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ESCRITAS AO VENTO. Alda Romaguera 1 Davina Marques 2

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Academic year: 2021

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ESCRITAS AO VENTO

Alda Romaguera

1

Davina Marques

2

A exposição Fabulografias: áfricas em ventos aconteceu de 02 a 20 de julho de 2012 no Espaço Cultural Casa do Lago e foi gestada nos projetos de pesquisa e extensão “In-ventos por entre áfricas, literaturas e imagens” e “Fabulografias em áfricas-cartões-postais”, em oficinas de criação com imagens e escritas com pesquisadores e estudantes da Unicamp, artistas visuais, grupos que lidam com a cultura afro-brasileira e alunos de escolas públicas de Campinas. Nestas oficinas produzimos objetos expositivos: vídeo poemas, cartões postais visuais e sonoros, em que palavras/imagens criam novas visualidades e visagens, na relação com a arte. A exposição sugere encontros entre palavras e imagens e sons e cores, entre experiências, entre pessoas. Criações imagéticas coletivas de fotografias, instalações, poesias, vídeos, são movidas pela pergunta: que áfricas ventam por você? - e convidam o público a também lançar suas respostas com/por imagens, palavras e sons.

Esta comunicação reúne algumas dessas escritas, oferecidas ao vento na instalação de galhos e postais flutuantes. O público foi convidado a interagir com essa instalação a partir da proposta: Verse no verso dos postais e pendure-os ao vento. Aqui elas foram recolhidas e se movimentam em composições coletivas e anônimas; foram agrupadas em dois momentos:

“ventos”, no qual se aproximam as escritas em torno do pensamento em movimento, e “que áfricas ventam você?”, no qual estão reunidos pequenos poemas que buscam responder a esta pergunta com/pela arte. No processo de criação destas escritas, nos fazemos acompanhar por Rancière (2007) e com ele problematizamos:

Escrever para quê?

Para criar uma língua de/por/com imagens, que joga livremente com palavras desconectadas, como forma de fazer ver ou ouvir, de fazer sentir sensações extralinguísticas, fragmentar, criar imagens, sensações-ventos. Caberiam a vida e o tempo em um cartão postal?

Escrita-em-limite do cartão postal; escrever no verso do postal, (con)versando [ou (com) mesmo?] com suas imagens: versos a versar, avesso, reverso.

Escrever para quem?

Para um/a leitor/a desconhecido/a...

leitor qualquer

escrever para experimentar

transitar pelo infinito da vida possível escrever encontros

ins-pirar

textos e postais e poetagens (in)ventar

Banquetes de imagens e palavras aguçando desejos de criar em lugares muitos

1 Professora pesquisadora do Programa de Mestrado em Educação, Univás - MG; aldaromaguera@hotmail.com

2 Docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de S. Paulo; davina.ifsp@gmail.com

(2)

de jeitos outros entre-ver vistar adivinhar cadências harmonias tempos sonoridades registrar encontros a-pre(e)nder

fotografias e criações ousar

misturar no instante imagens, cores e sons a dançar

compor um desenho sonoro soar diferentes matizes de forças

(i)materiais

Envolver-se pelos/nos encantamentos da escrita ler como quem escorre os olhos e passeia por brancos espaços onde o nanquim não pintou

tracejar pontos de fuga escapar pelas frestas das palavras prontas apagando-as

deixar rastros mortos prenhes de significação com eles traçar veios/vias rios e deixar escoar linhas outras

Nestas/destas linhas outras, (in)ventamos...

Ventos

A manhã acorda na inspiração da arte A fluidez da leitura pode nos fazer voar!

Vozes que ventam após ventanias silenciosas Divina luz que venta memórias, olhares, lugares.

Sombras de mim e de outros.

Nós...

Assopro sua imagem

A luz venta no pano

Filtro

(3)

O azul da terra toca o entardecer!

Pendure suas dores no varal!

De olhos fechados todo azul é negro Atenção nas pausas

Ouvindo os tambores do silêncio Ousadia para caminhar

Pra onde o vento aponta.

O que adorna o pensamento?

Não sei se foi o vento que partiu...

Ou meus pensamentos que voaram pelo horizonte.

Livre...

Livre...

Livre!

Como o vento que desliza sobre o tempo Asas abertas.

Vento no vento Vento na voz Grafia impossível Do que é ar E tempo.

Que o vento leve meu pensamento Deitar-me-ei em lençóis flamejantes Coloridos, pulsantes.

A áfrica que toca meu peito Dum jeito

Único

Luz e movimento

Histórias, línguas, dialetos

Coração que bate ao som do tambor A renda daquela senhora

Minha avó.

Ventos levam histórias pra todos os lugares.

Encantos!

Grafar uma música e como querer fotografar o vento A música existe no tempo

A grafia existe no espaço E o vento

No vento

Ao som do momento E do movimento Ritmos sons

Mitos lendas conexões...

Lá vem o tempo

Espiral do momento

Azul de minha vida

(4)

Atravesso Atra-verso

Vou por terras e águas Não me convenço Com-verso.

In-vento

Ventos sem limite Na minha voz Da terra a foz Deságuo...

Vento que re-versa o verso Move o universo

De dupla face:

a palavra preenchendo o branco a arte revelando a imagem algo que se concentra no fundo algo que na superfície se acha.

Que áfricas ventam você?

Áfricas das cores De alegrias E de dores

Áfricas da curiosidade E também de amores.

África de felicidade África de luz

África de paz e amor África de todos nós...

Áfricas amigas Ventam por mim Enfim!

Muito cedo a minha angola deixei Não sei se a conheço bem

Mas um dia a ela retornarei Ogum majô eh Mariô Ogum majá eh

Minha viagem é um lugar distante Bem aqui

Neste instante Abri-r

A p-orta f-o-i...

estar

ficar

ir, mas

voltar

(5)

e todos saberão em que áfrica ficará a cor o som o mar o dom guinés arruda axé êba obá baobá axé babá êpa larô iê Kawô alecrim Sálvia salve!

Faláfrica Falamos...

Porvir Travessia

Por entre línguas, sons, e potências Filosofia

Diferença A poesia

As escolhas para a composição destes dois momentos foram norteadas pelo uso da aleatoriedade, privilegiando o gesto apropriativo, em que a “mixagem” envolve práticas as mais diversas: a colagem, a laceração (rasura), a compressão e a acumulação. Esse procedimento foi utilizado na montagem de imagens e textos para a composição com os postais que foram entregues ao vento durante a exposição, garantindo que o resultado dessa produção não fosse previamente determinado.

Referências

DERRIDA, Jacques. Cartão-Postal - de Sócrates a Freud e Além. Tradução Simone Perelson

e Ana Valéria Lessa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Referências

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