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MANDADO DE SEGURANÇA N o , DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

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MANDADO DE SEGURANÇA N 943.273-5, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA.

IMPETRANTE: ESTADO DO PARANÁ.

IMPETRADO: PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ.

RELATORA: DES

a

. DULCE MARIA CECCONI.

Vistos,

1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo ESTADO DO PARANÁ contra ato que qualifica de ilegal e abusivo, praticado pelo PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ, consistente no indeferimento do pedido de suspensão dos efeitos da Resolução nº 28/2011 e Instrução Normativa nº 61/2011 (fls. 38/41).

Na inicial, o impetrante argumenta, em resenha, que: a

Resolução nº 28/2011 e a Instrução Normativa nº 61/11, ambas emanadas

do Tribunal de Contas deste Estado estão eivadas de inconstitucionalidade e

ilegalidade; a referida Resolução, ao dispor sobre a fiscalização e prestação

de contas das transferências de recursos, extrapolou a competência

constitucionalmente atribuída aos Tribunais de Contas ao criar limitações às

atividades do Executivo Estadual e invadir competência privativa do Chefe

do Poder Executivo; os prazos para a prestação de contas foram prorrogados

até 30 de julho, para o tomador de recursos públicos, e 29 de agosto,

ambos do corrente ano, para o concedente; a partir de tais datas, tanto o

gestor público estadual, quanto o representante legal do órgão concedente

estarão sujeitos à imputação de responsabilidade pessoal, multas e à

desaprovação das respectivas contas; o impetrante possui o direito líquido e

certo de ver obedecidas as regras de competência previstas na Constituição

Federal; algumas atribuições funcionais de servidores do Executivo Estadual

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Mandado de Segurança n 943.273-5 - fl. 2 de 6

só podem ser reguladas com participação do parlamento estadual e cuja iniciativa do projeto de lei é do executivo estadual, conforme dispõe o art.

84, inc. IV da Constituição Federal.

Além disso, assevera que a resolução editada pelo Tribunal de Contas inovou na esfera jurídica ao instituir deveres e obrigações para o Executivo Estadual e jurisdicionados, tais como: obrigatoriedade de indicação de servidores efetivos ao invés de agentes públicos para serem responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos termos de transferência; vedação de transferência de recursos públicos a entidades privadas, sem fins lucrativos, que tenham como dirigentes ou controladores membros do Poder Executivo Estadual; estabeleceu penalidades e previsão de sustação de transferências; impôs restrições em relação ao grau de parentesco, comprometendo o repasse de recursos públicos a entidades privadas das quais fazem parte de suas diretorias, por conveniência do Executivo, servidores, cônjuges, companheiros e parentes em linha reta, colateral ou por afinidade até 3º grau.

Alega, ainda, que: diversas entidades, como a Agência Paraná de Desenvolvimento – APD e serviços sociais autônomos, como a Ecoparaná, Paranaprevidência, Paranacidade e Paranaeducação, recebem transferência de recursos do Impetrante e, portanto, estão diretamente submetidos às regras da combatida resolução.

Ante o exposto, pugna pela concessão de liminar para que sejam suspensos os efeitos da Resolução nº 28/11 e da Instrução Normativa nº 61/2011 até o julgamento final da presente demanda, bem como sejam suspensas a imputação de responsabilidade e penalidades aos tomadores e concedentes de recursos públicos.

Juntou os documentos de fls. 38/221

2. Como relatado, trata-se de mandado de segurança impetrado pelo ESTADO DO PARANÁ contra ato que qualifica de ilegal e abusivo, praticado pelo PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ, consistente no indeferimento do pedido de suspensão dos efeitos da Resolução nº 28/2011 e Instrução Normativa nº 61/2011 (fls. 38/41).

Os fundamentos utilizados pela autoridade coatora para

indeferir o pedido de suspensão formulado pelo Estado do Paraná são os

seguintes:

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“No último dia 05, o Plenário desta Corte homologou despacho do Presidente que aprovou nova prorrogação dos prazos para envio das prestações de contas de transferências voluntária. A data limite para fechamento do primeiro e segundo bimestre passou a ser 30 de julho para os tomadores e 29 de agosto para os concedentes, passando a coincidir com o termo final estabelecido para o terceiro bimestre.

Deste modo, foram alterados novamente os prazos inicialmente previstos no

§4º, do Artigo 15, da Instrução Normativa nº 61/2011.

As reiteradas prorrogações refletem um reconhecimento por parte desta ilustre Presidência desta Corte das dificuldades que os jurisdicionados vêm encontrando em atender a Instrução Normativa em comento.

De outro lado, no que se refere ao Requerimento em análise, reiteradas prorrogações prejudicam o exame da pleiteada medida liminar suspensiva.

Tendo em vista que o fechamento dos dois primeiros bimestres será exigido apenas na data final de entrega do terceiro bimestre (30 de julho para os tomadores e 29 de agosto para os concedentes), o requisito do periculum in mora resta descaracterizado.

Até as datas assinaladas tomadores e concedentes estão respaldados de qualquer eventual responsabilização e sanção decorrente do descumprimento do ato normativo desta Corte.

Deste modo, em juízo de cognição sumário, o indeferimento da medida liminar suspensiva passa a ser medida que se impõe.

No mais, sobre os questionamentos de legalidade e constitucionalidade levantados pelo Ilustre Procurador-Geral do Estado, vejo que os foram combatidos no parecer da Unidade Técnica competente, o qual foi acompanhado – prima facie e em exame perfunctório (página 03 da peça nº 26) – pelo Mistério Público junto a esta Corte de Contas.

Contudo, o Requerimento, dada a sua titularidade e seu fundamento, merece exame detalhado da Ilustre Presidência desta Corte, que possui a exclusiva competência da iniciativa do projeto de Resolução, nos termos do §2º, do artigo 188 do Regimento Interno, e de editar ato normativo, conforme artigo 193 regimental.

Face o exposto, em respeito à competência regimental, encaminho o processado ao Gabinete da i. Presidência, para ciência e apreciação do Requerimento proposto pelo Procurador-Geral do Estado do Paraná, devidamente instruído pela Diretoria de Analise de Transferências – DAT e pelo órgão ministerial desta Corte.” (fls. 40/41).

HELY LOPES MEIRELLES ensina que, para a concessão da medida, devem estar presentes os “dois requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido na inicial e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do impetrante se vier a ser reconhecido na decisão de mérito – fumus boni iuris e periculum in mora” (in Mandado de Segurança, 30ª Ed., Ed. Malheiros, 2007, p. 81).

No caso dos autos, sustenta o impetrante que a

Resolução nº 28/2011 (fls. 96/108) e a Instrução Normativa nº 61/2011

(fls. 179/196) que dispõem sobre a formalização, execução, fiscalização e

prestação de contas das transferências de recursos financeiros e demais

repasses no âmbito estadual e municipal às entidades privadas sem fins

lucrativos, inclusive àquelas qualificadas como Organizações da Sociedade

Civil de Interesse Público – OSCIP e Organizações Sociais – OS e pessoa

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Mandado de Segurança n 943.273-5 - fl. 4 de 6

jurídica de direito público ou privado, “consignam em algumas de suas disposições, verdadeiras regras de direito para o Executivo Estadual, usurpando a competência assegurada constitucionalmente ao Legislativo, a quem cabe dispor sobre diversas das matérias previstas nesses atos, com a iniciativa legiferante do Executivo Estadual, invadindo esfera de competência privativa do Chefe do Poder Executivo” (fl. 35-TJ).

Pela leitura da combatida Resolução nº 28/2011 vislumbra-se que o Tribunal de Contas do Estado do Paraná instituiu o Sistema Integrado de Transferências – SIT com a finalidade de padronizar e dar agilidade aos procedimentos de fiscalização das transferências públicas de recursos financeiros (art. 2º - fl. 96) e, para tanto, estabeleceu inúmeras regras e procedimentos a serem observados tanto pelo tomador, quanto pelo concedente, que foram minuciosamente tratados na Instrução Normativa nº 61/2011.

Feitas essas considerações, entende-se que a pretendida liminar deve ser concedida.

A relevância da fundamentação apresentada pelo Estado do Paraná está consubstanciada no fato de que os dois instrumentos legislativos que se pretende combater, ao tratarem de matéria relativa aos repasses de verbas públicas, bem como todo o procedimento de transferências de recursos públicos de forma exaustiva e abrangente, em princípio e em análise sumária, caracterizaram suposta usurpação de competências.

Frise-se que, algumas imposições feitas pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, tais como exigir a obrigatoriedade de indicação de servidores efetivos ao invés de agentes públicos para serem responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos termos de transferência, a vedação de transferência de recursos públicos a entidades privadas, sem fins lucrativos, que tenham como dirigentes ou controladores membros do Poder Executivo Estadual, estabelecer penalidades e previsão de sustação de transferências, imposição de restrições em relação ao grau de parentesco, embora sejam louváveis, devem ser analisadas com mais atenção e propriedade, para que não configurem usurpação de competências constitucionais.

Outrossim, conquanto o parecer exarado pela Diretoria de

Análise de Transferências do Tribunal de Contas (fls. 151/166) tenha sido no

sentido de que “os atos normativos editados por esta Corte de Contas

simplesmente reproduziram normas da Constituição da República, da

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Constituição do estado, de Leis Federais e Leis Estaduais, bem assim Lei Orgânica e Regimento Interno” (fl. 165), importante frisar que o expediente instaurado pelo impetrante junto ao Tribunal de Contas deste Estado, dado o conteúdo suscitado, foi encaminhado ao eminente Presidente daquela Corte para análise dos fundamentos arguidos (fl. 41).

Portanto, ainda pendem de análise por parte do Presidente daquela Corte as questões suscitadas pelo impetrante, podendo- se afirmar que não houve manifestação definitiva sobre as alegações de inconstitucionalidade e ilegalidade.

Assim sendo, em que pese não se vislumbrar, num primeiro momento, ilegalidades quanto ao conteúdo das normas combatidas, o vício de competência arguido pelo impetrante possui relevância e deve ser ponderado.

Acrescente-se que o receio de imposição de penalidades e responsabilidades administrativas caracteriza o perigo de lesão ou dano irreparável a ensejar o deferimento da pretendida liminar.

Por fim, como se tais argumentos não fossem suficientes, registro que a própria autoridade apontada como coatora reconheceu, expressamente, que está “ciente das dificuldades encontradas pelas entidades repassadoras e pelos tomadores no cumprimento da nova Instrução Normativa” (fl. 39), razão pela qual, prorrogou, pela segunda vez, o prazo para o fechamento do envio de informações do primeiro bimestre.

Por tais motivos, defiro em parte a liminar pretendida, para o efeito de suspender a imposição de penalidades, sanções e responsabilidade impostas pela Resolução nº 28/2001 e Instrução Normativa nº 61/2001 emanadas do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, evitando, assim, a interrupção dos repasses dos recursos públicos aos órgãos e instituições públicas e privadas beneficiadas, até a decisão final do presente mandamus.

3. Notifique-se, pois, a autoridade aqui apontada como coatora, para que em dez (10) dias preste as informações que reputar necessárias.

4. Decorridos os prazos assinalados, encaminhem-se os

autos à D. Procuradoria Geral de Justiça.

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5. Intime-se.

Curitiba, 03 de agosto de 2012.

DULCE MARIA CECCONI - Relatora

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