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EM MEDIDA DE URGÊNCIA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR GERALDO DA CAMINO PROCURADOR GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – TCE/RS

EM MEDIDA DE URGÊNCIA

ELIANE GOBETTI CAMARGO, brasileira, analista de sistemas, inscrita no CPF nº 004.788.090-26, RG nº 1091733269 SSP/RS, com endereço profissional na Avenida Ipiranga, 1200, Bairro Azenha, CEP nº 90160-091, na cidade de Porto Alegre/RS, com o seguinte endereço eletrônico elianeg.camargo@procempa.com.br, na qualidade de Diretora do SINDPPD-RS – Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do RS, vem a presença de V. excelência , por intermédio de seu procurador abaixo firmado, propor a presente

REPRESENTAÇÃO, nos termos do art. 71 da Constituição Estadual do Rio Grande do Sul, combinado com o art. 60 da Lei Estadual 11.424/2000 e art. 5º, da Lei Estadual 11.299/1998, em face do EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº 01/2020 DO DMAE QUE VISA A CONTRATAÇÃO DE Serviços para Customização, Migração, Implantação, Manutenção corretiva, preventiva e evolutiva do Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento (GSAN).

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II – DOS FATOS

O Departamento Municipal de Água e Esgotos, DMAE, de Porto Alegre, publicou no dia 14 de julho de 2020 (Diário Oficial de Porto Alegre – documento anexo), extrato de Edital de Concorrência nº 01/2020, PROCESSO ADMINISTRATIVO N.º 20.10.000000521-0, tipo TÉCNICA E PREÇO (70%- 30%), para a Contratação Serviços para Customização, Migração, Implantação, Manutenção corretiva, preventiva e evolutiva do Sistema Integrado de Gestão de Serviços de Saneamento (GSAN), com previsão de abertura dos envelopes de Habilitação e Proposta para o dia 28 de agosto de 2020, às 10h, na Gerência de Licitações e Contratos, in verbis:

EDITAL DE CONCORRÊNCIA N.º 01/2020

PROCESSO ADMINISTRATIVO N.º 20.10.000000521-0

O Departamento Municipal de Água e Esgotos comunica aos interessados que se encontra aberta a Concorrência 01/2020 - GLIC, tipo Técnica e Preço, conforme condições estabelecidas no presente Edital e de acordo com o disposto na Lei n.º 8.666/93, Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, Lei Municipal 10.671 de 06/04/2009, Lei Complementar nº 147, de 07/08/2014, e alterações posteriores, Instrução DG 432/2013 Código de Ética- www.portoalegre.rs.gov.br/dmae (link “Documentos e Publicações” – “Código de Ética”, e legislação complementar vigente e pertinente à matéria.

A data da entrega dos envelopes de Habilitação e Proposta será até o dia 28 de agosto de 2020, às 10h, na Gerência de Licitações e Contrato (...) (Edital anexo).

O valor Global do contrato para todas as implantações e customizações (módulos de Cadastro, Medição, Faturamento, Arrecadação, Cobrança, Atendimento ao Público, Gestão da Dívida Pública, Controle de Processos Jurídicos (Execução Fiscal) e Módulos Gerenciais) previstas no Termo de Referência (Documento Anexo), alcança o montante total de R$ 11.954.000,00 (onze milhões, novecentos e cinquenta e quatro mil reais), conforme previsto no item 11.7, prevendo a contratação de 6 (seis) profissionais para a formação da equipe técnica, sendo base para a proposta técnica.

Nos Anexos A e B do Termo de Referência temos a discriminação dos valores e etapas do projeto e no Anexo C a proposta técnica.

A presente Contratação visa a substituir o sistema SCA desenvolvido pela PROCEMPA, sob o argumento que o sistema GSAN trata-se de um software livre, mas

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livre desde que o DMAE tenha 12 milhões de reais de investimento. Trata-se na realidade da contratação de toda a parte vital de informática do DMAE, desde os módulos cadastrais, medições de consumo, leituras, arrecadação, financeiro, dívidas, execuções e as interfaces com todo os sistemas do Município integrados pela PROCEMPA.

Registre-se ainda que a PROCEMPA emitiu Parecer Técnico, por intermédio da GERÊNCIA DE GESTÃO DE PROJETOS - T-DIR/PROCEMPA, em 11 de novembro de 2019, em que análise detalhadamente o projeto de implementação do sistema GSAN e concluiu pela incapacidade técnica (solução tecnológica defasada) e o seu custo econômico e financeiro elevado, frente a proposta da própria PROCEMPA (implantação do Sistema Acqua), documento ignorado pelo DMAE.

Ademais o atual sistema da PROCEMPA, o SCA, possui um grau de confiabilidade e segurança verificado, pois em 2019 o sistema teve apenas 3 registros de incidências, o que demostra, inclusive, que o atual sistema garante o atendimento das demandas do DMAE sem qualquer risco de integridade e segurança dos dados, seja, dos contribuintes, seja, da administração pública.

Registre-se ainda que o DMAE encontra-se em decisão administrativa governamental de ser privatizado o patrimônio e concedido o serviço, tendo em vista o Edital de Pregão Eletrônico 34/2019 BNDES, com contratação já efetivada, no montante de R$ 1.670.000,00 (hum milhão, seiscentos e setenta mil reais), para fins de Contratação de serviços técnicos necessários para a estruturação de projeto relativo à delegação dos serviços de saneamento do município de Porto Alegre - RS, conforme especificações do Edital e de seus Anexos.

O Processo que originou o presente Edital de Concorrência poderá ser consultado de forma pública, processo administrativo SEI 19.10.000002975-0.

Ou seja, por qual necessidade administrativa ou de interesse público, o DMAE possuindo um sistema seguro e integro, fornecido pela PROCEMPA, estando em fase de estudos de delegação dos serviços públicos de saneamento básico, investirá 12 milhões de reais num sistema informatizado em pleno período eleitoral?

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II – AUSÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO NA JUSTIFICATIVA DA PRESENTE CONTRATAÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE DOS RECURSOS PÚBLICOS

O Termo de Referência apresenta quatro argumentos para fins de presente contratação, sob a justificativa do GSAN, ser um software livre:

“ - Eliminação de custos de royalties com softwares proprietários;

- Independência da empresa no que se refere ao prestador de serviços já que existem vários fornecedores para o produto;

- Possibilidade de a própria empresa assumir a manutenção do sistema;

- Nas eventuais renovações contratuais não precisa licitar o produto, apenas o fornecedor, tornando o custo bem mais baixo além de evitar os transtornos de uma nova implantação.”

Ocorre que ao analisar o Termo de Referência o custo de implantação, customatização e manutenção do sistema é muito superior aos valores atuais praticados pela atual fornecedora (PROCEMPA), além do fato da proposta da PROCEMPA (Sistema Acqua), ter um custo inferior em torno de 3,5 milhões de reais. Ou seja, se ficar com o sistema SCA da PROCEMPA, é só suporte, se desenvolver com a PROCEMPA (Aqua) ainda é mais econômico, sem contar a defasagem tecnológica do próprio sistema.

Por qual motivo se justifica a contratação de um sistema que possui custo de Implementação/Manutenção superior a 3,5 milhões de reais, da proposta da PROCEMPA? Sendo que o Município de Porto Alegre possui uma empresa pública que fornece tais serviços atualmente ao DMAE de forma mais econômica.

Causa espécime ainda, o fato de ser a primeira contratação do ano do DMAE em 2020, na modalidade de concorrência, justamente em ano eleitoral. Ainda o parecer técnico emitido pela PROCEMPA analisando a viabilidade técnica e econômica do sistema GSAN não consta do processo administrativo SEI 19.10.000002975-0, que fundamenta a contratação.(O presente processo pode ser acessado em consulta pública). Portanto, a justificativa sequer superou administrativamente o parecer técnico emitido.

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Assim a presente justificativa, por se tratar de software livre, é inviabilizada seja pelo valor dispendido, seja pela série de customizações e especializações de sistema que devem ser realizadas, que na realidade é uma contratação disfarçada de desenvolvimento de software, seja pelo fato da licitação ser no tipo técnica e preço, na proporção de 70%

técnica e 30% preço, seja pelo fato do Edital exigir Prova de Conceito e confiabilidade do Sistema. Ora se é software livre é dispensável a prova de conceito e dispensável a melhor técnica.

Portanto, a justificativa de ser software livre não se mantém pela simples análise do Edital e do Termo de Referência, pois os desenvolvimentos e customizações são de tal monta, que o DMAE está contratando um sistema específico e próprio, sendo que o próprio preço orçado da contratação de 12 milhões de reais já deixa claro tratar-se de desenvolvimento de software.

Assim, a presente contratação ofende o princípio da economicidade dos recursos públicos, positivado no art. 70 da CF/1988, uma vez que o atual fornecedor, empresa pública (PROCEMPA), portanto patrimônio público da cidade de Porto Alegre, apresentou proposta mais econômica e solução tecnológica mais adequada.

III – OFENSA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E DA LEI DA PROCEMPA.

A presente Contratação fere o princípio da legalidade, positivado no caput do art.

37, da CF/198, e ainda a Lei de Criação da PROCEMPA, Lei 4.267/1977, justamente os art. 2 e 16 que estabelecem:

“Art. 2º A Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) tem por objeto a execução e a prestação de serviços de informática, telemática, teleinformática, telecomunicações, pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como de assessoramento técnico, aos órgãos da Administração Direta e da Administração Indireta do Município de Porto Alegre, preferencialmente, a outros órgãos e outras entidades públicos ou privados e à população em geral, podendo, para tanto, participar de outras sociedades. (Redação dada pela Lei nº 11.403/2012)”.

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Por sua vez o art. 16 da respectiva Lei prevê expressamente que, in verbis:

“Art. 16. É vedado aos órgãos da Administração Direta e Indireta do Município a contratação de equipamentos ou serviços de informática sem a supervisão técnica da PROCEMPA. (Redação dada pela Lei nº 8256/1998)

§ 1º A prestação de serviços de informática, telemática, teleinformática, telecomunicações, assessoramento técnico aos Órgãos da Administração Direta e Indireta do Município serão realizados pela PROCEMPA, salvo no caso desta já ter esgotado sua capacidade de produção. (Redação dada pela Lei nº 8256/1998)

§ 2º A PROCEMPA dará prioridade e atendimento aos serviços dos órgãos municipais. (Redação dada pela Lei nº 8256/1998)

O PARECER TÉCNICO da PROCEMPA (documento anexo) deixa claro o atendimento da demanda exigido pelo DMAE, além do fato de ser solução tecnológica mais adequada e mais econômica, assim, a presente licitação ofende frontalmente a Lei Municipal de criação da PROCEMPA, em seus art. 2 e 16, tendo em vista a contratação de solução tecnológica que visa substituir software da própria companhia pública.

Portanto, em se tratando o DMAE de uma autarquia municipal (Lei Municipal nº 2.312, de 15 de dezembro de 1961), vinculado a administração indireta do Município de Porto Alegre, incide os dispositivos do art. 2 e 16 da Lei 4.267/1977.

IV – RESTRIÇÃO AO CARATER COMPETITIVO DO CERTAME LICITATÓRIO

Ao escolher a tipo de Técnica e Preço na razão de 70% a 30% o edital restringe o caráter competitivo do certame licitatório, pois se a justificativa do contrato está na condição de Software Livre, dispensável a exigência de Técnica e Preço, basta exigir que o licitante tenha atestados de capacidade técnica de implementação do sistema GSAN.

Ademais a exigência de Prova de Conceito corrobora com o argumento que a presente licitação disfarçou a contratação de desenvolvimento de software e que poder ser adotado a modalidade de Pregão Eletrônico. O próprio STF no Pregão Eletrônico

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PREGÃO ELETRÔNICO Nº 167/2009, Processo nº 338.061, adotou a modalidade para a contratação de prestação de serviços técnicos de Fábrica de Software para o desenvolvimento e manutenção evolutiva de sistemas de informação.

Assim a escolha do tipo Técnica e Preço, restringe o caráter competitivo do certame licitatório em desacordo com art. 37, inciso XXI, da CF/1988, e o art. 3, § 1, inciso I, da Lei 8.666/93.

A própria exigência de Prova de Conceito aos licitantes como forma de avaliação técnica é vedada pelo TCU, in verbis:

“A prova de conceito, meio para avaliação dos produtos ofertados pelas licitantes, pode ser exigida ao vencedor do certame, mas não pode ser exigida como condição para habilitação, por inexistência de previsão legal.”(TCU Acórdão 1113/2009).

“Conforme o relatório que embasou o Acórdão 2059/2017, prova de conceito (Poc) no âmbito da jurisprudência deste corte de Contas, corresponde a uma apresentação de amostras no contexto de uma licitação, com o objetivo de permitir que a empresa provisoriamente classificada em primeiro lugar no certame comprove que a solução apresentada satisfaz aos requisitos exigidos no Edital (acórdão 1984/2006 – TCU Plenário -Relatório) De forma a não dar espaço a julgamento subjetivo e garantindo a eficácia do princípio da publicidade, os critérios da avaliação, as atividades de avaliação, as atividades de aferição de compatibilidade, assim como os planos, casos e relatórios de teste, devem constar detalhadamente nos Editais(acórdão 346/2002 TCU -Plenário 15/12/2006.)

Assim, o Edital e o Termo de Referência contêm restrições ao caráter competitivo que impedem a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública.

V) DESCUMPRIMENTO DO ART. 16 DA LEI 4.267/1977 (PROCEMPA)

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O caput do art. 16, da Lei 4.267/1977 é expresso, pois é vedado aos órgãos da Administração Direta e Indireta do Município a contratação de equipamentos ou serviços de informática sem a supervisão técnica da PROCEMPA.

Ou seja, a estrutura que deliberou pela Contratação não observou o caput do art.

16 da Lei 4.267/1977.

Ainda o § 1 do respectivo art. 16 determina que a prestação de serviços de informática, telemática, teleinformática, telecomunicações, assessoramento técnico aos Órgãos da Administração Direta e Indireta do Município serão realizados pela PROCEMPA.

Portanto o presente Edital de Concorrência é nulo, pois em desacordo com o art.

16 da Lei 4.267/1977.

Essa conclusão é demasiada obvia que o próprio site da Prefeitura Municipal na data de 22 de janeiro de 2020 informa que dentre os projetos de lei prioritários que tramitam na Câmara de Vereadores está a alteração da PROCEMPA, in verbis:

“Alteração de cargos e revogação da obrigatoriedade da contratação da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) pela administração pública.” In:

http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/cs/default.php?p_noti cia=999207825

Ou seja, a revogação da obrigatoriedade de contratação da PROCEMPA. A justificativa do projeto beira o surrealismo, o Poder Público quer deixar de estar submetido a dependência técnica e de assessoramento, da empresa pública que criou justamente para ser independente tecnologicamente frente aos desígnios do mercado e lança Edital de Licitação para novamente estar vinculado as sazonalidades e dependência do mercado.

Assim, o presente Edital encontra vedação de contratação no próprio art. 2, da Lei 4.267/1977, pois cabe a PROCEMPA a realização de tais atividades, in verbis o art. 2,

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“Art. 2º A Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa) tem por objeto a execução e a prestação de serviços de informática, telemática, teleinformática, telecomunicações, pesquisa, desenvolvimento e inovação, bem como de assessoramento técnico, aos órgãos da Administração Direta e da Administração Indireta do Município de Porto Alegre, preferencialmente, a outros órgãos e outras entidades públicos ou privados e à população em geral, podendo, para tanto, participar de outras sociedades. (Redação dada pela Lei nº 11.403/2012

Portanto, o escopo contratual do presente Edital de Concorrência está inserido no objeto legal da constituição da PROCEMPA, bem como a própria empresa é a fornecedora do sistema para o DMAE.

A Lei da criação da Procempa existe desde o ano de 1977, a redação do atual art. 16, existe desde o ano de 1988, e a atual administração municipal no último ano de governo, tendo tido 3 anos para fins de promover adequações tecnológicas e legislativas para implementar o plano de governo, e deixa para o último instante, em ano eleitoral a contratação de serviços de desenvolvimento de software de um fornecedor privado e concorrente a sua empresa pública constituída, justamente para realizar tais atividades e serviços, e substituindo o próprio sistema informatizado fornecido pela PROCEMPA.

Portanto, a presente contratação é nula de pleno direito, pois em flagrante ilegalidade ao não observar o art. 2 e 16, ambos da Lei 4.267/1977, e ainda o próprio processo legislativo, pois depende de aprovação de Lei específica para a alteração da respectiva lei, para fins de contratação de outras empresas de informática para executar serviços exclusivos da PROCEMPA (art. 2, da Lei 4.267/1977).

VI) POSSIBILIDADE DE GESTÃO TEMERÁRIA – ABUSO DE PODER

Conforme o Balanço Social da PROCEMPA, do ano de 2019, o DMAE é acionista majoritário dentre os minoritários da própria companhia, no montante de 4,78% das ações

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ordinárias.

O simples fato de recorrer a contratação de outro fornecedor de tecnologia da informação em prejuízo à própria PROCEMPA de que é acionista, em flagrante afronta ao princípio da moralidade uma vez que tal conduta se distancia da obrigatoriedade que a edição de atos administrativos sejam pautados não só pela lei, mas também pela boa-fé, lealdade e probidade, além do igualmente óbvio conflito de interesse, pois ao fim está prejudicando o próprio DMAE e a PROCEMPA.

Outro fato importante de se questionar foi a renúncia do sr. Cesar Xavier Hoffmann, do Conselho de Administração da PROCEMPA, em 13 de março de 2020, conforme a ATA nº 411, de mesma data, justamente o representante do DMAE. E que até o presente momento a vaga do representante do DMAE (acionistas minoritários) no Conselho de Administração da PROCEMPA não foi ocupada.

O parágrafo único do art. 116 da Lei 6.404/1976, estabelece o dever do acionista controlador utilizar as prerrogativas e o poder com o objetivo de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.

Ainda no art. 117 do mesmo diploma legal, prevê o abuso de poder, in verbis:

Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com abuso de poder.

§ 1º São modalidades de exercício abusivo de poder:

a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional;

b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores

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mobiliários emitidos pela companhia;

d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente;

e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembleia-geral;

f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas;

g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.

h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, com a realização em bens estranhos ao objeto social da companhia. (Incluída dada pela Lei nº 9.457, de 1997)

§ 2º No caso da alínea e do § 1º, o administrador ou fiscal que praticar o ato ilegal responde solidariamente com o acionista controlador.

§ 3º O acionista controlador que exerce cargo de administrador ou fiscal tem também os deveres e responsabilidades próprios do cargo.

Assim causa estranheza as motivações de abandonar solução tecnológica da PROCEMPA (sendo que o DMAE é um dos acionistas minoritários significativos), para contratar solução economicamente mais elevada da solução da PROCEMPA, em mais de 3,5 milhões de reais, ao que no final estar-se-á em conflito de interesses prejudicando o próprio investimento do DMAE na PROCEMPA. Pois ao perder esse contrato, diminuiu os dividendos, depreciando os ativos, levando a prejuízo que deverá suportar posteriormente como acionista.

A gestão pública em hipótese alguma pode atuar contra a legis, e contra o interesse do próprio patrimônio público. Ou seja, praticar medidas que visam a prejudicar a lucratividade e a própria sobrevivência econômica e financeira das empresas públicas.

Portanto, contratar serviço privado, sendo que existe uma obrigação legal, e ainda, com preço menor, de contratação de prestador público, de qual ainda é acionista minoritário, ofende frontalmente os princípios constitucionais da legalidade e da moralidade administrativa previstos no art. 37, caput, da CF/1988.

Além de atentar contra os princípios constitucionais, verifica-se que tal conduta pode ser perfeitamente enquadrada como um ato de improbidade que causa prejuízo ao erário público conforme o art. 10 da Lei 8.429/92, em especial a disposição do inciso II:

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão

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ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

(...)

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;”

Neste mesmo sentido, jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

RECURSOS DE APELAÇÃO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRATO ADMINISTRATIVO - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PARA A RECUPERAÇÃO DE RECEITAS DESNECESSIDADE DE CONTRATAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA INADMISSIBILIDADE - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CARACTERIZADA. 1.

Preliminarmente, legitimidade ativa do Ministério Público, reconhecida. 2. No mérito, o ato praticado pelo agente público e demais participantes ofendeu o disposto na Lei de Federal nº 8.429/92. 3. Os elementos de convicção produzidos nos autos comprovam a irregularidade do ato administrativo, o enriquecimento ilícito e a ocorrência de dano ao Erário Público, tendo em vista possibilidade de auxílio de órgãos internos da própria Administração para a realização dos mesmos serviços contratados. 4. Precedente da jurisprudência deste E. TJSP. 5.

Ação civil pública, julgada procedente. 6. Sentença, ratificada. 7.

Recursos de apelação, apresentados pela parte ré, desprovidos.

APELAÇÃO Nº 0004348-37.2008.8.26.0372

VIII) POSSIBILIDADE DE COMPROMETIMENTO DE RECURSOS DE EXERCÍCIOS SUBSEQUENTES – VEDAÇÃO DA LRF

Por tratar-se de prestação de contrato de trato sucessivo e nos próximos 60 meses,

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comprometendo o orçamento financeiro dos próximos governantes, o montante de 12 milhões de reais deverá ser empenhado na integralidade, nos termos do art. 42, da Lei Complementar 101/2000, in verbis:

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.(Grifos nossos)

Portanto, na inexistência dos valores 12 milhões de reais a serem empenhados no exercício fiscal de 2020, o art. 42, da Lei de Responsabilidade Fiscal, veda a presente contratação, pois compromete a execução orçamentaria do próximo governo a ser eleito.

VII) DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR INALDITA LATERA PARS TUTELA DE URGÊNCIA OU SUBISIDIARIAMENTE A TUTELA DE EVIDÊNCIA

DA TUTELA DE URGÊNCIA

O Novo Código de Processo Civil dispõe no livro V, da parte geral, sobre a tutela provisória, que tem como espécies a tutela de urgência e a tutela de evidencia. Nos termos do art. 300, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

O primeiro requisito resta preenchido, uma vez que todas as razões demonstram que os serviços contratados não observam a legislação municipal, e atentam contra os princípios basilares da constituição brasileira, a legalidade, a moralidade e a economicidade dos recursos públicos.

Por sua vez, o perigo do dano está de plano evidenciado, COM O RISCO DE SELEÇÃO DA PROPOSTA MENOS VANTAJOSA COM GRAVES PREJUÍZOS AO

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ERÁRIO PÚBLICO, considerando ainda a noticiada crise fiscal do Município, com salários dos servidores parcelados, o dispêndio de mais de doze milhões de reais, QUE NÃO OBSERVOU A LEGISLAÇÃO MUNICIPAL INVOCADA.

Desta feita, requer-se que o Ministério Público de Contas ingresse com Representação, solicitando a concessão da tutela provisória de urgência, no sentido de determinar imediatamente a Suspensão do EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº 001/2020 DO DMAE, DE FORMA A GARANTIR A LEGALIDADE E EVITAR A LESIVIDADE DO ATO AO ERÁRIO PÚBLICO.

Portanto, visualiza-se a prima facie LESIVIDADE AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E ILEGALIDADE DO ATO que justifica in extremis a concessão de liminar para que seja observado os princípios da legalidade, moralidade, economicidade dos recursos públicos e a respectiva seleção da proposta mais vantajosa.

VIII) DOS PEDIDOS

Ante o exposto, nos termos acima elencados, requer:

a) Processe a presente REPRESENTAÇÃO para que o MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS ingresse com Denúncia/Representação JUNTO AO TCE/RS, solicitando a concessão da tutela provisória de urgência, no sentido de determinar, em sede de liminar, INALDITA ALTERA PARS, a imediata suspensão do EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº 001/2020 DO DMAE, COM PREVISÃO DE ABERTURA NA DATA DE 28 DE AGOSTO DE 2020 e de todos os atos advindos do mesmo, nos termos acima expostos, corrigindo as inconstitucionalidades, ilegalidades e irregularidades apontadas, observando o princípio da economicidade dos recursos públicos, o princípio da legalidade e da moralidade, pois o Edital não observa a seleção da proposta mais vantajosa e a legalidade da Lei 8.666/1993 e a Lei Municipal 4.267/1977, que irá provocar graves prejuízos ao erário (nos termos dos itens II a VI);

b) acolha a presente REPRESENTAÇÃO, na forma de DENÚNCIA, para deferir imediatamente o requerimento da Suspensão do EDITAL DE CONCORRÊNCIA Nº

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001/2020 DO DMAE, COM PREVISÃO DE ABERTURA NA DATA DE 28 DE AGOSTO DE 2020, frente aos flagrantes prejuízos, tendo em vista os danos de difícil reparação e o periculum in mora, tendo em vista o dispêndio de mais de 12 milhões de reais, em pleno período eleitoral, na inobservância do art. 42 da LRF.

c) nos termos apresentados acima, requerer junto ao TCE/RS, a imediata suspensão do EDITAL DE CONCORRÊNCIA 001/2020, para fins de adequação do processo administrativo à legislação em vigor.

Nestes Termos, pede E espera Deferimento

Atenciosamente,

Porto Alegre, 22 de julho de 2020.

Alysson Isaac Stumm Bentlin OAB/RS 58914

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