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Qualidade de vida associada à autoperceção de halitose em estudantes universitários

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

I

MESTRADO INTEGRADO MEDICINA DENTÁRIA

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

MONOGRAFIA DE INVESTIGAÇÃO

BEATRIZ LOURENÇO E SILVA

MI

2021

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II

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

III

Monografia de investigação apresentada à Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Medicina Dentária

AUTORA: Beatriz Lourenço e Silva up201503592@edu.fmd.up.pt Estudante do 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

ORIENTADORA: Doutora Luzia da Conceição Martins Mendes Gonçalves Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

COORIENTADOR: Doutor José António Lobo Pereira Professor Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

PORTO, 2021

(4)

IV

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

V

“Tenho em mim todos os sonhos do mundo”

Fernando Pessoa

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VI

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

VII

AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Luzia Mendes, pela disponibilidade, apoio e encorajamento ao longo deste processo.

Ao Professor Doutor José António Pereira, pelo conhecimento, ajuda e atenção dispensadas.

Aos meus pais,

pelo exemplo, por todas as oportunidades e por me darem asas para voar.

Ao meu irmão, por ser a minha melhor parceria há 23 anos.

À minha restante família, pela presença e por acompanharem com felicidade o meu crescimento.

Aos meus amigos e amigas, pelas memórias sem fim, por serem o meu porto seguro e nunca me deixarem desistir.

Ao Pedro, por toda a força, incentivo e por acreditar em mim mais do que eu própria.

À FPCEUP, AEFMDUP, Já T’explico, Mundo A Sorrir, PUC-RS, por darem oportunidade de me cruzar com pessoas inspiradoras e por me mostrarem

que há um mundo de desigualdades contra as quais devemos lutar.

Aos estudantes da Universidade do Porto, pela colaboração essencial, sem os quais o presente estudo não seria concretizado.

A todos e aos melhores anos da minha vida, imensa gratidão.

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VIII

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

IX RESUMO

Introdução: A halitose corresponde ao odor desagradável e incomodativo, proveniente do ar exalado e é uma das mais comuns condições de saúde oral com maior interferência na qualidade de vida dos indivíduos. O uso de máscaras, fruto da adoção de políticas de saúde pública no contexto da doença do coronavírus 2019 (COVID-19), potencia maior proximidade com o próprio hálito, podendo influenciar a autoperceção do mesmo.

Objetivos: Avaliar a qualidade de vida associada à autoperceção de halitose em estudantes universitários e aferir a influência do uso de máscara facial nessa perceção, em contexto de pandemia provocada pela COVID-19.

Materiais e métodos: Este estudo transversal observacional envolveu 1067 estudantes universitários que completaram um questionário online. A severidade do impacto da halitose na qualidade de vida foi aferida através do score total dado pela escala “Halitosis Associated Life-quality Test” (HALT, adaptado à língua portuguesa) e comparados os Grupos I (score < 20) e II (score ≥ 20) através modelos lineares generalizados. O questionário contemplou ainda questões relativas ao diagnóstico médico, autoperceção de halitose e influência da máscara facial nessa perceção. O pré-teste 1 (N = 10) permitiu avaliar a compreensão do questionário e o pré-teste 2 a coerência das respostas.

Procedeu-se à adequação do HALT à população alvo e a associação entre as variáveis realizou-se através do teste de independência do Qui-quadrado de Pearson, recorrendo ao Software R (versão 4.0.4).

Resultados: O score médio total do HALT foi 13 (0-100). Os resultados sugerem a existência de 3 fatores da escala HALT: “Incapacidade social”, “Limitações emocionais e autoestima” e “Patologias inflamatórias do trato respiratório”, explicando globalmente cerca de 80% da variância. Foram encontradas associações estatisticamente significativas entre os sexos (p = 0,04), diagnóstico de halitose (p < 0,001) e autoavaliação de halitose (p < 0,001) quando comparados os Grupos I e II. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre o número de horas consecutivas de uso de máscara e a frequência do seu uso e a autoperceção de halitose (p = 0,3 e p = 0,5, respetivamente), mas 94,3% dos estudantes admitiu uma diminuição nos cuidados de higiene oral motivada pelo uso de máscara.

Conclusão: A qualidade de vida relativa à halitose é influenciada negativamente pela sua autoperceção, maioritariamente devido à subcomponente

“incapacidade social” e parece ser significativamente inferior no sexo feminino.

O uso de máscara e o isolamento social parecem influenciar negativamente os hábitos de higiene oral dos universitários, sendo que a maioria se sentiu mais tranquilo, seguro e confiante para comunicar com os outros.

PALAVRAS-CHAVE: “Halitose”, “Mau hálito”, “Qualidade de vida”, “Estudantes universitários”, “Halitose autopercebida”, “Halitose autorreferida”, “Interações sociais”, “Saúde oral”, “COVID-19” e “Uso de máscaras”.

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X

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

XI ABSTRACT

Introduction: Halitosis corresponds an unpleasant and offensive odor from exhaled air and it is one of the most common oral health conditions with greater interference in the individuals’ quality of life. The use of masks, resulting from the adoption of public health policies in the context of 2019 coronavirus disease (COVID-19), enhances greater proximity to the own breath, and may influence halitosis self-perception.

Objectives: Evaluate the quality of life associated with self-perceived halitosis in university students and assess how the use of a face mask influences this perception, in the context of the pandemic caused by COVID-19.

Materials and Methods: This cross-sectional observational study involved 1067 university students who completed an online questionnaire. The severity of the halitosis’s impact on quality of life was measured by a total score given by the

"Halitosis Associated Life-quality Test" scale (HALT, adapted to the Portuguese language). Groups I (score < 20) and II (score ≥ 20) were compared using generalized linear models. The questionnaire also included questions related to halitosis medical diagnosis, halitosis self-perception and the influence of the facial mask usage on self-perception. The pre-test 1 (N = 10) evaluated the questionnaire comprehension and pre-test 2 allow to verify the coherence of the answers. HALT was adapted to the target population and the association between the variables was performed through Pearson's Chi-square independence test, using Software R (version 4.0.4).

Results: HALT total average score was 13 (0-100). The results suggest the existence of 3 factors of the HALT scale: "Social disability", "Emotional limitations and self-esteem" and "Inflammatory pathologies of the respiratory tract", explaining generally about 80% of the variance. Statistically significant associations were found between the sexes (p = 0.04), halitosis diagnosis (p <

0.001) and halitosis self-assessment (p < 0.001) when the groups I and II were compared. There were no statistically significant differences between the number of consecutive hours of mask usage and the frequency of its usage and halitosis self-perception (p = 0.3 and p = 0.5, respectively). However, 94.3% of the students admitted a decrease in the oral hygiene care motivated by the use of mask.

Conclusion: The quality of life related to halitosis is negatively influenced by its self-perception, mainly due to the subcomponent “social disability” and seems to be significantly lower in females. The use of mask and social isolation seem to negatively influence the student’s oral hygiene habits, as most of them felt more calm, safe and confident to communicate with others.

KEY-WORDS: “Halitosis”, “Bad breath”, “Quality of life”, “University students”,

“Self-perceived halitosis”, “Self-reported halitosis”, “Social interactions”, “Oral health”, “COVID-19” and “Masks usage”.

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XII

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

XIII

Índice Geral

1. INTRODUÇÃO ... 3

2. OBJETIVOS ... 7

3. MATERIAIS E MÉTODOS ... 11

3.1. Caracterização do estudo ... 11

3.2. População do estudo... 11

3.2.1. Caracterização da amostra ... 11

3.2.2. Critérios de elegibilidade ... 11

3.3. Metodologia ... 11

3.3.1. Questionário ... 11

3.3.2. Pré-teste 1 ... 13

3.3.3. Pré-teste 2 ... 13

3.4. Considerações éticas ... 13

3.5. Proteção de dados pessoais ... 13

3.6. Análise estatística ... 14

3.6.1. Validação do questionário HALT para a população alvo ... 14

3.6.1.1. Teste de esfericidade de Bartlett ... 14

3.6.1.2. Teste de Kaiser–Meyer–Olkin (KMO) ... 14

3.6.1.3. Análise fatorial exploratória ... 15

3.6.1.4. Fiabilidade ... 15

4. RESULTADOS ... 19

4.1. Caracterização sociodemográfica da amostra ... 19

4.2. Caracterização dos hábitos tabágicos da amostra ... 19

4.3. Autoavaliação de halitose na amostra... 20

4.4. Diagnóstico médico de halitose na amostra ... 23

4.5. Caracterização da severidade do impacto da halitose na QV (HALT) 23 4.6. Influência do uso de máscara facial na autoperceção de halitose ... 29

(14)

XIV

5. DISCUSSÃO ... 35

5.1. Amostra ... 35

5.2. Qualidade de vida e halitose ... 35

5.2.1. Instrumento de medição HALT ... 35

5.2.2. Qualidade de vida relativa à halitose e diagnóstico médico ... 37

5.2.3. Qualidade de vida e autoperceção de halitose ... 39

5.3. Qualidade de vida relativa à halitose e variável sexo ... 40

5.4. Qualidade de vida relativa à halitose e hábitos tabágicos ... 41

5.5. Historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas ... 42

5.6. Influência do uso de máscara facial na autoperceção de halitose ... 44

5.7. Limitações do estudo ... 47

6. CONCLUSÃO E PERSPETIVAS FUTURAS ... 51

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 55

8. MATERIAL SUPLEMENTAR ... 61

8.1. Questionário completo aplicado à população alvo ... 61

8.2. “Halitosis Associated Life-quality Test” (HALT) ... 67

8.3. “Halitosis Associated Life-quality Test” versão brasileira (B-HALT) .... 68

8.4. Validação estatística e adequação do HALT à população alvo do estudo ... 69

8.5. Material suplementar à análise dos resultados ... 73

9. ANEXOS ... 79

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XV

Índice de Tabelas

Tabela I. Caracterização da amostra de acordo com o sexo, faixa etária e área de estudo... 19 Tabela II. Caracterização da prevalência de hábitos tabágicos da amostra por sexo ... 20 Tabela III. Caracterização da autoavaliação do hálito da amostra ... 20 Tabela IV. Associação entre a variável sexo e os itens independentes do HALT ... 25 Tabela V. Distribuição da amostra pelos Grupos I e II de acordo com o score total do HALT ... 26 Tabela VI. Associação entre os Grupos I e II e o sexo, área de estudo, hábitos tabágicos e diagnóstico médico de halitose ... 27 Tabela VII. Associação entre os Grupos I e II e a autoavaliação do hálito ... 27 Tabela VIII. Tabela de correlações entre várias variáveis ... 29

(16)

XVI

Índice de Figuras

Figura 1. Gráfico relativo à classificação do hálito por sexo ... 21 Figura 2. Distribuição da frequência das respostas ao conjunto de questões referentes ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7) ... 22 Figura 3. Gráfico da distribuição da frequência de respostas, em percentagem, aos itens do HALT ... 24 Figura 4. Distribuição da frequência de respostas, em percentagem, para cada questão individual referente ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7) para os Grupos I e II ... 28 Figura 5. Distribuição da frequência das respostas, em percentagem, às questões relativas à influência do uso de máscara na perceção de halitose em contexto de pandemia pela COVID-19 (Q12) ... 30 Figura 6. Distribuição da frequência das respostas, em percentagem, aos itens do questionário Q12 para os Grupos I e II ... 31

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QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

XVII

Abreviaturas

B-HALT “Halitosis Associated Life-quality Test” versão brasileira COVID-19 Doença do coronavírus 2019

CSV Compostos Sulfurados Voláteis

FMDUP Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto HALT “Halitosis Associated Life-quality Test”

HALTm “Halitosis Associated Life-quality Test” modificado MAP Teste Velicer minimum average partial

Mat. Sup. Material suplementar

ML1 Subcomponente da escala “Halitosis Associated Life-quality Test”

correspondente a “Incapacidade social”

ML2 Subcomponente da escala “Halitosis Associated Life-quality Test”

correspondente a “Limitações emocionais e autoestima”

ML3 Subcomponente da escala “Halitosis Associated Life-quality Test”

correspondente a “Patologias inflamatórias do trato respiratório”

OHIP-14 “Oral Health Impact Profile 14”

QVRSO Qualidade de vida relativa à saúde oral OMS Organização Mundial de Saúde

Q7 Conjunto de questões relativas ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas

Q12 Conjunto de questões relativas à influência do uso de máscara facial na perceção de halitose

QV Qualidade de vida U.Porto Universidade do Porto

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XVIII

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1

INTRODUÇÃO

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3

1. INTRODUÇÃO

O termo halitose, vulgarmente conhecido como mau hálito, é usado para definir o odor desagradável e incomodativo, proveniente do ar exalado.

Percetível pelo indivíduo e/ou pelos outros, é transversal a qualquer idade.1-4 A prevalência de halitose é difícil de estimar com rigor a uma escala global dada a elevada heterogeneidade metodológica e populacional dos estudos existentes. Por isso, a literatura refere grande variação de prevalência, não existindo um consenso.5, 6 Mesmo assim, vários estudos procuraram quantificá- la na população em geral. Uma revisão sistemática demonstrou que a prevalência de halitose na população em geral foi de 31,8%, variando de 2,4- 55%, sugerindo uma tendência de aumento a nível mundial em adolescentes e adultos. Verificou-se uma prevalência de 30,7% pelo método de deteção organolético, 28,0% através da medição dos níveis dos compostos sulfurados voláteis (CSV) e 33,9% pelo autorrelato de halitose, sugerindo não existirem diferenças significativas de prevalência entre os três métodos.7

De acordo com a Associação Dentária Americana (ADA), a maioria da população adulta teve pelo menos um episódio transitório, no entanto estima-se que 25% sofra de halitose persistente e intensa.7-10

Miyazaki e col. (1999) propuseram uma classificação de halitose em genuína (fisiológica ou patológica), cuja queixa de halitose é objetiva e pode ser mensurada clinicamente, ou ilusória (pseudo-halitose e halitofobia), quando não existe objetivamente mau odor no ar exalado.3, 5, 6, 11

A halitose fisiológica é normalmente transitória (mas pode persistir) e não está associada a nenhuma patologia. Ocorre predominantemente de manhã e relaciona-se com a libertação de compostos odoríficos, decorrentes do metabolismo bacteriano, exacerbada pela hipossalivação noturna. Tem origem principalmente na região dorsal e posterior da língua e reverte facilmente com hábitos de higiene oral.3, 5, 12

A halitose patológica designa um odor acima do aceitável socialmente e, dependendo da natureza etiológica, pode ser intra ou extraoral.3, 5

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4

A pseudo-halitose é caracterizada pela ausência de mau odor oral.

Embora não seja mensurável clinicamente nem socialmente percetível, o paciente acredita que possui halitose. Quando a perceção de halitose se mantém mesmo após a demonstração objetiva da sua ausência, considera-se o diagnóstico de halitofobia, requerendo muitas vezes acompanhamento psicológico.3, 5 Em ambos, o paciente tem “medo de ter halitose”.11

Sabe-se que o mau hálito é provocado maioritariamente pela presença de CSV, nomeadamente, os compostos sulfureto de hidrogénio e de dimetilo e o metilmercaptano, resultantes da degradação de substrato proteico pelas bactérias que colonizam a placa bacteriana da cavidade oral e dorso da língua (normalmente anaeróbicas Gram-negativo).3, 5, 6, 13 Embora a sua etiologia seja multifatorial7, 12, a halitose é atribuída a causas intraorais em cerca de 80-90%

dos casos. A acumulação de bactérias no dorso da língua, cárie dentária, doença periodontal, higiene oral desadequada, pericoronarites, úlceras na mucosa oral, exposição de polpas necrosadas, restaurações imperfeitas, entre outras, podem contribuir para tal.2, 3, 14 Apenas cerca de 10-20% das causas são de origem extraoral e estão relacionadas com medicação, consumo excessivo de álcool, tabaco e drogas. Podem também ser uma manifestação de doenças sistémicas, como as metabólicas e as do trato respiratório e digestivo.2, 3

A halitose é habitualmente detetada clinicamente através do método organolético e das medições dos CSV, quer por medidores eletroquímicos como o halímetro, quer através da cromatografia gasosa portátil.5 O método organolético, considerado por muitos autores como gold standard no diagnóstico de halitose, é extremamente subjetivo pois implica a avaliação da intensidade do mau odor exalado por um examinador.2-4, 14 O halímetro (Halimeter®, Interscan Corporation, EUA e Canadá) é um monitor que permite medir objetivamente a concentração total de CSV emitidos pelo ar exalado, mas não é capaz de diferenciar os compostos.3 A cromatografia gasosa portátil (OralChroma®, Nissha, Japão) é um meio altamente preciso de medição individual de CSV presentes no ar exalado, em ambiente de consultório.14

Existem ainda métodos alternativos de medição indireta da halitose, nomeadamente o teste BANA (benzoil-arginina-naftilamida), sensores químicos, teste de incubação da saliva, quantificação da atividade da beta-galactosidase,

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monitorização de amónia, método ninidrina e reação química em cadeia de polimerase.4, 6, 13 No entanto, têm pouca aplicabilidade clínica por serem pouco sensíveis e específicos no diagnóstico de halitose.6

Sendo uma condição maioritariamente de origem intraoral, devem ser aconselhadas práticas de higiene oral. Estas incluem técnicas de escovagem adequadas e uso de fio dentário, escovilhão e raspador da língua, assim como consultas regulares no médico dentista.5, 6 A higiene oral pode ser complementada com tratamento químico, através de pastas dentífricas, colutórios e sprays à base de clorohexidina, triclosan, óleos essenciais e cloreto de cetilpiridínio. O tratamento da halitose intraoral passa necessariamente pelo tratamento da patologia oral subjacente: tratamento periodontal, de cáries dentárias, pericoronarites, entre outros.5 Quando não é possível eliminar a causa da halitose, podem usar-sesprays e pastilhas mentolados para mascarar o odor.

O paciente deve ser encaminhado a um médico especialista quando a origem da halitose é extraoral.6

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a qualidade de vida (QV) como “a perceção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.15, 16

É uma perceção individual, subjetiva e varia no tempo, influenciando a forma como o indivíduo encara a vida e mantém o bem-estar, nas dimensões física, emocional e social.15, 16

Segundo a OMS (1948)16, a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.16 Atualmente, tem vindo a crescer a importância atribuída à influência das doenças e dos seus tratamentos na QV de um indivíduo, incluindo as consequências psicossociais como parte das mesmas.1 Assim, a avaliação centrada no paciente, baseada na sua perceção da doença e no seu impacto na QV tem sido cada vez mais relevante.15

A Federação Dentária Internacional (FDI) refere que a saúde oral, como parte integrante e imprescindível da saúde geral, contribui para o bem-estar físico e mental dos indivíduos, interferindo intimamente com a sua perceção de

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6

QV.17 De facto, a saúde oral detém um grande impacto na QV, no entanto uma doença oral não significa necessariamente uma QV inferior.15

As medidas de qualidade de vida relativa à saúde oral (QVRSO), preconizadas pela OMS, medem de forma multidimensional o impacto das condições orais na vida e nos comportamentos individuais e sociais ao nível da limitação funcional, desconforto psicológico e incapacidade social.14 Com efeito, o instrumento de medição amplamente usado é o “Oral Health Impact Profile 14”

(OHIP-14, Slade 1997)18, baseado em ferramentas generalizadas que, no entanto, podem não ser capazes de avaliar especificamente e com precisão a influência de determinada condição oral na QV dos indivíduos.4, 10, 15

Na atualidade, a imagem pessoal positiva e as relações interpessoais são extremamente importantes.19 A halitose é descrita como uma das mais comuns condições de saúde oral que pode contribuir para um maior impacto na QV dos seus portadores.1, 14 Vários tem sido os estudos que demonstraram a sua influência negativa, nomeadamente por interferir nas interações sociais e na comunicação, desempenhando um impacto social relevante.7, 14 Sendo uma condição passível de causar constrangimento e desconforto pessoal5, 20, é uma das mais comuns preocupações que motiva a procura de um médico dentista.5,

7, 14

Considerado isto, poucos são os estudos que estabelecem relações diretas entre a QVRSO e a halitose.2, 4 Dada a necessidade de avaliar esta condição particularmente, Kizhner e col.4 desenvolveram uma ferramenta específica conhecida como “Halitosis Associated Life-quality Test” (HALT, original)4 (Mat. Sup. 8.2).

Embora a autoperceção seja um meio subjetivo de avaliação, parece ser o mais relevante e válido para avaliar o impacto da halitose na QV por ser independente das medidas objetivas, uma vez que as pessoas são afetadas emocionalmente pelas suas perceções e pensamentos, capazes de desencadear comportamentos e não pela quantificação objetiva do seu hálito.21,

22

A pandemia provocada pela COVID-19, doença infeciosa, iniciou-se em dezembro de 2019 em Wuhan, China e as políticas de saúde pública instauradas

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pela OMS incluíram o uso de máscaras faciais, assim como o distanciamento social, para prevenção da transmissão da doença a nível mundial.23-25

O uso de máscaras, que cobrem o nariz e a boca, potencia uma respiração restrita à área da mesma e maior proximidade com o próprio hálito.

Apesar da indicação do uso de máscaras, a sua influência na perceção de halitose e nos hábitos de higiene oral ainda foram pouco explorados na literatura.

2. OBJETIVOS

Este estudo pretende avaliar a qualidade de vida associada à autoperceção de halitose em estudantes universitários e aferir a influência do uso de máscara facial nessa perceção, em contexto de pandemia provocada pela COVID-19.

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MATERIAIS E

MÉTODOS

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Caracterização do estudo

Este é um estudo transversal, observacional, conduzido entre os meses de janeiro e maio de 2021 e desenvolvido na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP).

3.2. População do estudo

3.2.1. Caracterização da amostra

A população alvo incluiu os estudantes da Universidade do Porto (U.Porto). Obteve-se uma amostra de 1067 participantes pelo método de amostragem de conveniência.

3.2.2. Critérios de elegibilidade

Foram considerados elegíveis os estudantes da U.Porto com idade igual ou superior a 18 anos à data do estudo, independentemente do grau de habilitações ou do nível de estudos a frequentar e que preencheram completamente o questionário. O meio de divulgação dos inquéritos garantiu que estes critérios fossem cumpridos.

3.3. Metodologia

3.3.1. Questionário

O questionário de autopreenchimento (Mat. Sup. 8.1) foi criado na plataforma online Google Forms e esteve acessível entre os dias 20 de fevereiro e 15 de março de 2021, incluindo quatro grupos de questões:

I) Dados sociodemográficos (sexo e idade); Unidade orgânica; Hábitos tabágicos; Diagnóstico médico de halitose; Autoavaliação do hálito através

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12

da escala visual análoga, que varia de 0-10 (0 “Extremamente mau – muito intenso” a 10 “Extremamente fresco – pouco intenso”).

II) Questões relacionadas com o historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7): “Com que frequência pensou que o seu hálito era desagradável nos últimos 6 meses?”; “Considera que o seu hálito o incomoda?”; “Considera que o seu hálito incomoda os outros à sua volta?”; “Já alguma vez alguém lhe disse que tinha mau hálito?”

Neste conjunto de questões as respostas são centradas, variando de

“Nunca” a “Sempre”.

III) Instrumento de medição do impacto da halitose na QV (HALT): constituído por 20 itens, de Likert e variam de 0-5 (0 “Não é um problema” a 5 “Problema muito grave”). As respostas não são centradas porque não existe uma classe neutra. Os itens descrevem situações, sintomas e consequências sociais associadas ao mau hálito. Esta escala é a soma de pontuações dos 20 itens (score total), que podem variar de 0-100, sendo que um score mais elevado corresponde a um maior impacto da halitose na QV.2, 4 A adaptação do

“Halitosis Associated Life-quality Test” versão brasileira (B-HALT, Mat. Sup.

8.3) à língua portuguesa foi realizada através da tradução concetual e não meramente linguística, dada a proximidade cultural e linguística entre Portugal e o Brasil e para obter um maior rigor na tradução. O acesso aos questionários completos foi obtido através da solicitação aos autores da versão original e da versão brasileira.

A validade e reprodutibilidade do HALT e do B-HALT foram documentadas pelos autores.2, 4

IV) Uso de máscara facial e a sua influência na perceção de halitose em contexto pandémico (Q12) foram questionados, cujas respostas são centradas e variam entre “Discordo totalmente” e “Concordo totalmente” e a probabilidade de recorrer ao médico dentista para resolução da halitose foi aferida através de uma escala visual análoga que varia de 0-10 (0 “Nada provável” a 10 “Extremamente provável”).

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13 3.3.2. Pré-teste 1

A validação semântica e a revisão do questionário foram inicialmente realizadas por dois especialistas em patologia periodontal e halitose. Após a sua elaboração, o questionário foi sujeito a um pré-teste numa amostra de 10 estudantes da U.Porto obtida por conveniência. As suas respostas não foram incluídas no estudo. O objetivo foi avaliar a clareza, a compreensão e a interpretação das questões. Após as readaptações linguísticas necessárias, foi aplicado novamente à mesma amostra após sete dias, não permanecendo qualquer dúvida acerca das questões, respostas ou instruções.

3.3.3. Pré-teste 2

De seguida, cada estudante inquirido na fase do pré-teste 1 selecionou um estudante da U.Porto, desconhecidos pelos investigadores (N = 10). Este grupo de participantes foi sujeito à versão final do questionário e a sua repetição após sete dias permitiu avaliar a coerência nas respostas. Os dados recolhidos na primeira aplicação foram incluídos no estudo. A divulgação do questionário junto da população alvo realizou-se, via correio eletrónico dinâmico, com o apoio do Serviço de Comunicação e Imagem da Reitoria da U.Porto.

3.4. Considerações éticas

A aprovação ética foi obtida da Comissão de Ética para a Saúde da FMDUP (Anexo VI). Os dados foram fornecidos pelos participantes após consentimento informado, livre e esclarecido e o preenchimento do questionário não envolveu a interferência dos investigadores.

3.5. Proteção de dados pessoais

Foi igualmente emitida aprovação pela Unidade de Proteção de Dados da U.Porto (Anexo VII).

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14

3.6. Análise estatística

3.6.1. Validação do questionário HALT para a população alvo

Inicialmente, o questionário HALT foi validado e adequado à população alvo do estudo. Iniciou-se pela análise da matriz das correlações dos itens do HALT (Mat. Sup. 8.4.1), calculando o seu determinante (7,40e-11, valor muito inferior ao necessário de 1,0e-5). Assim, procedeu-se à eliminação dos itens Q8.1, Q8.6, Q8.8, Q8.9, Q8.11, Q8.16, Q8.18, Q8.20 (Mat. Sup. 8.4.2), designado “Halitosis Associated Life-quality Test” modificado (HALTm). Este procedimento fundamentou-se nos valores das correlações mais elevados e na importância de cada um medir o constructo pretendido. O valor do determinante da matriz obtida foi de 1,52e-05 (Mat. Sup. 8.4.3).

3.6.1.1. Teste de esfericidade de Bartlett

A adequação dos dados para análise fatorial exploratória foi verificada pelo teste de esfericidade de Bartlett e os resultados não excluíram a sua adequação para análise fatorial (𝜒2 = 24692,033 (df = 66; p < 2,22e-16)).

3.6.1.2. Teste de Kaiser–Meyer–Olkin (KMO)

A validade foi verificada pela técnica da análise fatorial com extração de fatores pelo critério de KMO. Obteve-se um MSA = 0,93 e valores de MSAi entre 0,89 e 0,98, considerados “maravilhosos” segundo Kaiser26. Para cada uma das variáveis deverá ser MSAi > 0,05. O número de fatores a reter foi determinado por parallel analysis27 (Mat. Sup. 8.4.4), considerado o melhor método para o efeito.28 Este sugeriu três fatores, resultado confirmado pelo teste de Velicer minimum average partial (MAP) com o mínimo de 0,0429 (Mat. Sup. 8.4.5).

(33)

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

15 3.6.1.3. Análise fatorial exploratória

A adequação do questionário à população alvo foi avaliada pela análise fatorial exploratória. O método de factorização utilizado foi o da máxima verosimilhança, por se considerar existirem boas razões teóricas para supor que os fatores subjacentes podiam estar relacionados. Assim, utilizou-se uma rotação oblíqua (oblimin). O ajuste do modelo foi avaliado pelos índices de Tucker and Lewis Index30 e Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA

= 0,96 RMSEA index = 0,08 (IC: 0,072; 0,091)). Ambos os resultados sugerem um ajuste aceitável.

Os loadings dos itens nos três fatores latentes ultrapassam o cut-off mais comum de 0,4 (que explica cerca 16% da variância na variável) (Mat. Sup. 8.4.6).

O diagrama representa apenas os loadings de cada item para cada fator latente (Mat. Sup. 8.4.7). Assim, foram extraídos três fatores principais correspondentes às subcomponentes da escala HALTm: “Incapacidade social” (ML1), “Limitações emocionais e autoestima” (ML2) e “Patologias inflamatórias do trato respiratório”

(ML3) (Mat. Sup. 8.4.8).

3.6.1.4. Fiabilidade

A avaliação da fiabilidade foi realizada através do cálculo da consistência interna pelo alfa (α) de Cronbach robusto (robusto à não-normalidade), assumindo a equivalência tau (unidimensionalidade do questionário ou construção HALTm). O alfa robusto estimado do HALTm de 0,92 indica que o mesmo é fiável sob a hipótese de equivalência de Tau, uma vez que os valores de Cronbach α ≥ 0,7 ou 0,8 indicam boa fiabilidade.31 A estimativa robusta de ómega é de F = 3,504 com p = 0 e índice composto de fiabilidade = 0,94, ambos sugerindo boa fiabilidade. Posto isto, foi verificada a fiabilidade do HALTm: ML1 0,93; ML2 0,93; ML3 0,92.

(34)

16

A análise descritiva dos resultados foi apresentada sob a forma de frequências absolutas e percentagens em gráficos e tabelas e realizada a comparação de proporções através do teste de independência de Qui-quadrado de Pearson para indagar a existência de associações significativas entre as variáveis.

A magnitude das associações entre variáveis foi definida por Funder’s (2019).

A variável “Unidade orgânica” foi agrupada de acordo com a área de estudo em “Cursos de Saúde” e “Outros Cursos”. Os indivíduos foram agrupados de acordo com o score total do HALT (0-100), designado como severidade do impacto da halitose na QV e comparados através modelos lineares generalizados com distribuição probabilística binomial e Logit:

Grupo I: inclui todos os estudantes cujo score total do HALT < 20, considerado de menor impacto na QV;

Grupo II: inclui todos os estudantes cujo score total do HALT ≥ 20, considerado de maior impacto na QV.

Foi adotado um nível de confiança de 95% em toda a estatística (p < 0,05).

O tratamento dos dados foi realizado através do Software R (versão 4.0.4).32

(35)

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17

RESULTADOS

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18

(37)

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

19

4. RESULTADOS

4.1. Caracterização sociodemográfica da amostra

As características sociodemográficas e a área de estudos da amostra estão descritas na Tabela I. A dimensão amostral foi de 1067 estudantes universitários, dos quais 77,1% (N = 823) do sexo feminino e 22,9% (N = 244) do sexo masculino. Cerca de 76,1% (N = 812) dos inquiridos tem idades compreendidas entre os 18-23 anos. A amostra é maioritariamente constituída por estudantes da área de saúde, correspondendo a 54,2% (N = 578), sendo os restantes de outras áreas de estudo.

Tabela I. Caracterização da amostra de acordo com o sexo, faixa etária e área de estudo (N = 1067)

N (%) Sexo

Feminino 823 (77,1%) Masculino 244 (22,9%) Faixa etária (anos)

18-20 404 (37,9%) 21-23 408 (38,2%) 24-26 120 (11,2%) Mais de 26 135 (12,7%) Área de estudo

Cursos de Saúde 578 (54,2%) Outros cursos 489 (45,8%) N - Frequência, % - Percentagem

4.2. Caracterização dos hábitos tabágicos da amostra

Na Tabela II está descrita a prevalência de hábitos tabágicos observada na amostra. Apenas 7,3% (N = 78) dos inquiridos é fumador, dos quais 73% (N

= 57) é do sexo feminino e apenas 27% (N = 21) do sexo masculino. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os sexos na avaliação dos hábitos tabágicos (𝜒2 = 0,6; df = 1; p = 0,5).

(38)

20

Tabela II. Caracterização da prevalência de hábitos tabágicos da amostra por sexo (N = 1067)

Hábitos tabágicos N (%)

Fumador 78 (7,3%)

Sexo feminino 57 (73%) Sexo masculino 21 (27%)

Não fumador 989 (92,7%)

Sexo feminino 766 (77%) Sexo masculino 223 (23%)

Teste estatístico: Qui-quadrado de Pearson, N – Frequência, % - Percentagem, 𝜒2= 0,6; df =1; p = 0,5

4.3. Autoavaliação de halitose na amostra

A autoperceção de halitose na amostra foi medida através da autoavaliação do hálito, numa escala de 0-10 (0 “Extremamente mau – muito intenso” a 10 “Extremamente fresco – pouco intenso”). Em média, a classificação do hálito foi de 6,8. A frequência das respostas, em percentagem, encontra-se descrita na Tabela III. Na Figura 1, o gráfico refere-se à classificação do hálito por sexo, verificando-se que as distribuições probabilísticas são simétricas, ou seja, as diferenças de avaliação entre homens e mulheres não são estatisticamente significativas.

Tabela III. Caracterização da autoavaliação do hálito da amostra (N = 1067) Autoavaliação do hálito (0-10) N (%)

0 0 (0,00)

1 6 (0,56)

2 16 (1,50)

3 35 (3,28)

4 76 (7,12)

5 114 (10,68)

6 122 (11,43)

7 259 (24,27)

8 286 (26,80)

9 133 (12,46)

10 20 (1,87)

N - Frequência, % - Percentagem

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21

Figura 1. Gráfico relativo à classificação do hálito por sexo

O questionário contemplou também um conjunto de questões referentes ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7). A distribuição da frequência das respostas a estas questões está descrita na Figura 2. Cerca de 47% dos inquiridos pensaram “às vezes”,

“frequentemente” ou “sempre” que o seu hálito era desagradável nos últimos 6 meses, no entanto 30% consideraram o seu hálito um incómodo pessoal e apenas 18% um incómodo para os outros à sua volta. Apenas 10% da amostra refere ter sido notificado alguma vez por alguém em relação ao seu mau hálito.

A maioria dos estudantes não considerou o seu hálito desagradável (53%).

(40)

22

Figura 2. Distribuição da frequência das respostas ao conjunto de questões referentes ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7)

Quando avaliada cada questão do Q7 individualmente, não existem diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres (p > 0,05). (Mat. Sup. 8.5.1) No entanto, os inquiridos do sexo masculino apresentam globalmente um score 1,03 superior ao score do sexo feminino (coeficiente Mu = 1,03; DP = 0,38; p = 0,007). Também não foram encontradas diferenças entre os grupos de estudantes de saúde e de outras áreas (Mat. Sup. 8.5.2), nem entre os estudantes fumadores e não fumadores (p > 0,05) (Mat.

Sup. 8.5.3).

(41)

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

23

4.4. Diagnóstico médico de halitose na amostra

Dos 1067 estudantes, apenas 1,8% (N = 19) relatou ter sido diagnosticado com halitose, dos quais 74% (N = 14) são do sexo feminino e 26% (N = 5) do sexo masculino. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os sexos em relação ao diagnóstico de halitose (𝜒2 = 0,007;

df =1; p = 0,9).

4.5. Caracterização da severidade do impacto da halitose na QV (HALT)

A análise descritiva da distribuição da frequência de respostas, em percentagem, dadas pelos estudantes aos 20 itens que compõem o HALT é apresentada na Figura 3.

(42)

24

Figura 3. Gráfico da distribuição da frequência de respostas, em percentagem, aos itens do HALT

(43)

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25

Não foi encontrada uma significância global entre o sexo e o score total do HALT (p > 0,05). No entanto, a associação entre o sexo e cada item independente do HALT revelou diferenças estatisticamente significativas nos níveis de resposta da escala: “Problema muito leve” (1.), “Problema leve” (2.) e

“Problema moderado” (3.), disponível na Tabela IV. A “aparência afetada”,

“problemas de concentração”, “prejuízos financeiros”, “exclusão social/pessoal”

e “satisfação reduzida com a vida” parecem ser um “problema muito leve” para o dobro dos homens. Já para o dobro das mulheres, “sentir-se deprimida”,

“problemas de concentração”, “prejuízos financeiros” e “satisfação reduzida com a vida” parece ser um “problema moderado”, à exceção do item “vergonha do hálito”, ao qual uma percentagem significativamente maior de homens considera um “problema moderado”.

Tabela IV. Associação entre a variável sexo e os itens independentes do HALT

Itens do HALT %

Sexo feminino p (N = 823)

Sexo masculino (N = 244)

“Ter a aparência afetada devido ao meu próprio hálito”

1.”Problema muito leve” 7,4 12,3 0,007*

2.”Problema leve” 3,9 8,2 0,003*

“Sentir-me deprimido por causa do meu próprio hálito”

3.”Problema moderado” 2,4 4,9 0,031*

“Ter problemas de concentração devido ao meu próprio hálito”

1.”Problema muito leve” 4,98 9,43 0,009*

3.”Problema moderado” 1,94 4,10 0,045*

“Sentir vergonha do meu próprio hálito”

3.”Problema moderado” 5,5 8,6 0,046*

“Ter prejuízos financeiros por causa do meu próprio hálito”

1.”Problema muito leve” 2,4 4,9 0,041*

3.”Problema moderado” 1,1 2,9 0,045*

“Sentir exclusão social/pessoal devido ao meu próprio hálito”

1.”Problema muito leve” 3,6 7,4 0,011*

“Ter satisfação reduzida com a vida causada pelo meu próprio hálito”

1.”Problema muito leve” 6,1 9,8 0,023*

3.”Problema moderado” 1,3 4,1 0,006*

Teste estatístico: Qui-quadrado de Pearson, p - valor de p, * p < 0,05

(44)

26

Para os restantes itens do HALT e categorias de resposta não se verificaram resultados estatisticamente significativos entre o sexo feminino e masculino (p > 0,05).

A distribuição da amostra pelos Grupos I e II de acordo com a severidade do impacto da halitose na QV encontra-se na Tabela V. O score médio total do HALT foi 13 (0-100).

Tabela V. Distribuição da amostra pelos Grupos I e II de acordo com o score total do HALT (N = 1067) Score total do HALT (0-100) N (%)

Grupo I (score total HALT < 20) 853 (79,9)

Grupo II (score total HALT ≥ 20) 214 (20,1) N - Frequência, % - Percentagem

Na Tabela VI estão descritas as associações entre os Grupos I e II e o sexo, área de estudo, hábitos tabágicos e o diagnóstico médico de halitose.

Foram encontradas associações estatisticamente significativas entre os Grupos I e II e o sexo (𝜒2 = 4; df = 1; p = 0,04) e o diagnóstico de halitose (𝜒2 = 15; df = 1; p < 0,001). Ainda que do total de inquiridos apenas 1,8% (N = 19) tenha referido ter sido diagnosticado com halitose, 58% (N = 11) desses pertence ao Grupo II. Ao mesmo tempo, 81% (N = 845) dos estudantes que nunca foram diagnosticados com halitose pertencem ao Grupo I. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas (p > 0,05) nas restantes relações entre variáveis.

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27

Tabela VI. Associação entre os Grupos I e II e o sexo, área de estudo, hábitos tabágicos e diagnóstico médico de halitose

Score total HALT

Variável Grupo I: < 20 (N = 853) Grupo II: ≥ 20 (N = 214) p N (%)

Sexo

Feminino 670 (81) 153 (19)

0,04*

Masculino 183 (75) 61 (25)

Área de estudos

Cursos saúde 472 (82) 106 (18) 0,10

Outros cursos 381 (78) 108 (22)

Hábitos tabágicos

Fumador 65 (83) 13 (17) 0,50

Não fumador 788 (80) 201 (20)

Diagnóstico médico de halitose

Sim 8 (42) 11 (58) < 0,001*

Não 845 (81) 203 (19)

Teste estatístico: Qui-quadrado de Pearson, N - Frequência, % - Percentagem, p - valor de p, * p < 0,05

Na Tabela VII estão descritas as associações entre os Grupos I e II e a autoavaliação do hálito (0-10). Foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos (𝜒2 = 136; df = 9; p < 0,001).

Tabela VII. Associação entre os Grupos I e II e a autoavaliação do hálito

Score total HALT

Variável Grupo I: < 20 (N = 853) Grupo II: ≥ 20 (N = 214) Autoavaliação do

hálito (0-10) N (%)

1 3 (0,35) 3 (1,40)

2 6 (0,70) 10 (4,67)

3 15 (1,76) 20 (9,35)

4 39 (4,57) 37 (17,29)

5 80 (9,38) 34 (15,89)

6 95 (11,14) 27 (12,62)

7 212 (24,85) 47 (21,96)

8 263 (30,83) 23 (10,75)

9 122 (14,30) 11 (5,14)

10 18 (2,11) 2 (0,93)

Teste estatístico: Qui-quadrado de Pearson, N - Frequência, % - Percentagem, 𝜒2= 136, df = 9, p < 0,001

(46)

28

A distribuição da frequência de respostas, em percentagem, para cada questão referente ao historial de perceção de halitose (Q7) para os Grupo I e II encontra-se na Figura 4, verificando-se diferenças estatisticamente significativas entre os Grupos I e II quando avaliada cada questão individualmente.

Figura 4. Distribuição da frequência de respostas, em percentagem, para cada questão individual referente ao historial de perceção de halitose, pessoal (autoperceção) e dada por outras pessoas (Q7) para os Grupos I e II

(47)

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

29

De acordo com o que se pode observar na Tabela VIII, existem correlações elevadas e estatisticamente significativas (p < 0,001), entre:

Score do questionário Q7 e o score reduzido do HALTm;

Score do questionário Q7 e os subcomponentes ML1 e ML2 do HALTm;

• Subcomponentes ML1, ML2 e ML3 e o score do reduzido HALTm;

• Correlação negativa muito grande e estatisticamente significativa entre o score do total HALT (0-100) e a autoavaliação do hálito (0-10).

Tabela VIII. Tabela de correlações entre várias variáveis

HALT

ML1.

“Incapacidade social”

ML2. “Limitações emocionais e

autoestima”

ML3. “Patologias inflamatórias do trato respiratório”

Autoavaliação do hálito (0-10) Historial de

perceção de halitose (Q7)

r = 0,61 r = 0,48 r = 0,66 - -

HALT - r = 0,72 r = 0,88 r = 0,57 r = - 0,46

Critério: Funder”s (2019), r = coeficiente de correlação; * p < 0,001

4.6. Influência do uso de máscara facial na autoperceção de halitose

A Figura 5 refere-se à distribuição da frequência de respostas, em percentagem, relativas à influência do uso de máscara facial na perceção de halitose (Q12). A quase totalidade dos estudantes (94,3%) “concorda totalmente”

ou “parcialmente” com a diminuição dos cuidados com a higiene oral motivada pelo uso de máscara. A maioria dos inquiridos considera que o uso de máscara não aumentou a perceção que têm do seu hálito (53,9%), no entanto 62,1%

consideram que se sentem mais tranquilos, 67,0% seguros e confiantes para comunicar com os outros desde que as usam. Verificou-se que 63% dos estudantes com diagnóstico médico de halitose considerou que a autoperceção de halitose aumentou, 42% considera que se sente mais nervoso e ansioso desde que usa máscara e 37% concorda que aumentou o uso de elixires e/ou pastilhas elásticas nos últimos 6 meses (Mat. Sup. 8.5.4).

(48)

30

Figura 5. Distribuição da frequência das respostas, em percentagem, às questões relativas à influência do uso de máscara na perceção de halitose em contexto de pandemia pela COVID-19 (Q12)

(49)

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31

A distribuição das frequências das respostas ao questionário Q12 de acordo com a severidade do impacto da halitose na QV para os Grupos I e II encontra-se na Figura 6. Quando relacionado individualmente cada questão do Q12, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas para os Grupos I e II. Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05) entre os sexos (Mat. Sup. 8.5.5), áreas de estudo (Mat. Sup. 8.5.6) e hábitos tabágicos na avaliação do Q12 (Mat. Sup. 8.5.7).

Figura 6. Distribuição da frequência das respostas, em percentagem, aos itens do questionário Q12 para os Grupos I e II

Relativamente ao uso de máscaras, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre o número de horas consecutivas de uso e a autoperceção de mau hálito (𝜒2 = 31; df = 28; p = 0,3), nem entre a frequência de uso e autoperceção de mau hálito (𝜒2 = 15; df = 16; p = 0,5), quando considerada a questão “Considera que o seu hálito o incomoda?”.

(50)

32

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DISCUSSÃO

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34

(53)

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35

5. DISCUSSÃO

A halitose pode ser considerada uma barreira social entre as pessoas, sendo pouco atraente nas interações sociais.14, 22 Os estudos sobre o impacto da halitose na QV em adultos jovens são raros na literatura, porém atualmente tem crescido o interesse científico dos investigadores e parece existir uma preocupação e valorização da população em relação ao tema da halitose.9, 11

5.1. Amostra

O tamanho da amostra foi considerado adequado (N = 1067), tendo superado as 20 respostas por cada item do questionário HALT e demonstrou-se representativa da população estudada. Como a faixa etária foi estreita, maioritariamente entre os 18-23 anos (76,1%), não se realizou comparações entre idades. A percentagem de estudantes do sexo feminino e masculino foi muito díspar, existindo mais do triplo de mulheres. De acordo com a Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência33, em 2016/2017 existiam mais mulheres nos cursos superiores de saúde na U.Porto. Podemos presumir que sejam mais conscientes e sensíveis ao tema em estudo, dada a sua área de formação.

5.2. Qualidade de vida e halitose

A literatura é unânime quando menciona a halitose como uma condição de saúde oral com influência negativa sobre a QV e o bem-estar dos indivíduos, associando-se fundamentalmente a limitações psicossociais que afetam a comunicação.14, 34 Assim, a QV em indivíduos que sofrem de halitose é significativamente inferior comparativamente à dos que não sofrem.2, 4, 14

5.2.1. Instrumento de medição HALT

O HALT provou ser uma ferramenta válida na medição da qualidade de vida relativa à halitose, possuindo propriedades psicométricas adequadas

(54)

36

segundo os autores.4 Posteriormente, a escala foi validada para a população chinesa e brasileira.2, 10

No entanto, no estudo de Kizhner e col.4, a amostra compreendeu pacientes entre os 20-66 anos com halitose diagnosticada pelo método organolético.4 O desenho do presente estudo foi substancialmente diferente, englobando uma amostra considerada saudável e jovem. Além disso, por se recorrer à autoperceção de halitose, sem medições clínicas complementares, considerou-se necessária a adequação do HALT à população alvo, cujo protocolo foi descrito pormenorizadamente na secção “Materiais e Métodos”. O HALTm, após a eliminação de alguns itens, demonstrou boa fiabilidade e validade, podendo ser aplicado em outras amostras de adultos jovens da população portuguesa.

Relativamente aos itens “Ter infeções frequentes nas amígdalas” e “Ter sinusites frequentes” da escala HALT foram considerados de menor relevância na avaliação da QV relativa à halitose, uma vez que apresentaram um comportamento substancialmente diferente dos restantes e pareceram não ser claras, facto corroborado pelos autores He e col.10. Além disso, estes itens apresentaram correlações baixas, comparativamente aos restantes (Mat. Sup.

8.5.8). Tal pode sugerir que são causas e não consequências da halitose.

Os resultados do teste de MAP (Mat. Sup. 8.4.5)mostraram que a maior percentagem de variância é explicada pela subcomponente ML1 do HALT. Isto significa que o impacto da autoperceção de halitose está maioritariamente associado à subcomponente “incapacidade social”. Estes resultados parecem ser consistentes com a literatura, dado que os efeitos sociais e psicossociais têm igualmente sido afirmados como os de maior impacto.5 De facto, tem sido frequentemente relatado que a halitose autopercebida tem uma grande influência nas atividades diárias, no bem-estar e nas interações sociais. O seu efeito gera consequências emocionais e psicológicas negativas, nomeadamente diminuição da autoestima. Aliado a isso, pode aumentar a insegurança, criando distância entre as pessoas.2, 22, 35, 36

Um estudo prévio usando o HALT como instrumento de medição refere que os itens que projetam um “problema mais grave” para os participantes foram:

(55)

QUALIDADE DE VIDA ASSOCIADA À AUTOPERCEÇÃO DE HALITOSE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

37

“Ficar preocupado(a) ou constrangido”, “Sentir-se infeliz ou tenso”, “Gastar tempo extra (por exemplo, mascar mais chicletes, escovar mais os dentes, etc.)”,

“Sentir vergonha”, “Conversar com as pessoas à distância”, “Ter problemas ao falar (tapar a boca)” e “Ter satisfação reduzida com a vida”.4 He e col.10 encontraram resultados semelhantes, acrescentando os itens: “Ter problemas de concentração” e “Sentir exclusão social e pessoal”.10 Esta interpretação realizou-se através da análise das médias de resposta para cada item (0-5).

Neste estudo não nos pareceu razoável comparar as médias das respostas por se tratar de uma escala Likert que se afigura qualitativa. Assim, na análise da frequência de respostas a cada item (Figura 3) verificou-se uma tendência para os estudantes considerarem os itens “Ficar preocupado(a) ou constrangido”, “Sentir-se infeliz ou tenso”, “Gastar tempo extra (por exemplo, mascar mais chicletes, escovar mais os dentes, etc.)”, “Sentir vergonha”,

“Conversar com as pessoas à distância”, “Ter problemas ao falar (tapar a boca)”

como “problemas mais graves”. Estas observações parecem consistentes com os resultados obtidos na literatura, embora os contextos dos estudos sejam diferentes.

Relativamente ao score médio total do HALT, foi de 13 (0-100) neste estudo. Agostinho e col.13 encontraram um score médio total semelhante (10,1) aquando da avaliação entre a autoperceção de halitose e o HALT, embora a amostra por eles usada tenha sido reduzida comparativamente à deste estudo.13 Estes resultados sugerem que o HALT mede, igualmente, a autoperceção de halitose. No entanto, o score médio encontrado foi previsivelmente muito inferior ao que He e col.10 obtiveram. Tal pode ser justificado pelo desenho do estudo e pelos critérios de inclusão da amostra chinesa serem distintas, incluindo unicamente indivíduos com diagnóstico de halitose e idades mais avançadas.10

5.2.2. Qualidade de vida relativa à halitose e diagnóstico médico

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os Grupos I (score HALT < 20) e II (score HALT ≥ 20) relativamente ao diagnóstico médico de halitose. O número de estudantes com diagnóstico de halitose foi baixo, representando apenas 1,8% (N = 19) da amostra. Estes pertencem

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