Centro Biomédico Faculdade de Enfermagem
Vivian Carla Maia Ávila
Emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem nos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas em
maternidade filantrópica do Médio-Paraíba/RJ
Rio de Janeiro
2014
Emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem nos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas em maternidade filantrópica do Médio-
Paraíba/RJ
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:
Enfermagem, Saúde e Sociedade.
Orientador: Prof. Dr. Octavio Muniz da Costa Vargens
Rio de Janeiro
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CB/B
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte.
_________________________ _____________________
Assinatura Data
A958 Ávila, Vivian Carla Maia.
Emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de
enfermagem nos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas em maternidade filantrópica do Médio-Paraíba/RJ / Vivian Carla Maia Ávila. - 2014.
80 f.
Orientador: Octavio Muniz da Costa Vargens
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem.
1. Enfermagem obstétrica. 2. Saúde da mulher 3. Humanização do parto. 3. Tecnologia Biomédica. I. Vargens, Octavio Muniz da Costa. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. III. Título.
CDU 614.253.5
Emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem nos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas em maternidade filantrópica do Médio-
Paraíba/RJ
Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:
Enfermagem, Saúde e Sociedade.
Aprovada em 20 de fevereiro de 2014.
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Prof. Dr. Octavio Muniz da Costa Vargens (Orientador) Faculdade de Enfermagem – UERJ
_________________________________________________
Prof.
aDra. Thelma Spindola
Faculdade de Enfermagem - UERJ
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Prof. Dr. Valdecyr Herdy Alves Universidade Federal Fluminense
Rio de Janeiro
2014
Aos meus amados pais por representarem um amor incondicional que não
cabe em palavras, por me ensinarem o caminho de Deus e transferirem valores e
princípios que me formaram mulher e serva fiel.
Ao meu grande Mestre, professor, amigo e paciente orientador Octavio Muniz da Costa Vargens, pelos seus ensinamentos transferidos a mim nesta trajetória.
Às amigas inseparáveis Lívia e Daniele que foram essenciais nesta caminhada, dividindo cada momento, dúvidas, choros e muitas risadas também.
Às Enfermeiras Obstétricas da Associação de Proteção a Maternidade e à Infância de Resende/RJ (APMIR), por desempenharem com louvor essa missão que é cuidar de mulheres e por aceitarem a participar desta pesquisa.
À coordenação e direção da APMIR por estarem de portas abertas para que esta pesquisa fosse realizada e por acreditar neste ideal.
À professora Rosângela por estar sempre disposta a ouvir e ajudar toda vez que foi preciso.
Às minhas queridas amigas que pacientemente suportaram minha ausência.
ÁVILA, Vivian Carla Maia. Emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem nos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas em
maternidade filantrópica do Médio-Paraíba/RJ. 2014. 80f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
A presente pesquisa aborda a temática da assistência ao parto hospitalar na Região Médio-Paraíba, considerando a política pública de humanização do parto e nascimento A medicalização do parto e nascimento vem ocorrendo em todo o mundo.
Mesmo em países desenvolvidos, a grande maioria dos partos vaginais e de baixo risco ainda é conduzida com práticas intervencionistas sem evidências científicas de sua eficácia. Em contraposição a este modelo assistencial implantou-se a política de humanização do parto e nascimento. A enfermeira obstétrica tem sido elemento importante para a consolidação do uso de práticas consideradas humanizadas na assistência ao parto de baixo risco em ambiente hospitalar. O objeto deste estudo foi o emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem em partos acompanhados por enfermeiras obstétricas na Associação de Proteção a Maternidade e à Infância de Resende/RJ (APMIR). Os objetivos foram: identificar as tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem obstétrica (TNICE) usualmente empregadas por enfermeiras obstétricas no cuidado a parturientes; discutir o emprego dessas TNICE por enfermeiras obstétricas no cuidado a parturientes sob a perspectiva da humanização do parto e nascimento; caracterizar o processo de implementação das TNICE na assistência ao parto na maternidade. Trata-se de pesquisa descritiva, quantitativa desenvolvida em uma maternidade filantrópica da região sul-fluminense que pertence ao Médio-Paraíba, na qual enfermeiras obstétricas estão incluídas na equipe de acompanhamento do parto. Foram analisados os registros correspondentes aos partos acompanhados por enfermeiras obstétricas compreendendo o período de Novembro de 2012 à Julho de 2013. Houve registro de 84 partos neste período. Os dados foram obtidos através de Livro de Registros de Parto do serviço. Os registros foram feitos em formulário próprio implantado a partir da pesquisa. O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Barra Mansa, tendo sido aprovado segundo parecer número 347.254 de 30/07/2013. Os dados foram analisados por procedimentos estatísticos descritivos. Os resultados apontaram que a atuação da enfermeira obstétrica no cuidado à mulher em trabalho de parto caracteriza-se por medidas que promovem a autonomia da mulher no cenário onde ela é protagonista marcando assim a forte presença dessas profissionais neste cenário onde a existência de práticas intervencionistas é significante e muito presente. O estudo concluiu que o cuidado de enfermagem obstétrica pautado sobre as tecnologias não invasivas de cuidado favorece uma assistência humanizada ao parto. Acredita-se que para um cuidado no transcorrer fisiológico do parto é necessário estabelecer uma relação de intimidade, de interação e de empatia com cada mulher dentro do seu contexto, dando a ela encorajamento para tomar posse daquilo que compete somente a ela.
Palavras-chave: Saúde da mulher. Enfermagem obstétrica. Parto humanizado.
Tecnologia.
ÁVILA, Vivian Carla Maia. The use of non invasive technologies for nursing care in births attended by nurse-midwives in a philanthropic maternity of the region of Middle-Paraíba/RJ. 2014. 80f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) –
Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
This research addresses the issue of assisted birth in a hospital in the Middle Paraíba region, considering the public policy of humanization of childbirth. The medicalization of childbirth is occurring worldwide. Even in developed countries, the vast majority of low-risk vaginal deliveries are still conducted with interventionist practices, some of them without scientific evidence of its effectiveness. In opposition to this care model, it was implemented the policy of humanization of childbirth. The midwife has been an important element in the consolidation of using practices considered humanized in the low-risk delivery care in the hospital environment. The object of this research was the use of non - invasive technologies for nursing care in childbirth attended by nurse-midwives in the Association for the Protection of Motherhood and Childhood Resende / RJ (APMIR). The objectives were: to identify the non invasive technologies of midwifery care (TNICE) usually employed by nurse- midwives in the care of mothers, to discuss the use of these TNICE by nurse- midwives in the care of mothers from the perspective of humanization of childbirth, and to characterize the process of implementing TNICE in childbirth at the hospital. It is descriptive, quantitative study, carried out in a philanthropic maternity the South Region of Rio de Janeiro State, mainly in the region of the Middle Paraíba, in which nurse-midwives are participants of the team of delivery attendance. The records included the childbirths attended by nurse-midwives covering the period from .November 2012 to July 2013. 84 childbirths were recorded in this period. Data were obtained from the Book of Registers from the institution. The recordings were made in a form especially made for the study. The study was submitted to the Ethics Research Board of the University Center of Barra Mansa and was approved according to the protocol #347.254 of 30/07/2013. Data were analyzed by descriptive statistical procedures. The results showed that the performance of the nurse midwives in care of women in labor is characterized by attitudes and procedures that promote the empowerment of women in the scene where she is the protagonist. It highlights the presence of these professionals in this scenario where the existence of interventionist practices is significant. The study concluded that the nurse-midwifery based on non invasive technologies of care favors humanized childbirth assistance. It is believed that regarding the care for a physiological childbirth is necessary to establish an intimate relationship, interaction and empathy with every woman in this context, giving her encouragement to exercise their autonomy while giving birth.
Keywords: Women's health. Midwifery. Humanized childbirth. Technology.
Quadro 1 - CNES – Estabelecimento por Tipo/Rio de Janeiro/
Quantidade segundo município/ Regional de Saúde: Médio-
Paraíba/Tipo de Prestador: Público/Período: Junho/2012 ... 35 Quadro 2 - CNES – Estabelecimento por Tipo/Rio de Janeiro/
Quantidade segundo município/ Regional de Saúde: Médio-
Paraíba/ Tipo de Prestador: Privado/ Período: Junho/2012 .... 35 Quadro 3 - Número de nascidos vivos/Rio de Janeiro por parto vaginal
na Região Médio-Paraíba – 2010 ... 36 Quadro 4 - Número de nascidos vivos/Rio de Janeiro na Região: Médio-
Paraíba. Tipo de parto: cesárea. Período: 2010 ... 37 Quadro 5 - Distribuição das TNICE segundo a frequência de seu
emprego no cuidado às parturientes – APMIR - Resende/RJ
– 2013 ... 44 Quadro 6 - Distribuição das TNICE segundo ocorrência de intervenções
– APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 52 Quadro 7 - Distribuição das TNICE segundo ocorrência de laceração
perineal – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 57 Quadro 8 - Incidência de episiotomia em partos normais ocorridos na
APMIR - Resende/RJ – 2009 ... 60 Quadro 9 - Incidência de episiotomia em partos normais ocorridos na
APMIR - Resende/RJ – 2011 ... 61 Quadro 10 - Taxa mortalidade neonatal 2001 – 2011 – APMIR – 2011 ... 63 Quadro 11 - Distribuição das TNICE em primíparas segundo ocorrência
de episiotomia – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 66
Tabela 1 - Humanização no trabalho de parto e parto: atuação da enfermeira obstétrica na atenção ao trabalho de parto e assistência ao parto normal, no decorrer do ano de 2010 –
APMIR – 2013 ... 22 Tabela 2 - Distribuição das parturientes segundo a paridade – APMIR -
Resende/RJ – 2013 ... 40 Tabela 3 - Distribuição das parturientes segundo a faixa etária – APMIR -
Resende/RJ – 2013 ... 41 Tabela 4 - Distribuição das parturientes segundo o número de consultas
de pré-natal – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 42 Tabela 5 - Distribuição das parturientes segundo o tipo de partos
anteriores – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 42 Tabela 6 - Distribuição das parturientes segundo a classificação de risco
– APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 43 Tabela 7 - Distribuição das parturientes segundo a adoção de medidas
intervencionistas no trabalho de parto – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 48 Tabela 8 - Distribuição das parturientes segundo o profissional que
determinou a adoção de medidas intervencionistas no trabalho de parto – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 50 Tabela 9 - Distribuição das parturientes segundo o local de realização
das intervenções no trabalho de parto – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 50 Tabela 10 - Distribuição das parturientes segundo as intervenções no
trabalho de parto – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 51 Tabela 11 - Distribuição das parturientes segundo as características do
líquido amniótico – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 53 Tabela 12 – Distribuição das parturientes segundo dilatação cervical na
internação – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 53
Tabela 14 - Distribuição das parturientes segundo duração do período
expulsivo – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 54 Tabela 15 - Distribuição das parturientes segundo a escolha da posição
adotada no parto – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 55 Tabela 16 - Distribuição das parturientes segundo a posição adotada no
parto e sua escolha – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 56 Tabela 17 - Distribuição das parturientes segundo a posição adotada no
parto e a ocorrência de laceração perineal – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 57 Tabela 18 - Distribuição das parturientes segundo a ocorrência de
laceração perineal – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 58 Tabela 19 - Distribuição das parturientes segundo o tipo de laceração
perineal – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 58 Tabela 20 - Distribuição das parturientes segundo a realização de
episiotomia – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 59 Tabela 21 - Distribuição dos partos por tipo, no município de Resende/RJ
em comparação com a Região do Médio-Paraíba - RJ, no ano de 2010 ... 64 Tabela 22 - Distribuição das parturientes segundo a idade e a paridade –
APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 65 Tabela 23 - Distribuição das parturientes segundo a faixa etária, a paridade
e a ocorrência de episiotomia – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 65 Tabela 24 - Distribuição das parturientes segundo índice de APGAR no
primeiro e quinto minutos de vida – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 67 Tabela 25 - Distribuição das parturientes segundo a ocorrência de
intervenções com o recém-nascido – APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 68 Tabela 26 - Distribuição das parturientes segundo o peso do recém-nascido
– APMIR - Resende/RJ – 2013 ... 69
APC APMIR CNES CPN
DATA-SUS LRP
OMS PAISM PHPN RN SMS/RJ SUS TNICE UBM UI UTI
Associação de Proteção à Criança
Associação de Proteção a Maternidade e à Infância de Resende Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
Centro de Partos Normais
Banco de Dados do Sistema Único de Saúde Livro de Registros de Dados
Organização Mundial de Saúde
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher Programa de Humanização de Parto e Nascimento Recém-nascido
Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro Sistema Único de Saúde
Tecnologia não invasiva de Cuidado de Enfermagem Centro Universitário de Barra Mansa
Unidade Intermediária
Unidade de Terapia Intensiva
1 1.1
1.2 1.3 1.4
2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 3 3.1 3.2 3.3 3.4
INTRODUÇÃO ...
CONTEXTUALIZAÇÃO ...
Políticas de atenção ao parto no Brasil, no estado do Rio de Janeiro e no município fonte de pesquisa ...
A medicalização do parto ...
Proposta da desmedicalização ...
Tecnologias não invasivas de cuidado como estratégia para a desmedicalização ...
MATERIAL E MÉTODO ...
Desenho do estudo ...
Campo de pesquisa ...
Material ...
Coleta de dados ...
Variáveis do estudo ...
Procedimentos éticos ...
Tratamento e análise dos dados ...
RESULTADOS E DISCUSSÃO ...
Caracterização das mulheres ...
Emprego de TNICE ...
TNICE X Práticas intervencionistas ...
Repercussão sobre a vitalidade do recém-nascido ...
CONCLUSÃO ...
REFERÊNCIAS ...
APÊNDICE - Instrumento de Coleta de Dados ...
ANEXO A - Parecer Consubstanciado do CEP ...
ANEXO B – Autorização do campo de pesquisa para coleta de dados ....
12 17
17 24 26
28
32
32
32
37
38
38
39
39
40
40
43
47
67
70
72
77
78
80
INTRODUÇÃO
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo relacionado à temática da assistência ao parto hospitalar em uma maternidade filantrópica da região Sul- Fluminense do Médio-Paraíba do estado do Rio de Janeiro, considerando a Política de Humanização do Parto e Nascimento implementada pelo Ministério da Saúde em 2002.
A assistência ao parto, em todo o mundo, tem sido marcada por práticas intervencionistas e medicalizadas e pelo aumento da taxa de cesáreas (DAVIS- FLOYD, 2001). Na década de 1970 houve um investimento maior do governo nas práticas contraceptivas e laqueaduras tubárias contribuindo para a hospitalização do parto e aumento da prática de cesáreas sem indicação clínica, visando à redução da população, sobretudo nos países subdesenvolvidos (NASCIMENTO et al., 2010).
Rotineiramente se vê nas maternidades, práticas intervencionistas na atenção ao parto como o uso de ocitócitos em infusões intravenosas para aceleração e indução do trabalho de parto sem uma real indicação para tal, indo em direção contrária à política de humanização do parto (BRASIL, 2002).
As práticas obstétricas medicalizadas são conceituadas como um conjunto de atitudes, ações e condutas pautadas pelo modelo tecnocrático de atenção, para o qual, o parto deve ser controlado continuamente por um profissional de saúde e técnicas invasivas fazem parte da normalidade do processo (PROGIANTI;
VARGENS, 2004).
A mulher está diante do profissional de saúde como numa postura de dominada. O profissional, detentor do saber e da prática medicalizada, neste momento, tem domínio sobre ela, quando na verdade ela deveria ser a protagonista do evento e expressar aquilo que considera o melhor para si. O que se observa é que, apesar dos esforços em torno da humanização da assistência, ainda persiste uma assistência onde prevalece o poder sobre a mulher parturiente. Acredita-se, todavia, que essa dominação extrapola e recai na desumanização, constituindo-se em atos de violência (WOLF; WALDOW, 2008).
O parto tornou-se um evento inseguro, passando a ser institucionalizado e
medicalizado, no domínio das mãos de profissionais. A mulher, ao invés de
protagonista de um evento, que é fisiológico, passa a ser dominada pelo saber
médico e masculino. Tal modelo de atenção à saúde tornou o cuidado cada vez mais fragmentado. Entende a gravidez e parto como doença, reduzido-a a um útero gravídico, que deixa de ver a mulher como um todo, na posse de seu corpo, e que tem como foco neste universo a valorização da vida (TORRES; SANTOS;
VARGENS, 2008).
De acordo com a definição de Ivan Illich (1975), o processo de medicalização é o resultado da invasão da medicina burocrática, tecnificada sobre os domínios da vida social. Esta definição reflete na expansão da atuação da medicina nos diversos setores da vida social, com o investimento na patologia como forma de regular a sociedade e o controle médico como forma de controle político.
A Enfermagem Obstétrica vem refletindo seu cuidado na atenção ao parto numa tentativa de desmedicalizar a assistência resgatando aquilo que é próprio da mulher, que é fisiológico, que é o ato de parir. A enfermeira vê a mulher como um todo e não em partes fragmentadas respeitando todos seus aspectos biológicos e sociais e encara eventos naturais como parir, como algo natural e não como doença (VARGENS; PROGIANTI; SILVEIRA, 2008).
Nessa perspectiva a desmedicalização reflete o resgate da autonomia do sujeito. O profissional agrega conhecimentos técnico-científicos com conhecimentos oriundos da pessoa, de sua cultura, e de seu contexto biopsicossocial, responsabilizando o sujeito a participar ativamente do seu processo saúde-doença (TESSER, 2006).
Nesse sentido, e em busca de sua maneira de encarar o parto e nascimento, e cuidar da parturiente, a Enfermagem Obstétrica vem se utilizando de tecnologias não invasivas de cuidado. Estas se evidenciam quando a enfermeira se coloca ao lado da mulher, quando se mostra interessada em ouvir sua história e percepções a partir daquela experiência que é nova para ela. Ou seja, quando a enfermeira se coloca no lugar da mulher, como numa relação empática. Porém, ainda pouco se discute a respeito da apropriação e o uso destas tecnologias para se questionar o impacto dos resultados provenientes destas tecnologias sobre a redução das práticas intervencionistas e desnecessárias na assistência ao parto.
Quando falamos em Tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem
obstétrica nos referimos a um cuidado que se propõe a cuidar do outro, que se
exterioriza do ser que está cuidando para cuidar de outro ser humano que necessita
de apoio naquele dado momento e que permite ao outro se expressar, levar
experiências de sua própria vida, numa relação de idas e vindas, cada qual com sua história. Para Torres, Santos e Vargens (2008), tecnologia não-invasiva de cuidado é uma relação complexa do cuidado de Enfermagem Obstétrica, é relacional, de intersubjetividades, humana, que valoriza a liberdade, o direito, a privacidade e segurança. Entendida como um cuidado vivo, que nutre, que vivifica, que torna a mulher em um ser mais, que empodera esta mulher no processo de gerar vida, como protagonista no que diz respeito ao cuidado do seu corpo.
É imprescindível a reflexão sobre a dimensão da nossa responsabilidade, como agentes e produtores de técnicas, mas também como profissionais de saúde que, mediante utilização de tecnologias em associação com atitudes, gestos, palavras, experiências e intuições, tomam para si a tarefa do cuidar (KOERICH et al., 2006).
A Enfermagem Obstétrica em sua prática valoriza o cuidado ao parto sem prejuízos à mulher, pois não existe doença, o parto é visto como algo fisiológico, e não há como se confundir o processo de cuidar com o ato de curar. Sendo assim, ressignifica essa mulher trazendo satisfação, bem estar e conforto para que ela exerça seu processo de parturição com autonomia (TORRES; SANTOS; VARGENS, 2008).
Discutir este fazer contribui para a compreensão do que é próprio da Enfermagem Obstétrica e para evidenciar que nosso cuidado é uma opção no processo de desmedicalização da assistência ao parto e nascimento, pois ao se inserir a mulher como protagonista do parto, ela mesma será capaz de decidir o que é melhor para ela, dando opção de um cuidado humanizado, livre de práticas desnecessárias e invasivas na atenção ao parto.
A maternidade alvo deste estudo está localizada na cidade de Resende/RJ
que fica na região Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro e que pertence a
região Médio-Paraíba. É considerada pioneira pela Assistência Humanizada ao
Parto, hoje, na região Médio-Paraíba. Recebeu o prêmio Leila Diniz pela sua
assistência, e principalmente pela atuação significativa das seis Enfermeiras
Obstétricas que atuam diretamente na Assistência ao parto. Trata-se de prêmio
concedido às unidades que cuidam da saúde da mulher do Estado do Rio de Janeiro
e que atuam em busca da excelência técnica, do pré-natal ao nascimento. Entre os
critérios para concorrer ao prêmio destacaram-se: a garantia do atendimento às
gestantes de alto risco, a promoção da atenção obstétrica e neonatal e a capacitação técnica dos profissionais (MONTEIRO, 2006).
Apesar de ser uma maternidade voltada para as práticas de Humanização do Parto, muito tem se observado que os índices de parto cesário têm aumentado na instituição sem uma prévia discussão da Enfermeira obstétrica a respeito desta intervenção. A Enfermeira que incorpora este conhecimento, associado à sua prática de valorização à mulher e à vida traz para a mulher e o bebê aquilo que é melhor, além do direito da mesma de decidir sobre o seu próprio corpo.
Acredita-se que para um cuidado no transcorrer fisiológico do parto é necessário estabelecer uma relação de intimidade, de interação e de empatia com cada mulher dentro do seu contexto, dando a ela encorajamento para tomar posse daquilo que compete somente a ela. A Enfermagem Obstétrica precisa encontrar possibilidades de cuidar na tentativa de se opor a este cuidado institucionalizado que tem origem na medicalização da sociedade, precisa se empoderar do seu valor no cuidado a um parto fisiológico, que transcorre sem prejuízos à mulher e que não está relacionado a diagnóstico e doença, mas na celebração da vida (TORRES;
SANTOS; VARGENS, 2008).
A Enfermeira Obstétrica estabelece vínculos afetivos com a mulher durante o parto, estabelece o ouvir empático, que significa estar junto àquela pessoa em determinado momento, fazendo-se existir em um determinado período de tempo para o outro. O indivíduo empático aceita a pessoa como ela é, fazendo com que esse indivíduo sinta-se valorizado e aceito. Com isto pode-se gerar mudanças de comportamento quando a pessoa que fala se faz compreendido, reduz-se o medo e a tensão e consegue-se solucionar os problemas com mais tranquilidade (FALCONE, 2003).
A partir disto algumas indagações surgiram e motivaram o desenvolvimento
desta pesquisa: como a enfermeira vem implementando essas tecnologias de
cuidado à mulher? Há uma discussão a respeito deste cuidado? Como se tem
utilizado deste conhecimento para se discutir com os profissionais que atuam no
parto, e com a própria mulher, o melhor ou mais adequado para ela naquele
contexto? A Enfermeira obstétrica poderá contribuir de forma significativa para
reduzir o índice de intervenções na assistência ao parto nesta maternidade?
Sendo assim, este estudo tem como objeto e objetivos:
Objeto:
O emprego de tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem em partos acompanhados por enfermeiras obstétricas.
Objetivos:
a) identificar as tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem obstétrica (TNICE) usualmente empregadas por Enfermeiras Obstétricas no cuidado a parturientes;
b) discutir o emprego de TNICE por Enfermeiras Obstétricas no cuidado a parturientes sob a perspectiva da humanização do parto e nascimento;
c) caracterizar o processo de implementação das TNICE na assistência ao parto na maternidade.
Como contribuição desta pesquisa pretende-se que as enfermeiras desta
maternidade reflitam sobre seu cuidado à mulher em trabalho de parto para
contribuir de forma impactante na redução das taxas de práticas intervencionistas ao
parto. Além de contribuir significativamente para tornar este hospital referência
daquela região em Parto Normal Humanizado realizado por Enfermeiras obstétricas
e campo de pesquisa e estudo para alunos latu e stricto sensu além da importância
para pesquisas relacionadas ao cuidado de enfermagem obstétrica. Contribuirá
ainda para a consolidação desta temática como objeto de pesquisa na enfermagem
obstétrica, especialmente no âmbito do Grupo de Pesquisas Sobre Gênero e
Violência em Saúde e Enfermagem – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O presente capítulo busca apresentar ao leitor a contextualização do estudo e seu campo em relação a três aspectos, a saber: a) a questão da política de humanização do parto e nascimento e sua evolução no Brasil, No Rio de Janeiro e no município de Resende/RJ, além da inserção da Instituição campo de pesquisa nesse cenário; b) a questão da medicalização do parto e nascimento; c) a proposta da desmedicalização como caminho para a humanização; d) o desenvolvimento e emprego de tecnologias não invasivas de cuidado neste processo de humanização do parto.
1.1 Políticas de atenção ao parto no Brasil, no estado do Rio de Janeiro e no município fonte de pesquisa
Historicamente, o parto é carregado de significados construídos na vida da mulher a partir da cultura. Antes o parto ocorria em um ambiente domiciliar, junto de mulheres, muitas de sua própria família, o que para a parturiente se tornava um local seguro e acolhedor. A partir daí, nos anos que se seguiram, com o advento do crescimento da população em torno das cidades e com o poder médico sobre o social, ganhou força o poder da medicina sobre aquilo que era considerado fisiológico e natural. O conhecimento empírico perdeu força para o conhecimento vindo das tecnologias e do saber médico. Sendo assim, o parto passou a ser institucionalizado e nascer seguro passou a ser dentro do hospital, afastando a parteira daquele cenário e retirando a mulher do foco deste evento.
As parteiras acompanhavam as mulheres desde o início da gravidez,
aconselhavam sobre as modificações no corpo da mulher e no comportamento
durante esta fase. No momento do parto permitiam às mulheres escolherem a
posição que queriam parir, permitiam a presença da família e realizavam os
primeiros cuidados com o recém-nascido (MATOS et al., 2013). O cuidado das
parteiras respeitava o fisiológico do processo de parir, estava junto da mulher em um
ambiente acolhedor, formando vínculo com toda a família. Este é um ideal de cuidado humanizado que se pretende alcançar nos dias de hoje.
Quando a mulher sai do cenário doméstico acolhedor e o parto passa a ser institucionalizado inicia-se um processo de adoção de medidas intervencionistas desnecessárias. Muitas vezes a mulher ficava isolada em uma sala de pré-parto convivendo com o emprego de técnicas cada vez mais invasivas que se tornaram rotinas neste processo. Mas ainda assim, o foco principal ainda não tinha sido extinguido, que era reduzir o número de mortes maternas e infantis naquela época.
Só a partir dos anos 80 que houve uma significante mudança nas políticas públicas brasileiras centradas na mulher, em suas particularidades, direitos na perspectiva de substituir o modelo hegemônico pelo modelo humanista de assistência (MATOS et al., 2013).
No Brasil, as primeiras preocupações com a saúde materno-infantil se deram com a transição do Estado Novo até o Regime Militar. Em 1940 foi implantado o Departamento Nacional da Criança onde o objetivo era normatizar o atendimento à criança e reduzir a mortalidade infantil (BRASIL, 2000). Somente em 1975 foi estabelecido o Programa de Saúde Materno-infantil que volta o olhar sobre a mulher, porém sob a ótica de reprodução e tendo como meta a redução da mortalidade materna e infantil (BRASIL, 1983). Até então, a assistência à gestante estava basicamente focada em melhorar os índices de saúde infantil.
Nesse contexto, surge uma nova proposta na atenção à saúde da mulher que foi concebida pelo movimento de mulheres em associação com profissionais de saúde. Foram ideias emanadas do movimento de mulheres que propunham incorporar à saúde da mulher outras questões como: pré-natal, melhores condições no parto, discussões de gênero, trabalho, sexualidade, saúde, anticoncepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (MATOS et al., 2013).
Buscava tambémempoderar a mulher, priorizar e promover a saúde, e garantir o livre exercício dos direitos sexuais e reprodutivos (MAIA, 2010). Esta proposta dá origem ao Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) instituído pelo Ministério da Saúde em 1983 (SERRUYA et al., 2004).
O PAISM introduzia conceitos de integralidade na Saúde da Mulher e de
autonomia corporal que deveriam ser estimuladas e discutidas nas ações educativas
articuladas ao programa (SERRUYA et al., 2004).
A Organização Mundial da Saúde, desde o início da década de 80 tem trazido para debates a proposta do uso adequado de tecnologias baseadas em evidências científicas que contestam práticas preconizadas no modelo médico de atenção (DIAS; DOMINGUES, 2005). Seguindo esta preocupação, o Ministério da Saúde lançou medidas que objetivavam a valorização do parto normal em busca do resgate do parto normal como evento fisiológico. A partir daí surgiram mudanças para incentivar o parto normal, alojamento conjunto e a desmedicalização do parto (MATOS et al., 2013).
Na década de 1990, no município do Rio de Janeiro, na tentativa de modificar então este cenário, foi iniciada a implantação da Política de Humanização do Parto e Nascimento, com a introdução do pré-natal de baixo risco realizado por enfermeiras obstétricas, de acordo com o modelo europeu. Em 1994, a maternidade Leila Diniz passa a atuar com enfermeiras obstétricas na atenção ao parto seguindo os preceitos da humanização. Em 1998, a SMS/RJ expandiu o trabalho da enfermagem obstétrica na assistência ao pré-natal e ao parto para todos os serviços municipais (DIAS; DOMINGUES, 2005).
A enfermeira obstétrica, com sua formação voltada ao cuidado, tem sido considerada como a profissional que possui uma abordagem diferenciada na condução do trabalho de parto.
Em 1998, no Brasil, o Ministério da Saúde, reconheceu oficialmente a assistência ao parto por enfermeira obstétrica nos hospitais conveniados ao SUS e em 1999 propõe a criação dos Centros de Partos Normais (CPN), que foram unidades que propunham a realização de partos de baixo risco fora dos hospitais, com possibilidade de funcionamento sem médicos. Essa substituição de médicos por enfermeiras obstétricas não significou necessariamente a humanização da assistência, mas sua inserção representou importante modificação do modelo de assistência (DIAS; DOMINGUES, 2005).
Foi então, em 2000 que o Ministério da Saúde implantou o Programa de
Humanização de Parto e Nascimento (PHPN) e em 2005 a Política Nacional de
Atenção Obstétrica e Neonatal. Estes se tornaram marcos normativos e legais na
tentativa de consolidar um país baseado nos paradigmas de humanização da
assistência a parturição que possa se sobressair ao modelo de assistência atual
tecnocrático e pautado em uma assistência medicalizada e viciada em práticas
intervencionistas desnecessárias, visando com isso, minimizar os efeitos negativos da hospitalização do parto (MAIA, 2010).
O PHPN tem como finalidade promover um melhor acesso e cobertura e da qualidade do pré-natal, da assistência ao parto e ao puerpério para o binômio mãe- filho (BRASIL, 2000).
Percebendo o parto, que ao longo dos anos tinha deixado de ser um evento familiar e comunitário para ser um assunto médico e hospitalar, nem sempre em favor da mulher, o PHPN buscou humanizar o parto, o que em sal essência significa:
resgatar a individualidade e o protagonismo da mulher no momento do parto (MAIA, 2010).
Não se pode negar que a hospitalização do parto hospitalar contribuiu muito para o conhecimento e melhoria no atendimento. Porém, o poder exercido sobre as mulheres afastou a mulher como protagonista do cenário de parto (MATOS et al., 2013).
Nesta perspectiva de humanização do parto, e com o incentivo do governo em inserir a enfermeira obstétrica na tentativa de desmedicalizar a assistência, a instituição cenário de estudo desta pesquisa veio reformulando o nascer na cidade de Resende/RJ (região Médio-Paraíba do estado do Rio de Janeiro). Na tentativa de modificar o cenário de parto e nascimento, a Associação de Proteção a Maternidade e a Infância de Resende/RJ (APMIR) foi se reavaliando desde 2002, com a introdução da enfermagem obstétrica na maternidade.
A introdução da enfermeira obstétrica na atenção ao parto surgiu como interesse na instituição após a participação voluntária de integrantes de sua direção no Congresso Ecologia do Parto e Nascimento, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Nessa ocasião foi percebido pela direção que o nascer na maternidade APMIR precisava ser revisto e adequado à política de humanização do parto e nascimento. Nesta mesma época, a Secretária de Saúde do município de Resende/RJ que, através da coordenadora do Programa de Saúde da Mulher do estado do Rio de Janeiro, proporcionou uma série de treinamentos, cursos, congressos e seminários à direção médica, coordenação de Enfermagem e funcionários da Maternidade que estavam envolvidos na assistência à mãe e ao RN.
Investimentos científicos e práticos foram implantados visando à diminuição da
mortalidade materna e neonatal. E já em 2005, apareceram índices significativos
onde o índice de mortalidade neonatal atingiu a casa de 01 dígito/1000 nascidos vivos e a mortalidade materna ficou em 0 (zero) de 2005 a 2009.
O nascer neste cenário foi totalmente reestruturado. Deu-se início ao alojamento conjunto imediato, com a extinção do berçário. Enfermeiras obstétricas foram contratadas para acompanhamento do parto e assistência ao parto normal. A direção sempre esteve envolvida com as transformações, buscando cumprir os passos estabelecidos pelo PHPN: acompanhante no trabalho de parto e na sala de parto; implantação da dieta durante o trabalho de parto; controle no uso de ocitocina;
fim da tricotomia e enema; controle da episiotomia; técnicas não invasivas para alívio da dor no trabalho de parto; início do aleitamento materno na primeira meia hora pós-parto; credeização e banho no RN após 03 horas do nascimento (BRASIL, 2002).
Foram estabelecidos vários protocolos assistenciais baseados nas diretrizes do Ministério da Saúde, tais como: PHPN, Assistência de Humanização ao Abortamento, adequação do espaço físico para parto humanizado, Acolhimento Social, Acolhimento e Classificação de Risco, Assistência à Mulher, Criança e Adolescentes vítimas de violência sexual.
Vale reforçar que estes protocolos foram submetidos à apreciação da Secretaria de Estado de Saúde. Sua análise e avaliação levou a maternidade a receber o prêmio Leila Diniz pela Assistência Humanizada ao Parto, sendo classificada em segundo lugar no estado do Rio de Janeiro pela atuação e índices apresentados.
Com objetivo de aprimorar a assistência humanizada e o acolhimento das gestantes no pronto atendimento e das parturientes no trabalho de parto e no parto normal, assim como apoiar a família no processo do nascimento, tornando a vivência da mulher a mais valorizada possível, empoderando-a sobre o processo de decisão no próprio modo de parir, foi então formada uma equipe de 06 Enfermeiras Obstétricas em outubro de 2009, além de, alcançar como objetivo a coesão da equipe de enfermagem (técnicos e auxiliares), nas ações do parto e nascimento e nas assistências emergenciais.
Enfermeiras Obstétricas passaram a prestar assistência à mulher nas 24
horas do dia, tanto no pronto atendimento quanto no trabalho de parto e parto e
atualmente cerca de 80% dos partos normais são acompanhados por enfermeiras
obstétricas. Houve melhora significativa, principalmente no aprimoramento da linha
de cuidados mãe-família-bebê. No entanto, o índice de cesárea ainda está além do esperado e preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2002).
Assim, a enfermeira obstétrica teve importante papel na implantação e implementação da política de humanização do parto e nascimento, principalmente, por ter atuação marcada pelo respeito e aceitação das escolhas de cada mulher, entendendo o momento do parto como único e exclusivo.
Tal característica de atuação de enfermeiras obstétricas na instituição levou à escolha desta maternidade para ser campo de prática para a formação de enfermeiras obstétricas. Hoje, a APMIR é campo de estágio do único curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica da região do Médio-Paraíba.
A APMIR é considerada hoje na região Médio-Paraíba pioneira pela Assistência Humanizada ao Parto e principalmente pela atuação significativa das 06 Enfermeiras Obstétricas que atuam diretamente na Assistência ao parto. Dos 12 municípios que formam a região Médio-Paraíba, somente no município de Resende/RJ há uma maternidade que tem enfermeira obstétrica atuando na assistência plena ao parto normal humanizado. Embora ainda seja uma Maternidade de médio porte, com problemas de infraestrutura de modo geral, caracteriza-se como um local onde se discute Assistência Humanizada focando a Mulher que procura atendimento.
A Tabela 1 demonstra a marcante presença e atuação da Enfermeira Obstétrica na APMIR.
Tabela 1 - Humanização no trabalho de parto e parto: atuação da enfermeira obstétrica na atenção ao trabalho de parto e assistência ao parto normal, no decorrer do ano de 2010 – APMIR - 2013
Indicadores de atuação de enfermeiras obstétricas n %
Total partos SUS 1136 100,0
Total partos normais 460 40.4%
Total partos normais por enfermeiras obstétricas 234 50.9%
Total partos normais acompanhados por médico obstetra 226 49.1%
APGAR > ou = 7 no 5º minuto em partos normais acompanhados enfermeiras obstétricas.
233 99.5%
APGAR > ou = 7 no 5º minuto em partos normais acompanhados por médico obstetra
211 93.3%
Legenda: Associação de Proteção a Maternidade e à Infância de Resende/RJ (APMIR).