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UFSC/ODOIIITOLOGIA SIBUOTECA

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UFSC/ODOIIITOLOGIA SIBUOTECA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISA EM IMPLANTES DENTAIS

INTERRELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E A DOENÇA PERIODONTAL - REVISÃO DE LITERATURA-

VITOR HUGO LENZI CRISTELLI

FLORIANÓPOLIS

(2)

UFSC/ODONTOLOGIA I

BIBLIOTFCA SETOPI

2006

VITOR HUGO LENZI CRISTELLI

INTERRELAÇÃO ENTRE OBESIDADE E A DOENÇA PERIODONTAL - REVISÃO DE LITERATURA-

Monografia apresentada ao Programa de Nis-

Graduação

em programa de

especialização

do Centro Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina, como

requisito

parcial para a

obtenção

do grau de Especialista em

Periodontia.

Prof. Mestre Gláucia Santos Zimmermann —

Orientador

FLORIANÓPOLIS

(3)

FLORIANÓPOLIS 2006

INTERRELACAO ENTRE OBESIDADE E A DOENÇA PERIODONTAL - REVISÃO DE LITERATURA-

Por

VITOR HUGO LENZI CRISTELLI

Monografia aprovada para

obtenção

do grau de

Especialista

em

Periodontia,

pela Banca examinadora formada por:

Presidente: Prof Gláucia Santos

Zimmermann,Mestre -

Orientador,

UFSC

Membro: Prof Ricardo

Maggine,Doutor, UFSC

Membro: Mine Franco

Siqueira,Mestre, UFSC

Florianópolis » 27 de outubro de 2006

(4)

Dedico este trabalho aos meus pais por todo apoio,

compreensão

e tempo dedicado a mim.

(5)

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos aos familiares

que

sempre

estão

comigo me apoiando, aconselhando

e

me orientando

e

que

são

a principal

fonte

de

inspiração

para

que

continue estudando

e

aprimorando cada vez mais meus conhecimentos.

Agradecimento a

Margarete

dos Santos Paz Silva

e

Sandra Regina Costa,

bibliotecárias

da Universidade Regional de Blumenau, pela

cooperação

neste trabalho

e esforço

em ajudar.

Ao Amigo

Xandrus

T. Rizzo, amigo de

infância

que até hoje tem estado ao meu lado me ajudando

e

me hospedando

e

aos demais amigos que também estão sempre ao meu lado, crescendo

e

evoluindo unidos.

A prof.

Gláucia

Santos Zimmermann por ter me ajudado no desenvolvimento do trabalho sendo uma

ótima

orientadora

e

muito compreensiva com seu pupilo.

A prof'. Ana Maria

Blosfeld,

pelas dicas

que

foram dadas.

Aos pacientes que me ajudaram neste processo de aprendizado

e que

cooperaram para

o

sucesso de minha

formação.

A todos os

funcionários

da Universidade Federal de Santa Catarina, em especial: a

Ro,

André,

Marilene

da

UFSC e

Miriam, Gisela

e

Dolores do

CEPID,

por manter as coisas em ordem para melhor desenvolvimento do trabalho.

(6)

melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar;

é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco,

que em conformidade viver ..."

Martin Luther King

(7)

CRISTELLI, V.H.L. Interrelação entre Obesidade e a Doença Periodontal, 2006. 30f.

Trabalho de

conclusão (Especialização

em

Periodontia)

do Curso de

Especialização em Periodontia,

Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis.

RESUMO

A obesidade é um dos maiores problemas de saúde no mundo, atingindo 25% da população mundial, e fator predisponente para inúmeras doenças como problemas cardíacos,

hipertensão, osteoartrites e principalmente diabetes mellitus tipo 2. Ultimamente a doença periodontal vem sendo associada com a obesidade. Este estudo objetiva buscar evidencias na literatura cientifica que comprovem essa relação existente entre doença periodontal e obesidade. Foram revisados vários artigos científicos onde a relação entre a severidade da inflamação periodontal que os pacientes apresentam aumenta significativamente em pessoas obesas. São necessários mais estudos em busca da comprovação desta relação.

Palavras Chaves:

Relação.

Obesidade.

Doença

Periodontal.

(8)

CRISTELLI, V H.L. Interrelação entre Obesidade

e

a Doença Periodontal, 2006. 30f Trabalho de

conclusão

(Especialização em Periodontia) do Curso de Especialização em Periodontia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis

ABSTRACT

The obesity is one of the biggest health problems in the world, reaching 25% of the world- wide population, and it is a predisponent factor for various illness as cardiac problems, hipertensão, osteoartrites and mainly diabetes mellitus type 2. Nowadays the periodontal disease is being associated with the obesity. This objective study intend to search evidences in scientific literature to prove the existence of the relation between periodontal disease and obesity. Some scientific articles had been revised and the relation between the severity of the periodontal inflammation that the patients present increase significantly in obeses people. More studies in search of the evidence of this relation are necessary

Key words: Relation. Obesity. Periodontal disease.

(9)

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO

lo

2 OBJETIVOS 12

3 REVISÃO DE LITERATURA 13

3.1

GENGIVITE

13

3.2 PERIODONTITE 13

3.3

DIABETES MELLITUS

15

3.4

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

16

3.5 OBESIDADE 17

3.6 INTER-RELAÇÃO PERIODONTITE X OBES

ID

ADE 18

4 DISCUSSÃO 24

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 26

REFERÊNCIAS 27

(10)

I

INTRODUÇÃO

A

doença

periodontal, que também pode ser chamada de

periodontite,

é uma doença

inflamatória,

causada por bactérias gram negativas presentes no

biofilme

bacteriano.

0

produto do metabolismo dessas bactérias desencadeia um processo

inflamatório

e, dependendo da susceptibilidade do hospedeiro, pode acarretar no aparecimento de

doença

periodontal

e/ou

na sua

progressão.

A

periodontite,

hoje, é uma das principais causas de perda precoce dos dentes e a

segunda

patologia oral mais comum nos pacientes do mundo todo. Por essas

razões,

existem tantos estudos tentando elucidar de forma conclusiva todas as causas de seu aparecimento e desenvolvimento bem como o tratamento e formas de

terapias que

deixem o mínimo de

seqüelas

possível.

Por outro lado, a obesidade é considerada um dos maiores problemas de saúde no mundo e fator de risco para

inúmeras

doenças como, por exemplo, doenças cardíacas,

hipertensão, osteoartrites

e principalmente diabetes mellitus tipo

2.

Está associada a um aumento nos indices de mortalidade e

morbidade.

Segundo estatísticas da

Organização

Mundial de

Saúde

(OMS), calcula-se

que

cerca de

25%

da

população

mundial é obesa e que destes,

25% morrem

por

conseqüências

diretas ou indiretas da obesidade.

Além de fatores genéticos envolvidos, outros

fatores

tem sido inter-relacionados para explicar o crescimento no

número

de obesos no mundo todo como:

lo

(11)

11

a) a mudança dos

hábitos

alimentares, onde as pessoas passaram a consumir uma alimentação mais calórica em substituição a alimentos naturais;

b) ao sedentarismo, pela pratica de atividades físicas aquém do recomendado para uma boa qualidade de vida.

Alguns autores tem estudado a correlação entre doença periodontal

e

obesidade, mas sera que realmente a periodontite pode ser influenciada pela obesidade ou

é

uma conseqüência de outras doenças sistêmicas resultantes deste quadro como, por exemplo,

o

diabetes mellitus?

Diante disso, se faz necessário revisar a literatura em busca de estudos que consigam relacionar essas duas doenças assim como avaliar suas hipóteses

e

plausibilidade biológicas.

(12)

12

2 OBJETIVOS

Os objetivos do presente trabalho são, através da revisão de literatura, buscar evidências que comprovem uma interrelação entre doença periodontal e obesidade, avaliar suas causas e comprovar a plausibilidade das evidências.

(13)

13

3 REVISÃO DE LITERATURA

Em termos gerais,

podemos diferenciar duas entidades distintas de Doença Periodontal, a Gengivite e a Periodontite, dependendendo do grau de acometimento dos tecidos periodontais, sendo a primeira reversível e a segunda irreversível.

3.1 GENGIVITE

Segundo Almeida et al (2006), define-se como uma inflamação superficial da gengiva onde, apesar das alterações patológicas, o epitélio de união se mantém unido ao dente, não havendo perda de inserção. É uma situação reversível, caso sejam removidos os fatores etiológicos (bactérias). Contudo, tem um papel precursor na perda de inserção ao redor dos dentes se os fatores etiológicos não forem eliminados.

3.2 PERIODONTITE

A

periodontite é

a

inflamação

do

periodonto que

se estende além da

gengiva e produz destruição do tecido conjuntivo de inserção dos dentes. Não mais considerada como uma doença única considera-se hoje que a periodontite exista em três formas primárias: crônica, agressiva e como manifestação e/ou associação de alguma doença sistémica (Carranza, 2003).

uma infecção crônica, produzida por bactérias gram-negativas, sendo a patologia oral mais comum no mundo após a cárie. As bactérias são essenciais porém insuficientes para causar a Doença Periodontal é necessário que exista um hospedeiro susceptível. (PAGE, 1998)

(14)

14

Considerada uma doença-hospedeiro e sitio especifica, que evolui continuamente com períodos de exacerbação e remissão, resultado de uma resposta inflamatória e imune à presença de bactérias e seus produtos metabólitos. A sua progressão é favorecida pelas características morfológicas dos tecidos afetados, o que a distingue de outras doenças infecciosas (L1NDHE, 2003).

Almeida et al (2006) diz que as manifestações clinicas da doença são dependentes das propriedades agressoras dos microorganismos e da capacidade do hospedeiro em resistir à agressão. Embora o mais importante mecanismo de defesa resida na resposta inflamatória que se manifesta como gengivite, variações na eficácia protetora do processo inflamatório e o potencial patogénico das bactérias podem ser a causa principal das diferenças encontradas na susceptibilidade a doença periodontal. 0 processo inflamatório desencadeado pode culminar com a instalação de uma periodontite.

Inicialmente ocorre um desequilíbrio entre bactérias e defesas do hospedeiro que leva a alteração vascular e à formação de exsudado inflamatório. Esta fase manifesta-se clinicamente com alteração da cor da gengiva, hemorragia e edema, sendo uma situação reversível se a causa for eliminada. Esta situação, definida como gengivite, promove a fragilização das estruturas, agentes bacterianos agressores e/ou seus produtos As áreas subjacentes, podendo resultar em perda óssea, e formação de bolsas periodontais, e uma continua migração apical do epitélio (epitélio longo de unido). Este tipo de epitélio oferece menos resistência aos agentes agressores o que perpetua o processo inflamatório. Este processo culmina com a destruição dos componentes do periodonto, ou seja, cemento radicular, ligamento periodontal e osso alveolar.

(15)

UFSC/ODONTOLOGIA [BIBLIOTECA SETORIto

15

A resposta imune de cada indivíduo tem um papel importante no inicio e progressão desta doença, como foi referido anteriormente, e pode ser influenciada por fatores de risco, biológicos e comportamentais. Em presença de bactérias especificas, o hospedeiro inicia uma resposta de defesa que condiciona o fato de ocorrerem ou não lesões a nível celular e tecidual. Esta resposta pode ser inespecifica (inata), se trata do primeiro contacto com os referidos microorganismos, ou especifica (adaptativa), quando já ocorreu contacto prévio entre o hospedeiro e os agentes bacterianos. A presença de bactérias e suas toxinas estimulam neutrófilos, fibroblastos, células epiteliais e monócitos. Os neutrófilos libertam as metaloproteinases (MPM) que levam à destruição do coldgeno. As restantes células envolvidas promovem a libertação de prostaglandinas (Pg), especialmente PgE2, que por sua vez induzem a libertação de citocinas, entre as quais interleucina 1 (Ill ), interleucina 6 (I16) e fator de necrose tumoral (TNF), que conduzem à reabsorção óssea através da estimulação dos osteoclastos. Estas células, ainda que indiretamente, levam também à lise do coldgeno por estimulação as MPM.

3.3 DIABETES MELLITUS

Os pacientes obesos requerem mais insulina para manter a homeostase da glicose no sangue, um estado conhecido como hiperinsulinemia. Eventualmente, a produção pancreática de insulina endógena não consegue reunir a quantidade necessária de insulina, e os pacientes desenvolvem as características fenotipicas do diabetes tipo 2 (NISHIMURA et al 2001).

Das associações observadas entre o estado de saúde oral e as patologias sistémicas crônicas, a maior ligação é entre a doença periodontal e a diabetes mellitus. A diabete afeta cerca de 177 milhões de pessoas em todo o Mundo e a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que este número possa duplicar até 2030 devido ao envelhecimento populacional, hábitos

(16)

16

alimentares incorretos, obesidade e

sedentarismo.

As

complicações

orais desta patologia

são múltiplas

e incluem

xerostomia,

risco aumentado de carie

dentária

e

presença

de problemas

periodontais (75%

dos pacientes diabéticos). A

doença

periodontal é considerada a sexta

complicação

do diabetes e encontra-se bem

documentado

na literatura

que

indivíduos corn diabetes mellitus

têm

um elevado risco de apresentarem doença periodontal. Entretanto,

não

é so a

prevalência

da

doença

que

esta

aumentada em indivíduos diabéticos, mas também a

progressão

e severidade da doença é mais

rápida

e agressiva (ALMEIDA et al,

2006).

3.4 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

Segundo a OMS, o índice de Massa Corporal

(IMC)

é uma

fórmula que

indica se um adulto

esta

acima do peso, se

está

obeso ou abaixo do peso ideal considerado saudável. A

fórmula

para calcular o índice de massa corporal

6:

IMC =

peso

/ (altura)2

Antes de tudo, é preciso salientar

que

o Índice de Massa Corporal é apenas um indicador, e

não

determina de forma inequívoca se uma pessoa está acima do peso ou obesa. A

vantagem

do sistema da

Organização

Mundial de

Saúde

é que ele é simples, com

números

exatos e

fáceis

de

utilizar.

(17)

17

A

Organização

Mundial de Saúde usa um critério simples:

Condição IMC em adultos

Abaixo do peso Abaixo de

18,5

No peso normal Entre

18,5

e

25

Acima do peso Entre

25

e

30

Obeso Acima de

30

3.5 OBESIDADE

A obesidade

6,

na sociedade atual, um dos maiores fatores de risco a

saúde

da

população.

Ela

esta

associada com um aumento na

morbidade

e mortalidade sendo a causa e/ou fator agravante de doenças como hipertensão, doenças

cardiacas, osteoartrites

e diabetes tipo

2 (GENCO

e

GROSSI 1998).

Conceitualmente,

através do termo obesidade se denomina o estado em

que

determinada pessoa apresenta excesso de tecido gorduroso em

relação

ao normal. É absolutamente

verdadeiro que

a obesidade é uma síndrome, determinada por

inúmeros

fatores. Em outras palavras, -

n- causas

podem ser

responsáveis

pelo

acúmulo

de tecido adiposo.

Podemos dizer

que

a obesidade existe

quando

a parcela de tecido adiposo representa mais de

20%

do peso corporal total no homem e mais de

25%

na

mulher. Freqüentemente

resulta de um

balanço

energético perturbado no

qual

a ingestão

calórica

é maior do

que

o consumo. A

ingestão

de alimentos é controlada essencialmente pelos centros

hipotaldmicos

da fome e da

saciedade,

o

(18)

18

que, em muitos obesos, estes centros estão desregulados favorecendo uma alimentação desequilibrida.

3.6 INTER-RELAÇÃO PERIODONTITE X OBESIDADE

Grossi e Genco (1998) já chamam a atenção para a inter-relação entre doença periodontal e o diabete mellitus, associando o fator de necrose tumoral — a (TNF — a) e Interleucina - lp (IL - 113) como fatores desencadeantes dessas duas patologias, atuando numa relação de via dupla, ou seja, a inflamação periodontal produzindo altas concentrações de TNF — a afetando o controle do diabetes e da mesma forma, o diabetes estimulando a produção de citocinas que podem influenciar o processo da doença periodontal.

Estudos clínicos subseqüentes encontraram elevados níveis de TNF — a em pacientes obesos não diabéticos, obesos diabéticos e em pacientes com sobrepeso. Esses níveis de TNF — a declinaram na medida em que os pacientes perdiam peso (NISHIDA 2001).

Al-Zahrani (2003) propôs um estudo para avaliar se existe ou não associação entre obesidade e doença periodontal. Os dados para este estudo foram obtidos do Terceiro Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos da América (NHANES III), realizado entre 1988 até 1994, onde foi examinado um total de 31.311 indivíduos. Apenas os indivíduos com idade maior ou igual a 18 anos e com exame periodontal realizado foram incluidos, totalizando 13.665 indivíduos. Utilizou dois indicadores para obesidade, que foram:

a) o índice de massa corporal b) circunferência da cintura (CC).

(19)

19

As pessoas com o índice de massa corporal > 30 Kg/m 2 e alto CC, na faixa etaria de 18 até 34 anos foram associadas com maior prevalência de doença periodontal , porém não houve relação nas outras faixas etárias. Ocorreu também uma associação negativa entre indivíduos abaixo do peso e doença periodontal.

Nishimura et al (2003) realizaram um estudo baseado na hipótese da relação de duas vias para a doença periodontal e diabetes mellitus: o Fator de Necrose Tumoral a (TNF — a) produzido pelos adipócitos de pacientes obesos atua como fator de risco para a inflamação periodontal; o TNF — a produzido na inflamação periodontal pode influenciar na sensibilidade a insulina em pacientes obesos e diabéticos tipo 2.

0 diabete mellitus tipo 2 é caracterizado pela baixa sensibilidade a insulina e a citocina pró-inflamatória TNF — a tem sido relacionada a este quadro. Os adipócitos, em pessoas obesas, são conhecidos por apresentarem elevados níveis de TNF a sendo que a perda de peso provoca diminuição sucessiva deste fator.

Por sua vez, TNF — a exacerba a doença periodontal pré-existente de várias maneiras, tanto estimulando a degradação da matriz colagêna quanto através da estimulação dos osteoclastos para ativar a reabsorção óssea.

Nesse contexto, um paciente com leucemia mielornonocitica foi examinado. Quando sua doença estava controlada com quimioterapia, não apresentava sinais de inflamação na cavidade bucal. Entretanto, quando a situação crônica se agudizava, ele exibia sinais de inflamação gengival extremamente severa. Foi realizado exame de cultura de suas bolsas periodontais e foi negativo para Porphyromonas gingivalis, Actinobacillus actinomycetemcomitans e Prevotella intermédia. A contagem de neutrófilos e linfócitos estavam normais, apresentando somente uma concentração 200 vezes mais elevada de TNF — a que em pacientes normais.

(20)

10

Baseado na observação deste único caso, um incremento na produção de TNF — a pode ser um importante fator de risco adicional para a severidade da inflamação na doença periodontal.

Com o sucesso da terapia periodontal, reduz-se a concentração de TNF- a circulante resultando em um melhor controle metabólico do diabete, que possivelmente mediado por uma melhora da resistência a insulina. Assim, o TNF — a adicionalmente produzido pela inflamação periodontal afeta sinergicamente a produção de TNF — a no tecido adiposo de pacientes com diabetes.

Saito et al (2005) fez um estudo envolvendo 584 mulheres japonesas de um total de 982 indivíduos residentes em Hisayama, com idade entre 40 e 79 anos. 0 objetivo foi relacionar a obesidade, tolerância a glicose e periodontite. Seguindo o mesmo modelo utilizado no Terceiro Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos da América (NHANES HI), um exame periodontal foi realizado em dois quadrantes selecionados randomicamente, um maxilar e outro mandibular, por 4 dentistas treinados e calibrados. As amostras do sangue foram coletadas da veia antecubital durante a noite e após rapidamente na manhã e analisadas aplicando o método de diagnostico para diabetes da OMS. Pessoas treinadas mensuraram o peso, altura e circunferência da cintura. Para avaliar o grau de obesidade foi utilizado o cálculo do índice de massa corporal (IMC). Cada indivíduo teve q responder também a um questionário auto administrado. Houve uma associação positiva entre índice de obesidade, a prevalência de tolerância a glicose alterada e o diabetes. Tanto a obesidade quanto a tolerância a glicose foram associados a doença periodontal, mas isso numa análise de comparação simples.

Quando submetidos a uma análise logística de regressão, o índice de massa corporal alta foi significantemente associado a bolsas periodontais. Na analise multivariavel, os sujeitos com os maiores indices de massa corporea apresentaram as maiores profundidade de bolsa. Em todas as

(21)

21

análises todos os indices para obesidade apresentaram uma forte

correlação

com a profundidade de sondagem.

Genco

et al

(2005) propôs

examinar a relação

entre

obesidade e doença periodontal e avaliar a extensão da

associação

entre

resistência

a insulina e os níveis de fator de necrose tumoral a

sistêmicos

e seus receptores e poder esclarecer este relacionamento. Os dados para este estudo foram obtidos do Terceiro Estudo

Epidemio

lógico Nacional de Saúde e

Nutrição

dos Estados Unidos da América

(NHANES 111).

Um total de

12.367 individuos (53,3%

homens e

46,9%

mulheres) sem diabetes participaram do estudo. As

avaliações periodontais

incluíram índice de

sangramento gengival, calculo,

profundidade de sondagem e nível de

inserção.

As

variáveis demográficas

incluía *lea),

raça, etnia,

grau de escolaridade e a idade. Os fumantes foram classificados em fumantes, ex-fumantes,

nao

fumantes. Para os dois primeiros a

exposição

ao tabaco foi calculada através do anos de fumo. Os resultados mostraram que a severidade da perda de

inserção

periodontal aumenta proporcionalmente com o aumento da resistência a insulina assim como a perda dental também. Numa

análise multivariável

o

IMC

é positivo e

significativamente

associado com perda de

inserção,

sendo, provavelmente, mediado pela

resistência

a insulina. Esta

associação não

foi

significante

para pacientes com alto

IMC

e baixa

resistência

a insulina.

0

objetivo de

Nishida

et al

(2005)

em seu estudo foi determinar quais fatores relacionados ao estilo de vida das pessoas demonstraram maior impacto como risco para a

doença

periodontal, utilizando o método da

regressão

baseada em

Arvores

(CART). Trabalhadores de uma

fabrica

japonesa foram selecionados para este

estudo,

totalizando

453

indivíduos. Em

1998, 409 (90,3%)

destes indivíduos foram avaliados através de uma exame clinico

e

de um questionário auto-

administrado.

Desses,

372

trabalhadores

(290

homens, 82 mulheres, com idade entre

20

e

59

(22)

anos) completaram todos os itens do questionário e cumpriam os requisitos do exame clinico. Os fatores avaliados foram oito: fumante (nunca, no passado, ou fumante), consumo de álcool, horas de descanso, café da manhã, dieta, horas de trabalho, exercício fisico e saúde mental. Para classificar os fumantes, foi perguntado no questionário a respeito do número de cigarros consumidos por dia e a quantos anos o indivíduo fumava. Com esses dados, obteve-se o pack- year (número de cigarros consumidos por dia/20 por dia x número de anos que fuma ou fumou).

A sondagem periodontal foi realizada em todos os dentes, com exceção dos terceiros molares, por dois examinadores calibrados que avaliaram a profundidade de sondagem (PS) em 6 sítios por dente. Os pacientes foram divididos em dois grupos: com periodontite (PS > 3,5 mm) e sem periodontite (PS <3,5 mm).

Os dados foram analisados com uma análise logística simples, buscando uma associação entre periodontite e o estilo de vida das pessoas, obtendo-se um resultado positivo para esta associação. Porém, quando submetidos ao método de regressão baseado em árvores (CART), o fator de maior impacto foi o pack-years seguido pela obesidade.

Vecchia et al (2005) utilizaram uma amostra de 706 pessoas com idade entre 30 e 65 anos, da area metropolitana de Porto Alegre (RS, Brasil). Os participantes passaram por uma entrevista para obter os dados demográficos, sócio-econômicos, saúde bucal e sistémica. Também foi realizada a sondagem periodontal de 6 sítios por dente de todos erupcionados na cavidade oral. A obesidade foi calculada usando o IMC, com as normas estipuladas pela OMS. A análise multivariável mostrou associações não significantes entre doença periodontal e as demais categorias de 1MC em indivíduos do sexo masculino. Sobrepeso e doença periodontal também

não

foram associados para mulheres. Somente mulheres obesas apresentaram uma maior predisposição a desenvolver doença periodontal do que mulheres com o peso normal.

(23)

23

Em outro estudo, Chapper et al (2005), analisou o efeito do IMC no periodonto de pacientes portadoras de diabete mellitus gestacional (DN1G). Neste estudo o IMC < 18,5 foi descartado, selecionando uma amostra de 60 gestantes em três grupos: normal, sobrepeso e obeso. Os parâmetros usados para avaliação periodontal foram sangramento gengival (SG), sangramento a sondagem (SS) e perda de inserção (PI). As médias das porcentagens dos dentes com SG e SS e as médias dos valores de perda de inserção foram comparadas utilizando o teste ANOVA e as diferenças entre os grupos estabelecidas pelo teste post hoc de Bonferroni para comparações múltiplas. Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas entre o grupo normal e obeso com relação as médias percentuais da presença de sangramento gengival (52.76 ± 27.99% e 78.85 ± 27.44%, respectivamente) e as médias da categoriza0o de P1 (2.21 ± 0.41mm e 2.61 ± 0.54mm, respectivamente).

(24)

24

4 DISCUSSÃO

Inúmeros

artigos vêm relatando a influência da doença periodontal sobre

doenças

cardíacas,

hipertensão, osteoartrites, infecções

pulmonares e diabetes mellitus. Como pode ser observado nos trabalhos, existe

relação

entre obesidade e

periodontite

porém, faltam estudos para determinar os fatores que causam esta

interação.

Autores como Al

Zahrani

et al

(2003) só

detectaram uma

associação

positiva entre obesidade e

doença

periodontal em pacientes adultos jovens, nos demais grupos essa

associação

foi negativa.

Chapper

et al

(2005) propôs

analisar apenas mulheres portadores de diabetes mellitus

pré-gestacional

e obesidade tendo como grupo controle pacientes normais, sendo

que

este

grupo

apresentou estatisticamente menos gengivite e menor perda de

inserção.

Em um estudo mais

abrangente,

Vecchia et al

(2005)

associou significativamente obesidade e

doença

periodontal em pacientes do gênero feminino, adultas e

não

fumantes.

Analisando estes três primeiros trabalhos podemos notar uma

interrelação

entre obesidade e

doença

periodontal principalmente em adultos jovens e do

gênero

feminino. Também é

notável

uma

relação negativa

em pacientes abaixo do peso com

doença

periodontal.

Segundo Nishimura

(2003)

um aumento de

TNF —

a circulante parece exacerbar a inflamação periodontal. Esta pode ter sido uma das

razões

porque pacientes obesos

são

mais

susceptiveis

a uma

doença

periodontal mais severa.

Esta

citocina

é encontrada em elevadas

proporções

em bolsas

periodontais

e este aumento pode interferir na quantidade de

TNF —

a circulante no organismo, interferindo desta

(25)

N199: C,-1, 2,7 4.• S•903, ••

3CN3ONTOLOGI4 Bfl3U OTECA SETOPu"

maneira no diabete sendo que o diabetes pode alterar a quantidade de

TNF —

a presente na bolsa e iniciar a

reabsorção

óssea do

periodonto.

Nishida (2005)

em uma análise logística simples revelou que fatores como idade,

gênero,

consumo de

álcool,

fumo e

BMI

(índice de massa corpórea) e

freqüência

de

escovação

de dentes estão significativamente associados com

periodontite.

Mas

quando

submetidos a uma analise em CART, os resultados sugerem que a quantidade de cigarros fumados e os anos

que

a pessoa fumou (Pack-year) exerceu maior impacto sobre a

periodontite

seguido do

BMI,

as outras

variáveis não

foram

significantes

nessa análise.

Os resultados de Saito et al

(2005),

sugerem

que

a obesidade está associada a bolsas profundas, independente do status de tolerância a

glicose.

Sugere também

que

o mecanismo ligando obesidade e

doença

periodontal difere do mecanismo que atua no efeito do diabetes sobre o

periodonto.

0

resultado das análises de

Genco

et al

(20

(1

5)

indicam

que

a obesidade é um

significante preditor

para doença periodontal independentemente do efeito da idade,

gênero,

raga,

etnia

e fumo. Entretanto, sugere que a resistência a insulina seja o agente mediador da

relação

entre obesidade e

doença

periodontal.

25

(26)

26

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A citocina fator de necrose tumoral a, em pacientes obesos, é encontrada em elevadas concentrações, possivelmente sendo o agente intermediário da relação entre doença periodontal e a obesidade.

A severidade da doença periodontal parece estar intimamente relacionada com a obesidade, já que em vários estudos é notável um aumento na profundidade de bolsa periodontal em pacientes obesos relacionando com pacientes com peso normal. Também é perceptível um aumento na prevalência de doença periodontal em pessoas obesas comparando com pessoas com o peso normal

Adultos jovens obesos aparentemente apresentam maior risco a desenvolver doença periodontal do que adultos jovens normais. JA pacientes abaixo do peso demonstram ma's resistência a desenvolver doença periodontal do que pacientes com peso normal.

importante destacar que serão necessários mais estudos de forma a comprovar a relação entre doença periodontal e obesidade, assim como elucidar como este processo é desencadeado, suas causas e tratamento.

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Referências

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