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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO EUREKA! - MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

EUREKA! - MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção do título de Arquiteta

Urbanista pela Universidade Federal do Ceará

Duana Rodrigues Teixeira Guilherme Orientador: Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite

(3)

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ | Duana Rodrigues Teixeira Guilherme

Aprovado em: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite

Orientador

Profª. Drª. Solange Maria de Oliveira Schramm

Professora DAU-UFC

Ms. Gerson Amaral Lima

Arquiteto Convidado

FORTALEZA-CE 2017 Texto, edição e projeto

Duana Rodrigues Teixeira Guilherme

Orientação Renan Cid Varela Leite

Logo Diego Cadorin

Diagramação Rayana Vasconcelos

Renders

Abner Augusto R. M. A. de Souza

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

G974e Guilherme, Duana Rodrigues Teixeira.

Eureka! : Museu de Ciências do Ceará / Duana Rodrigues Teixeira Guilherme. – 2017. 74 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2017.

Orientação: Profa. Dra. Renan Cid Varela Leite.

1. Museu de Ciências. 2. Science Center. 3. Parangaba. 4. Divulgação Científica. I. Título.

(4)

“Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade.”

(5)

AGRADECIMENTOS

No livro ‘Contato’, escrito por Carl Sagan, existe uma passagem que diz: “Durante toda a sua vida, estudara o universo, mas desprezara sua mais clara mensagem: para criaturas pequenas como nós, a vastidão só é suportável através do amor.”

Amor este que venho demonstrar nesses agradecimentos. Sou muito grata por todos que me ajudaram de várias formas e amizades feitas durante essa verdadeira jornada que foi o curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC. Em especial agradeço:

À minha família, principalmente, à minha mãe e à minha irmã, Reijane e Flávia, que sempre me deram todo o apoio e afeto necessário nessa jornada de crescimento pessoal e profissional. Ao meu pai, Chico Neto pelo apoio financeiro, intelectual e conselhos sobre a vida. Obrigada por acreditarem no meu sonho. Sem vocês eu não estaria aqui.

À Matilha: Aragão, Renatinha, Clarice, Michele, Carla, Jivago, Natália, Bárbara, Ana Rebeca, Welves, Ryan... Vocês são a família que eu escolhi, me apoiaram em tudo que fiz e sempre me ajudaram nos momentos difíceis. Somos mais do que mil, somos um!

À Liana e Carolyne que me acompanharam de perto e foram meus portos seguros durante o feitio do TFG. Obrigada por todos os conselhos, por aturarem meus desabafos e que nossa parceria não pare por aqui.

(6)

À família Teixeira Pinheiro. Tio Arnaldo, tia Inês, Saulo, Levi e Davi que sempre amorosos me ajudaram com ensinamentos, livros, carinho e caronas, antes mesmo de ingressar na universidade.

Ao meu orientador, Renan Cid, que desde a primeira aula sempre foi muito solicito, embarcou nas minhas ideias, acrescentou um conhecimento valiosíssimo e que hoje, além de professor é um amigo. Não esqueço também de todos os professores do DAU pelo com conhecimento e experiências compartilhados nesses anos de curso.

Aos arquitetos Gerson Amaral, Jacqueline Martínez e Fabiano Rodrigues que foram verdadeiros professores dentro da Architectus nos dois anos em que trabalhei.

(7)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: Vela no escuro. ... 30

FIGURA 02 : A mais famosa publicação de Isaac Newton de 1687. ...31

FIGURA 03: Palácio de cristal – The Crystal Palace, 1851. ...42

FIGURA 04: Exposição do Museu Cité des Sciences et de l’Industrie em Paris, França. 43 FIGURA 05: Fachada do Museu Nacional. Rio de Janeiro-RJ ...44

FIGURA 06: Estação Cabo Branco em João Pessoa-PB. ...45

FIGURA 07: Museu de Astronomia e Ciências Afins no Rio de Janeiro-RJ ...45

FIGURA 08: Museu Guggenhein de Bilbao – Bilbao, Espanha ...48

FIGURA 09: Imagem aérea do Centro Georges Pompidou – Paris, França ...50

FIGURA 10: Imagem aérea do Parque La Villette – Paris, França ...50

FIGURA 11: Museu da memória – Praça da memória. ...56

FIGURA 12: Museu da memória – Corte. ...56

FIGURA 13: Vista interna da fachada. ...57

FIGURA 14: Pespectiva explodida. ...57

FIGURA 15: Área expositiva. ... 59

FIGURA 16: Fachada Noroeste. ...60

FIGURA 17: Vista interna da biblioteca. ...60

FIGURA 18: Fachada noroeste. ...60

FIGURA 19: Planta Baixa Térreo. ...62

FIGURA 20: Planta baixa superior. ...62

FIGURA 21: Corte transversal. ...62

FIGURA 22: Fachada. ... 63

FIGURA 23: Vista área externa de convivência. ...64

FIGURA 24: Planta baixa térreo. ...64

FIGURA 25: Vista área interna de exposição. ...65

FIGURA 26: Rampa de acesso. ...65

FIGURA 27: Fachada frontal ... 66

FIGURA 28: Vista interna do terraço astronômico. ...68

FIGURA 29: Vista interna do foyer. ...69

FIGURA 30: Planta baixa térreo. ...69

FIGURA 31: Planta baixa dos pavimentos de exposição. ...70

FIGURA 32: Corte transversal. ...70

FIGURA 33: Terreno 1 – Parangaba (Av. Augusto dos Anjos). ...76

FIGURA 34: Terreno 2 - Joquei Clube (Av. Américo Barreira). ...76

FIGURA 35: Terreno 3 - Parreão (Av. Luciano Carneiro). ...76

(8)

FIGURA 37: Terreno 5 - Maraponga (Av. Godofredo Marciel). ...76

FIGURA 38: Terreno 6 - Parangaba (Av. Silas Munguba). ...76

FIGURA 39: Antiga estação de Arronches. ...80

FIGURA 40: Estação de metrô Parangaba. ...82

FIGURA 41: Shopping Parangaba. ...83

FIGURA 42: Ginásio da Parangaba. ...85

FIGURAS 43 e 44:Estado de abandono da praça dos Caboclinhos'. ...85

FIGURA 45: Lixo e entulho se acumulam ao longo da beira da lagoa.. ...85

FIGURA 46: Vista da Avenida Osório de Paiva ...85

FIGURA 47: Maquete projeto de escola profissionalizante ...86

FIGURA 48: Fachada da Igreja do Bom Jesus dos Aflitos. ...90

FIGURA 49: Estação de trem da Parangaba atualmente. ...91

FIGURA 50: Pesca na lagoa da parangaba. ...91

FIGURA 51: Corte esquemático do traffic calming. ... 100

FIGURA 52: Estação de bicicleta compartilhada. ... 103

FIGURA 53: Bicicletários do subsolo. ... 103

FIGURA 54: Homem pedalando às margens da Lagoa da parangaba ... 105

FIGURA 55: Estudo de Implantação ... 105

FIGURA 56: Fluxograma do programa arquitetônico. ... 106

FIGURA 57: Renderização. ... 110

FIGURA 58: Renderização. ... 110

FIGURA 59: Renderização ... 112

FIGURA 60: Renderização ... 112

FIGURA 61: Renderização ... 114

FIGURA 62: Renderização ... 116

FIGURA 63: Renderização ... 118

FIGURA 64: Renderização ... 118

FIGURA 65: Renderização ... 120

FIGURA 66: Renderização ... 120

FIGURA 67: Renderização ... 122

FIGURA 68: Renderização ... 122

FIGURA 69: Renderização ... 124

FIGURA 70: Renderização ... 124

FIGURA 71: Renderização ... 126

FIGURA 72: Renderização ... 126

FIGURA 73: Renderização ... 128

FIGURA 74: Renderização ... 128

FIGURA 75: Renderização ... 130

FIGURA 76: Renderização ... 130

FIGURA 77: Renderização ... 131

FIGURA 78: Renderização ... 132

FIGURA 79: Renderização ... 132

FIGURA 80: Carta solar e direção dos ventos aplicada ao terreno. ... 136

FIGURA 81: Renderização. ... 136

FIGURA 82: Máscara solar padrão. ... 137

FIGURA 83: Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de verão. ... 137

FIGURA 84: Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de inverno. ... 137

FIGURA 85: Simulação de iluminância ao longo do verão ... 137

FIGURA 86: Simulação de iluminância ao longo do inverno ... 137

FIGURA 87: Detalhe - Laje do Observatório. ... 139

FIGURA 88: Detalhe - Corte Estrutura. ... 139

(9)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 ... 36

GRÁFICO 02 ... 36

GRÁFICO 03 ... 36

LISTA DE QUADROS QUADRO 1: PDP-FOR 2009 ...88

QUADRO 2: PDP-FOR 2009 ...89

LISTA DE TABELAS TABELA 01: Critérios de escolha do terreno. ...77

TABELA 02: Matriz de pontuação dos terrenos escolhidos. ...77

TABELA 03: Distribuição dos ambientes por pavimento. ... 107

LISTA DE MAPAS MAPA 01: Localização de Equipamentos Culturais e Científicos em Fortaleza. ...34

MAPA 02: Terrenos da matriz ...75

MAPA 03: Centralidades de Fortaleza. ...79

MAPA 04: Localização na cidade ...81

MAPA 05: Mapa de captura de fotos. ...85

MAPA 06: Proposta relocação escola ...87

MAPA 07: Divisão de zonas a partir do plano diretor participativo de 2009 ...89

MAPA 08: Mapa de usos do entorno. ...92

MAPA 09: Mapa de hierarquia de sistema viário. ...93

MAPA 10: Alterações viárias... 100

(10)

ÍNDICE

1. Introdução • P. 19

O tema

Justificativa Objetivos

2. A Ciência • P. 25

A ciência como uma vela no escuro A divulgação científica como foco A divulgação científica no Brasil Acesso à equipamentos de cultura e ciência

3. O Museu de Ciências • P. 37

Um breve histórico Os museus de ciência no Brasil O papel do museu na divulgação cientifica O espaço público e o museu

4. Referenciais arquitetônicos • P. 51

Museu da Memória | CHI Biblioteca Pública de Billings | EUA Escola Parque Arte e Ciência | BRA Espaço do Conhecimento | BRA

5. O lugar • P. 71

A escolha do terreno A metrópole alencarina e sua policentralidade De Poranga à Parangaba O terreno Sobre a escola

6. O Projeto • P. 95

Alterações viárias A paisagem como ponto de partida Programa de necessidades e projeto

O projeto paisagistico Condicionamento ambiental

Sistema estrutural

(11)

01 INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido.”

Marie Curie

(12)

1.INTRODUÇÃO|

|CAPÍTULO 01

22

23

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ 1.1 Tema

A escolha do tema veio a partir do interesse pessoal sobre as ciências, de leituras de autores como Richard Dawkins, Neil deGrasse Tyson, Stephen Hawking, dos brasileiros Marcelo Glaiser e Miguel Nicolelis e, principalmente, após a leitura do livro “O mundo assombrado pelos demônios” de Carl Sagan. O livro aborda a importância da ciência e de sua divulgação para a sociedade moderna. A partir da leitura desses autores veio a preocupação com a carência de divulgação científica e consequentemente a falta de museus de ciência no contexto nacional e cearense.

A disciplina de Projeto Arquitetônico 4, ministrada pelo professor Marcondes também teve fundamental importância na escolha do tema. Nela, foi trabalhada a ideia de um museu de ciências para crianças, onde também se fez um breve diagnóstico sobre a importância dos museus no aprendizado além sala de aula. Nesse diagnóstico também teve como resultado a falta de equipamento ligados à ciência na cidade de Fortaleza.

Esse trabalho parte da ideia de que a ciência deve ser compreendida e aprendida desde cedo e que a educação não formal em museus também é importante para a formação de cidadãos críticos e conscientes do mundo que os cercam.

1.2 Justificativa

Fortaleza, cidade de importância regional e quinta maior capital do país, cresceu carente de opções de lazer voltados à cultura. Hoje temos boas opções de lazer cultural como o Centro Cultural Dragão do Mar e a Caixa Cultural, mas elas são insuficientes diante do porte da capital cearense e se concentram em pontos muito específicos da cidade. O programa cultural tem a pretensão de ser variado e descentralizado além de ter grande potencial na capital alencarina, inclusive abrindo possibilidade de requalificação de espaços urbanos.

(13)

1.INTRODUÇÃO|

|CAPÍTULO 01

24

25

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ e naturalmente, podem complementar o ensino

formal, além de inspirar crianças e jovens a seguir a carreira científica. As potencialidades turísticas também são característica desse tipo de edifício. Esses assuntos serão abordados ao longo deste trabalho.

1.3 Objetivos

Objetivo Principal

O principal objetivo é elaborar um projeto arquitetônico de um Museu de Ciências (Science center) no bairro da Parangaba, criando uma referência arquitetônica para fortaleza além de equipamento cultural inovador para estudantes, moradores e turistas para o Estado do Ceará, afim de promover a divulgação científica à essas populações.

Objetivos Específicos

- A requalificação dos espaços públicos e livres do entorno do projeto

- Criar um edifício que seja simbólico para a Parangaba e consequentemente, para Fortaleza.

- Reaproximar a população da Lagoa que é símbolo do bairro.

(14)

2. A CIÊNCIA

A CIÊNCIA

“Existe poesia de verdade no mundo real; a ciência é a poesia da realidade.”

Richard Dawkins

(15)

2. A CIÊNCIA|

|CAPÍTULO 02

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

2.1 A CIÊNCIA VISTA COMO UMA VELA NO ESCURO1

Muitas vezes nos passa despercebido que a ciência nos exerce uma grande influência no nosso cotidiano. Os avanços tecnológicos e científicos são rápidos e nos surpreendem a cada dia. Estamos cercados e consequentemente, dependentes da ciência e tecnologia. Os países considerados potências mundiais são, em suma, os maiores investidores em ciência e tecnologia. De acordo com as palavras do neurocientista Miguel Nicolelis (2016, p. 35):

“[...]no mundo de hoje, investir em ciência, desenvolvimento tecnológico, educação científica e formação do capital humano para a indústria do conhecimento é uma questão de soberania nacional. ”

No caso do Brasil, por exemplo, possui uma grande dependência quando o assunto é tecnologia e isso é reflexo, também, de uma educação de má qualidade que não incentiva o estudo das ciências. E, quando há investimentos, eles são mal direcionados. De acordo com o Pisa (Programa internacional de avaliação de estudantes), uma prova feita com alunos do ensino fundamental por essa instituição, o Brasil fica nos últimos lugares no ranking que inclui 70 países desde que o estudo começou no ano 2000.

Muitas vezes a ciência é tratada como assunto tabu, de pouco alcance e difícil entendimento. Ao tratarmos dessa maneira, damos margem a ignorância e, consequentemente, damos ouvidos à indivíduos com ideias pseudocientíficas ou ideias perigosas para o meio ambiente, sendo assim danosos ao nosso crescimento como sociedade. Nas palavras de Carl Sagan (2006, p. 59):

“A ciência é um meio de desmascarar aqueles que apenas fingem conhecer.”

Há, inclusive, uma visão muito difundida no Brasil segundo Nicolelis (2016), de que:

(16)

2. A CIÊNCIA|

|CAPÍTULO 02

30

31

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

“a ciência é um tema abstrato, domínio de poucos eleitos da comunidade acadêmica e gestores públicos, que definitivamente não pertence ao topo do debate nacional, particularmente num pais que carece de uma cobertura total de rede de esgoto, hospitais, escolas e outros tantos serviços públicos prioritários. ”

Mostrar à população geral que a ciência não deixa de ser importante diante dos males que afligem o país é papel da divulgação científica em todas as suas escalas e meios. Compreender o mundo em que se vive é chave para um desenvolvimento mais igualitário e sustentável.

FIGURA 01: Vela no escuro. Fonte: opsqubrou.blogspot.com

Há outra questão dentro da divulgação científica em museus: normalmente colocam o visitante como leigo e a consequência é um aprendizado unidirecional (do museu para o visitante), priorizando o conteúdo. Essa postura está em mudança para uma ação bidirecional, valorizando as experiencias previas do visitante que dá prioridade a compreensão desse conteúdo.

As origens da divulgação científica são ligadas às do pensamento moderno Europeu no século XVI e a invenção da imprensa. Durante o século XVI, em plena inquisição os cientistas se encontravam às escondidas, surgiram as primeiras academias. Muitas delas rapidamente foram extintas, mas outras sobreviveram e abriram durante o século XVII. Apenas as elites intelectuais tinham acesso aos novos saberes e às academias. O iluminismo do século XVII veio com o conceito de que o conhecimento é uma arma para livrar a sociedade da superstição e da ignorância (MALET, 2002). Com a ascensão da classe média europeia no século XVIII, a ciência acaba caindo no gosto dela estimulada pelas publicações de Newton (Figura 02). Ainda no século XVIII ocorreram as primeiras conferências científicas. Elas não tinham um caráter não acadêmico e sim lúdico, para captar a atenção do público.

O século XIX foi marcado pelas grandes transformações políticas, econômicas e uma maior alfabetização da população, dando maior abertura para a divulgação da ciência em todos os setores 2.2 A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO FOCO

Divulgar: v.t.d e p. tornar(-se) público ou notório; propagar(-se), propalar (-se).

(FERREIRA, 2014)

O objetivo da divulgação cientifica pode ser tanto como motivador ou incentivo pedagógico, mas nenhum deles servirá de substituto da educação formal (BARROS, 1992). A divulgação vem, na maioria das vezes como suporte à educação formal. Não há um consenso quanto à diferenciação entre o ‘divulgar’ e o ‘ensinar’. Ainda há também a diferenciação entre os termos ‘divulgação’ e ‘difusão’. De maneira geral, caracteriza a divulgação científica como a transformação de um conteúdo específico em uma linguagem mais facilmente entendida e deixando o conteúdo mais acessível a todos.

(17)

2. A CIÊNCIA|

|CAPÍTULO 02

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33

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

da sociedade. As grandes exposições tiveram papel fundamental nessa popularização e há o surgimento as primeiras associações e revistas voltadas à ciência.

No século XX com as invenções do rádio e da televisão, as formas de divulgar a ciência se diversificaram. Inclui-se também o surgimento dos primeiros museus e centros de ciência mais semelhantes aos atuais com características interativas. A internet foi a invenção que mais causou impacto na divulgação desde a invenção da imprensa, dando acesso a museus, livros, revistas e a comunicação de maneira quase instantânea.

2.3 A DIVULGAÇÃO CIENTIFICA NO BRASIL

Até o século XIX, o brasil era apenas uma colônia de exploração de Portugal As primeiras ações mais concretas no assunto começam com a vinda da corte portuguesa ao Brasil em 1808. A comitiva que veio foi composta pelos mais diversos profissionais. Foram criadas as primeiras instituições de ensino superior, Academia Real Militar (1810) e o Museu Nacional (1818). Nesse período houveram tentativas de criarem pequenos grupos de pesquisa, todos sem muito sucesso. Alguns poucos brasileiros foram ao exterior estudar as mais diversas áreas da ciência e voltaram ávidos para colocar em prática e divulgar o que aprenderam. Por conta da baixa escolaridade da população, as ações ligadas à ciência eram raras, mas aos poucos foram aumentando. Textos voltados a educação cientifica eram impressos e distribuídos, jornais publicavam artigos. (MASSARANI, L. et al., 2002)

Na segunda metade do século XIX, essas atividades de divulgação se intensificaram no mundo todo por conta da onda de otimismo e progresso científico. Essa onda, que incluem as Exposições Mundiais que iniciaram em 1851, fez o Brasil iniciar sua participação de forma modesta em 1862. Apesar do incentivo por parte de D. Pedro II que tinha muito interesse pela área e do aumento do número de periódicos, as atividades

continuavam restritas a uma pequena parcela da sociedade e em poucas áreas do conhecimento como astronomia, ciências naturais e doenças tropicais. (AZEVEDO, 1995). Revistas da época circulavam com artigos e reportagens falando sobre as pesquisas brasileiras e as novidades vindas da Europa, tornando mais facilitadas a partir de 1874 com a ligação telegráfica do país com o continente Europeu. Infelizmente, o quadro geral da época incluía um índice de analfabetismo de quase 80% da população. (MASSARANI, L. et al., 2002)

O Brasil no começo do século XX não tinha uma tradição cientifica, porém em 1916 criou-se a Sociedade Brasileira de Ciências que em 1922 se tornaria a Academia Brasileira de Ciências (ABC), academia essa que fundou a primeira rádio brasileira em 1923. O intuito da academia e, consequentemente da rádio era difundir informações, temas educacionais, culturais e científicos. A rádio trazia programas variados que incluíam cursos de línguas e palestras de divulgação cientifica. A mesma empolgação com o alcance que a internet teria com o seu surgimento, o rádio foi para o início do século XX. Além das revistas e periódicos, os jornais abriram espaço para esse tipo de conteúdo. Ao longo do século instituições, sociedades e faculdades foram criadas e foi organizada a primeira agencia ligada à pesquisa científica: o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) em 1951. (MASSARANI, L. et al., 2002)

A partir da década de 60 houve um início de renovação influenciado pelo o que acontecia nos EUA. Embora o período que viria tenha sido rico em experiencias, o pais continuava longe de ter atividades com qualidade e amplidão. A partir dos anos 80 novas mídias foram incorporadas como a TV e o público infantil sendo contemplado. Por todo país foram criados centros e museus de ciência, sendo a maioria de pequeno e médio porte e concentrados na região sudeste do país. (MASSARANI, L. et al., 2002)

(18)

2. A CIÊNCIA|

|CAPÍTULO 02

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35

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

SABIAGUABA MONDUBIM EDSON QUEIROZ PASSARÉ JANGURUSSU PEDRAS

LAGOA REDONDA

PAUPINA COCÓ

ANCURI MESSEJANA

PREFEITO J OSÉ VALTER AEROPORTO BARROSO ITAPERI SERRINHA SALINAS PAPICU DENDÊ CAMBEBA CAJAZEIRAS CANI NDEZ INHO

SAPIRANGA / COITÉ

COAÇU PARQUE

DOIS IRMÃOS

MANUEL DIAS BRANCO

SÃO BENTO BONSUCESSO

MANOEL SÁTIRO

CONJUNTO PALMEIRAS

VINCENTE PINZON

LUCIANO CAVALCANTE

JOSÉ DE ALENCAR VILA PERY PLANALTO AYRTON SENNA MARAPONGA DIAS MACÊDO VILA UNIÃO JOÃO XXIII GUAJ ERÚ SÃO JOÃO DO TAUAPE PARREÃO JOAQUIM TÁVORA CURI Ó JARDIM DAS OLIVEIRAS GUARARAPES DIONÍSIO TORRES PARQUE IRACEMA PRAIA DO FUTURO II DE L

OU RD ES CIDADE DOS FUNCIONÁRIOS BELA VISTA AERO LÂND IA PRAIA DO FUTURO I

BOA VISTA / CASTELÃO MATA GALINHA PARQUE MANIBURA ALTO DA BALANÇA PARQUE PRESIDENTE VARGAS CONJUNTO ESPERANÇA PARQUE SANTA ROSA JARDIM CEARENSE DEM ÓCRITO ROCHA CIDADE 2.000 PAN AMERICANO PARQUE SÃO JOSÉ COUTO FERNANDES BARRA DO CEARÁ

CRISTO REDENTOR PIRAMBÚ CARLITO PAMPLONA VILA VELHA JARDIM IRACEMA FLORESTA JARDIM GUANABARA QUINTINO CUNHA ÁLVARO WEYNE ANTÔNIO BEZERRA PADRE ANDRADE PICI VILA ELLERY JA CAR ECANG A ARRAIAL MOURA BRASIL

CENTRO MONTE CASTELO PRESIDENTE KENNEDY SÃO GERARDO VAR JOTA PRAIA DE IRACEMA MEIRELES ALDEOTA MUCURIPE PARQUELÂNDIA FARIAS BRITO PARQUE ARAXÁ AMADEO FURTADO RODOLFO TEÓFILO GENIBAÚ AUTRAN NUNES DOM LUSTOSA CONJUNTO CEARÁ I CONJUNTO CEARÁ II

CAIS DO PORTO

GRANJA LISBOA GRANJA PORTUGAL BOM JARDIM SIQUEIRA HENRIQUE JORGE JÓQUEI CLUBE PARANGABA ITAOCA MONTESE BENFICA FÁTIMA JOSÉ BONIFÁCIO GENTILANDIA DAMAS JARDIM AMÉRICA BOM FUTURO

BAIRRO COM EQUIP. CULTURAL BAIRRO COM EQUIP. CIENTÍFICO

LEGENDA

N

consequências das novas tecnologias e a mercê de possíveis enganadores com falsas notícias. A grande mídia normalmente trata a ciência como assunto supérfluo e que não impacta a vida cotidiana. Um bom exemplo que prova o contrário é a descoberta das micro-ondas que foram usadas na segunda guerra mundial em radares militares e que anos após descobriram sua funcionalidade para aquecer alimentos.

2.4 ACESSO À EQUIPAMENTOS DE CULTURA E CIÊNCIA

Ao longo da história, o acesso à cultura e, principalmente, às ciências foi restrito às classes mais altas como foi descrito nos tópicos anteriores. Nesse tópico, consideram-se os equipamentos culturais (teatros, salas de espetáculos, bibliotecas, etc.) e científicos (museus e centros de ciência) análogos no quesito acesso.

De acordo com a UNESCO, o acesso à cultura é fundamental para uma sociedade mais igualitária. No caso do Brasil infelizmente esse acesso não é democrático. O acesso está intimamente ligado aos índices socioeconômicos dos estados e municípios. A última pesquisa realizada a nível nacional em 2010 pelo Ministério da Cultura2 relacionado ao acesso

a equipamentos culturais. Nela, são apresentados os números de equipamentos separadamente por tipologia, região e estado. Proporcionalmente a região sudeste e consequentemente o estado de São Paulo (o mais rico do pais) concentra o maior número de equipamentos culturais dos mais diversos, incluindo também os museus de ciência.

Sete anos após a publicação da pesquisa o cenário não mudou muito. O Plano Nacional de Cultura3 foi criado justamente para aumentar

essa rede de equipamentos e ações culturais. As metas desse plano são das mais variadas, como por exemplo todos os municípios brasileiros terem uma 2- Cultura em números: anuário de estatísticas culturais – 2ª edição, Brasília, MinC, 2010.

3- As metas do Plano Nacional de Cultura. Ministério da Cultura (2012) Brasília.

biblioteca pública em funcionamento e a construção de espaços culturais integrados de esporte e lazer em todo país, diminuindo assim essa desigualdade entre regiões.

Indo para Fortaleza, o cenário não muda muito. A última pesquisa de maneira detalhada sobre o assunto feita com jovens de 15 a 29 anos em 2006 mostra que boa parte nunca foi a uma biblioteca pública, teatro ou museu (gráfico 1). Conflitando com isso, vem a intenção desses jovens em frequentar esses locais e a falta de dinheiro é o principal fator (gráficos 2 e 3). Além disso os principais equipamentos culturais da cidade estão concentrados na área conhecida como “centro expandido” (ver mapa 01), dificultando muitas vezes o acesso. A proposta aqui apresentada tenta se distanciar dessa concentração e propor um equipamento que não só traga cultura, também leve conhecimento de maneira lúdica.

MAPA 01: Localização de Equipamentos Culturais e Científicos em Fortaleza.

(19)

2. A CIÊNCIA|

|CAPÍTULO 02

36

37

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ GRÁFICO 01

Fonte: Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Síntese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007.

GRÁFICO 02

Fonte: Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Síntese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007.

GRÁFICO 03

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3. O MUSEU DE CIÊNCIAS|

O MUSEU DE

CIÊNCIAS

Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar Do avião a jato ao jaboti Desperta o que ainda não, não se pôde pensar Do sono do eterno ao eterno devir (...) A ciência não avança A ciência alcança A ciência em si A ciência - Gilberto Gil

(21)

3. O MUSEU DE CIÊNCIAS|

|CAPÍTULO 03

40

41

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ Segundo Montaner (2003), “a ideia de museu foi chave na definição dos conceitos de cultura e arte na sociedade ocidental.

De meros ‘depósitos de relíquias’ no século XVII às grandes salas interativas do século XXI, o museu foi ganhando novos ares e características ao longo dos séculos.

Nesse capítulo pretende-se abordar brevemente como os museus se tornaram grandes atrações turísticas e a importância dos museus de ciência para o mundo e para o Brasil.

3.1 UM BREVE HISTÓRICO

Os primeiros museus de ciência eram conhecidos como ‘Gabinetes de curiosidades’ nos séculos XVII e XVIII, com enfoque passivo, sem manipulação dos objetos. Os museus de história natural, que iniciaram como quase depósitos de fosseis, amostras de animais e plantas e até instrumentos científicos.

Deve-se à Revolução industrial e ao progresso científico a origem dos museus de ciência e tecnologia. O impacto que a teoria de Darwin causou, influiu na proliferação de museus de história natural (GASPAR, 1993).4

As exposições mundiais que ocorreram no século XIX são um bom exemplo de impacto na estruturação dos museus científicos. A partir da necessidade de mostrar seus novos inventos num caráter muitas vezes demonstrativo, “A Grande Exibição de obras da indústria de todas as Nações” (tradução do autor) em 1851 em Londres, marcou o início de uma cultura de museus técnicos, grandes demonstrações de objetos de ciência e artes aplicadas. Seu acervo foi distribuído em vários museus e exposições mundo afora.

(22)

3. O MUSEU DE CIÊNCIAS|

|CAPÍTULO 03

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ Se olharmos para o aspecto arquitetônico,

vemos que essa mesma exposição foi marco para a utilização de ferro e vidro que vinha se consolidando por toda Europa, além de sua forma pavilhonar. O chamado Palácio de Cristal (figura 05) foi considerado na sua época uma façanha de engenharia por sua construção rápida, de baixo custo e fácil reutilização, tendo seu valor arquitetônico deixado de lado (MASSABKI, 2011).5

No século XIX os museus passam a atender às necessidades das industrias fazendo exposições com um caráter mais de demonstração do maquinário produzido. Essas exposições foram origem das primeiras opções de interações do tipo “aperte o botão”. Nessa época os museus eram responsáveis pela educação formal de boa parte do público.

Já no século XX vemos uma nova tendência surgindo: são os museus interativos. Não necessariamente são peças de alto valor histórico, mas sim sua ideia, seus fenômenos gerados a partir desses objetos que são a chave da exposição. Esse tipo de museu pressupõe a participação ativa dos seus visitantes. Essa ideia vem de Piaget que diz que “a aprendizagem é fruto da interação ativa entre o aprendiz e os objetos” (GASPAR, 1993).

5- Inserir imagem do palácio de cristal fazer referencia a dissertação (página 94)

FIGURA 03: Palácio de cristal – The Crystal Palace, 1851.

Fonte: archdaily.com.br

Ao contrário do que acontecia no século XIX, os museus vinham com a função de complemento a educação formal e lúdico.

A corrida espacial teve papel fundamental nessa expansão dos museus nos EUA, pois colocou à tona o baixo conhecimento cientifico do cidadão americano além da sua desmotivação em se engajar numa carreira científica ou tecnológica (MASSABKI, 2011).

3.2 OS MUSEUS DE CIENCIA NO BRASIL

Em terras brasileiras, a ideia de museu veio junto com a corte portuguesa em 1808. O Museu Nacional é inaugurado por D. João VI em 6 de junho de 1818, sendo esse um dos mais antigos do mundo. O museu é aberto inicialmente para cumprir um papel quase que decorativo: as exposições não tinham classificação ou delimitação científica, deixando para o ano de 1876 em sua primeira reforma para se equiparar aos grandes museus existentes fora do país.

Como foi dito no capítulo anterior, as ações ligadas às ciências eram restritas e pontuais. A partir da participação brasileira na exposição mundial em 1862 o interesse de uma classe ilustre em ciência e do interesse particular de D. João VI pelo assunto, surgiram as primeira universidades e instituições dedicadas a pesquisa científica. No fim do século XIX o Brasil possuía ao todo 5 museus (no Rio de

FIGURA 04: Exposição do Museu Cité des Sciences et de l’Industrie em Paris, França.

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FIGURA 05: Fachada do Museu Nacional. Rio de Janeiro-RJ

Fonte: papodesamba.com.br Janeiro, São Paulo e Pará) sendo apenas um deles

dedicado a história natural.

Entre as décadas de 20 e 80 do século XX, o Brasil viveu uma fase de decadência na criação e manutenção dos museus de ciência, mas vale destacar aqui a criação do museu do Instituto Butantã em 1957. Mesmo com o impacto da corrida espacial que ocorria nas décadas de 50 e 60 foram poucos os museus inaugurados. Em compensação várias instituições ligadas à ciência e educação desenvolveram trabalhos nas escolas. (GASPAR 1993)

Os primeiros museus seguindo uma tendência internacional chegaram nos anos 1980, sendo eles, em sua maioria, ligadas às universidades. Damos destaque aqui ao Estação Ciência em São Paulo, Espaço Ciência Viva no Rio de Janeiro, Museu de Astronomia e Ciências Afins também no Rio de Janeiro e o Estação Cabo Branco de João Pessoa, sendo esse último não dedicado exclusivamente à ciência, porém de grande importância arquitetônica e museológica.

FIGURA 06: Estação Cabo Branco em João Pessoa-PB.

Fonte: joaopessoa.pb.gov.br

FIGURA 07: Museu de Astronomia e Ciências Afins no Rio de Janeiro-RJ Fonte: wikipédia.com.br

3.3 O PAPEL DOS MUSEUS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

“A divulgação tem outro objetivo. Pode servir tanto como instrumento motivador como instrumento pedagógico, mas, em nenhum dos casos, espera-se que vá substituir o aprendizado sistemático.” (BARROS,1992, p.65, apud MARANDINO, et al, 2004, p.5.)

Como foi citado no capítulo anterior, os museus de ciência (ou Science centers) fazem parte do escopo de ações de divulgação e educação científica.

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ entre a comunidade e quem produz ciência. Para as

crianças, além de complementar o que é ensinado em escola, estimula a busca pelo conhecimento científico e consequentemente a formação de novos cientistas.

A participação do público é fundamental para as exposições contemporâneas, pois a maioria delas se debruçam na troca de conhecimentos e experiencias entre público e material exposto. O conceito atual de museu de ciência (ou Science center) vem dessa troca entre público e museu, sendo um local de ações como debates, seminários, reuniões, cursos etc., complementando o programa expositivo e envolvendo outras instituições, criando uma grande rede em prol da ciência.

No aspecto social os museus acabaram ganhando uma importância impar no combate à exclusão social e, no caso dos Science centers, o combate ao analfabetismo científico.

“Um público mais culto cientificamente estará em melhor posição para discutir, acompanhar e reivindicar políticas públicas referentes a questões atuais e controversas da ciência” (VALENTE; CAZELLI; ALVES, 2005, p. 194).

3.4 O ESPAÇO PÚBLICO E O MUSEU

“A cidade é um lar de encontro e seus espaços públicos são os lugares que possibilitam esses encontros.”

(GEHL & GEMZOE, 2000, p. 07)

Temos o entendimento de que a arquitetura não fica isolada da cidade e que o contexto na qual se insere é importante para sua manutenção e relevância. Os museus como equipamentos públicos, particularmente os Science centers, causam impacto na cidade e consequentemente nos espaços públicos que o circundam.

O conceito de espaço público já foi amplamente discutido e abordado em várias publicações, ora tratando-o como resultado da

construção da cidade, ora tratado como objeto transformador da paisagem urbana. Para o presente trabalho levaremos em conta a definição de GOMES (2002):

“[...] o espaço público é, antes de tudo, o lugar, praça, rua, shopping, praia, qualquer tipo de espaço onde não haja obstáculos à possibilidade de acesso e participação de qualquer tipo de pessoa”.

A realidade de Fortaleza quanto a seus espaços públicos é ruim. Em sua grande maioria eles não são adequados a escala humana por conta do processo de urbanização que muitas vezes priorizou o automóvel e uma legislação, que apesar dos avanços, tem dificuldades de se aplicar por diversos motivos. Temos a cada dia uma cidade voltada para interesses individuais (uma arena para o consumo) que acaba minando a vitalidade dos espaços públicos (ROGERS; GUMUCHDJIAN; TICKELL, 2001).

Sun Alex no livro “Projeto da Praça6” aborda

aspectos teóricos e práticos dos desenhos das praças, mas também pode se interpretar para outros tipos de espaço público e enfatiza que

“[...] o convívio social no espaço público está intimamente relacionado às oportunidades de acesso e uso, o que depende de um desenho “interno” coerente e de um desenho “externo” – as ruas, o tráfego da área – adequado. A articulação com o tecido urbano, isto é, a conexão entre espaços urbanos variados, da praça e do entorno, é uma de suas funções originais e essenciais.”

De acordo com Jan Gehl (2013), uma cidade viva depende da sua versatilidade de usos e complexidade das atividades, incluindo a permanência em seus espaços. Um bom planejamento gera espaços atrativos e consequentemente seguros, pois está ligado diretamente a quantidade de pessoas circulando e o sentimento de pertencimento desses locais.

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ fortalezense, chegamos à conclusão de que

precisamos de mais espaços públicos abertos, amplos, com áreas verdes, numa escala humana e integrando com a arquitetura presente.

Ao longo dos séculos o museu como objeto arquitetônico manteve diferente relações com a cidade, ora apresentando como polo transformador dos espaços, ora como mera peça de marketing (FABIANO JUNIRO, 2007). A sua importância foi também se modificando quanto agente transformador urbano. Sendo espaços que pregam a troca de experiências, sua tipologia e forma mudaram com o tempo.

Na renascença o museu tinha o caráter tipológico de galeria, dando uma continuidade e integração. No século XVIII ganha ares de palácio barroco (GIL RIBEIRO, 2009), onde há um ordenamento urbano, gerando uma uniformidade e o predomínio da perspectiva. Coma volta do classicismo no século XIX, a forma do museu ganha traço de templo e ganha destaque como edifício no contexto urbano. O fim do século dá início aos debates que vão culminar no modernismo do século XX, incluindo a implantação dos museus como agentes de transformação urbana.

O modernismo trouxe a necessidade de reformulação das cidades e seus edifícios. Na cidade funcionalista moderna, o museu se apresenta como mais um serviço em uma determinada zona como importância institucional, mas não foi sua única maneira de se apresentar, pois o próprio modernismo não determinava qual o papel do museu na cidade. Apesar de não ter uma função determinada, os museus modernos abriam portas para a popularização desses espaços que antes eram elitistas e tradicionalistas para lugares de exposição das massas (LUPO, 2016) e consequentemente um produto do capitalismo.

Na cidade contemporânea a implantação de museus normalmente vem acompanhada de processos de requalificação urbana, derivados da degradação dos centros das cidades. As arquiteturas

de museus deveriam transmitir uma ideia de capacidade e inovação (GIL RIBEIRO, 2009). O Centro Georges Pompidou (figura 10) foi um dos pioneiros. Construído em 1977, pretendia mudar a imagem de Paris, desempenhando um papel polarizador e de restruturação urbana junto com outros edifícios como o Parque La Villete (1986) (figura 11), utilizando de uma arquitetura bastante integrada com o espaço público circundante. Anos mais tarde em Bilbao, Frank Gehry trouxe um projeto ícone do Museu Guggenheim (figura 12). Seu caráter colossal com materiais de alta tecnologia e vanguardista (GIL RIBEIRO, 2009) buscava a partir da forma arquitetônica a requalificação do seu entorno e, de uma forma geral, da cidade.

FIGURA 08: Museu Guggenhein de Bilbao – Bilbao, Espanha

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FIGURA 09: Imagem aérea do Centro Georges Pompidou – Paris, França Fonte: Pinterest.com

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REFERENCIAIS

ARQUITETÔNICOS

“ Toda grande arquitetura é o projeto do espaço que contém, exalta, abraça ou estimula as pessoas naquele espaço.”

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4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS|

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ 4.1 MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS

Arquitetos: Estudio América Localização: Santiago, Chile.

“No Museu estão depositadas as reminiscências da história chilena: a memória evidenciada, emergente, que flutua, suavemente elevada. ” Estúdio América

Localizado em um setor já consolidado culturalmente da cidade de Santiago, o Museu veio para resgatar a memória e o material dos anos de chumbo da ditadura Pinochet (1973-1990). Assim como a memória, o museu se desenvolve de maneira fragmentada, dando liberdade de percursos ao visitante. Outros dois conceitos também são presentes: a barra e a base. A barra é onde acontecem as exposições, sendo uma ‘caixa’ de vidro de 15 por 80 metros com três pavimentos. O vidro foi escolhido por conta da transparência e luminosidade, fazendo contraponto ao que está exposto.

A base acolhe ambientes complementares ao programa usual de um museu, além de espaços que podem conter salas de cinema. Entre a barra e a base tem-se a ‘praça da memória’, espaço público para eventos com anfiteatro que surgiu por conta do de uma escavação de 6 metros que o terreno possuía.

O projeto de um modo geral é flexível e está apto para receber todo tipo de mostra, característica fundamental dos museus contemporâneos. Para garantir essa flexibilidade, sua estrutura composta basicamente de vidro, aço e concreto permitiu grandes vãos (51 metros) com vigas vierendeel. Trata-se, portanto, de uma obra de referencial importante para este trabalho tanto pelo seu programa arquitetônico como a sua forma e arrojo estrutural.

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ do espaço público, trazendo-o para dentro do

edifício, além da sua linguagem arquitetônica do uso de materiais convencionais (aço e concreto) de maneira não convencional e elegante a partir dos conceitos de base e barra.

FIGURA 11: Museu da memória – Praça da memória.

Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 13: Vista interna da fachada. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 14: Pespectiva explodida. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 12: Museu da memória – Corte.

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ 4.2 Biblioteca Pública de Billings

Arquitetos: Will Bruder + Partners Localização: Billings, Estados Unidos

Destacando-se na paisagem pelos seus brises e sua semi-transparência, a Biblioteca Pública de Billings foi buscar nas formações geológicas de Rimrock a sua inspiração para o edifício, inclusive marcando a entrada da biblioteca com essas mesmas rochas e onde tinha a antiga biblioteca de Billmill Parmly de 1891. Construída para consolidar a área a noroeste do centro da cidade que já possui uma rede vasta de complexos hospitalares e universidade, além de trazer um programa arquitetônico mais atualizado de uma biblioteca que inclui salas de informática e mais ambientes de convivência.

Independente do meio que você a acessa, a biblioteca se destaca na paisagem urbana pelos seus materiais e cores utilizadas e sua forma que lembram os galpões e as estações de trem que cortavam as pradarias da região durante o século XIX. O edifício se apresenta como um pavilhão tranquilo e semi-transparente (proporcionado pelo uso de brises e vidro), dando visão para a movimentada avenida que passa ao lado do prédio. A sua forma permite uma maior flexibilidade nos ambientes propostos quanto nas instalações, além de respeitar a escala do seu entorno. Apesar dos materiais utilizados, os ambientes internos são tranquilos, amplos e também existe um jardim na sala de leitura mimetizando as pradarias que circundam a cidade.

Para o presente trabalho, esse edifício mostra que é possível fazer uma arquitetura contemporânea respeitando o seu entorno mais antigo, usando materiais permeáveis visualmente e sendo confortável para o clima local.

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FIGURA 16: Fachada Noroeste.

Fonte: archdaily.com.br (2017) te: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 17: Vista interna da biblioteca. Fonte: archdaily.com.br (2017).

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FIGURA 19: Planta Baixa Térreo. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 20: Planta baixa superior. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 21: Corte transversal. Fonte: archdaily.com.br (2017).

4.3 ESCOLA PARQUE ARTE E CIÊNCIA (Sabina)

Arquitetos: Paulo Mendes da Rocha + MMBB Localização: Santo André, São Paulo - Brasil.

Emergindo no meio de um parque público, o museu de ciências para crianças surgiu da iniciativa da prefeitura de Santo André de complementar o ensino de ciências já oferecido na rede pública. Durante a sua concepção, o que seria apenas um museu, passou para o status de museu-escola não só abrangendo assuntos científicos, mas também artísticos.

Por estar inserido dentro de um parque, foi escolhido um setor que livrasse o mesmo do intenso tráfego de ônibus que o equipamento geraria.

Seu programa abriga locais para oficinas, salas de aula, espaços expositivos, laboratório e áreas de convivência e eventos.

O pavilhão aflora como uma grande rocha no terreno, semienterrado de 180 metros de extensão por 30 de largura em concreto armado e vigas metálicas, garantindo grandes vãos livres. Além do pavilhão dois outros volumes aparecem: o auditório e um espaço destinado a exposições especiais, ambos sendo interligados ao pavilhão principal por passagens cobertas.

Sendo um exemplo de arquitetura contemporânea que bebe das referências modernistas de um dos seus autores, mostra a possibilidade de termos um edifício com grande qualidade espacial dentro da temática científica, flexível e com relação com o meio externo.

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FIGURA 23: Vista área externa de convivência. Fonte: mmbb.com.br (2017).

FIGURA 24: Planta baixa térreo. Fonte: mmbb.com.br (2017).

FIGURA 25: Vista área interna de exposição. Fonte: mmbb.com.br (2017).

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ 4.4 ESPAÇO DO CONHECIMENTO

Arquiteto: Jô Vasconcellos

Localização: Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil.

Por conta da mudança da sede administrativa do Governo do Estado para o prédio projetado por Oscar Niemeyer em 2010, foi proposto um circuito cultural usando os vários prédios que foram desocupados. Em sua grande maioria os prédios são do século XIX e tombados pelo patrimônio histórico. Até então, a cidade não possui nenhum espaço com planetário e voltado para as ciências.

O prédio escolhido, da década de 60, antiga sede da reitoria da UEMG¹, tinha grandes potencialidades para receber a o projeto e espaço para um anexo, além de sua localização privilegiada: a Praça da Liberdade, polo de interesse cultural na escala da cidade.

Trata-se de uma intervenção com linguagem contemporânea e dinâmica, ampliando assim o espaço que já existente do prédio da antiga reitoria. Foram analisados vários critérios para que o programa fosse adequadamente incorporado numa volumetria interessante e que aproximasse a ciência do cotidiano das pessoas. Outro objetivo do projeto foi mostrar a interação entre o prédio da reitoria e a nova construção.

Distribuído em 5 andares, as exposições se dividem ao longo de linhas temporais, sendo uma em cada andar e no topo abriga um observatório de teto retrátil e um planetário de última geração. O antigo prédio passou por adaptações para atender as demandas de combate a incêndio, acessibilidade etc. criando um núcleo rígido, dando maior flexibilidade para o ambiente.

O prédio se destaca pelo seu envoltório em vídeo especial não reflexivo, garantindo a baixa absorção de calor e nenhum reflexo, além do uso de uma película jateada que permite a projeção de imagens no mesmo, dando uma maior interatividade entre o prédio e a população.

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4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS|

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ Esse projeto é relevante para esse trabalho

por tratar-se de uma intervenção arquitetônica contemporânea, de expressão simples e mesmo assim se destaca na paisagem. Sua localização também é chave para o sucesso projetual e que não deixa o meio externo alheio ao que acontece dentro do prédio.

1 – Universidade Estadual de Minas Gerais

FIGURA 28: Vista interna do terraço astronômico.

Fonte: archdaily.com.br (2017) FIGURA 29:Fonte: archdaily.com.br (2017) Vista interna do foyer.

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FIGURA 31: Planta baixa dos pavimentos de exposição.

Fonte: archdaily.com.br (2017)

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5. O LUGAR

O LUGAR

“A presença da arquitetura cria inevitavelmente uma nova paisagem. Isso implica a necessidade de descobrir a arquitetura o próprio sítio está pedindo.”

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ Lagoa da

Parangaba

Lagoa da Maraponga

Lagoa do Opaia

1 2

3 4

5

1km 500m

North Shopping Jóquei

1

Campus da UECE Hospital da Mulher

2 3

Shopping Parangaba

4

Aeroporto Pinto Martins

5

Vias Arteriais Linha Sul Metrofor VLT Parangaba-Mucuripe Terreno

LEGENDA

N

T2

T1 T4

T5

T3

T6

MAPA 02: Terrenos da matriz

Fonte: Elaborado pelo autor 5.1 A ESCOLHA DO TERRENO

Como já foi analisado anteriormente (mapa 01, pág. 39), a grande parte dos centros culturais e científicos da cidade encontram-se na porção norte e leste de Fortaleza. A partir dessa análise, vimos que a porção oeste e sudoeste da cidade é menos atendida, portanto, seria a área da cidade a ser contemplada com o projeto.

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5. O LUGAR|

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CRITÉRIO:

TABELA 01 - CRITÉRIOS DA MATRIZ DE TERRENOS

OBJETIVOS:

ACESSO Os mais diferentes modais devem ser contemplados para garantir uma diversidade de acessos e públicos. Foram vistos os numeros de linhas de ônibus que passam num raido de 400m, estações do Bicicletar, paradas de ônibus e estações de metrô/VLT.

VIAS Uma boa estrutura viária garante os mais diversos acessos, incluindo também caminhões para o transporte de material do museu. Foram

consideradas a classificação das vias e a presença de ciclovias/ciclo -faixais no entorno.

CENTRALIDADE Por ser um equipameno a nível municipal, a sua localização perante a cidade é de fundamental importância. É essencial que o terreo se localize numa área com boas estruturas urbanas.

PROXIMIDADE DE ESCOLAS

O museu possui um caráter educativo complementar e a proximi -dade de escolas de nível fundamental e médio garante o acesso do público. Foram consideradas escolas num raio de 1km.

PROXIMIDADE DE ÁREAS LIVRES

A proximidade de áreas livre é um fator de grande importancia por complementar o programa museológico.

USO Terrenos vazios ou subutilizados facilitam a construção e geram

menos resíduos de demolição.

TABELA 02 - MATRIZ TERRENOS

ACESSO (0-3) VIAS (0-3) CENTRALIDADE (0-2) ESCOLAS (0-3) DIMENSÃO (0-1) ÁREAS LIVRES (0-2) USO (0-1) TOTAL T1 3 2 2 2 1 1 1 12 T2 2 3 3 2 1 2 0 13 T3 3 3 3 2 0 0 1 12 T4 3 3 3 3 1 2 0 15 T5 2 3 2 0 0 2 1 10 T6 3 3 3 2 1 0 1 12

Os mais diferentes modais devem ser contemplados para garantir

consideradas a classificação das vias e a presença de ciclovias/ciclo

Por ser um equipameno a nível municipal, a sua localização perante

O museu possui um caráter educativo complementar e a proximi

Terrenos vazios ou subutilizados facilitam a construção e geram menos resíduos de demolição.

TABELA 01: Critérios de escolha do terreno. Fonte: elaborado pelo autora.

TABELA 02: Matriz de pontuação dos terrenos escolhidos.

Fonte: elaborado pelo autora.

FIGURA 33: Terreno 1 – Parangaba (Av. Augusto dos Anjos).

Fonte: Google Earth.

FIGURA 34: Terreno 2 - Joquei Clube (Av. Américo Barreira).

Fonte: Google Earth.

FIGURA 35: Terreno 3 - Parreão (Av. Luciano Carneiro).

Fonte: Google Earth.

FIGURA 36: Terreno 4 - Parangaba (Av. Osório de Paiva).

Fonte: Google Earth.

FIGURA 37: Terreno 5 - Maraponga (Av. Godofredo Marciel).

Fonte: Google Earth.

FIGURA 38: Terreno 6 - Parangaba (Av. Silas Munguba).

Fonte: Google Earth.

Para determinar a escolha do terreno foi criada uma matriz, pontuando cada um dos critérios apresentados na tabela 1.

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N MONTESE PARANGABA BARRA DO CEARÁ CENTRO ALAGADIÇO/ SÃO GERARDO ANTÔNIO BEZERRA MESSEJANA ALDEOTA EDSON QUEIROZ LEGENDA CENTRALIDADE

VIAS PERTECENTES A CENTRALIDADE

5.2 A EXPANSÃO DA METRÓPOLE ALENCARINA E SUA POLICENTRALIDADE7

Temos como centralidade, de acordo com Carlos (2001), lugares que agem como pontos de acumulação de serviços e atração de fluxos, centro social que se define pela reunião e pelo encontro.

O fenômeno da policentralidade foi marcado pela década de 1960 quando, nas regiões metropolitanas brasileiras, quando a classe média sai dos consolidados centros e vão para sub-regiões onde o comercio e serviços são voltados para camadas mais altas de renda. Na década de 1970 com a chegadas dos primeiros shoppings, eles deram preferência para a instalação nessas sub-regiões e as classes medias definitivamente abandonam os centros principais. Além do comércio, o Estado também influenciou esse esvaziamento com a transferência de centros administrativos e outros equipamentos públicos (VILLAÇA,1998).

Na década de 1970, a cidade de Fortaleza se consolida como metrópole regional com a criação da região metropolitana, tem-se um crescimento demográfico acentuado e expande sua malha urbana. As classes média e alta se afastam do Centro, criando novos fluxos e núcleos de comércio e serviços. Outro fenômeno foi a saída das repartições públicas do Centro para outros bairros como a Aldeota (mais tarde se fortalecendo como bairro nobre), com a sede do Governo estadual, entidades administrativas como a Receita Federal, dentre outros. Além da Aldeota, o Montese também se confirma como centralidade comercial e outras concentrações pequenas ao longo da Avenida Francisco Sá, da praça da Parangaba e Messejana começam a crescer e se consolidar (LOPES, 2006).

7. Policentralidade, tendência que se orienta seja para a constituição de centros diferentes (ainda que análogos, even-tualmente complementares), seja para a dispersão e para a segregação. (LEFEBVRE, 2004, p. 113).

Diversos fatores, incluindo a iniciativa privada, o PLANDIRF8 (1971), que cria novos

bairros a partir de conjuntos habitacionais e a Lei de Uso e Ocupação do Solo de 1979, incentivando o maior adensamento e verticalização, contribuíram para bairros vizinhos a Aldeota (e mais futuramente outros bairros da zona leste de Fortaleza) como bairros adensados, com bastante infraestrutura e supervalorizados.

Nos anos 1980 outras centralidades surgiram como a da Avenida Bezerra de Menezes que como eixo ligando centro à BR-222 com bastante serviços 8- PLANDIRF - Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza (1969/1971) - tratava da questão urbana nos seus aspectos físico-territoriais, socioeconômicos, político-instucionais e administrativos, numa abordagem de abrangência metropolitana, antes mesmo da criação da Região Metropolitana.

MAPA 03: Centralidades de Fortaleza.

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5. O LUGAR|

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ITAOCA DEMOCRITO ROCHA AEROPORTO SER V SER IV SER CENTRO SER III SER I SER II SER VI MONTESE JÓQUEI CLUBE SERRINHA ITAPERI PARANGABA MARAPONGA VILA PERY BONSUCESSO N

MAPA XX - Localização do bairro na cidade LEGENDA

LIMITE BAIRRO PARANGABA e a Barra do Ceará, próximo a já consolidada Avenida

Francisco Sá (por conta das indústrias lá instaladas), sendo ocupada agora pelos operários das fábricas. A partir dos anos 1990, a cidade de Fortaleza se concretiza como policentral, deixando o seu centro deteriorado por conta da falta de investimentos da iniciativa pública. Hoje temos Fortaleza como uma cidade complexa, com diversas centralidades além das citadas anteriormente e, dentre elas, a Parangaba.

5.3 DE PORANGABA À PARANGABA

Situada às margens da lagoa que mais tarde receberia o mesmo nome do bairro da capital alencarina, nascida com o nome de Porangaba, era um aldeamento jesuíta fundado no séc. XVI onde deram início ao trabalho de evangelização de indígenas. Com a vinda de Marquês de Pombal e a extinção da Companhia de Jesus, a aldeia é elevada à categoria de vila, recebendo o nome de ‘Vila Nova de Arronches’.

No século XVIII a vila se destacava por ser ponto intermediário do transporte de gado. Seria esse o início da importância do bairro como centralidade. Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité uma estação (figura PG-01) é instalada no bairro e temos a definição da ligação da vila com a Capital.

No século XIX a vila consolida-se com uma feira de gado (possível origem da famosa “feira dos pássaros”), sendo talvez a mais importante do estado. Incorporado a Fortaleza apenas em 1921 com o nome de Parangaba, do tupi-guarani, “beleza, formosura”. Em 1941 a malha ferroviária foi expandida ligando a estação de Arronches até o Mucuripe. Hoje essa linha faz parte do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Hoje o bairro da Parangaba fica na porção sudoeste da cidade (mapa 04), pertencente à regional IV do município de Fortaleza, sendo o bairro com maior população dessa regional, tendo aproximadamente 30 mil habitantes, sendo comparável a população de muitos municípios do interior cearense. O bairro faz fronteira com os bairros: Bonsucesso, Demócrito Rocha, Itaoca, Itaperi, Joquei Clube, Maraponga, Serrinha e Vila Pery.

FIGURA 39: Antiga estação de Arronches.

Fonte: fortalezanobre.com.br

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5. O LUGAR|

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EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ No século XX, Fortaleza começa a se

industrializar um polo de concentração de pessoas que trabalhavam nas fábricas próximas e por conta de sua já conhecida vocação para o comércio. Nos anos de 1970, o PLANDIRF veio com uma proposta de descentralização comercial de bairros como a Parangaba e Messejana ao longo das avenidas que cortam os bairros e confirmando os mesmo como centralidades. Dos anos 1980 até hoje, a Parangaba se manteve com a sua vocação para o comércio dos mais variados tamanhos e com a sua tradicional feira aos domingos.

Hoje, mais ainda, a Parangaba funciona como ponto de intermediário, por conta da sua grande concentração de equipamentos de transporte público como as estações de metrô (figura 40) e VLT, terminal urbano de ônibus. A sua centralidade não se deve a sua história de industrias e sim à presença de comércios e serviços diversos, equipamentos institucionais e a grande acessibilidade.

A Parangaba foi escolhida para a intervenção por sua grande relevância no contexto da capital. O local cresceu por ser ponto nodal da malha ferroviária, como Lopes (2006) afirma em sua dissertação:

“O bairro funciona como importante ponto de conexão dentro da cidade, ligando os bairros do leste com o do oeste, bem como os do norte com os do sul. Além disso, funciona como ponto intermediário entre o centro da cidade e os municípios da Região Metropolitana, Maracanaú e Maranguape. Dentre os fatores que

reforçam a centralidade do bairro destacam-se a acessibilidade, os serviços de saúde e educacional e o institucional.”

O atual cenário do bairro foi transformado por diversas iniciativas privadas para a construção de grandes empreendimentos como shoppings, edifícios comerciais e residenciais de maior porte.

Segundo Rufino (2012), o programa Minha Casa Minha Vida foi fundamental numa nova expansão imobiliária de fortaleza, que englobou bairros considerados periféricos até então. A construção de torres de apartamentos mudou não somente a paisagem do bairro, valorizou a terra e atraiu outros investimentos comerciais privados, causando uma ruptura no tecido urbano envolta.

O shopping (figura 41) teve particularmente um impacto diferenciado pois foi visto como sinal de modernização. De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) apontou em 2013* que os imóveis ao redor desses empreendimentos se valorizavam em 46%, mostrando assim a força do capital imobiliário. Para além da economia, o shopping causou uma mudança de hábitos na população, deixando de lado antigas tradições como encontrar-se na praça. O crescente desinteresse pelos espaços públicos levou ao abandono dos mesmos.

FIGURA 40: Estação de metrô Parangaba.

Fonte: fortalezaemfotos.com.br (2017)

FIGURA 41: Shopping Parangaba inserido ao lado do terminal de ônibus e a estação de metrô.

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FIG. 44

FIG. 43

FIG. 46 FIG. 45

FIG. 40

O TERRENO

Conhecida como Praça dos Caboclinhos, o terreno onde o projeto será implantado é localizado no chamado centro histórico da Parangaba e próximo a Igreja do Bom Jesus dos Aflitos. No tópico passado foi mostrado que a paisagem do bairro mudou bastante nos últimos anos graças a valorização imobiliária e o constante crescimento dos espaços de lazer privados. Essa privatização do lazer vai além das questões de consumo, mas também de um declínio de uma vivência do espaço público, causando desinteresse e a posteriori, abandono.

O entorno da lagoa da Parangaba é um bom exemplo. Dos equipamentos existentes, muitos deles encontram-se em estado de abandono. Existe, nas proximidades, um restaurante que funciona somente à noite e o ginásio da Parangaba (figura 42), utilizado para eventos como festa junina e campeonatos de diversas modalidades esportivas, mas que passa boa parte do tempo trancado por conta do vandalismo.

Enquanto isso na Praça dos Caboclinhos, encontra-se parcialmente degradada e é evitada pela população por diversos motivos, dentre eles a insegurança que o local proporciona (figuras 43, 44 e 45). Outra justificativa para o abandono seria a falta de integração com o resto dos equipamentos do entorno da lagoa. Além da praça, há nessa mesma quadra uma escola de educação profissional (será abordada adiante) e uma loja. O local possui bom potencial paisagístico, de conforto ambiental e acústico (as árvores do local amenizam o barulho que vem da avenida Osório de Paiva) (Figura 46).

MAPA 05: Mapa de captura de fotos. Fonte: Elaborado pela autora.

FIGURA 42: Ginásio da Parangaba. Fonte: mapio.net.

FIGURAS 43 e 44: Estado de abandono da praça dos Caboclinhos'.

Fonte: Acervo pessoal da autora.

FIGURA 45: Lixo e entulho se acumulam ao longo da beira da lagoa. Ao fundo temos o terreno de intervenção.

Fonte: Acervo Vitor Viana em 14/09/2016

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5. O LUGAR|

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PROPOSTA RELOCAÇÃO E.E.E.P TERMINAIS DE ÔNIBUS

ESTAÇÃO DE METRÔ

SHOPPING PARANGABA

TRAJETO METRÔ - LINHA SUL GINÁSIO DA PARANGABA

GINÁSIO DA PARANGABA

LEGENDA

500 m

RAIO CAMINHABILIDADE

A ESCOLA

No terreno escolhido tem-se a E.E.E.P. – Escola Estadual de Educação Profissional – Joaquim Moreira de Sousa. Trata-se de um edifício de 1954 que passou por adaptações para receber a escola profissional com um total em área de 3.400m² aproximadamente e pensada para uma jornada integral de ensino. O local oferece cursos de capacitação profissional nas áreas administrativa, logística e contabilidade, atendendo a necessidade de pessoas de baixa renda de diversos bairros. A escola conta com 09 salas de aula, 01 Laboratório de ciências, 01 Laboratório de informática, 02 salas de vídeos, uma quadra para atividades esportivas e Pátio Descoberto.

De acordo com MEC*, no memorial descritivo do projeto padrão, uma escola desse tipo deve ter 12 salas de aula, 6 laboratórios básicos, auditório para 200 lugares, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de vivencia, quadra poliesportiva, dois grandes laboratórios, destinados a preparação de jovens para o mercado, além de serviços e administrativo. Esse programa padrão totaliza em torno de 12.000m², deixando então o prédio existe bem abaixo do que seria o ideal tanto em área como em programa.

Propõe-se então a retirada da escola para um local onde possa se construir um prédio mais adequado para sua função (não necessariamente seguindo o projeto do MEC). A opção escolhida foi

FIGURA 47: Maquete projeto de escola profissionalizante

Fonte: portal.mec.gov.br

de acordo com um raio do caminhabilidade de 500 metros para pedestre, como mostrado no mapa 06, foi parte de um terreno localizado na avenida Germano Frank ao lado do Shopping Parangaba e a poucos metros do terminal de ônibus e o metrô. Esse terreno é utilizado como depósito de material de construção da obra do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

MAPA 06: Proposta relocação escola

Referências

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