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Crimes contra a Ordem Tributária Lei nº 8.137/1990 Atualizado em 05/06/2021

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Atualizado em 05/06/2021

1. Introdução ... 2

2. Distinção entre Direito Tributário Penal e Direito Penal Tributário ... 3

3. Crimes tributários e prisão civil por dívida ... 3

4. Bem jurídico tutelado ... 4

5. Competência criminal ... 4

6. Competência territorial ... 4

7. Análise dos tipos penais ... 5

7.1 Sujeitos dos crimes do art. 1º e 2º da Lei 8.137/90 ... 5

7.2 Sujeito Passivo... 5

7.3 Tipo Objetivo ... 5

7.4 Denúncia genérica ... 6

7.5 Consumação e Tentativa – Art. 1º ... 6

7.6 Elemento Subjetivo ... 6

7.7 Ação Penal ... 6

7.8 Natureza Jurídica da decisão final do Procedimento Administrativo e postura do MP ... 7

7.9 Teoria do domínio do fato ... 7

8. Análise do artigo 1º da Lei 8.137/90 ... 8

8.1 Aumento de pena previsto no art. 12, I, da Lei 8.137/90 ... 10

9. Análise do artigo 2º da Lei 8.137/90 ... 10

10. Análise do artigo 3º da Lei 8.137/90 ... 14

11. Outros delitos tributários previsto no Código Penal ... 15

11.1 Descaminho – Art. 334 do Código Penal ... 15

11.2 Sonegação de contribuição previdenciária – 337-A ... 16

11.3 Excesso de Exação – Art. 316 §1º do Código Penal ... 17

11.4 Facilitação de contrabando ou descaminho ... 17

12. Princípio da Insignificância nos crimes tributários ... 17

12.1 O valor da insignificância nos crimes tributários ? ... 18

13. Fiscalização tributária ... 18

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14. (In) constitucionalidade da transferência direta das informações das entidades bancárias aos órgãos de fiscalização tributária ... 19

14.1 As Receitas estadual e municipal também poderão requisitar dos bancos informações sobre movimentações bancárias? ... 20 14.2 É possível que as informações bancárias obtidas pelo Fisco sem

autorização judicial sejam compartilhadas com o Ministério Público para serem utilizadas em processos criminais? ... 20 14.3 É legítimo o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira com o MP ou com a Polícia judiciária ? ... 21 15. Conduta única e supressão de dois ou mais tributos de titularidades de entes diversos - Concurso de crimes ... 22 16. Prazo prescricional no crime material ... 22 17. Extinção da punibilidade em virtude do pagamento ou parcelamento do débito tributário ... 22

17.1 Extinção de punibilidade em caso do pagamento de multa ... 24 17.2 A diversa política criminal aplicada aos crimes contra o patrimônio e contra a ordem tributária ... 24 18. Legislação completa ... 25

1. Introdução

O Estado tem necessidade de receber os tributos, dessa forma utiliza o Direito Penal para receber, como instrumento para compelir as pessoas para o seu pagamento.

A doutrina denomina a Lei de crimes tributários como Direito Penal Simbólico1, ou seja, é para “inglês vê”, uma vez que finge que se pune. Contudo, com o excesso de benefícios dados ao autor de crimes tributários, raramente se vê uma punição do autor.

A doutrina criminalística entende que tais delitos são considerados como Dourada, ou seja, praticados por criminosos com poder aquisitivo mais elevado, denominando-se de “delitos de colarinho branco”, fato que tem um conexão com a teoria consensual da Associação Diferencial2.

1 O Direito Penal Simbólico é um fenômeno que nasce do sentimento de urgência que o Estado manifesta quando a aplicação indevida do Direito Penal

2 A teoria propõe que o comportamento criminoso dos indivíduos tem sua gênese pela aprendizagem, bem com o contato com padrões de comportamento favoráveis à violação da lei.

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2. Distinção entre Direito Tributário Penal e Direito Penal Tributário O Professor Renato Brasileiro faz a diferença entre o direito tributário penal e direito penal tributário, da seguinte forma:

O Direito Tributário Penal fala-se de um ramo do direito tributário, que versa sobre a aplicação de sanções extrapenais, de condutas ilícitas administrativos ou tributário, podendo ser atribuído ao agente à título de dolo ou culpa, de acordo o art. 136, do CTN.

Direito Penal Tributário ramo do direito penal que incide sobre condutas que atentam contra a ordem tributária, somente sendo atribuído ao agente à título de dolo, não há que se falar em condutas culposas.

Os crimes tributários estão previstos na Lei nº 8.137/90, mas também em outras legislações. Na Lei 8.137/90 são divididos os crimes tributários da seguinte forma: a) sonegação fiscal (Art. 1º); b) crimes da mesma natureza de sonegação fiscal (art. 2º); c) crimes funcionais tributários (art. 3º).

Destaca-se que a Lei 8.137/90, além dos crimes tributários, também tem crimes contra a Ordem Econômica (art. 4º) e crimes contra a relação de consumo (art. 7º).

O STF, através do Ministro Roberto Barroso estabeleceu algumas premissas importantes para a matéria de crimes tributários: a) o Direito Penal deve ser sério, igualitário e moderado; b) o pagamento de tributos é dever fundamental de todo cidadão, na medida em que ocorra o fato gerador e ele exiba capacidade contributiva; e c) o mero inadimplemento tributário não deve ser tido como fato típico criminal, para que seja reconhecida a tipicidade de determinada conduta impende haver um nível de reprovabilidade especial que justifique o tratamento mais gravoso.

3. Crimes tributários e prisão civil por dívida

A luz da Constituição Federal, a prisão civil é cabível apenas quando devedor de alimentos e depositário infiel. Contudo, a Comissão Americana de Direitos Humanos não reconhece a prisão do depositário, por isso o STF entende que não tem amparo para tal prisão, subsistindo apenas a prisão do devedor de alimentos.

Discute-se se a prisão por crimes tributários seria uma espécie de prisão por dívida, contudo, não se trata de prisão civil, pois está sendo detido por uma infração penal. No caso, não está sendo preso por uma dívida tributária, mas sim pela conduta fraudulenta contra o fisco.

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.

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Os crimes tributários, em regra, são praticados por meio de fraude, com as únicas exceções é o art. 168-A e o art. 2, II, da Lei 8.137/90. Parte da doutrina fala até que se trata de um “estelionato” contra o fisco.

Por essa razão, o STF3entende que os crimes contra a ordem tributária são compatíveis com a Constituição Federal e não representam prisão por dívida (art. 5º, LXVII, da CF/88).

4. Bem jurídico tutelado

1ª Corrente: De acordo com a corrente funcionalista, o bem jurídico tutelado seria a função que o tributo exerce em determinada sociedade. (Prof. Hugo de Brito Machado). → corrente minoritária

2ª Corrente: (Majoritária) A corrente patrimonialista, sustenta que o bem jurídico tutelado é o erário público, tratando-se da arrecadação tributária.

5. Competência criminal

Depende da natureza do tributo, quando for tributo federal será da competência da justiça federal. Caso fosse tributo estadual, seria perante a justiça estadual.

União Estados Municípios

II, IE, IPI, IOF, ITR, IR e IGF

ITCMD, ICMS, IPVA IPTU, ITBI, ISS

6. Competência territorial

Local da consumação, de acordo com o art. 70 do CPP.

3STF. Plenário. ARE 999425 RG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 02/03/2017

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.

§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.

§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.

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Atualizado em 05/06/2021 Existe uma divergência:

1ª Corrente: seria o local que ocorreu a supressão ou redução do tributo.

2ª Corrente: local de decisão final do procedimento de lançamento do tributo. Logo, tratando-se de crime material contra a ordem tributária, a competência para processar e julgar o delito é do local onde houver ocorrido a sua consumação, por meio da constituição definitiva do crédito tributário4, sendo irrelevante a mudança de domicílio fiscal do contribuinte.

7. Análise dos tipos penais

7.1 Sujeitos dos crimes do art. 1º e 2º da Lei 8.137/90 1ª Corrente: Crime comum

2ª Corrente: Crime próprio, porque o sujeito ativo do delito é na verdade o sujeito passivo da obrigação tributária (é a pessoa responsável pelo pagamento do tributo, podendo ser o contribuinte ou o responsável).

Pessoa jurídica pode responder por crime tributário? Em tese sim, porque tem autorização na própria Constituição Federal, assim como ocorre nos crimes ambientais (Lei 9.605/98). A despeito da autorização contida na CF/88, não há legislação no Brasil, a tipificação dos crimes contra a ordem econômica-financeira para as pessoas jurídicas.

7.2 Sujeito Passivo

Será o sujeito ativo da obrigação tributário, ou seja, quem pode exigir o implemento. Dessa forma, o sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.

Ex. IPVA – Estado Ex. IR – União 7.3 Tipo Objetivo

Algumas vezes a legislação estabelece que a pessoa tem, como obrigação tributária acessória, que recolher o tributo ou a contribuição social devida por outra e depois repassar esse valor ao ente tributante.

4 STJ – CC 144.872

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Atualizado em 05/06/2021 7.4 Denúncia genérica5

Foi admitida pelos tribunais superiores, por muitos anos. Atualmente, não se admite a denúncia genérica, ou seja, na hora de oferecer a denúncia o MP deve estabelecer o vínculo daquele administrador/sócio ao ato ilícito que está sendo imputado.

O problema prático é que tem muitas empresas não são geridas por seus sócios, o que ensejaria a responsabilidade objetiva.

7.5 Consumação e Tentativa – Art. 1º

1ª Corrente: Em relação ao art. 1º, se consuma com a supressão ou redução do tributo.

2ª Corrente: No momento que há o trânsito em julgado do processo administrativo de lançamento.

Em tese, é possível a tentativa do art. 1º, contudo, algumas condutas fracionados do art. 1º estão elencadas no art. 2º, de forma autônoma. Ou seja, Caso o agente tente suprimir ou reduzir tributo mediante conduta fraudulenta, mas não consiga por circunstâncias alheias à sua vontade, ele irá responder pelo crime do art.

2º, I, da Lei n.° 8.137/90 (e não pelo art. 1º da Lei nº 8.137/90 c/c o art. 14, II, do CP).

O art. 2º, I é a forma tentada do art. 1º. Em vez de se valer do art. 14 do CP para fazer a adequação típica da tentativa, utiliza-se o inciso I do art. 2º.

7.6 Elemento Subjetivo

O delito exige, para sua configuração, que a conduta seja dolosa, consistente na consciência (ainda que potencial) de não recolher o valor do tributo.

Vale ressaltar que a motivação não possui importância no campo da tipicidade, ou seja, é dispensável a existência de elemento subjetivo especial6.

Não existe modalidade culposa.

Não se exige clandestinidade - O fato de o agente registrar, apurar e declarar em guia própria ou em livros fiscais o imposto devido não tem o condão de elidir (fazer desaparecer) o crime. Isso porque, para a configuração deste delito, não se exige clandestinidade (não se exige que seja feito às escondidas).

7.7 Ação Penal

5 LFG - Denúncia genérica é a que deixa de apontar claramente a conduta praticada pelos agentes envolvidos no crime. Há ausência de individualização das condutas. Relaciona-se com crimes praticados por mais de uma pessoa, sendo exemplo os crimes societários.

6 STJ. 6ª Turma. AgRg no Resp 1.477.691/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, DJe 28/10/2016.

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A ação penal7 em relação aos crimes tributários continua pública incondicionada, o art. 83, representa apenas a notícia do crime pelas autoridades fazendárias.

O MP pode oferecer a denúncia se tomar conhecimento do lançamento definitivo, mesmo por outros meios, ainda que o fisco não encaminhe a notícia.

7.8 Natureza Jurídica da decisão final do Procedimento Administrativo e postura do MP

1ª Corrente: questão prejudicial heterogênea – art. 93, do CP

2ª Corrente: O procedimento administrativo é uma elementar do crime contra a ordem tributária.

3ª Corrente: (Entendimento dos tribunais) A decisão final do procedimento administrativo é uma condição objetiva de punibilidade, ou seja, independe de dolo ou culpa do agente, trata-se de uma condição do preceito primário ao secundário, dependendo de uma condição.

Dessa forma, preceitua a súmula vinculante 24, apenas os crimes materiais, faz necessário o lançamento do crédito e não em relação aos acusados.

Essa condição objetiva só vale para crimes materiais, não se valendo de delitos formais. A decisão de lançamento definitivo não obsta a persecução penal contra crimes conexos.

7.9 Teoria do domínio do fato8

Em crimes tributários é muito corriqueiro a invocação da teoria do domínio do fato, isso porque na maioria dos casos quem pratica a conduta de suprimir ou reduzir tributo é o empregado, gerente ou contador da pessoa jurídica, contudo, sob orientação do sócio-adminitrador da empresa.

Não basta o simples fatos de o acusado ser sócio e administrador da empresa constante da denúncia não pode levar a crer, necessariamente, que ele tivesse participação dos fatos delituosos, o ponto de se ter dispensando ao menos uma sinalização de sua conduta, sob pena de aplicação da responsabilidade objetiva.

7 STF – ADI 1.571

8 A teoria do domínio do fato, criada na Alemanha em 1939 por Hans Welzel, teve a finalidade de ampliar o conceito de autor. Por força dessa teoria, pode também ser considerado autor aquele que, mesmo não realizando o núcleo do tipo, domina finalisticamente todo o seu desenrolar. Welzel dizia que autor é o “senhor do fato”. Dessa forma, pela teoria do domínio do fato o autor seria o sócio- administrador que decidiu e determinou que fossem praticados os atos necessários à supressão ou redução do tributo.

Súmula vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

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Atualizado em 05/06/2021 8. Análise do artigo 1º da Lei 8.137/90

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir

tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

(Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

O art. 1º, prevê o delito de sonegação fiscal, que é um crime MATERIAL9 (com exceção ao inciso V, que é formal). Desse forma, nos delitos tributários materiais, somente se consuma se houver a constituição definitiva do crédito tributário, nos termos da súmula vinculante 24 – STF.

Desse modo, o art. 1º, traz a seguinte estrutura, no caput, prevê que suprimir ou reduzir tributo. Já nos seus cinco incisos são previstas as condutas por meio das quais o agente suprime ou reduz o tributo. Assim para ser considerado crime o indivíduo deverá praticar uma das condutas dos incisos e por meio delas suprimindo ou reduzindo o tributo que era devido.

De mais a mais, o crime ocorre quando a pessoa não paga nada (suprime) ou paga menos do que deveria (reduz), o valor do tributo (imposto, taxa, empréstimo compulsório, contribuição de melhoria ou contribuições sociais) ou o seu acessório, mediante uma ou mais condutas fraudulentas do incisos I ao V. Reiterando o fato que o inciso V, trata-se de delito formal.

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

O art. 1, inciso I, se diferencia do art. 2º, inciso I, porque as elementares aqui são suprimir ou reduzir tributo, omitindo ou prestando declarações falsas.

Logo, os crimes do artigo 1, são materiais, ou seja, é um crime cujo o resultado está inserido no próprio tipo penal.

Já no art. 2º, inciso I, a conduta é fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo. Logo, o resultado não está no tipo penal, tratando-se de um crime formal.

A pena é menor (detenção:6 meses a 2 anos, e multa) porque o resultado não teria ocorrido.

Caso o agente utiliza-se de declaração falsa sobre a existência de despesas declaradas no imposto de renda pode responder por uso de documento falso (art.

304 c/c art. 299 do CP) ? O STJ, entende que a apresentação de recibo ideologicamente falso quando o contribuinte é chamado para comprovar as declarações prestadas tem a finalidade única e exclusiva de justificar as despesas declaradas e se eximir ou reduzir o tributo, ficando evidenciado que o falso foi o

9 Crime material – É um crime cujo o resultado está inserido no tipo penal, sem o resultado, não há crime.

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crime-meio pelo qual o agente buscou alcançar a finalidade de sonegar o importo, portanto, no caso, aplica-se o princípio da consunção10, sendo o falso absorvido pelo intento de suprimir ou diminuir o tributo, respondendo apenas pelo art. 1, inciso I da Lei 8.137/90.

É certo que não ocorrerá a absorção quando o crime meio puder servir a outras finalidades delitivas, conforme dispõe súmula 17 – STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

O único do artigo 1º que não é um crime tributário material, tratando-se de delito formal. Com isso, não necessita da constituição definitiva do crédito tributário (lançamento definitivo do tributo), desse modo, não se aplica a súmula vinculante nº 24 do STF.

Aqui o agente se nega ou deixa de fornecer nota fiscal (ou documento equivalente) relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada ou o agente fornece a nota fiscal ou o documento equivalente em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Não cabe suspensão condicional do processo.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou

10 O princípio da consunção estabelece que, quando uma ou mais infrações penais configuram meio ou fase necessária para a consecução de um crime fim, ou seja, são condutas anteriores ou posteriores ao delito principal, mas com ele interligadas e sem qualquer outra autonomia, são por ele absorvidos.

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menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

O parágrafo único ocorre quando a autoridade fazendária, no exercício da fiscalização tributária, dá uma ordem à pessoa exigindo alguma providencia e esta se recusa a cumpri-la. Esse delito é como se fosse um crime de desobediência específico para ordens fazendárias no exercício da fiscalização.

8.1 Aumento de pena previsto no art. 12, I, da Lei 8.137/90

O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crime de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) deverá ser aumentada no caso de o delito

“ocasionar grave dano à coletividade”. A jurisprudência entende que se configura a referida causa de aumento quando o agente deixa de recolher aos cofres públicos uma vultosa quantia. Em outras palavras, se o valor sonegado foi alto, incide a causa de aumento do art. 12, I.

A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, prevê que os contribuintes que estão devendo acima de R$ 10 milhões são considerados “grandes devedores” e devem receber tratamento prioritário na atuação dos Procuradores.

Diante disso, surgiu uma tese defensiva dizendo que somente as dívidas acima de R$ 10 milhões poderiam ser consideradas de grande porte, justificando a incidência da causa de aumento do art. 12, I. Essa tese não foi acolhida pelo STF e STJ.

9. Análise do artigo 2º da Lei 8.137/90 Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

Crime da mesma natureza quer dizer o crime praticado por particular.

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

O art. 1, inciso I, se diferencia do art. 2º, inciso I, porque as elementares aqui são suprimir ou reduzir tributo, omitindo ou prestando declarações falsas.

Logo, os crimes do artigo 1, são materiais, ou seja, é um crime cujo o resultado está inserido no próprio tipo penal.

Já no art. 2º, inciso I, a conduta é fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de

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tributo. Logo, o resultado não está no tipo penal, tratando-se de um crime formal. A pena é menor porque o resultado não teria ocorrido.

A principal diferença entre os dois crimes é a seguinte:

Art. 1º, I Art. 2º, I

É crime material.

Para a sua consumação, exige-se que haja a efetiva supressão ou redução do tributo.

Em suma, o tipo penal exige que tenha havido sonegação.

É crime formal.

Para a sua consumação, basta que o agente tenha feito a declaração falsa, omitido declaração ou empregado outra fraude com o objetivo de se eximir do pagamento do tributo. O tipo penal não exige que tenha havido sonegação. Aliás, se o agente conseguir efetivamente a sonegação, ele não responderá pelo art. 2º, I, mas sim pelo art. 1º, I.

É indispensável a constituição definitiva do crédito tributário.

Não é necessária a constituição definitiva do crédito tributário.

Aplica-se a SV 24-STF. Não se aplica a SV 24-STF.

Por se tratar de delito formal, o art. 2, inciso I, o prazo prescricional tem início na data em que a fraude é praticada (e não a data em que ela é descoberta).

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado11, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

A doutrina chama de apropriação indébita tributária, que se aproxima muito do crime de apropriação de contribuição previdenciária (art. 168-A, do CP):

11 Conforme explica o Min. Rogerio Schietti Cruz (HC 399.109-SC), as palavras “descontado” e

“cobrado” não estão empregadas aqui no sentido tributário. • Descontado: está relacionado com a responsabilidade tributária por substituição. Assim, descontado é o valor recolhido pelo responsável tributário em uma relação jurídica obrigacional tributária cuja responsabilidade se dá por substituição.

Cobrado: possui semelhante significado ao das palavras “receber”, “embolsar” ou “coletar”. Está, portanto, relacionado com os tributos indiretos, cuja incidência acarretará o aumento do valor do produto a ser suportado pelo contribuinte de fato. Logo, se o valor do ICMS naquela venda era R$

200,00, o vendedor (contribuinte de direito) irá repassar esse custo ao comprador (contribuinte de fato). Assim, o vendedor irá “cobrar” do comprador esse valor e, se deixar de pagar (recolher) esse valor para o Fisco, pode cometer o delito em tela.

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Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Não transferir a contribuição previdenciária (destinada ao custeio da seguridade social) recolhida (descontada) dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional, mas não repassadas à previdência.

É norma penal em branco, com complemento na Lei 8.212/1991, que versa sobre prazos e formas legais para o repasse ser feito.

O tipo é omissivo próprio (“deixar de”) que constitui em uma inação (“no facere”).

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;

II recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

Figura Penal Equiparada.

Conforme o escólio de Bitencourt:

“A conduta tipificada no caput tem a finalidade de punir o substituto tributário, que deve recolher à previdência social o que arrecadou do contribuinte, e deixou de fazê-lo (...). Já as figuras descritas no § 1º destinam-se ao contribuinte- empresário, que deve recolher a contribuição que arrecadou do contribuinte.”

“Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, o crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de delito material.

Portanto, o momento consumativo do delito em tela corresponde à data da constituição definitiva do crédito tributário, com o exaurimento da via administrativa.” 12

Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição previdenciária, este Superior Tribunal de Justiça pacificou a orientação no sentido de que sua comprovação prescinde de dolo específico, sendo suficiente, para a sua caracterização, a presença do dolo genérico consistente na omissão voluntária do recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos.

Sujeito ativo Representantes legais da pessoa jurídica, como os sócios que exercem a sua administração.

Sujeito passivo Estado, por intermédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Objeto Jurídico Seguridade Social.

Objeto Material Contribuição previdenciária.

12 STJ, RHC 36.704/SC

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Elemento subjetivo do crime Dolo (genérico)

Consumação Quando ocorrer a omissão (deixar de repassar a quantia devida ao INSS). Ver posicionamento do STJ a seguir.

Classificação Próprio; formal (ver posicionamento do STJ);

de forma livre; omissivo; instantâneo;

unissubjetivo; unissubsistente (não admite conatus tentativa).

A apropriação indébita previdenciária tem como objeto material de forma exclusiva às contribuições previdenciária, enquanto o art. 2º, II, versa sobre outras contribuições que não há previdência social, que tem como destinatário o INSS.

Traçada breves as noções do delito de apropriação indébita previdenciária, o estudo da apropriação indébita tributária (Art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90), o agente deixa de repassar quaisquer outros tributos (que não contribuições previdenciárias) recolhidos pelo contribuinte.

Possuindo como sujeito ativo do crime é o mesmo que o sujeito passivo da obrigação tributária, ou seja, “quem deixa de recolher (...) na qualidade de sujeito passivo da obrigação.”

Dessa forma, nada impede que o sujeito ativo possa ser o próprio contribuinte ou o responsável tributário.

Exemplificando, em casos de ICMS, o comerciante de venda de roupas, deixa de recolher o tributo devido, este será o sujeito ativo do delito.

A doutrina classifica como crime comum, considerando que não se exige qualidade especial do sujeito ativo (pode ser qualquer pessoa que tinha a responsabilidade pelo recolhimento e não fez dolosamente.

O dolo deve ser apurado a partir de circunstâncias objetivas e factuais, tais como: inadimplência reiterada; a venda de produtos abaixo do preço de custo; criação de obstáculos à fiscalização; utilização de “laranjas”, falta de tentativa de regularização fiscal; encerramento irregular de atividades com abertura de outras empresas.

O sujeito ativo do delito do inciso II, fala em deixar de recolher o “valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado”. Isso significa que nem todo sujeito passivo de obrigação tributária que deixa de recolher tributo ou contribuição social responde pelo crime do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, mas somente aqueles que “descontam” ou “cobram” o tributo ou contribuição.

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Ademais, o STF entende que o contribuinte de, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2, II, da Lei º 8.137/90.

Curiosidade: No Brasil, o ICMS é o tributo mais sonegado e a principal fonte de receita própria dos Estados-membros. Logo, é inequívoco o impacto da falta de recolhimento intencional e reiterado do ICMS sobre o Erário. Considerar crime a apropriação indébita tributária produz impacto relevante sobre a arrecadação.

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

10. Análise do artigo 3º da Lei 8.137/90 Dos crimes praticados por funcionários públicos

Enquanto o Art. 1º e o Art. 2º, versa de crimes praticados por particulares, enquanto o art. 3º fala dos crimes praticados por funcionários públicos que atua junto a fazenda pública.

No artigo 3º, trata-se de crime próprio, exigindo uma condição especial do agente, ser um funcionário público e que atue perante a fazenda pública.

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):

A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária), desde que comprovado o dolo. O não repasse do ICMS recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em qualquer hipótese, enquadra-se (formalmente) no tipo previsto art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, desde que comprovado o dolo. Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 não fica restrito apenas às hipóteses em que há substituição tributária.

STJ. 3ª Seção. HC 399.109-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/08/2018 (Info 633).

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I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

É semelhante ao artigo 314 do Código Penal, contudo o art. 3, I, da respectiva lei é especial em relação ao código penal, uma vez que trata de tributo ou contribuição social.

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

É semelhante aos crimes de concussão (art. 316) e corrupção passiva (art.

317), prevista no Código Penal, contudo, o objetivo aqui é deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente, estando incurso nas penas do art. 3, Inciso II, da Lei 8.137/90.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Assemelha-se ao crime de advocacia administrativa, mas aqui é perante a administração fazendária, se tratando portando de uma norma especial.

11. Outros delitos tributários previsto no Código Penal 11.1 Descaminho – Art. 334 do Código Penal

Concussão - Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida.

Corrupção passiva - Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem.

Advocacia administrativa - Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

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Segundo a doutrina o delito de descaminho embora tipificado no art. 334 do CP, trata de crime funcional contra a ordem tributária, consistindo em “iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”. Corresponde à entrada ou à saída de produtos PERMITIDOS, todavia elidindo o pagamento do imposto devido. É a fraude utilizada para iludir o pagamento de impostos relacionados com a importação ou exportação de produtos

Bem jurídico protegido: interesse do Estado na arrecadação dos tributos.

Além desse, alguns autores apontam que este crime também protege o controle estatal das importações e das exportações.

11.2 Sonegação de contribuição previdenciária – 337-A

Descaminho

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 1o Incorre na mesma pena quem:

I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;

II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;

III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;

IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.

§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.

§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.

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Outro tipo penal, é o delito tributário previsto no código penal é do art. 337- A, sonegação de contribuição previdenciária. São hipóteses que se declara receber uma remuneração menor, para menor incidência da tributação.

11.3 Excesso de Exação – Art. 316 §1º do Código Penal

Esse delito de Excesso de exação, exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.

11.4 Facilitação de contrabando ou descaminho

Trata-se de crime próprio, praticado por funcionário público, que auxilia na prática de contrabando ou descaminho, sendo uma exceção a teoria monista do concurso de pessoas, a qual entende que autores e partícipes responderão por um só crime na medida de sua culpabilidade.

12. Princípio da Insignificância nos crimes tributários

Trata-se de exclusão da tipicidade material, tendo como pressupostos estabelecidos pelo STF e doutrina:

a) Mínima ofensividade do agente;

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;

II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;

III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – (VETADO)

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.

§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.

Excesso de exação - § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.

Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334).Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

(18)

Atualizado em 05/06/2021 b) Nenhuma periculosidade social da ação;

c) Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;

d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada;

12.1O valor da insignificância nos crimes tributários ?

Breve histórico nos crimes tributários, inicialmente o valor de cancelamentos de débitos inscritos na dívida ativa era R$ 100,00 (cem reais) – Lei 10.552/02, mas com o passar do tempo, entendeu-se que o valor seria de 10.000,00 (dez mil reais), para casos de arquivamento.

Contudo, esse valor sofreu uma atualização passando para o valor de R$

20.000,00 (vinte mil reais), através de uma portaria 75/2012, que explicita o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a fazenda, cujo o valor seja igual ou inferior a 20.000,00 (vinte mil reais). O STF e STJ, passou a considerar o valor de 20.000,00, com patamar para a aplicação do princípio da insignificância.

Esse valor de 20.000,00, pode ser utilizado para o crime de descaminho13. Cabe destacar, que esse valor de 20.000,00 é o valor do tributo e não o valor da mercadoria.

Não se aplica o princípio da insignificância com a reiteração delituosa.

Esse valor de 20.000,00 se refere a crimes tributários federais e para o descaminho, não se aplicando a tributos estaduais ou municipais.

Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo.

Vale ressaltar, no entanto, que o STJ possui alguns precedentes admitindo, de forma excepcional, a aplicação deste princípio para o caso de contrabando de pequena quantidade de medicamento para uso próprio.

13. Fiscalização tributária

Existe limites quanto a fiscalização tributária?

13 STF – HC 122.213/PR

Cancelamento → 100,00 (cem reais) Arquivamento → 10.000,00 (dez mil reais)

Ajuizamento de ações fiscais → 20.000,00 (vinte mil reais)

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Diante de tais dispositivos poderia ocorrer a Inviolabilidade domiciliar, apenas observados os dispostos do Art. 195 e 200 do CTN? Não. Os artigos do CTN não autorizam o ingresso em domicílio, uma vez que pressupõe prévia autorização judicial, de acordo com a Constituição Federal.

14. (In) constitucionalidade da transferência direta das informações das entidades bancárias aos órgãos de fiscalização tributária

Em regra para que se tenha acesso aos dados bancários de uma pessoa, é necessário autorização judicial, por se tratar de verdadeira cláusula de reserva de jurisdição.

Contudo, a Lei complementar 105/01 – autoriza o acesso ao sigilo de dados bancários e financeiros, conforme disposição dos Art. 5º e Art. 6º:

Logo, a lei autoriza o acesso aos dados pelo fisco, diretamente das instituições financeiras sobre as movimentações bancárias dos contribuintes, tal requisição é constitucional14, conforme decidiu o STF, no ano de 2016.

14 •Argumentos do STF pela constitucionalidade do Art. 6 da Lei complementar 105/01 - O sigilo bancário não é absoluto e deve ceder espaço ao princípio da moralidade nas hipóteses em que transações bancárias indiquem ilicitudes. • A LC 100/2001 é um instrumento para fiscalizar o dever fundamental do contribuinte de pagar tributos. O dever fundamental de pagar tributos está alicerçado na ideia de solidariedade social. Assim, dado que o pagamento de tributos, no Brasil, seria um dever fundamental

— por representar o contributo de cada cidadão para a manutenção e o desenvolvimento de um Estado que promove direitos fundamentais —, é preciso que sejam adotados mecanismos efetivos de combate à sonegação fiscal. • A prática prevista na LC 105/2001 é comum em vários países desenvolvidos e a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo questionado seria um retrocesso diante dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil para combater ilícitos como a lavagem de dinheiro e evasão de divisas e para coibir práticas de organizações criminosas. • A identificação de patrimônio, rendimentos e atividades econômicas do contribuinte pela administração tributária dá efetividade ao princípio da capacidade contributiva, que, por sua vez, sofre riscos quando se restringem as hipóteses

O Art. 200 do CTN: “As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação dê medida prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como crime ou contravenção.”

Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.

Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços.

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

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Quando o fisco solicita tais informações não há quebra de sigilo bancário ou financeiro, uma vez que essas informações não foram reveladas a terceiros, Isso porque as informações são passadas para o Fisco (ex: Receita Federal) em caráter sigiloso e permanecem de forma sigilosa na Administração Tributária.

Os art. 5º e 6º, consagram, de modo expresso, a permanência do sigilo das informações bancárias obtidas, permanecendo resguardada a intimidade e a vida privada do correntista, logo, não se tem necessidade de autorização judicial15.

Para o STF, o simples fato de o Fisco ter acesso aos dados bancários do contribuinte não viola a garantia do sigilo bancário. Só haverá violação se esses dados

“vazarem” para pessoas estranhas ao órgão fazendário.

14.1As Receitas estadual e municipal também poderão requisitar dos bancos informações sobre movimentações bancárias?

SIM. O art. 6º da LC 105/2001, dispõe que estão autorizados a requisitar as informações bancárias as autoridades e agentes fiscais tributários não apenas da União (Receita Federal), mas também dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Assim, as Receitas estadual e municipal (Secretarias de Fazenda estadual e municipal) também poderão requisitar dos bancos, sem autorização judicial, informações sobre movimentações bancárias sem que isso configure quebra do sigilo bancário.

14.2 É possível que as informações bancárias obtidas pelo Fisco sem autorização judicial sejam compartilhadas com o Ministério Público para serem utilizadas em processos criminais?

SIM. Em 2019, o STF16 pacificou que é legítimo que a Receita Federal compartilhe o procedimento fiscalizatório que ela realizou para apuração do débito

que autorizam seu acesso às transações bancárias dos contribuintes. • A LC 105/2001 não viola a CF/88.

Isso porque o legislador estabeleceu requisitos objetivos para requisição de informação pela administração tributária às instituições financeiras e exigiu que, quando essas informações chegassem ao Fisco, ali mantivessem o dever de sigilo. Com efeito, o parágrafo único do art. 6º preconiza que o resultado dos exames, as informações e os documentos deverão ser conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Assim, não há ofensa a intimidade ou qualquer outro direito fundamental, pois a LC 105/2001 não permite a “quebra de sigilo bancário”, mas sim a transferência desse sigilo dos bancos ao Fisco.• O art. 6º da LC 105/2001 é taxativo e razoável ao facultar o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras somente se houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

15 ADI 2.859/DF

16 STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962).

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tributário com os órgãos de persecução penal para fins criminais (Polícia Federal, Ministério Público etc.), não sendo necessário, para isso, prévia autorização judicial.

Os principais argumentos do STF é que as garantias constitucionais do sigilo não são absolutas, não podendo servir de escudo protetivo à prática de atividades ilícitas ou criminosas, não sendo essa finalidade das garantias individuais e liberdades públicas.

Em outro argumento, sustentou que a proteção lícita do exercício dos direitos fundamentais é prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Em seu art. XXIX, o documento afirma tanto a finalidade quanto a relatividade dos direitos individuais. Na finalidade, sujeita o exercício dos direitos e liberdades individuais às limitações estabelecidas pela lei.

Também pontuou que as restrições excepcionais às liberdades públicas são constitucionais, desde que a finalidade seja garantir direitos e liberdades dos demais membros da sociedade às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

14.3 É legítimo o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira com o MP ou com a Polícia judiciária ?

Antes de adentrar a resposta cabe o esclarecimento, ensinado por Márcio André, Unidade de Inteligência Financeira (UIF ou COAF) é um órgão vinculado administrativamente ao Banco Central, mas com autonomia técnica e operacional, sendo responsável por produzir e gerir informações de inteligência financeira que sirvam para prevenir e combater crimes como lavagem de lavagem de dinheiro, financiamento de terrorismo, financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, sendo também responsável por estabelecer uma interlocução institucional com órgãos e entidades nacionais, estrangeiros e internacionais que tenham conexão com a matéria.

Nesse contexto, é constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF* (leia-se COAF) e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional.

O compartilhamento pela UIF* (leia-se COAF) e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios.

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15. Conduta única e supressão de dois ou mais tributos de titularidades de entes diversos - Concurso de crimes

Sonegação de vários delitos em conjunto de vários tributos (ICMS, IPVA, ISS, CSLL).

1ª Corrente: Pluralidade de delitos (Federal, Estadual e Municipal), deveria responder por 3 crimes materiais.

2ª Corrente: (Majoritária)17 Haveria crime único. Não há concurso formal, mas crime único, na hipótese em que o contribuinte, numa única conduta, declara Imposto de Renda de Pessoa Jurídica com a inserção de dados falsos, ainda que tal conduta obstado o lançamento de mais de um tributo ou contribuição.

16. Prazo prescricional no crime material

Por se tratar de crime material, consuma-se com a decisão final da decisão de lançamento. Logo, começa a prescrição com o começo da constituição definitiva do crédito tributário18.

Noutro ponto, o STF19 já decidiu que o prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do parcelamento do débito fiscal.

17. Extinção da punibilidade em virtude do pagamento ou parcelamento do débito tributário

O legislador não está preocupado com a punição do crime, mas o que se busca é o pagamento, sendo a criminalização como reforço do pagamento do tributo.

Pagamento, qual é a regra prevista no Código Penal ?

A regra quanto ao pagamento é o arrependimento posterior, crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa, até o recebimento da denúncia, por ato voluntário, tendo a pena reduzida de 1 a 2/3.

Exceções:

a) Peculato culposo; No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

b) Fraude no pagamento por meio de cheque - (art. 171, §2, inciso VI) Súmula 554 do STF, o pagamento do cheque, até o recebimento da denúncia haverá a extinção da punibilidade.

17 STJ – Resp 1.294.687 – 6ª turma

18 STF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786).

19 STF. 2ª Turma. ARE 1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).

Súmula 554 do STF : O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

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