua como regulador do balanço hídrico das plantas sob estresse, induzindo ao fechamento dos estômatos e mantendo a absorção de água pelas raízes (Taiz e Zeiger ,1991).

2.2.4 Cianamida Hidrogenada

A cianamida hidrogenada (H2CN2) é um regulador vegetal que serve para romper a

dormência das gemas de várias espécies de plantas decíduas como maçã, amêndoa, figo, uva, pêssego, caqui e ameixa. O produto leva a uma brotação precoce e mais uniforme, aumentando a porcentagem total de gemas brotadas (Shulman et al., 1986). A cianamida hidrogenada não é um composto químico novo. É conhecido há muito tempo por ser uma das fases da decomposição no solo do fertilizante nitrogenado calciocianamida (Bonnaire & Rieder, 1985).

O método mais difundido para a superação de dormência é a aplicação de cianamida hidrogenada H2CN2, comercialmente denominada de Dormex™, que é uma solução aquosa

estabilizada em 52% de ingrediente ativo, classificada como extremamente tóxico, (Classe I). Cianamida hidrogenada pode ser letal às plantas em altas concentrações ou quando aplicada em estádio fisiológico inadequado. Além disso, tanto a espécie e o cultivar (genótipo), como o estado nutricional, modo de aplicação e as condições climáticas podem influenciar no sucesso do uso da cianamida hidrogenada (Miele, 1991). No que diz respeito ao clima, Lavee et al. (1984) relatam que o grau de resposta à cianamida hidrogenada depende da interação entre a sensibilidade do cultivar, do estádio fisiológico da gema e das condições ambientais, principalmente da intensidade de frio a que as plantas são submetidas.

A necessidade de restringir cada vez mais o uso de substâncias sintéticas na condução dos pomares torna a questão da quebra de dormência química de plantas frutíferas um fator limitante para a atividade no Brasil (Sanhueza et al., 2003). O que torna este problema ainda mais alarmante é a alta toxicidade da cianamida hidrogenada, que pode provocar ulcerações nos olhos, pele e trato respiratório, além de inibir a aldeído desidrogenase, levando à síndrome de acetaldeído (e.g.; vômito, hiperatividade parassimpática, dispnéia, hipotensão e desorientação). A Agência de Proteção Ambiental (EPA) classifica o Dormex™ (490g L-1 de H2CN2) na mais alta categoria de toxicidade (categoria I) devido aos seus efeitos corrosivos

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levou à suspensão temporária das vendas do produto comercial Dormex™ em 2002, na Itália, e revisão de sua regulamentação pelas autoridades da União Européia (Settimi et al., 2005).

2.3 Produtos Alternativos

Atualmente existem apenas dois produtos sintéticos registrados no Ministério da Agricultura para a quebra de dormência, e ambos são tóxicos para os humanos (Sanhueza, 2003), por isso a necessidade de encontrar algum produto menos agressivo é fundamental.

Estudos mostram a eficiência de outros métodos como menor impacto ambiental para a quebra de dormência. Produtos à base de alho ou de fertilizantes organominerais também pode ser utilizados para superar a dormência de gemas frutíferas.

O extrato de alho vem sendo testado no Brasil e Japão, e tem apresentando eficiência na superação da dormência de diversas cultivares de videira, como 'Muscat of Alexandria', 'Pione' e 'Thompson Seedless' (Kubota & Miyamuki, 1992; Kubota et al., 2000) e macieiras, como 'Royal Gala' (Botelho & Müller, 2007). As substâncias presentes no alho, que estimulam a superação da dormência em plantas frutíferas são compostos voláteis, contendo enxofre ligados com grupos alil (CH2CHCH2), particularmente dialil-dissulfito, que é o sulfito

mais abundante no alho, e dimetil dissulfito, os quais correspondem as mesmas substâncias do aroma do alho, embora os dialis mono, tri e tetra sulfitos possam também estar envolvidos. Possivelmente, estes compostos atuariam pelo mesmo mecanismo proposto por Pinto et al. (2007), na quebra de dormência de plantas frutíferas de clima temperado, ou seja, através do estresse oxidativo, via acúmulo de H2O2 (Kubota et al., 1999). Na quebra de dormência de

gemas de videira, a utilização de produtos a base de alho foram satisfatórias sem causar fitotoxidade (Botelho, 2007).

O Bioalho® é um produto obtido da extração a frio do extrato de alho por prensagem, sendo totalmente solúvel em água e adicionado de adjuvantes.

O alho (Allium sativum L.) é utilizado principalmente como planta aromática e condimentar, porém seus constituintes aditivos conferem-lhe propriedades medicinais favoráveis a saúde humana e animal, ainda apresentando atividade contra fitopatógenos, sendo empregado em muitos países como defensivo natural (Souza et al., 2007). Na sua composição, há mais de 100 compostos biologicamente ativos, principalmente a alicina, ajoeno, tiosulfinatos e compostos organosulfurados (Ledezma & Apitz-Castro, 2006).

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No alho está presente o álcool alílico (AA) que, quando oxidado pela enzima álcool desidrogenase, é convertido em um aldeído tóxico, a acroleína, que destrói a glutationa, causando um aumento nos níveis de H2O2, o que provoca alterações respiratórias transitórias

que inibem enzimas da glicólise e do ciclo dos ácidos tricarboxílicos (TCA), favorecendo uma via fermentativa e provocando reorientação do fluxo de carbono até o ciclo das pentoses. Todas essas alterações metabólicas têm como consequência o aumento nos níveis da relação adenosina-mono-fosfato (AMP)/ adenosina-tri-fosfato (ATP) intracelular, que induz a expressão de proteína-quinases do tipo SNF, as quais formam parte do sistema de transferência do sinal que leva ao término da endolatência das gemas (Gemma, 1995).

O óleo mineral é uma mistura de hidrocarbometos parafínicos, ciclo parafínicos e aromáticos saturados e insaturados provenientes da destilação do petróleo. É classificado como pouco perigoso ao meio ambiente (Classe IV). O óleo mineral é utilizado em espalhantes adesivos, que são surfactantes não iônicos utilizados como adjuvante na aplicação de produtos agrícolas, pois criam uma barreira de proteção que reduzem as perdas por hidrólise, fotodegradação, volatilização, deriva e lavagem da parte aérea da planta por águas pluviais.

A diferença de comportamento entre o óleo vegetal e o mineral, provavelmente, seja em decorrência de suas composições, uma vez que o mineral é proveniente da destilação do petróleo, fração mais homogênea, e o vegetal, é composto por um conjunto de diferentes gorduras, quimicamente distintas, normalmente insaturadas, heterogêneo e mais facilmente oxidável, o que pode afetar a eficácia do acaricida.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área experimental

O experimento foi realizado no ciclo 2009/2010, em vinhedo situado na área experimental da Embrapa Uva e Vinho (Figura 1), no município de Bento Gonçalves – RS (latitude 29°09'44" Sul, longitude 51°31'50" Oeste e altitude de 640 metros).

Figura 1. Imagem aérea do local do experimento. Fonte: Google Maps.

Foi utilizado um vinhedo de Vitis vinifera cv. Cabernet Sauvingnon, com plantas de 10 anos, enxertadas sob porta-enxerto Paulsen 1103 e cultivadas no sistema de condução Latada (2,5 x 1,5 m). Foi realizada poda mista deixando-se 4 varas por planta, com 7 a 8 gemas por vara. Varas de produção que apresentaram número de gemas superior a 8, foram submetidas à remoção das sobressalentes com utilização de um canivete apropriado, visando assim uma maior homogeneidade nas plantas tratadas.

Os tratos culturais foram os mesmos utilizados normalmente na região, ou seja, capinas e herbicidas para controle de plantas invasoras, além dos tratos fitossanitários previamente estabelecidos pelo corpo técnico da Embrapa Uva e Vinho.

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3.2 Delineamento experimental e tratamentos

O delineamento experimental foi o de blocos inteiramente casualizados, utilizando 4 fileiras de plantas, sendo cada fileira dividida em 2 blocos. Cada tratamento foi aplicado em 5 plantas por bloco, num total de 40 plantas por tratamento (Figura 2).

Figura 2. Croqui da área experimental, sendo que cada célula representa 5 plantas.

Os tratamentos utilizados foram: T1) Água (testemunha);

T2) Cianamida hidrogenada (Dormex™, 520 gL-1 H2CN2, Basf S.A.) 2,5% i.a.;

T3) Extrato de Alho (Bioalho®, Natural Rural S.A.) 5% + Óleo Mineral (Assist® 750 mL L-1 óleo mineral, Basf S.A.) 2%;

T4) Extrato de Alho (Bioalho®, Natural Rural S.A.) 10% + Óleo Mineral (Assist® 750 mL L-1 óleo mineral, Basf S.A.) 2%;

T5) Extrato de Alho (Bioalho®, Natural Rural S.A.) 10%.

As varas foram tratadas no dia 09/09/2010, com auxílio de uma esponja umedecida (Figura 3), até um completo molhamento do ramo. Optou-se pela utilização deste tipo de aplicação em virtude da não ocorrência de deriva, que seria evidenciada num tratamento por pulverização, fator que implicaria nos demais tratamentos, onde o produto aplicado em uma determinada planta poderia ser levado através do vento até a planta ao lado de outro tratamento. Isso explica também a não utilização de plantas de bordadura, já que, não ocorrendo deriva, não existe influência de um tratamento sobre as plantas adjacentes.

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Figura 3. Rolo utilizado na aplicação dos tratamentos. Foto: Marcelo Zart.

3.3 Coleta de dados

Este é um trabalho de estudo de observação no qual as gemas brotadas foram contadas 3 vezes por semana.O estádio fenológico de „ponta verde‟ proposto pela IFV (Figura 4) foi utilizado como padrão de brotação.

A contagem de gemas brotadas sempre foi realizada pela mesma pessoa, evitando variações. A porcentagem de brotação foi calculada em relação ao número total de gemas por plantas.

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3.4 Análise Estatística

Os resultados obtidos foram avaliados estatisticamente por Análise de Variância e submetidos à comparação de médias pelo teste de Tukey (HSD) ao nível de 5 % de significância (Pimentel Gomes & Garcia, 2002). Os programas estatísticos ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2002) e Microsoft Excel foram utilizados para as análises dos dados.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação realizada, observou-se que os tratamentos T3 e T4 apresentaram maior eficiência na quebra de dormência de gemas de videiras cv. Cabernet Sauvignon, atingindo 82,57% e 82,85%, respectivamente, de gemas brotadas aos 39 dias após o tratamento (DAT), (Tabela 1).

Tabela 1. Porcentagens de brotação nas datas 22/09, 27/09 e 18/10 nas videiras submetidas aos tratamentos T1, T2, T3, T4, e T5. Tratamento Brotação (%) (22/09) (27/09) (18/10) 1 16,35250 a 41,56500 b 70,69500 b 2 16,91875 a 59,19250 a 77,33375 ab 3 6,38125 b 24,11500 c 82,57125 a 4 4,90375 b 13,31375 c 82,85375 a 5 3,77375 b 13,61375 c 76,17375 ab

Letras distintas na mesma coluna indicam diferenças significativas (p ≤ 0,05) pelo teste de Tukey. *DAT: Dias após o tratamento.

**T1: Água (testemunha); T2: Cianamida hidrogenada 2,5% i.a.; T3: Extrato de Alho 5% + Óleo Mineral 2%; T4: Extrato de Alho 10% + Óleo Mineral 2%; T5: Extrato de Alho 10%.

Os tratamentos T1 e T2 apresentaram uma porcentagem de gemas brotadas estatisticamente superior aos tratamentos T3, T4 e T5, no dia 22/09, o que pode indicar seguramente que o extrato de alho presente nos três últimos tratamentos, independente da dosagem, 5% ou 10%, e também da presença do óleo mineral, atrasou o início da brotação.

No dia 27/09, os tratamentos T3, T4 e T5, que apresentaram extrato de alho, continuaram apresentando um menor número de gemas brotadas e não diferiram entre si, ressaltando novamente o atraso na brotação se comparados à testemunha, T1. A testemunha, por sua vez apresentou brotação intermediária entre os tratamentos com extrato de alho, e o tratamento com cianamida hidrogenada, T2, sendo este último o que apresentou o maior número de gemas brotadas neste momento, caracterizando uma aceleração na superação da dormência em relação à testemunha e aos demais tratamentos.

Avaliando as porcentagens de brotação do dia 18/10, momento em que as brotações se estabilizaram, podemos perceber um maior número de gemas brotadas nos tratamentos T3 e T4, ambos com extrato de alho, em relação ao T1, testemunha, mostrando assim a eficácia dos tratamentos com extrato de alho associados ao óleo mineral. Além disso, esses tratamentos

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não diferenciaram significativamente do T2, mostrando a mesma eficácia da cianamida hidrogenada.

Pode-se concluir também que a presença de 2% de óleo mineral não influiu sobre a brotação, pois os tratamentos T4 e T5 foram iguais durante todo o período analisado.

Estes resultados foram superiores aqueles encontrados por Botelho et al. (2009), ao tratar mini-estacas de „Cabernet Sauvignon‟ submetidas a 90 horas de frio (3,5 ± 2,5°C), com 3% de um produto comercial de extrato de alho mais 1% de óleo vegetal. Apenas 3,8% das gemas brotaram aos 56 dias após o tratamento, e possivelmente o estádio fenológico influenciou na indução para a saída da dormência, analogamente a necessidade de frio, já que Botelho (2007) descreveu que esta cultivar exige entre 336 a 504 horas de frio.

O presente trabalho apresentou um melhor resultado de brotação utilizando produtos a base de alho do que aqueles obtidos por Marodin e Roman (1997), no qual o extrato de alho a 3 e 4% associados ou não com 2% de óleo vegetal antecipou a colheita em 15 dias da ameixeira cv. Shiro, porém não foi efetivo para estimular a brotação, além de obter queda de gemas e produção igual à testemunha. Entretanto os autores sugerem doses maiores do extrato para a quebra de dormência, já que tal cultivar de ameixeira é de difícil brotação natural.

A testemunha, T1, apresentou maior brotação no início do período, mostrando uma maior precocidade de brotação, se comparada aos tratamentos T3, T4 e T5, porém a diferença foi menor no final da brotação, especialmente se comparada ao T2 e ao T5. Essa menor diferença na porcentagem total de brotação de gemas se justifica se analisarmos a tabela 2, concluindo assim que a quantidade de horas de frio necessárias para a superação de dormência foi provavelmente atingida, a qual para Dokoozlian (1999) deve ser de 50 a 400 horas de frio (T ≤ 7,2ºC), dependendo da cultivar. Dessa forma, a superação de dormência na testemunha se deu exclusivamente pelo frio. Caso o inverno apresentasse maior irregularidade e menor intensidade de frio, a porcentagem total de gemas brotadas no T1, testemunha, seria ainda menor do que os resultados obtidos no ano do experimento, 2010, ano em que o somatório de horas de frio se mostrou suficiente para a superação da dormência da videira Cabernet Sauvignon em Bento Gonçalves.

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Tabela 2. Médias de temperaturas < 7,2°C e < 10°C no período de 1976 a 2009 e no ano de 2010. Mês Temperaturas < 7,2°C Temperaturas < 10°C Média* 2010 Média* 2010 (h:min) (h:min)

Abril 5h11min 0h00min 28h10min 7h00min

Maio 48h26min 1h40min 132h32min 71h20min

Junho 105h20min 62h10min 230h01min 212h00min

Julho 124h39min 154h45min 246h48min 221h35min

Agosto 72h20min 169h30min 178h50min 284h50min

Setembro 50h02min 0h30min 137h02min 62h50min

Total 408h58min 388h35min 953h13min 859h35min

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Na figura 5 observa-se que o T2 atingiu 50% da brotação próximo ao dia 26/09, enquanto que os tratamentos T4 e T5 atingiram esse mesmo nível de brotação próximo ao dia 04/10. Isto significa um atraso de aproximadamente 8 dias para atingir o mesmo nível de brotação. Dessa forma conclui-se que o T2 pode ser mais suscetível a geadas, e consequentemente a uma quebra de produção, já que as maiores freqüências de geadas no Rio grande do Sul são observadas nos municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Vacaria e São Francisco de Paula, com número de ocorrência superior a 25 geadas por ano, devido à altitude em que se encontram (Mota et al., 1971),.

Uma consideração importante é que o T2 atingiu seu ponto máximo de gemas brotadas próximo ao dia 06/10, estabilizando-se muito antes que os demais tratamentos, já que o T4 só atingiu sua estabilidade no dia 18/10.

Figura 5. Médias das porcentagens de brotação durante todo o período estudado.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 15/0 9 17/0 9 20/0 9 22/0 9 24/0 9 27/0 9 29/0 9 01/1 0 04/1 0 06/1 0 08/1 0 11/1 0 13/1 0 15/1 0 18/1 0 20/1 0 % Br ot ão T1 T2 T3 T4 T5

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Através das análises visuais das brotações (Figura 6, 7 e 8) também pôde-se observar a maior uniformidade de brotação no T2 (Figura 8) e T3 (Figura 7), e a brotação de forma mais irregular no testemunha (Figura 6).

Figura 6. Imagem de vara de produção do T1, em 20/10/10. Foto Marcelo Zart.

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Figura 8. Imagem de vara de produção do T2 em 20/10/10. Foto Marcelo Zart.

O trabalho demonstra um grande potencial para o uso do extrato de alho para a quebra de dormência de Cabernet Sauvignon em Bento Gonçalves – RS. No entanto, novos estudos devem ser realizados com outras doses de óleo vegetal, pois o efeito do alho na quebra de dormência pode ser favorecido quando associado a algum adjuvante. Outro fator importante que deve ser levado em consideração é a composição química das diferentes cultivares de alho, já que segundo Benkeblia (2005) os níveis de fenóis entre as espécies do gênero Allium varia consideravelmente. Esse autor enfatiza que entre tais espécies observa-se diferentes efeitos na atividade de radicais livres, especialmente proveniente do H2O2.

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5. CONCLUSÕES

O extrato de alho associado ou não ao óleo mineral foi eficaz para a superação de dormência de videira cv. Cabernet Sauvignon em Bento Gonçalves – RS.

As videiras tratadas com extrato de alho (Bioalho®) a 5% e 10% associado a 2% de óleo mineral (Assist®) apresentaram uma porcentagem de gemas brotadas superior a da testemunha.

A presença do óleo mineral não influenciou no início da brotação e nem no número total de gemas brotadas.

Os tratamentos com extrato de alho atrasaram a brotação se comparados com a testemunha e com o tratamento com cianamida hidrogenada.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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