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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil JUlHO de 2018 ANO LXVI N o 07

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Província Franciscana da imaculada conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br

ofmimac@franciscanos.org.br

MensageM do Ministro provincial

“Capítulo Provincial à vista” ... 427

ForMaÇÃo perManente “Vocação eclesial e procedimento magistral”, de Andrea Grillo ... 430

ForMaÇÃo e estUdos Noviciado: Primeira Experiência de Eremitério ... 435

Convento Santo Antônio volta a ser casa de formação com FAV ...436

Grupo de Ecotelogia se reúne no ITF ...438

sav Vila Velha recebe o Encontro Nacional Franciscano de Juventudes...439

Fraternidades ESPECIAL “SANTO ANTÔNIO DA PROVÍNCIA” ... 442

Fiéis celebram Corpus Christi em Balneário Camboriú ...465

Frei Márcio Terra ganha biografia ...466

Confraternização reúne Pastorais na Vila Clementino ...468

Encontro do Regional de Pato Branco ...469

Encontro do Regional de Curitiba ...470

Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense ... 471

Alunos da USF arrecadam roupas para a Campanha do Agasalho ...471

Regional de São Paulo se reúne no Largo São Francisco ...472

2º Encontro do Regional do Vale do Paraíba ...472

Frei Neylor celebra 80 anos ...473

evangeliZaÇÃo Mudança de mantenedora do ITF ...474

Colégio Bom Jesus: Papa responde carta dos alunos ...475

Encontro dos Frades da Frente da Comunicação ...476

Frente da Comunicação faz 4º Encontro de Formação ...478

Frente das Paróquias se reúne em Rondinha ...480

São Paulo: ação emergencial do Sefras no inverno ...483

notÍcias e inForMaÇÕes WebTV Franciscanos entre os finalistas do Prêmio CNBB ...484

Encontro dos Irmãos Leigos em setembro ...485

Notícias de Malange ...485

deFinitÓrio provincial Encontro realizado em São Paulo de 19 a 20 de junho ...486

capÍtUlo provincial Autor explica a logomarca do Capítulo ...491

Comissão Preparatória se reúne pela terceira vez ...492

Ata da Apuração das indicações ao ofício de Ministro Provincial ...493

agenda ...496

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A

penas cinco meses nos separam da celebração do nosso Capítulo Pro- vincial. Nós sabemos, pelas Fontes Franciscanas, par- ticularmente através da Legenda

dos Três Companheiros e Anôni- mo Perusino, que o bem-aventu- rado Francisco, além de determi- nar Santa Maria da Porciúncula como local para a realização do Capítulo, também desejou que o Capítulo fosse o lugar da reunião de todos os irmãos a fim de “tratar da maneira como melhor pudes- sem observar a Regra”, bem como a distribuição e o envio dos irmãos

para que “pregassem ao povo pelas diversas províncias” (cf. LTC 57 e AP 37).

Iluminados pelo discurso do Papa Francisco, pronunciado no dia 23 de novembro de 2017 aos membros da Família Franciscana da Primeira Ordem e da Terceira Ordem Regular, os Coordenadores dos Regionais e a Comissão Pre-

caPítulo Provincial à vista!

Caríssimos irmãos e irmãs, que o Senhor vos dê a Paz e todo o Bem!

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mensagem

paratória, em sintonia com o De- finitório Provincial, escolheram o tema, “MINORIDADE FRANCIS- CANA, LUGAR DE ENCONTRO E COMUNHÃO” e o lema, “Sejam chamados Irmãos Menores” (RnB 6,3), como fio condutor dos prepa- rativos e da celebração do próximo Capitulo Provincial, de 12 a 21 de novembro de 2018, no Seminário Santo Antônio de Agudos, SP.

Frei Miguel Kleinhans, nosso Visitador Geral, depois do susto inicial, continua firme e forte na sua missão de visitador dos con- frades e das fraternidades. Nes- te momento, ele está visitando as quatro fraternidades que ficaram para trás, por conta do seu período de convalescência. Agora, depois de exames médicos e um período de descanso, Frei Miguel retomará

a visita às Fraternidades do Estado de São Paulo.

Também em Angola, na Funda- ção Imaculada Mãe de Deus (FIM- DA), Frei Victor Luís Quematcha, Custódio da Custódia da Guiné Bis- sau, cumpriu sua missão de visitador auxiliar e deverá apresentar o relató- rio da visitação ao nosso Visitador Geral. A eles somos muito gratos!

Quando Antônio - que agora é também preclaro confes- sor de Cristo - pregava aos irmãos no Capítulo de Arlés sobre o título da cruz, “Jesus Nazareno Rei dos Judeus (Jo 19,19), um dos irmãos de comprovada virtude, de

nome Monaldo, olhando por divina admoestação para a porta da sala capitular, viu com os olhos corporais o bem-aventurado Francisco elevado no ar, com as mãos estendidas como em cruz a abençoar os irmãos”.

GIOTTO -Aparição de Francisco no Capítulo de Arlés (LM 4,10)

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Enquanto isso, todos os frades da Província, de diferentes modos, estão empenhados nos prepara- tivos do Capítulo Provincial. Por se tratar de um Capítulo eletivo, já está em andamento o processo das indicações de nomes para os ofícios de Ministro Provincial, Vi- gário e Definidores, cujas eleições ocorrem durante o Capítulo.

A Comissão Preparatória tam- bém está ativa. No último dia 18 de junho, houve a terceira reu- nião. Agradeço o empenho das Fraternidades e dos Regionais que responderam ao “Instrumento de consulta” enviado ao Secretário da Comissão Preparatória, Frei Rodrigo da Silva Santos. Este rico material será sintetizado e trans- formado em texto único, seguin- do o método Ver, Julgar e Agir. As respostas enviadas apresentam um olhar positivo e crítico sobre nós mesmos, em nível pessoal, fra- terno e apostólico-evangelizador.

Contudo, a Comissão Preparatória chegou à conclusão de que deve- mos dar oportunidade aos leigos e leigas, parceiros e parceiras nas

nossas Frentes de Evangelização, para que eles também nos avaliem na nossa Minoridade Franciscana em vista da missão evangelizado- ra. Eles, certamente, nos ajudarão a sermos mais realistas e críticos em relação à nossa vocação fran- ciscana, especialmente ao chama- do à Minoridade na missão evan- gelizadora.

Por graça e coincidência, nes- te ano, o Dia Mundial dos Pobres será lembrado durante a celebra- ção do Capítulo Provincial. Sem dúvida, será um momento de gra- ça se nós, em sintonia com o Papa Francisco, nos deixarmos interpe- lar pelo clamor dos últimos. Mais do que serem convidados a se sen- tarem apenas por um dia às nossas mesas, os pobres devem nos pro- vocar a responder à prioridade de sermos uma “Província em saída”, com um olhar devotado às perife- rias existenciais, conforme nos in- dica o Plano de Evangelização.

LEMBRETE IMPORTANTE:

além dos frades participantes do Capítulo por dever de ofício, todos os demais confrades professos so-

lenes se esforcem ao máximo para fazerem sua inscrição, conforme a cédula enviada a cada irmão. Ain- da há tempo hábil para bem plane- jar nossas ausências das atividades apostólicas naqueles dias em que estaremos reunidos em Capítulo.

E, para concluir, vale este lem- brete do Papa Francisco no seu discurso aos Frades: “O ‘Senhor Papa’, como lhe chamava Francis- co, recebe-vos com alegria e em vós acolhe os irmãos franciscanos que vivem e trabalham no mundo inteiro. Obrigado por aquilo que sois e por quanto fazeis, especial- mente a favor dos mais pobres e desfavorecidos. ‘Todos sejam de- signados indistintamente como frades menores’, lê-se na Regra não Bulada. Com esta expressão, São Francisco não fala de algo fa- cultativo para os seus irmãos, mas manifesta um elemento constituti- vo da vossa vida e missão”.

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde em seu amor!

Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial

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Formação Permanente

O

discípulo cristão, se tiver a co- ragem de lançar a si mesmo na

“sociedade aberta”, deve fazer as contas abertamente com aqui- lo que está vivo e com aquilo que morreu da própria tradição. O lançamento de “processos dinâmicos e compartilhados” – no contexto de uma sociedade de alta diferenciação – re- quer um profundo repensamento de algumas

“categorias-chave” com as quais mediamos o conteúdo de fé.

Poderíamos dizer que, nessa passagem fundamental, está em jogo uma relação mui- to delicada, mas muito preciosa e incontorná- vel, entre “forma” e “conteúdo”. Como disse o Papa João XXIII, no Gaudet mater Ecclesia, na abertura do Concílio Vaticano II, o coração do estilo “pastoral” é a relação não imediata entre

“substância da antiga doutrina” e “formulação do seu revestimento”.

Nesse processo, gostaria de evidenciar o

vocação eclesial e

Procedimento magisterial

(*) AndreA Grillo

iniciar, participar, servir: para iniciar processos dinâmicos e compartilhados. vocação eclesial e procedimento magisterial.

“Aquilo que não morre e aquilo que pode morrer...”

(Dante Alighieri)

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papel de ligação, precioso justamente na sua necessidade e na sua insuficiência, que o magistério eclesial exerce nisso. No entanto, faço como premissa uma série de observações, quase apenas lexicais, a propósito dos termos que intitulam a minha intervenção e que surgem, como é evidente, da concepção original que o magistério tem sobre si mesmo no Pon- tificado de Francisco, em evidente e qua- se escandalosa continuidade com a co- ragem conciliar de recuperação de uma relação frutuosa entre Igreja e mundo.

A estrutura do meu discurso, portan- to, terá o seguinte andamento: apresen- tarei algumas questões preliminares em torno das palavras-chave desta reflexão (§ 1), para depois enfocar o “procedi- mento magisterial” como serviço e como condição da vocação cristã (§ 2), para ilustrar, enfim, mediante alguns exem- plos finais, as oportunidades e os limites da fase pós-conciliar, marcada, não mar- ginalmente, por evidentes sintomas de

“imunização da tradição” (§ 3).

1. um novo léxico para um novo cânone

Cada uma das três palavras que fo- ram postas como título desta minha intervenção merecem uma atenção pre- liminar, quase um esclarecimento termi- nológico. É claro que elas derivam, não às escondidas, do léxico que a Evangelii gaudium introduziu no discurso eclesial há mais de quatro anos: elas retomam o imaginário conciliar e o conjugam duas gerações depois.

vejamo-las uma a uma:

iniciar, ao mesmo tempo, deve ser compreendido no ativo e no passivo.

Trata-se de “tomar a iniciativa” – algo urgente e premente –, mas também de percorrer os caminhos da iniciação. A coragem de “iniciar” significa, natural- mente, não jogar apenas na defensiva, não confiar simplesmente no passa- do, mas ter motivos para tomar uma iniciativa, que considere os limites do

status quo extra e intraeclesial. Sair do estereótipo “educativo”, como se a Igre- ja tivesse apenas que educar e não se deixar educar, como se o mundo fosse o lugar do esquecimento da formação, e a Igreja tivesse permanecido como a única “agência educativa”; como se, na relação com o mundo, a Igreja também não tivesse sempre que “se deixar ini- ciar” e “começar algo ex-novo”. Iniciar significa que, também em teologia, “li- cet quiddam cognoscere novi”!

participar é o sinal tangível não tan- to de uma “lógica democrática” que, finalmente, entrou também na Igreja, mas sim a lógica intrínseca do próprio mistério cristão. O fato de ter desco- berto que é o próprio mistério de Deus uno e trino que exige, na raiz, que não haja apenas “diferença” entre Senhor e Igreja, mas também comunhão e par- ticipação torna-se o próprio motivo de uma identificação provocativa: no fundo da “participatio”, há a consci- ência de que a assembleia celebrante faz e deve fazer parte do mistério ce- lebrado. Fazer parte do mistério, não tê-lo simplesmente na frente, como um

“público”, mas estar dentro dele, como uma “comunhão”, como uma “dívida recíproca”: eis o ponto nodal de uma leitura que rompe, um após o outro, todos os pontos de resistência daque- la “estrutura hierárquica” que não é – como deve ser – serviço à comunhão da assembleia, mas sequestro e privilé- gio dignos não de uma Igreja, mas de uma casta ou de uma seita.

servir, enfim, não é apenas “imitação de Cristo”, mas também princípio de comunhão eclesial. O estilo do serviço não é apenas dotado de ótimas funções burocráticas, de diplomacias navega- das, de equilibrismos sociais e políti- cos, de oportunismos táticos ou estra- tégicos; o estilo do serviço ressoa como Palavra e como sacramento, aprende a arte do desinteresse, da clarividência, da abertura de crédito invencível da vigilância evangélica: sabe que deve

esperar pelo bem que vem como um ladrão. E, para vigiar realmente, expe- rimenta não “fechaduras” nem fecha- mentos, mas “aberturas” e “esperas”. É verdade: a ideologia do serviço pode se tornar perigosamente “autorreferen- cial”. Mas, nesse caso, é evidente que ela só serve a si mesma e, em última análi- se, confunde o servir com o ser servido.

À luz das três palavras, assim como as delineamos brevemente, emerge uma questão sobre a qual quero me deter ago- ra: que papel desempenha o “procedi- mento magisterial” a fim de renovar decisivamente essa vocação cristã ao iniciar, ao participar e ao servir?

Em outras palavras, que contribuição essencial dá uma função do magistério que se sintoniza com o “tomar a iniciati- va”, em vez de “desconfiar de cada iniciati- va”? Que encoraja as “competências dife- renciadas”, em vez de advogar para si toda competência? Que pensa grandemente o

“serviço”, sem deduzi-lo servil e autorita- riamente apenas do passado? Eis, então, que o olhar se dirige ao segundo ponto do meu raciocínio, sobre o papel do proce- dimento magisterial nessa retomada da resposta eclesial à própria vocação.

2. o procedimento

magisterial como chave do processo eclesial

Se um processo eclesial deve ser as- sumido e promovido, é preciso elaborar novos procedimentos de magistério, central e periférico, que saiam dos estilos fechados e estilizados da temporada re- cente. Veremos, mais adiante, o coração desse “estilo aparentemente renunciatá- rio”, que, na realidade, garantia apenas a conservação obtusa do “status quo”.

Aparentemente renunciava-se, para não renunciar substancialmente a nada.

Mas, mais importante é encontrar, no estilo do magistério da Evangelii gau- dium, da Laudato si’ e da Amoris laetitia, uma nova reaquisição importante: ou seja, a consciência de ter que superar as leituras redutivas do real, a projeção das

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próprias fantasias sobre as existências, a ideologia antimodernista e regressiva, nostálgica e carrancuda sobre os mun- dos da vida e da esperança.

Com efeito, no debate eclesial de- corrente das palavras proféticas do Papa Francisco sobre a “Igreja em saída” e sobre a “superação da autorreferenciali- dade”, talvez ainda não se compreendeu claramente como essa prioridade, que o papa enunciou, justamente, desde os pri- meiros dias do seu ministério – e que já estava claramente presente no seu texto apresentado à Congregação dos Carde- ais no conclave – requer uma profunda revisão do estilo com o qual a Igreja pen- sa e age em relação ao tema do “poder” e da “autoridade”.

Poderíamos dizer assim: para poder

“sair da autorreferencialidade” e tornar- se verdadeiramente “heterorreferencial”

– ou seja, para não colocar a si mesma no centro, mas o Outro e o outro – a Igreja deve, acima de tudo, reconhecer que está investida de uma autoridade real e eficaz.

Em outras palavras, ela deve poder confiar na possibilidade de intervir com autoridade sobre a própria doutrina e disciplina – sobre aquilo que pensa de si mesma e sobre o que faz de si mesma, para usar a bela expressão do Papa Paulo VI na abertura da Segunda Sessão do Concílio, em setembro de 1963 – sem ceder à ten- tação de “se impedir um repensamento”, talvez em nome da fidelidade à tradição.

Essa via, que muitas vezes é uma es- capatória, de fato, continua sendo, tam- bém hoje, muito praticada e muito sedu- tora. Parece uma virtude quase heroica, mas muitas vezes se transforma apenas em uma forma de retórica e em um álibi.

Se a Igreja pensa que o único modo de ser fiel ao Evangelho é continuar em tudo e para tudo como antes – seja dou- trinal, seja disciplinarmente – ela logo se convencerá de que deve permanecer ab- solutamente imóvel para ser plenamente a si mesma. Ela fará do imobilismo – às vezes reduzida apenas à conservação dos bens imóveis – a sua obsessão.

A essa tentação, Francisco quis res- ponder com quatro anos de uma palavra profética, que, acima de tudo, quer per- suadir a Igreja e o mundo de duas coisas:

que a fidelidade é mediada pelo movi- mento, a conversão, pelo sair pelas ruas, não pela estase, pelo medo e pelo fechar- se entre os muros;

que, para se mover, é preciso reconhe- cer a autoridade de estar na história da Igreja e da salvação de modo partícipe e ativo, não como espectadores mudos e passivos, ou como simples “notários”.

A autoridade necessária para sair da autorreferencialidade parece ser um conceito controverso, não apenas por ser objetivamente hostilizado, mas também por não estar subjetivamente esclarecido.

Mas, justamente, essa consideração encontra mais do que uma resistência não só na inevitável inércia do modelo a ser superado, mas também em alguns

“lugares-comuns”, dos quais eu gostaria de levar em consideração aquilo que eu poderia expressar como a redução da au- toridade à “renúncia à autoridade”.

Trata-se de um lugar-comum muito fascinante, que às vezes assume uma no- tável relevância na experiência eclesial, e que o magistério pode e deve utilizar em passagens complexas. Ele se traduz, for- malmente, em uma declaração de “non possumus”.

Esse é um dos pontos-chave do “ma- gistério negativo” que a tradição antiga, medieval e moderna cultivou com aten- ção e cuidado. Trata-se, em última ins- tância, de uma preciosa “autolimitação do magistério”. Mas tal autolimitação, que por si só é a garantia de “outro” e que, portanto, deveria conter e obstacu- lizar as formas da autorreferencialidade eclesial, entrou com grande força na ex- periência eclesial das últimas décadas, especialmente a partir dos anos 1990.

Uma série de documentos, que vão de 1994 a 2007, marcam uma espécie de

“baixo contínuo”, no qual, mediante essa autolimitação da autoridade eclesial, dei- xou-se em vigor a compreensão e a prá-

tica precedente como “única autoridade possível”.

De fato, esse é o limite desse “lugar- comum” do exercício do Magistério. O Magistério, em todos os casos que agora examinaremos brevemente, ao afirmar

“não ter a autoridade”, não se despoja da autoridade, mas confirma a autoridade na sua formulação anterior e clássica. E é precisamente aqui que a “autolimitação”

– até mesmo contra as intenções – corre o risco de ter como resultado a “autor- referencialidade”, e que a “resistência”

autorreferencial do poder eclesiástico as- sume a forma cativante de uma paralisia estrutural, apresentada como renúncia ao poder.

3. a resistência da “imunização da tradição” (também chamada de autorreferencialidade)

São diversas as formas da “imuni- zação da proximidade”. A mais usada e abusada nas últimas décadas é uma es- tratégia que obtém, simbolicamente, o máximo de vantagens com o mínimo de esforço: é suficiente afirmar que “a Igre- ja não tem a autoridade” para conservar toda a autoridade!

Os processos dinâmicos são impos- síveis se a Igreja não tem nenhum po- der sobre o ministério, nenhum poder sobre a liturgia, nenhum poder sobre a migração... O estereótipo da “renúncia à autoridade” permite à Igreja uma boa via de fuga: ela parece humilde e desin- teressada, enquanto mantém intactas as competências e os poderes.

Os exemplos que eu gostaria de dar são evidentes, quase descarados. Pensei em lhes dar títulos de efeito, de modo a considerar totalmente os riscos que se correm ao não conter essa lógica imuni- zante: a tradução impraticável, a litur- gia mumificada, a mulher des-ordena- da, o niilismo canônico.

Uma breve reflexão dedicada a cada uma dessas graves formas de imuniza- ção dos processos dinâmicos de discer- nimento da tradição deveria nos fazer

Formação Permanente

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refletir sobre a urgência de ativar, em cada um desses pontos, uma aceleração dinâmica, como, de fato, está acontecen- do, não sem resistências, nos últimos cinco anos:

- a tradução impraticável

Escutamos, há 20 anos, palavras ir- responsáveis, mesquinhas, infundadas, sobre o sentido do traduzir e sobre a sua prática. Reivindicou-se até que as línguas modernas, as línguas vernáculas e fala- das, para serem dignas da liturgia “roma- na”, imitassem até as figuras retóricas do latim!

Isso, perdoem-me, não é um racio- cínio de filologia. Este é um delírio de nostalgia. Que se tornara, até anteontem, palavra oficial, trunfo de uma autoridade reduzida ao autoritarismo que pretende, em vão, a imposição do absurdo.

Tal distorção, diante da realidade complexa das línguas, pode causar danos durante alguns anos, como ocorreu, com efeito. Por um lado, havia quem tentas- se traduzir “de acordo com a razão”, mas via as traduções serem pontualmente re- jeitadas em Roma. Havia quem, por sua vez, traduzisse “de acordo com as novas regras”, produzindo textos que eram, sim, fiéis a Roma, mas não à língua dos povos aos quais eram destinados.

Hoje, nesse plano, não sem resistên- cia nos mais altos níveis, temos nova- mente a possibilidade de reabrir “pro- cessos dinâmicos”, de restituir a palavra aos sujeitos falantes, de confiar em um simples fato: o latim, mesmo com toda a sua justa experiência eclesial de 17 sécu- los, é uma língua de Babel, como todas as outras. Na Itália, faz 700 anos que Dante sentenciou: a expressão poética não pas- sa mais por aí.

Por outro lado, as línguas faladas não só perdem algo daquilo que o latim pode dizer, mas também sabem dizer coisas que o latim não sabe expressar. Deve- mos nos resignar à liberdade com que o Espírito pode dar o melhor de si não só aos nossos avós, mas também aos nossos bisnetos, nas línguas que, então, eles po- derão e saberão falar.

- a liturgia mumificada

Com uma medida-surpresa, tirada da cartola de 10 anos atrás, foi-nos dito que aquela forma ritual que a Reforma Litúrgica conciliar tinha declarado ofi- cialmente como limitada e necessitada de revisão, e que, portanto, havia supe- rado, emendado e mudado, permanecia intocada, intocável e inoxidável, como antes e mais do que antes, ao lado da nova forma ritual.

Mumificar o Vetus Ordo e fazê-lo re- nascer, de repente, ao lado do seu filho, para assegurar um eterno paternalismo ao extremo sobre o Novus Ordo, de fato, não é um gesto de estilo “tipicamente católico”, mas sim uma grave forma de humilhação para a tradição católica ver- dadeira, aquela que não tem medo da história, dos processos irreversíveis e que sabe reconhecer o novo e o inesperado.

Fazer a reforma e, ao mesmo tempo, fazer como se nada tivesse acontecido não é católico, mas mesquinho. E, assim como é mesquinho pretender julgar um sujeito apenas com base na lei objetiva, assim também é dizer que se defende a Reforma Litúrgica com uma mão e libe- ralizar com a outra, simultaneamente, aquele rito que havia sido objeto de re- forma.

Basta dizer que se inaugura um “sis- tema litúrgico” em que, contemporane- amente, estão vigentes dois calendários litúrgicos contraditórios entre si. E vá você entender se Cristo Rei se celebra no fim de outubro ou no fim de novembro!

- a mulher des-ordenada

Em terceiro lugar, a exclusão da mu- lher de todos os graus do ministério or- denado parece uma verdadeira joia da imunização, talvez uma das suas obras

nas últimas décadas, como vimos, depois da grande temporada de renovação conciliar, a tentação de retornar à fácil identificação da tradição com o passado voltou a insidiar os “processos dinâmicos” introduzidos pelo concílio.

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Formação Permanente

-primas. Ao repetir os argumentos que provêm da sociedade fechada, somos to- dos campeões. Ganhamos o campeona- to dos lugares-comuns, mas parece que silenciamos todas as objeções?

A teologia, se quiser ser séria e não se reduzir a um verniz ideológico para co- brir velhos preconceitos sexistas, deve, se for capaz, não se refugiar no passado, mas propor argumentos para hoje. Dizer que no passado a mulher nunca foi ordenada – o que, aliás, não é verdade – não respon- de à pergunta que hoje nasce da Igreja e do mundo, da teologia e da cultura.

O ponto doloroso dessa demanda de “processualidade” está em aceitar a inversão do ônus da prova. Não é quem propõe a ordenação no feminino, pelo menos no nível do diaconato, que deve oferecer motivações dignas. Essa de- manda já está fora do tempo e inverte as coisas. É quem nega essa possibilidade que deve fornecer argumentos com um mínimo de plausibilidade. E não argu- mentos fingidos, tirados dos armários medievais, cheios de teias de aranha e de mofo! Ou das prateleiras antimodernis- tas, sempre prontas para dar razões para ficar parados no passado. Porque, se al- guém argumenta hoje com base na “in- capacidade de exercer o poder por parte da mulher”, não faz um serviço à Igreja, mas prova que está defasado em relação ao mundo-ambiente em pelo menos 200 anos. E há teólogos que continuam cre- denciando essas palavras como “argu- mentos”, desqualificando a razão teoló- gica e a dignidade do seu saber.

- o niilismo canônico

Um último aspecto que merece ser ilustrado, como lugar de um necessário desenvolvimento processual, é a “fragili- dade matrimonial”: aqui me parece que se deve afirmar que os “processos dinâ- micos eclesiais” de recuperação da “reali- dade conjugal” só podem ocorrer através de um redimensionamento drástico e decidido do papel do “processo judicial”.

Os canonistas não devem só dar

uma razão, mas permanecem em grande parte inadimplentes ao não projetar um sistema novo. Se o vínculo conjugal con- tinua sendo pensado mediante catego- rias “que não conhecem a história”, toda possibilidade de recuperar a comunhão eclesial só poderá ser garantida pela clás- sica lógica dos “impedimentos”, que se transformou em “capítulos de nulidade”

e que elabora exclusivamente um “remé- dio retrotópico”.

Se o vínculo pode ser apenas duas coisas – desde a origem existente ou não existente – isso nega ao vínculo toda ex- periência, todo desenvolvimento, toda história. Essa forma mentis – exceto os poucos casos de efetiva “invalidez origi- nal” – deverá ser radicalmente superada.

Ela não corresponde mais nem à expe- riência dos cônjuges – supondo-se que estejamos dispostos a reconhecê-la como relevante –, nem às exigências eclesiais – que não são mais as da luta do século XIX contra o Estado liberal usurpador –, nem à compreensão cultural e social – que não é apenas abismo modernista de egoísmo.

Continua sendo verdade aquilo que P. Sequeri afirmou durante o Sínodo:

“Nunca é como se nada tivesse aconte- cido”. Esse continua sendo, pelo menos para grande parte dos canonistas, o im- pensado. A Amoris laetitia é aqui apenas

“início de um início”. Bendito, necessá- rio, mas insuficiente. O resto é confiado à capacidade processual do magistério eclesial e canônico por vir.

conclusões

Para honrar o real, com um gesto de fidelidade à tradição que nunca se tor- ne autorreferencial, é preciso discernir cuidadosamente entre “aquilo que não morre e aquilo que pode morrer”: se não se opera com força e com coragem esse ato de distinção e de discernimento, corre-se o risco de comprometer “aquilo que não morre”, confundindo-o e mistu- rando-o com “aquilo que pode morrer”.

A tarefa do magistério, hoje como sempre, parece estar investida de uma

tarefa de discernimento decisivo para não confundir a “vocação eclesial” com a “manutenção do status quo”.

Nas últimas décadas, como vimos, depois da grande temporada de renova- ção conciliar, a tentação de retornar à fácil identificação da tradição com o passado voltou a insidiar os “processos dinâmicos”

introduzidos pelo Concílio. Há cerca de cinco anos, o magistério eclesial, graças à salutar “sacudida” introduzida pelo pon- tificado de Francisco, retomou a fecunda relação entre “procedimento magisterial”

e “vocação eclesial”: um magistério que abre novos espaços para a vocação ecle- sial, escapa à tentação de uma autoridade que bloqueia a liberdade, mas introduz a

“misericórdia” como critério da autori- dade e, portanto, também como sentido último da liberdade.

Um magistério que, com honestida- de e equilíbrio, saiba indicar, finalmente, também “aquilo que pode morrer” nos estilos sacramentais e nas formas retóri- cas, na pastoral familiar e nas estruturas de Cúria, nas formas celebrativas e nas autoridades caritativas identifica muito facilmente aquilo que se tornou obstá- culo e lastro, e deve ser deixado morrer, sem nenhuma obstinação terapêutica.

Enquanto não soubermos fazer mor- rer aquilo que de caduco acompanha a pastoral, não saberemos fazer brilhar, com toda a força e a eficácia necessária, aquilo que não morre e não deve morrer.

Nesse equilibrado sistema de resistência e rendição, abre espaço, eficazmente, a recepção do Concílio Vaticano II e o es- paço para uma resposta nova e, por isso, fiel à vocação cristã. Só assim a fidelidade não será apenas em relação ao passado, mas também em relação ao futuro.

(*) Grillo é professor do Pontifício Ateneu Sant’Anselmo, em Roma, do Instituto Teológico Marchigiano, em Ancona, e do Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa Giusti- na, em Pádua. O artigo foi publicado por Come Se Non, 20-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto, do IHU Unisinos.

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E

m duas etapas, de 13 a 19 de maio, e de 20 a 26 de maio, os noviços fizeram sua primeira experiência eremítica no Eremitério Beato Frei Egídio, em Rodeio. Por ser grande, a turma foi divida em dois grupos, que subiram, caminhando, a “mon- tanha sagrada”: um grupo fez sua peregrinação no período da noite, saindo do Noviciado por volta das 20 horas do dia 13 (Dia das Mães);

outro grupo peregrinou na tarde ge- lada e com muita ventania do dia 20 (domingo de Pentecostes), saindo às 14h30.

Este é um momento em que os noviços desfrutam e fazem o conta- to mais direto, prático e intenso da vida eremítica, seguindo a Regra que o Seráfico Pai Francisco deixou para

os irmãos que assim sentirem mais fortemente o chamado à solidão e à intimidade com Deus.

Durante esses seis dias, às 7 horas, participávamos da Eucaristia, rezá- vamos as Laudes, tomávamos café e seguíamos “mata a dentro” para vi- vermos o mistério que Deus nos tinha preparado. Por volta das 15h30, os sinos tocavam avisando-nos que era hora de voltarmos para as dependên- cias do Eremitério. Era o momento de trabalharmos, jantarmos e partilhar- mos nossas leituras dos Ditos de Frei Egídio, da Palavra de Deus e de outras experiências vividas.

No livro de mensagens de retiran- tes e visitantes, o confrade Frei Ga- briel Nogueira Alves escreveu: “Pude- mos, nesses dias, fazer a experiência de solidão como forma de nos colo-

carmos na escuta da vontade de Deus.

Ele falou a cada um de nós através de nossas experiências. O Senhor nos chamou para sermos Frades Menores e, nessa busca pessoal de cada um, Ele constrói conosco nossa história. Foi bonito poder, nesses dias, irmos ao seu encontro. Agradecemos a Deus por esta montanha. Que Ele nos dê forças no dia a dia, pois agora vamos descer e voltar à nossa rotina”.

“O que fica de tudo isso em nós é o

‘adentrar na experiência de Francisco de Assis’, meditando o texto do Beato Egídio. Isso também nos levou a uma renovação de nosso ‘sim’ a Deus na vida franciscana! Que o bom Senhor nos inspire sempre e cada vez mais”, disse Frei Josiélio da Silva Oliveira.

Frei Franklin Matheus

Primeira exPeriência de eremitério

NOvIcIAdO

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Formação e estudos

A

o completar 410 anos, o Convento Santo Antônio é também, neste início de junho, uma Fraternidade de Acolhimento Vocacional (FAV).

Até o final de setembro, os jovens as- pirantes à vida religiosa franciscana, Gilberto Silveira da Costa Júnior, de Agudos (SP); Gustavo Henrique da Silva Toratti, de Guapiaçu (SP); e Bru- no Almeida de Mello, de Curitibanos (SC), poderão fazer melhor o seu dis- cernimento vocacional, conhecendo e convivendo com os frades em uma fraternidade franciscana. Neste perí- odo, Frei Róger Brunorio será o res- ponsável no acompanhamento.

No passado, o Convento San- to Antônio foi “um ateneu célebre de estudo e dele se irradiava a ação franciscana sobre todas as partes do Sul”, explica o historiador Frei Basílio Röwer. Foi casa de estudos filosóficos, teológicos e do noviciado. Tanto que o primeiro jovem “carioca” que tomou o hábito franciscano no Convento de Santo Antônio foi Frei Sebastião dos Mártires, provavelmente no ano de 1638.

Atualmente, na Província da Ima- culada, os aspirantes passam por duas fases antes do Postulantado. Ficam os três primeiros meses no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga (SC), e depois fazem uma experiência de quatro meses em uma das Frater- nidades de Acolhimento Vocacional (FAV), um tempo de discernimento vocacional a partir da modalidade evangélica do “Vinde e Vede”. No final do ano, no início de outubro, retor-

nam ao Seminário para concluir esta fase antes do Postulantado.

A ideia do Convento de se tornar uma FAV partiu de Frei Róger, que obteve apoio da Fraternidade. “Temos um Convento muito grande, uma Fraternidade grande e uma realidade muito diversa. Acho que é uma con- tribuição que podemos dar à Provín- cia trazendo para cá esses jovens para que eles possam sentir como é a vida em fraternidade”, explicou o frade, que também é animador do grupo de jovens vocacionados, hoje com cinco candidatos.

Frei Róger, contudo, terá o apoio dos frades na formação em áreas como liturgia, espiritualidade, bíblia, história franciscana e história da Pro- víncia. “É uma riqueza muito grande você ter um aspirante fazendo uma experiência aqui, onde há um idoso que precisa de cuidados, outro que é mais jovem, um frade que é confes- sor, outro pregador, outro escritor. É uma casa que está no centro urbano de umas das principais capitais do país. Ao mesmo tempo que está num

espaço urbano, que reúne o antigo e o moderno, o convento de 410 anos fica num morro com um espaço de verde.

Isso ajuda muito. É uma cidade turís- tica e o nosso público é muito devoto de Santo Antônio. Ou seja, é um desa- fio para se viver uma vida mais con- ventual ou uma vida mais pastoral.

São muitas as possibilidades”, acredita Frei Róger.

“A presença deles é uma presença jovial, já que temos uma Fraternida- de mais idosa. Não só os fiéis ganham mas a Fraternidade também ganha com eles”, acrescenta o frade.

Frei Róger, em contrapartida, não acredita que uma casa antiga e uma grande fraternidade poderiam sufocar esse discernimento. “Os vo- cacionados estão vindo por causa do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, do modo de São Fran- cisco. Então, esse ponto de partida não pode ser perdido. Se a gente olhar para nós mesmos, vamos ver que somos limitados. Temos vícios e virtudes. O mais importante é ver as virtudes e trabalhar os vícios”,

convento santo antÔnio volta a ser casa de

Formação com Fav

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ensina o frade, citando São Francisco: “Ai daquele frade que escandaliza os outros, mas é pior aquele que fica escandalizado com o vício do outro”. Para ele, temos que procurar ver “em toda Fraternidade as coisas boas”.

Frei Róger recordou que, quando era vocacio- nado, trabalhou como sa- cristão numa experiência semelhante no Convento da Penha. “Tinha convivência em tempo integral com a Fraternidade. Fiz uma expe-

a FAV do Convento Santo Antônio é a proximidades das casas do Regio- nal. “Os aspirantes aqui também vão ter oportunidade de estar nas outras fraternidades do Regional, principal- mente nos finais de semana, quando a atividade conventual é pequena aqui.

Eles tomarão contato com fraterni- dades e realidades contrastantes, por exemplo, Niterói e a Rocinha, a Baixa-

quando resolveu deixar tudo para se- guir São Francisco. “Quando falei para minha mãe que iria para o Seminário, ela ficou branca e em choque”, recordou.

Mas hoje, segundo ele, a família aceita bem sua escolha e apoia. Em agudos, existem três presenças franciscanas dos frades da Imaculada – um seminário e duas paróquias – e esse contato com os frades foi mudando a vida de Gilberto.

“Até que na Caminhada Franciscana de 2016, vi um grupo grande de frades.

Aquele (monte) de frades reunido, fra- ternos e alegres, mexeu comigo”, revelou

Bruno almeida de mello gustavo Henrique toratti

da Fluminense e Petrópolis”, acrescenta o animador voca- cional.

Ter uma FAV no Con- vento Santo Antônio é uma forma de a Província, atra- vés do Pró-Vocações, re- tribuir aos benfeitores, que aqui no Rio são muitos. “É uma forma de prestar contas aos benfeitores que não só ajudam materialmente mas que rezam pelas vocações”, observou.

Os três jovens, contudo, que iniciam esta experiência

Tem 24 anos. É natural de Guapia- çu, Noroeste Pau- lista. Cursou até o segundo ano de Filosofia na Dioce- se de São José Rio Preto quando decidiu conhecer me- lhor a vida franciscana. “Estava bem no seminário da Diocese. Sentia se- gurança por estar perto da família.

Mas na Paróquia da Diocese, onde atuava, conheci um frade capu- chinho que veio do Nordeste e seu modo de evangelizar me chamou a atenção. O jeito de estar com o povo era diferente. Aquilo me questionou mas não tinha coragem de abrir mão do que vivia, até que tudo mu- dou quando passei a fazer parte da Pastoral do Povo de Rua. Me desli-

Tem 19 anos.

É natural de Curi- tibanos (SC). Por incentivo do avô, ingressou na Uni- versidade Federal de Santa Catarina para fazer Agronomia. Já estava no segundo ano quando começou a fre- quentar a Paróquia Nossa Senhora da Conceição e ter contato com os frades desta Província. “O Frei Ro- berto Carlos me chamou para par- ticipar do grupo de jovens e depois ajudei no Apostolado da Oração. Eu não tinha coragem de dizer que que- ria ir para o Seminário, até que um senhor, o Germano, me animou. E assim comecei a ter orientação com Frei Roberto”, recordou. Filho único, a decisão foi bem recebida pela fa-

gilberto silveira Júnior

Tem 18 anos. É natural de Agudos (SP). Já havia con- cluído um semestre da Faculdade de Sistemas de Infor- mação na Unesp, riência riquíssima. Foi aí que conheci

o Frei Daniel Kromer, que está enter- rado aqui no Convento. Morreu em 2000. Ele dizia: ‘Olhe os problemas que você vê de uma fraternidade, isso vai te dar forças’. Foi um tempo de ex- periência muito bom e enriquecedor.

Então, eu vivi uma FAV”, garante Frei Róger.

Outro aspecto muito positivo para

foram unânimes em dizer que o im- pulso para a tomada de decisão veio do testemunho dos frades.

Neste período, três pilares susten- tarão a sua formação: Experiência da vida e missão da Fraternidade; parti- cipação ativa na vida da Igreja local; e leitura, estudo e reflexão.

Moacir Beggo

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Formação e estudos

N

a quinta-feira, dia 14 de junho, o Grupo de Eco- teologia esteve reunido no Instituto Teológico Franciscano. A Equipe de Comu- nicação do ITF aproveitou a opor- tunidade para conversar com seus integrantes e saber um pouco mais a respeito do trabalho desenvolvido pelo grupo.

Quando começou o grupo de pesquisa em Ecoteologia?

Antes da realização da Semana Teológico-Pastoral de 2015, cujo tema era Ecoteologia, alguns membros já refletiam na formação de seminários em Ecoteologia. No segundo semes- tre de 2016, foi instaurado o grupo de pesquisa em Ecoteologia, com reuniões de estudo das encíclicas pa- pais, de textos teológicos católicos e protestantes. Em 2017, já com o apoio da Missionszentrale der Franziskaner (MZF), iniciamos um mapeamento da produção disponível sobre Ecote- ologia, bem como de centros de pes- quisas, participação e formação de fóruns e seminários.

Qual a relação entre Teologia e Ecologia?

A Ecologia representa um anseio da comunidade científica da Igreja e das pessoas em geral que estão desper- tando para a importância do cuidado do planeta Terra.Por sua vez, a con- tribuição da Teologia é uma resposta inevitável diante da emergência em que nos encontramos hoje. A Teolo- gia, através de uma revisão da Teolo- gia da Criação, colabora com a ques- tão ecológica. São Francisco, irmão dos pobres e irmão da Terra (irmão

das Criaturas), é um grande exemplo e em sua esteira, segue o Papa Fran- cisco com a sua encíclica Laudato Si’.

O nosso grupo faz reflexões ba- seadas em textos de diversos autores (teólogos e cientistas) como: Jürgen Moltmann, São Boaventura, Leonar- do Boff, RaimonPanikkar, Teilhard de Chardin, Fritjof Capra, Eugene Odu- me Joan Martinez Alier.

O grupo é aberto a qualquer pessoa interessada ou é preciso uma formação acadêmica específica?

Uma formação acadêmica especí- ficanão é necessariamente um pré-re- quisito. Nosso grupo iniciou com os estudantes do ITF. E continuará sem- pre aberto a quem deseja conhecer me- lhor o tema e contribuir para a reflexão.

Quais frutos que foram colhidos desses encontros?

Apresentação em seminários e con- gressos, por exemplo, no Seminário Latino-Americano de Áreas Protegidas e Inclusão Social, realizado em 2017, na Universidade Federal Fluminense (UFF); assessorias às dioceses e várias outras iniciativas além da publicação de artigos em revistas, no site e no informa- tivo do Instituto Teológico Franciscano.

No dia 19 de maio, aconteceu, no ITF, o Retiro Franciscano de Pentecostes. Vivenciamos um belo dia de oração e reflexões inspirados na experiência de São Francisco de Assis e nas palavras da Exortação do Papa Francisco sobre a santida- de no mundo de hoje.

Aconteceu uma rica partilha de impressões e de experiências entre os participantes, leigos e religiosas, todos empenhados com muita seriedade na vida cristã e desejosos de, como o

Francisco de Assis e o de Roma, deixarem-se conduzir sempre mais pelo vento forte e a brisa suave do Espírito Santo. O dia culminou com a celebração da Missa da Vigília de Pentecostes, na qual, especialmente depois da comunhão, num grande silêncio, sentimo-nos todos um só corpo e um só espírito.

Obrigado a todos que partici- param.

Frei Fábio Cesar Gomes

retiro Franciscano de Pentecostes

gruPo de ecoteologia se reúne no itF

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P

romovido pela Conferên- cia dos Frades Menores do Brasil, o Encontro Nacional Franciscano de Juventudes (ENFJ) reúne jovens de todo o país para uma experiência de convivência fraterna, oração, vivência da espiritu- alidade e dos valores franciscanos. É, antes de tudo, um momento especial para fortalecimento dos laços e de re- novação do ideal que nos une e mo- tiva. É uma oportunidade de partilha daquilo que o Senhor tem feito e reali- zado por meio dos/das jovens de todo o Brasil, bem como dos desafios que enfrentam em suas realidades muitas vezes tão similares e, ao mesmo tem- po, tão distintas.

Esse evento surgiu da necessida- de de se ter uma aproximação maior entre os frades e os jovens. Em 2008, em Córdoba, na Argentina, realizou- se o Congresso Missionário, onde foi debatida a importância da presença franciscana entre os jovens e as atuais dificuldades na evangelização. Desse modo, decidiu-se realizar um grande encontro nacional voltado para os jovens representantes das paróquias e fraternidades franciscanas, como uma primeira tentativa de ouvi-los, entendê-los e aproximar-se deles.

O ENFJ é, então, um encontro entre jovens, frades, religiosas, leigos e leigas que se sentem unidos pela espiritualidade franciscana, para que, reunidos como família para estrei- tar os laços e percorrerem juntos os caminhos da evangelização, possam debater e aprofundar os temas e as dificuldades atuais do mundo juvenil.

1º enFJ

Esse primeiro encontro aconteceu em Canindé - CE, no ano de 2011, e

reuniu aproximadamente 540 jovens no Santuário de São Francisco das Chagas. Foram realizadas oficinas, partilhas, momentos de profunda espiritualidade e reflexão acerca do tema “Juventude, tua vida é missão”. A Missa de encerramento foi presidida pelo então Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei José Rodrí- guez Carballo, que também esteve durante todo o encontro ouvindo e partilhando sobre a caminhada dos jovens. Neste encontro, os jovens dis- cutiram sobre vários temas, a saber:

ecologia, evangelização a partir da arte.

2º enFJ

Entre os dias 9 e 12 de julho de 2015, na cidade de Anápolis - GO, realizou-se o II ENFJ, com o tema

“Jovens com Francisco seguindo Jesus Cristo” e o lema “Vai e reconstrói a minha Igreja”. Neste encontro, os 450 participantes provenientes de todas as regiões do país fizeram a experiência de fortalecer a fé, conhecer o novo, aprofundar a espiritualidade francis- cana e encontrar luzes para a sua ca- minhada.

Durante o encontro as juventudes refletiram que “a juventude compro- metida com Cristo deve ter coragem

vila velHa receBe o encontro nacional Franciscano de Juventudes

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ComuniCações Julho de 2018

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saV

para abraçar propostas positivas pe- rante os grandes desafios da atualida- de, tais como: o atual modelo econô- mico que gera exclusão, o extermínio de jovens, a cultura do descartável, a destruição da natureza e as injustiças sociais.” (Carta aberta do II ENJF).

Além disso, concluiu-se que toda essa mudança esperada somente é possível mediante um engajamento político na busca da transformação da sociedade.

Por fim, os jovens reafirmaram o seu desejo de apresentar a esse mundo a pessoa do Cristo da Esperança colo- cando-se ao lado dos crucificados de nosso tempo.

O 3° ENFJ será de 19 a 22 de julho de 2018, na cidade de Vila Velha - ES.

O tema será “E o desânimo se conver- teu em ardor: permanece conosco, Se- nhor.” (Lc 24,29). Tendo em vista que estamos vivendo o ano do Sínodo da Juventude, proposto pelo Papa Fran- cisco, esse encontro será de extrema importância para repensarmos a nos- sa caminhada de juventudes.

como serÁ?

Nessa 3ª edição, o Encontro Na-

cional terá um diferencial que certa- mente irá marcar a vida de todos os jovens. Assim, seguindo a metodolo- gia de Emaús e atendendo ao pedido do Papa Francisco de que sejamos uma Igreja em saída, nosso encon- tro, além de momentos de formação, mística, partilha e reflexão, também proporcionará uma atividade con- creta aos participantes. Teremos um momento para visitar as famílias das comunidades da Paróquia Nossa Se- nhora do Rosário, sede do Encontro, conhecendo, assim, um pouco da re- alidade social e eclesial de Vila Velha.

Além disso, o objetivo é fazer desse encontro uma oportunidade de missão concreta, de modo que anunciemos a Boa Nova de Jesus para outras pessoas, tal qual os discípulos de Emaús que, depois de terem reco- nhecido Jesus ao partir o pão, volta- ram para a Galileia como verdadeiras testemunhas do Ressuscitado.

momento soBre missão

Dentro da programação, foi pen- sado para o dia 20 um momento que ajude nossos/as jovens a refletir o sen-

tido da Missão, a partir do que o pró- prio tema deste Encontro nos sugere que assumamos. Tendo presente um dos objetivos principais deste Encon- tro, o momento de Roda Viva (me- sa-redonda), para o qual queremos contar com sua ajuda, visa despertar na juventude presente o desejo de sair em missão, através da reflexão e das provocações sua e dos demais envol- vidos na construção dessa ‘vivência’, como também através do testemunho missionário de outros/as irmãos con- vidados.

A Roda Viva foi pensada pela Comissão Central do Encontro para ser assim constituída: cada partici- pante terá 25 minutos para expor seu

‘eixo’ de reflexão, que será conduzido a partir da metodologia vER – ILU- MINAR – AGIR. Logo após a expla- nação feita por todos, teremos um trabalho em plenária, onde abriremos para a participação ativa e direta dos nossos jovens: ecos da mesa redonda, ressonâncias, inquietações, dúvidas, perguntas, interação, concluindo com a complementação e provocações fi- nais por parte dos assessores.

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