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Conferência da Real Vida Seguros analisou

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Academic year: 2021

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Baixa poupança torna o país

mais vulnerável a choques externos

Conferência da Real Vida Seguros analisou ontem, na Fundação Champalimaud, as causas e os efeitos da crise demográfica

eda quebra na taxa de aforro da população

portuguesa.

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LUÍS NAVES

A

crise demográfica eaescassez de poupança foram ostemas dacon- ferência Uma Poupança para a Vida, realizada ontem emLisboa, iniciativa daReal Vida Seguros, com apoio do Global Media Group. Vá- rios oradores explicaram que os dois problemas estão ligados amu- danças da sociedade eameaçam a prospe- ridade futura dopaís, sobretudo sehouver umarecessão. Luís Laginha de Sousa, admi- nistrador do Banco dePortugal, que falou a título particular, disse que abaixa taxa de poupança em Portugal "torna asfamílias vulneráveis achoques que afetem negativa- mente oseurendimento, como sejam oau- mento das taxas dejuro, odesemprego ou a reforma". Em média, os portugueses pou- pam apenas um curo emcada 20 do quega- nham.

Fernando Alexandre, da Universidade do Minho, secundou os avisos, ao dizer que os EUAestão num dos mais longos períodos de expansão económica dasuahistória ehá ali riscos de desaceleração. "Temos denos pre- pararparaisso, porquevaiafetaraeconomia portuguesa." Anível das expectativas, acres- centou oeconomista, "nada foi feito para queaspessoas seacautelassem".

Aprimeira parte dadiscussão foi dedica- daà crise demográfica. Osnúmeros são alar- mantes. Até 2060, Portugal poderá perder mais de dois milhões depessoas, devido a uma quebra defertilidade que está entre as

mais graves do mundo. A este fenómeno soma- se o aumento da longevidade (algo positivo) ,mas que setraduz no envelheci- mento acelerado dapopulação, oque por suavez ameaça asustentabilidade dos siste- mas de saúde ede segurança social.

Osoradores naconferência não estiveram todos deacordo sobre osmotivos do proble- ma. Fernando Ribeiro Mendes, vice-presi- dente da Cidadania Social, referiu que parte do endividamento das famílias resulta da necessidade decomprar casa própria, pois omercado dearrendamento "não funciona".

O especialista também referiu a suapreocu- pação com asconsequências políticas das

"incertezas", que estão alevar associedades

Em média, os

portugueses

poupam apenas um em cada vinte euros do que ganham.

Uma taxa muito

baixa.

"aumamentalidade decerco e àideia do de- clínio", que conduz àretórica dos "novos bár- baros".

Teimo Francisco Vieira, coordenador do Observatório daNatalidade eEnvelheci- mento, elencou propostas que permitam aumentar onúmero de nascimentos em Portugal (meta decemmil crianças por ano, contra asatuais 87mil) .Entre elas, aumento do número decreches, redução dohorário de trabalho, alargamento da licença dena- talidade, abono defamília universal. Segun- doos cálculos, aumentar em75euros oabo- no defamília por cada filho aseguir ao se- gundo custaria 43milhões deeuros por ano.

Uma medida semelhante está ater sucesso naPolónia.

Ogeógrafo Jorge Malheiro, da Universida- de deLisboa, afirmou que a"redução dapo- pulação nãoseránenhum drama enão cor- remos qualquer risco deextinção". Oenve- lhecimento seráum desafio eos"portugue- ses de2118serão muito diferentes". Naopi- nião deMalheiro, "asnovas tecnologias con- tribuirão para maior produtividade com menos horas de trabalho". Maria Filomena Mendes, presidente daAssociação Portu- guesa deDemografia, sublinhou que estes comportamentos têmque ver com decisões de vida: "Os jovens estão aadiar aidade em quetêmfilhos, fazem-no porque podem. Es- peram viver mais de80, 85 anos" e deforma mais saudável.

Tudo isto tem aspetos positivos, mas tam- bémconsequências nasustentabilidade dos sistemas de pensões. Vários oradores defen- deram a prudência deaumentar apoupan- çapara acautelar avelhice. O sistema de pensões do Estado consome 14% do PIB português, mas asprevisões internacionais

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apontam para que aproporção semante- nha.Aestranheza da estabilidade, tendo em conta oritmo de envelhecimento, foi subli- nhada por Fernando Alexandre. Naopinião do académico, isto só seexplica com aredu- ção dovalor das pensões futuras. Nasua ge- ração, de47anos, oscortes serão de 30% ou 40%, em relação aovalor atual dos salários.

Oprofessor explicou que estas circunstân- cias não são discutidas, havendo falta de transparência neste debate.

João Duque, professor doISEG,apoiou es- tasopiniões efezrir a audiência quando dis- seaquilo que muitos portugueses teriam re- ferido seestivessem nasala: "Não tenho di- nheiro para poupar." Oacadémico centrou asua intervenção na ideia de que osgover- nos preferem aumentar oconsumo. "Pen- sões esaúde são duas palavras quevão dar vitórias eleitorais", insistiu. Emresumo, uma das consequências do envelhecimento da população será oafunilar dadiscussão polí- tica empromessas dispendiosas que tran- quilizem oeleitorado idoso.

A encerrar aconferência, oex-ministro das Finanças Jorge Braga deMacedo expli- cou que Portugal deixou de convergir com aEuropa eque, não havendo poupança

doméstica, haverá "poupança externa", ou seja, mudança depropriedade, com apas- sagem dopatrimónio de mãos portuguesas para estrangeiras. O professor daUniversi- dade Nova disse que nos anos 1960 e70

"éramos uma nação de aforradores", mas resumindo aideia demuitos dos presentes na conferência, apoupança elevada per- tence ao passado. Elapermitiu que opaís atravessasse crises complicadas. Hoje, Por- tugal éuma nação endividada, envelheci- da, que continua aconsumir em excesso.

Quando chegar outra crise, opaís estará mais vulnerável.

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MILHÕES

DE PESSOAS ÉQUANTO PORTUGAL DEVERÁ PERDER ATÉ2060, DEVIDO A UM A QUEBRA DEFERTILIDADE, DAS MAIS GRAVES DOMUNDO.

"Éramos

uma nação deaforradores, inclusivamente internacionais."

JORGE BRAGA DEMACEDO Professor, ex-ministro das Finanças

"Os portugueses deixarão de ser proprietários de Portugal."

JOÃO DUQUE Professor do ISEG

"Portugueses endividaram-se com acasa porque arrendamento

não funciona."

FERNANDO RIBEIRO MENDES Vice-pres. Cidadania Social

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"Vou ter uma pensão muito inferior ao que recebo atualmente."

FERNANDO ALEXANDRE

Professor Universidade do Minho

"Não basta adiar aidade da reforma, é preciso arranjar trabalho para essa

mão-de-obra."

ELIZAFILBY

Historiadora britânica

"Seremos

menos em 2021, no próximo Censo, enão nenhum problema."

JORGE MALHEIRO

Geógrafo, Universidade Lisboa

'A poupança não

éumfimemsi

mesmo, mas resiliência à economia."

Administrador Banco de Portugal LUÍS LAGINHA DESOUSA

"Taxas dejuro tão baixas como estão atualmente desincentivam apoupança."

JASMINEBIRTLES,

Jornalista/especialista financeira

"Níveis

de poupança não vão além de uns míseros 4% do rendimento."

DANIEL PROENÇA DECARVALHO Presidente Global Media Group

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"Esta conferência reflete um caminho que procurámos fazer ao longo de um ano."

GONÇALO PEREIRA COUTINHO Presidente Real Vida Seguros

Mudança de mentalidades

tem impacto

na demografia

Futuro Asnuances das diferentes gerações trazem desafiosaosetor segurador, alertou Gonçalo Pereira Coutinho

Amudançade mentalidades estáater impacto na poupança enademogra- fia. Esta foi, emsíntese, atese das espe- cialistas britânicas Eliza Filby e Jasmi- neBirtles, asduas oradoras principais daconferência. Otema jásurgia nas intervenções de boas-vindas. Gonça- loPereira Coutinho, presidente daReal Vida Seguros, mencionou osdesafios

queestas questões colocam aofuturo do setor segurador eexplicou que a conferência é oculminar deumtraba- lho de meses, "reflete um caminho quejáfoi feito aolongo do ano".

Proença de Carvalho, presidente do Global Media Group, falou sobre o problema da natalidade, oenvelheci- mento populacional e obaixo nível de poupança.

AhistoriadoraElizaFilbyfezainter- venção mais citada, refletindo sobre as recentes mudanças culturais em Por- tugal. Em causa estão asperspetivas

das diferentes gerações [babyboo- mers, X,milénio e Z),cadaumacorres- pondendo aum período de 15 a20 anos, com início nos anos 1940 efinal em2olo. Umexemplo: ageração do milénio (nascida entre 1981 e1996) habituou-se ao curo, àsviagens bara- tas e está a chegar àmaturidade; a ge- raçãoZ (entre 1997e2010) foimarca- da pela austeridade.

Oponto sublinhado por Eliza Filby foi oseguinte: asgerações têm com- portamentos muito diferentes nas ex- pectativas sobre ofuturo, portanto, também emassuntos depoupança e consumo, ouna atitude perante oca- samento, apartilha, o acesso àrefor- ma.Aspolíticas públicas terão de levar emconsideração estas subtilezas cul- turais. O diagnóstico foi aceite por muitos dos oradores, incluindo Jasmi- neBirtles, jornalista especializada em assuntos financeiros, que defendeu alterações profundas na poupança, como asimplificação para evitar aqui- lo que aautora definiu como ainércia dopúblico emrelação àgestão do seu dinheiro. No sistema de pensões, Birtles defendeu a aposta emsistemas privados, que o Estado, nasua opi- nião, não consegue sustentar sozinho ofinanciamento dasreformas.

Referências

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