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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2022

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0024.14.270576-3/001

Número do Númeração 2705763-

Des.(a) Rodrigues Pereira (JD Convocado) Relator:

Des.(a) Rodrigues Pereira (JD Convocado) Relator do Acordão:

19/04/0016 Data do Julgamento:

26/04/2016 Data da Publicação:

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - DIREITO À EDUCAÇÃO - MATRÍCULA - CRECHE - PRÉ-ESCOLA - PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL À CRIANÇA - LIMITAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS - UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO INFANTIL (UMEI) - CRITÉRIOS DE INSERÇÃO - OMISSÃO - FALTA DE JUSTIFICATIVA - NÃO ATENDIMENTO DA NECESSIDADE DA FAMÍLIA. 1. É dever do Estado garantir a educação às crianças até 5 (cinco) anos de idade em creche e pré-escola, competindo ao Município manter programas de educação infantil, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, área em que atuará prioritariamente (CF) 2. A inserção de menores nas Unidades Municipais de Ensino Infantil (UMEI) deve obedecer às prioridades eleitas pelo gestor municipal, sob pena de comprometimento da proposta pedagógica. 3. A falta de justificativas lastreadas em dados concretos para negar-se vaga ao menor sinaliza o não atendimento das necessidades da família, ensejando a excepcional intervenção judicial.

AP CÍVEL/REEX NECESSÁRIO Nº 1.0024.14.270576-3/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - REMETENTE: JD V INF JUV COMARCA BELO HORIZONTE - APELANTE(S): MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE - APELADO(A)(S): G.C.R.O. REPRESENTADO(A)(S) P/ MÃE A.C.R. - INTERESSADO: A.C.R.

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de

Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO.

DES. RODRIGUES PEREIRA (JD CONVOCADO) RELATOR.

DES. RODRIGUES PEREIRA (JD CONVOCADO) (RELATOR)

V O T O

Trata-se de Remessa Necessária e de Apelação interposta pelo MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE da sentença (fls. 102/108) proferida nos autos do AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER proposta pelo(a) menor G.C.R.O., representada por sua mãe A.C.R., que deferiu os pedidos iniciais, confirmando a liminar, para assegurar a matrícula da parte autora na UMEI CASTELO ou, na impossibilidade, na UMEI ALAÍDE LISBOA. Sem custas e honorários. Sentença submetida à remessa necessária.

Em suas razões recursais (fls. 112/134), o apelante alega, em síntese, a incompetência absoluta do Juízo, por não se encontrar o(a) menor em situação de risco; a necessidade de obediência às diretrizes educacionais estabelecidas pelo Município em 2005 para a matrícula em creches; a ausência de obrigação de matrícula imediata; a impossibilidade financeira do Município de Belo Horizonte com base na teoria da reserva do possível.

Recurso recebido à fl. 135 somente no efeito devolutivo.

Contrarrazões pela manutenção da sentença (fls. 136/144).

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Parecer Recursal da Promotoria de Justiça de Belo Horizonte pela improcedência do recurso (fl. 145).

Parecer da Procuradoria-Geral de Justiça pela confirmação da sentença (fls. 151/153).

É o relatório. Decido.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço da remessa oficial e da apelação.

Cediço que a Constituição Federal atribui ao Estado o dever de garantir a educação infantil às crianças até 5 (cinco) anos de idade, elevando o acesso ao ensino fundamental, obrigatório e gratuito à direito subjetivo, sob pena de responsabilidade da autoridade competente, in verbis:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

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VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

Reproduzindo os termos comando constitucional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), prevê que:

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma:

a) pré-escola;

b) ensino fundamental;

c) ensino médio;

II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;

Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.

Prevendo, ainda:

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Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), igualmente, garante às crianças e adolescentes acesso ao ensino fundamental gratuito.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

(...)

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

(...)

V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

(...)

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

(...).

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua

oferta irregular importa responsabilidade da autoridade

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competente.

Na espécie, G.C.R.O., nascido(a) em 24/11/2012, tendo comparecido à UMEI Castelo, creche da rede pública do Município de Belo Horizonte, teve negada matrícula em no procedimento de sorteio de vagas para o ano letivo de 2015, motivo pelo qual viu-se obrigada a pleitear judicialmente o direito previsto no art. 208, IV da CF/88 ora denegado. Com efeito, há ofensa ao direito previsto na Constituição Federal, do acesso à educação básica de forma gratuita, o que importa no deferimento dos pedidos pleiteados.

A liminar foi deferida (fls. 35/36), determinando-se a imediata matrícula e acesso gratuito do(a) menor "na UMEI Castelo, ou, na impossibilidade, na UMEI Alaíde Lisboa, ou ainda, na impossibilidade em escola particular conveniada".

No caso, a sentença é consoante com a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal (STF), que, no enfrentamento da matéria, em casos semelhantes, assentou o entendimento da legitimidade constitucional da intervenção do Poder Judiciário na implantação de políticas públicas previstas na CF para concretização de direito fundamental à educação infantil, sem importar transgressão do postulado da separação de poderes.

CONCLUSÃO

Mediante tais considerações, EM REEXAME NECESSÁRIO, CONFIRMO A SENTENÇA. PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO.

Apelante isento de custas (art. 10, I da Lei nº 14.939/2003).

DES. BELIZÁRIO DE LACERDA (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. PEIXOTO HENRIQUES - De acordo com o(a) Relator(a).

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SÚMULA: "CONFIRMARAM A SENTENÇA, EM REMESSA

NECESSÁRIA. PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO"

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