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Organiza Federación Psicoanalítica de America Latina Septiembre 23 AL 25 de 2010 Bogotá - Colombia

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Federación Psicoanalítica de America Latina Septiembre 23 AL 25 de 2010

Bogotá - Colombia

FOLHA DE ROSTO

Título do trabalho: Análise didática, hoje: algumas reflexões

Eixo temático: Temas livres (e posters)

Nome do autor: José Vieira Nepomuceno Filho

Sociedade: Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPB)

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Federación Psicoanalítica de America Latina Septiembre 23 AL 25 de 2010

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ANÁLISE DIDÁTICA, HOJE: ALGUMAS REFLEXÕES

(Eixo temático: Temas livres e posters)

O autor procura apresentar a análise didática (AD) como sendo, fundamentalmente, uma “análise suficientemente boa” e que, como tal, se radica na busca humana pela excelência ao mesmo tempo que é igualmente limitada pela próprias condições de possibilidade do humano. Ênfase especial é dada ao papel da transferência na criação do que é entendido como análise, didática ou não (análise de base, [AB]), e de sua relação com o poder. Afirma-se que é o uso que se faz do poder que determina, de fato, se uma análise, qualquer que seja, possa ser considerada como um exercício ético na busca da verdade e de seu uso transformador. É igualmente apontado que é em torno dessa condição, que se coloca a possibilidade de existir, efetivamente, uma Formação em Psicanálise, que permita aos analistas dialogar com seus pares de outras áreas do conhecimento e assumir, por meio de um desempenho profissional adequado, responsabilidades específicas junto à sociedade.

São inúmeras as críticas que têm sido feitas à AD, o que certamente, no geral, favoreceu mudanças positivas na sua concepção e exercício. No entanto, é necessário dizer que há, hoje, críticas que são muito mais de natureza ideológica do que ligadas a razões científicas e éticas, contribuindo, assim, escassamente para o debate contemporâneo em torno da questão. Elas apresentam, frequentemente, um caráter falso, que, talvez à custa de sua repetição, possam

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tornar-se, senão verdadeiras, ao menos pseudoverdadeiras e, de consequência, particularmente enganadoras e desviantes. O que procuro fazer, neste trabalho, é uma defesa do que são considerados aspectos legítimos da AD e, assim, imprescindíveis para uma formação analítica suficientemente boa. Isso, no entanto, não implica ignorar certos problemas ainda presentes na AD e nem deixar de apresentar idéias que possam contribuir para mudar tal situação.

Kernberg (2005) faz uma síntese bastante sugestiva do que marcou durante muito tempo a AD, apontando, por exemplo, sua conexão com o clima autoritário das instituições psicanalíticas; a arrogância dos analistas didatas, não somente no que dizia respeito à condução das análises de formação, mas também à escolha idiossincrática do conteúdo de currículos dos institutos e a forma como era transmitido; a presença de mecanismos de cunho quase secreto para a escolha de analistas didatas – a lista é bastante longa e quase negra! De qualquer forma, uma questão merece uma atenção especial, por parte do autor, mas por parte de muitos outros, a ponto de ter se tornado um lugar comum, quase um símbolo do que era um certo viés equivocado da AD, - ou seja, a existência do reporting analyst. E certamente a sua eliminação na maioria dos institutos, ou em todos, foi uma mudança radical, que favoreceu, inegavelmente, outras mudanças no sentido de tornar a AD uma condição mais legítima e aceitável.

Até porque a AD, como já afirmei em outro momento (2009), só pode ter efetivamente um sentido convincente se se aproximar da AB, a análise comum, embora, evidentemente, tenha um

status diferenciado. Afirmei, ainda, que ela não necessariamente deva ser feita por um “analista

didata”, no seu sentido usual, mas por um analista que tenha condições de fazer uma “análise suficientemente boa”, comprometida com a busca da verdade e com o uso transformador da mesma, condicionado por sólidos referenciais éticos. Nesse sentido, o reverso também é verdadeiro, ou seja, se não considerarmos o aspecto circunstancial da AD (feita em função da

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formação), a AB é também AD: aqui a formação, de fato, é da vida, que, sendo maior, naturalmente, do que aquela psicanalítica, a contém e a sustenta.

Nesse sentido, discordo de Kernberg (ibid., p.98), quando, ao citar Arlow e Roustang, fala do “paradoxo essencial da análise didática”, ou seja, “o objetivo explícito da análise é a resolução

da transferência, enquanto um objetivo implícito da análise didática é a identificação do candidato

com seu analista.” Isso não pode ser assim, porque a construção/permanência de marcas

identificatórias é inerente a qualquer processo analítico – inclusive, principalmente, no que se refere à internalizaçãoo da função analítica, fato, obviamente, que não se confunde com a mera imitação ou com condições assemelhadas. Talvez nos tempos de outrora, quando o analista didata com muita freqüência se colocava como um iluminado, guru em busca de asseclas, a imitação fosse estimulada e até imposta, mas, evidentemente, hoje isso se coloca como uma perversão. No entanto, caso isso ainda ocorra, e é provável que ocorra, deve ser trabalhado em profundidade, dentro das vicissitudes da resolução da transferência (ou barrado pela instituição).

No entanto, explicito, tal possibilidade se superpõe à necessidade imperiosa de que o analista didata tenha uma competência à altura do papel que lhe cabe na dupla analítica: logicamente isso é válido para qualquer analista, o que reforça o vínculo entre AD e AB, mas, neste contexto, assume uma relevância particular em relação à AD. E aqui se se depara com o que é competência e com os meios para conseguí-la, em nosso campo - que pode ser entendida, igualmente, como a consecução da excelência possível -, mas, como se sabe, não há um absolutamente um consenso sobre o que de fato seja isso. O que gera uma tensão permanente entre dois grupos de colegas, ao menos nos seus extremos. O primeiro, mesmo não explicitamente, e talvez até não intencionalmente, defende, na prática, posições que fazem com que a formação em psicanálise - ou seja, o meio possível para obtermos a excelência possível -

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se aproxime perigosamente do que seja uma iniciação xamanística, algo blindado a padrões de racionalidade. O segundo, defende, diferentemente, um rigor (algumas vezes excessivo) que garanta - mesmo respeitando as especificidades da psicanálise, a “ciência do inconsciente” -, uma qualidade na formação que permita a existência de profissionais que enfrentem com competência as questões que lhe são postas, ao mesmo tempo que constrói/reforça pontes com as outras áreas do conhecimento e com o grupo social como um todo: o que pode, certamente, favorecer a nossa saída do limbo legal, beirando a clandestinidade, que caracteriza nossa profissão. Defendo firmemente que não devamos ficar à mercê do “qualquer coisa serve” (Tuckett, 2008, p. 112) no campo da formação, embora, evidentemente, o desafio aqui seja enorme, beirando a execução de “tarefas impossíveis”. De qualquer forma, em nome da formação ideal, por exemplo, não devemos, de maneira alguma, abrir mão da formação possível, que implica, inevitavelmente, o reconhecimento de méritos, o que gera, legitimamente, posições diferenciadas no âmbito da instituição psicanalítica, inclusive aquela vinculada à existência de analistas didatas, na maioria das vezes.

Abordo a formação, quando falo de AD e de analista didata, porque se não há um analista suficientemente bom, aqui associado ao analista didata (ou a um analista que tenha uma função semelhante no âmbito de uma instituição reconhecida), podemos igualmente dizer que não há uma formação suficientemente boa: seria um paradoxo aceitar a existência de uma coisa sem a outra, a não ser que se creia em um “gene psicanalítico”. Da mesma forma, seria contraditório a existência de candidatos suficientemente bons, sem uma formação da mesma natureza, sem uma instituição que possa proporcionar as condições adequadas para tal. Dessa maneira, há uma articulação condicionante entre todos os níveis no contexto da formação/instituição analítica, com as conseqüências inevitáveis disso.

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No entanto, muitos colegas afirmam que há uma relação umbilical entre a AD/analista didata/formação psicanalítica e o uso autoritário do poder no contexto das instituições em nossa área, propondo a eliminação da AD como o meio único, ou quase, para a solução desse problema. Assim, aparentemente, ignoram o poder inerente à constituição de qualquer relação analítica, que é aquele ligado à condição transferencial, sem a qual não existe análise – assim a ojeriza à AD se confunde, quase, com uma ojeriza ao inconsciente. É no uso que um analista faz desse poder que se define o que é legítimo ou não neste contexto: esse é o ponto central. Tanto é assim que no modelo francês de formação, onde, oficialmente, foi eliminado a figura do didata e o centro da formação se deslocou para a supervisão/supervisor, foram gerados problemas muito semelhantes àqueles existentes no modelo Eington, sem falar que naquele modelo as supervisões, não raramente, assumem o caráter de análises envergonhadas.

Além do mais, como já apontei, no meu trabalho citado anteriormente, no modelo francês, a instituição acaba por avalar como “didática” a “análise qualquer” que o pretendente faz anteriormente à sua entrada na instituição. Essa posição é confirmada, curiosamente, por um membro da Sociedade Psicanalítica de Paris , François-Poncet (2009, p. 1423): “Incluo sob o título

de análise didática tanto a análise „didática‟ que constitui parte integral do programa no modelo „fechado‟ [Eington] como aquela que é a análise „pessoal‟ exigida pela formação como um critério pré-seleção no modelo „aberto‟ [francês]”, o que evidentemente é um flagrante paradoxo.

Ademais, Kernberg, no seu artigo já igualmente citado, aponta a guerra interna das sociedades seguidoras do modelo francês ligada à promoção de membros associados para efetivos, que, em alguns casos, passaram a ser os únicos autorizados a analisar pretendentes/candidatos, dentro de uma progressiva restrição de escolha para a realização das análises “pessoais”. Tudo isso apenas

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reforça que o modelo francês não pode ser, absolutamente, um antídoto infalível para certos desvios institucionais, principalmente aqueles provocados pelo mau uso do poder.

Assim, o que quase eterniza, de fato, o uso espúrio do poder ou a atuação franca de colegas no âmbito da instituição psicanalítica não é a existência da AD, mas a existência do elemento humano e do uso que pode fazer, por exemplo, da AD, aliada á convicção de que a impunidade pode ser a regra para tratar dessas situações. Assim, não deveríamos despender energias e recursos em uma tarefa inútil, porque impossível – fazer uma assepsia total do humano -, mas usá-los para criar mecanismos que limitem, e idealmente evitem, abusos e arbitrariedades no âmbito da AD/instituição.

Isso implicaria, por exemplo, na criação e aplicação de critérios transparentes para as promoções entre as diversas categorias de membros, de forma que todos, mesmo não sendo iguais, possam ter oportunidades iguais; na existência de um número suficientemente bom de analisas didatas, evitando-se o risco de reserva de mercado; na análise corajosa do “desejo de ser analista” do candidato (que pode ser, inclusive, um pedido oblíquo de tratamento), investigando consistentemente o que pode ser considerado como pré-fixado – assegurado, diria – na formação analítica, conforme apontado por Laplanche (2005), criando-se, consequentemente, uma “formação em aberto” (para candidatos e didatas!, sendo que para a consecução disso, o corpo docente, com avaliações colegiadas sobre o desempenho de candidatos nos seminários, tem um papel fundamental, como na Sociedade de Brasília) e, finalmente, na apresentação periódica de reflexões por parte do didata

E, assim, que ele não faça apenas análises didáticas e supervisões, mas tenha uma presença de fato “visível” na vida institucional como um todo: se ele encarna a excelência, essa excelência deve ser compartilhada, demonstrada no espaço público possível, não pode, não deve,

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ser considerado um direito vitalício. Nem pelo didata, nem pelo grupo do qual ele faz parte – o contrário disso é uma falácia, com graves conseqüências.

BIBLIOGRAFIA

François-Poncet, C.M. (2009) The French model of psychoanalytical training: Ethical conflicts. Int J

Psychoanal 90: 1419-1433.

Kernberg, Otto F. (2005) Crítica comprometida à educação psicanalítica. Jornal de Psicanálise, São Paulo 38 (9): 95-129.

Laplanche, J. (2008). Entrevista. Jornal de Psicanálise, São Paulo 41(74): 11-24.

Nepomuceno F., José V. (2009) Análise didática: necessidade e vicissitudes. Alguns pontos para debate. Alter 27(1): 125-154.

Tuckett, D. (2008). Qualquer coisa serve? Em busca de um quadro de referência para uma avaliação mais transparente da competência psicanalítica. Livro Anual de Psicanálise XXI: 111-127.

Referências

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