• Nenhum resultado encontrado

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 19ª Câmara de Direito Privado Gabinete ACÓRDÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 19ª Câmara de Direito Privado Gabinete ACÓRDÃO"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Registro: 2021.0000504340

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 1001025-09.2021.8.26.0127, da Comarca de Carapicuíba, em que é apelante BANCO BMG S/A, é apelada MARIA APARECIDA DA CRUZ GALO (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 19ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores RICARDO PESSOA DE MELLO BELLI (Presidente sem voto), MOURÃO NETO E DANIELA MENEGATTI MILANO.

São Paulo, 29 de junho de 2021.

CLÁUDIA GRIECO TABOSA PESSOA Relatora

Assinatura Eletrônica

(2)

Voto nº 24423

Apelação Cível nº 1001025-09.2021.8.26.0127 Comarca: Carapicuíba

Apelante: Banco Bmg S/A

Apelado: Maria Aparecida da Cruz Galo

Juiz de Direito: Dr(a). Leila França Carvalho Mussa

APELAÇÃO Ação revisional de contrato bancário - Empréstimo pessoal - Sentença de parcial procedência - Relação de consumo - Súmula 297 do STJ;

TAXA DE JUROS Abusividade patente Decisões reiteradas desta relatoria e deste E. Tribunal em casos similares, em que praticadas taxas de juros em patamares similares Matéria objeto do Recurso Especial Repetitivo nº 1.061.530/RS Necessidade de revisão dos índices, que deverão adotar a taxa média divulgada pelo BACEN, no período de contratação, tal como decidido;

SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de recurso de apelação interposto por Banco

BMG S.A, em face da r. sentença de fls. 123/129, proferida pelo MM. Juízo

da 3ª Vara Cível de Carapicuíba/SP, nos autos de ação revisional de contrato

bancário (empréstimo pessoal), ajuizada por

Maria Aparecida da Cruz Galo, que julgou procedentes, em parte, os pedidos iniciais para determinar a

(3)

redução da taxa de juros à taxa média de mercado à época da celebração do contrato.

Inconformado, apela o banco réu sustentando, em resumo, que os valores concedidos são destinados a clientes que se encontram com dificuldades para obterem crédito. Aduz que, se por um lado, os critérios para concessão não se mostram tão rigorosos, por outro, as taxas de juros praticadas são diferenciadas, considerado o risco da operação. Defende que o pacto firmado é ato jurídico perfeito, devendo ser rigorosamente cumprido.

Observa que a apelada teve conhecimento prévio acerca dos termos contratados, ressaltando a ausência de limitação às taxas de juros em contratos bancários (fls.131/138).

A parte autora apresentou contrarrazões (fls. 146/151).

É o relatório.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso, porém, nego-lhe provimento.

Da análise dos documentos acostados aos autos (fls.41/48), depreende-se que as partes firmaram contrato de empréstimo pessoal, a ser pago em doze parcelas mensais prefixadas, em 16.01.2020, típica relação de consumo, nos termos da Súmula 297 do STJ: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.

No que concerne à aventada abusividade das taxas de

juros pactuadas, nos patamares de 20% a.m. e 818,77% a.a., sem razão o

apelante.

(4)

Sobre o tema, o C. Superior Tribunal de Justiça decidiu em sede de julgamento do Recurso Especial Repetitivo:

“ORIENTAÇÃO 1 - JUROS REMUNERATÓRIOS

a) As instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF;

b) A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade;

c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406 do CC/02;

d) É admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada art. 51, §1º, do CDC) fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do julgamento em concreto.” (REsp Nº 1.061.530/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGUI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22.10/2008)

Outrossim, consoante se observou no voto do recurso especial repetitivo já citado:

“(...) Como média, não se pode exigir que todos os empréstimos sejam feitos segundo essa taxa. Se isto ocorresse, a taxa média deixaria de ser o que é, para ser um valor fixo. Há, portanto, que se admitir uma faixa razoável para a variação dos juros. A jurisprudência, conforme registrado anteriormente, tem considerado abusivas taxas superiores a uma vez e meia (voto proferido pelo Min. Ari Pargendler no REsp 271.214/RS, Rel. p.

Acórdão Min. Menezes Direito, DJ de 04.08.2003), ao dobro (Resp 1.036.818,

(5)

Terceira Turma, minha relatoria, DJe de 20.06.2008) ou ao triplo (REsp 971.853/RS, Quarta Turma, Min. Pádua Ribeiro, DJ de 24.09.2007) da média”.

Cumpre observar, que em casos análogos, em que praticados patamares de juros semelhantes, esta relatoria reconheceu a necessidade de adequação dos índices contratados a título de juros remuneratórios, em consonância com aqueles médios divulgados pelo Bacen

(Apelações nº 1000582-33.2020.8.26.0664; 1023273-24.2019.8.26.0196, 1008220-14.2018.8.26.0624, 1023135-49.2016.8.26.0071, 0006491-84.2016.8.26.0506, 1030218-32.2016.8.26.0196, 1005564-35.2016.8.26.0566, 1046860-17.2015.8.26.0002, entre outras)

.

Demais disso, no mesmo sentido caminha a jurisprudência desse E. Tribunal, no que concerne às taxas de juros remuneratórios contratadas, em casos assemelhados:

CONTRATOS BANCÁRIOS. Ação de revisão contratual com repetição de indébito e pedido de tutela antecipada.

Sentença de improcedência. Irresignação da parte autora.

Cabimento em parte. (...) Limitação dos juros a 12% ao ano, conforme redação original do art.192, §2º, da CF, que dependia de Lei Complementar (Súmula Vinculante 07).

Quando ausente taxa de juros contratada, aplica-se a taxa média divulgada pelo BACEN, salvo se a cobrada for mais benéfica ao consumidor (Súmula 530 do STJ). 'In casu' configurada a abusividade das taxas de juros remuneratórios pactuadas (taxas de juros anuais nas razões de 407,77%, 525,04% e 987,22%). Determinada a substituição pelas taxas médias divulgadas pelo BACEN

(6)

para operações da mesma natureza. Vício de consentimento não demonstrado. Repetição de indébito que deve ser feita de forma simples e não em dobro, por ausência de má-fé. Sucumbência recíproca configurada.

Recurso provido em parte. (TJSP; Apelação 1001472-54.2017.8.26.0218; Relator (a): Walter Barone; Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito Privado; Foro de Guararapes - 2ª Vara; Data do Julgamento: 27/02/2018; Data de Registro:

27/02/2018)

REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIO - Empréstimos pessoais (...) Demanda julgada parcialmente procedente - Requerida que sustenta ser a hipótese de empréstimo não consignável e não haver abusividade nas taxas de juros remuneratórios contratadas de 14,50% a.m. e 407,77%

a.a., para o primeiro contrato, e 22% a.m. e 987,22% a.a.

para os seis outros empréstimos - Descabimento - Não importa a denominação do contrato, quando a ré se beneficia da forma de pagamento com desconto direto em conta corrente, fato que reduz os riscos da operação de crédito e caracteriza a modalidade de empréstimo consignado - Em que pese ser possível a cobrança de juros remuneratórios em patamar superior a 12% ao ano e não se aplicar a Lei de Usura às instituições financeiras (Súmulas 382 do STJ e 596 do STF), é admissível a redução dos juros à taxa média de mercado divulgada pelo Bacen - Pactos prevendo a incidência de juros remuneratórios superiores à média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil, de 2,001%, 2,035%, 2,048%,

(7)

2,040%, 2,071%, 2,041% e 2,088%, para os mesmos períodos e modalidade de empréstimo consignado - Abusividade manifesta que autoriza a redução (art. 51 do CDC) - Precedente do STJ (...) (TJSP; Apelação 1017880-26.2016.8.26.0196; Relator (a): Mendes Pereira; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Privado; Foro de Franca - 5ª Vara Cível; Data do Julgamento: 27/09/2017; Data de Registro:

27/09/2017)

Nesse passo, era mesmo de rigor a revisão dos juros remuneratórios avençados, adequando-se à média divulgada pelo Bacen para o período da contratação.

Tem-se, assim, que a r. sentença encontra-se em compasso com a jurisprudência ora dominante, de modo que não comporta revisão.

Considerando as disposições do Novo Código de Processo Civil, em atendimento ao disposto no § 11º, do art. 85, majoro os honorários sucumbenciais recursais devidos ao patrono da parte autora, que deverá, além do montante estabelecido na r. sentença, ser acrescido de mais 5% sobre o valor da condenação.

Ante o exposto, por meu voto,

nego provimento ao

apelo, nos termos acima expostos.

CLAUDIA GRIECO TABOSA PESSOA

Relatora

Referências

Documentos relacionados

Distância entre 2 galáxias Tempo Cósmico Pouco 1998: Expansão tem acelerado nos últimos 5 bilhões de anos Hoje Muito... 22 Espectro da luz de diferentes tipos de Supernovas Ia

O apelante, na qualidade de partido político em constante participação na vida pública, que atua e colabora para o processo democrático, não foi socialmente

consenso geral, que o estabelecimento comercial: 1º, é um complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem os instrumentos de trabalho do comerciante, no

solução da lide é peculiaridade do caso concreto, em que a autora realizava atendimento com garçons na praça de alimentação há quase duas décadas, de modo

O estudo de gênero no cinema nos faz pensar na possibilidade de reposicionamentos dos sujeitos diante de seus papéis sociais, pois essa mídia específica tanto é composta

„ Sendo aceite, poderá o modo/tempo de administração ser suficiente para que haja novidade?.. „ Desde que formulada no tipo-suiço, o pedido será aceite independentemente

O DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTOS DE PORTO ALEGRE, através da Gerência de Licitações e Contratos, torna pública a abertura da licitação abaixo:. PREGÃO ELETRÔNICO

201400229 Bruno Alberto Carvalho Malta Fisiologia Clínica 1º Ciclo 201300246 Carla Cristina Carvalho Lopes Fisiologia Clínica 1º Ciclo 201200015