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ESTUDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE RECOLHA DE BIORRESÍDUOS NO MUNICÍPIO DA FIGUEIRA DA FOZ. Relatório Preliminar.

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ESTUDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE

RECOLHA DE BIORRESÍDUOS NO MUNICÍPIO DA

FIGUEIRA DA FOZ

Relatório Preliminar

maio de 2021

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FICHA TÉCNICA

Título

Estudo para o Desenvolvimento de Sistemas de Recolha de Biorresíduos no Município da Figueira da Foz

Promotor

Câmara Municipal da Figueira da Foz

Financiado por: Fundo Ambiental

Autoria

3Drivers - Engenharia, Inovação e Ambiente Lda. Av. Conde de Valbom, n.º 6, 6º piso

1050-068 Lisboa, Portugal Tel: (+351) 216 026 334 3drivers@3drivers.pt http://www.3drivers.pt Equipa de Trabalho António Lorena Rita Pombo Margarida Gomes João Ramos Inês Martins Edição Lisboa, 19 de maio de 2021

Créditos das imagens e figuras no relatório: Equipa de trabalho, exceto se identificado

(Fonte da imagem de capa:

https://www.cm-figfoz.pt/imgcrop/cmfigueiradafoz/uploads/links_list_item/image1/155/photo_by_mauro_correia___dsc_4742_1_1920_1080.jpg)

Disclaimer: O conteúdo deste documento é da responsabilidade dos seus autores, sendo que as

conclusões expressas podem não coincidir necessariamente com a posição oficial das entidades que contrataram o estudo.

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A identificação da melhor estratégia a implementar para a gestão dos biorresíduos consiste no principal objetivo do estudo, tendo em consideração as características demográficas e geográficas do Município da Figueira da Foz. Constitui também objetivo do estudo a apresentação de soluções que permitam obter benefícios económicos globais referentes à valorização destes resíduos e simultaneamente permitam evitar os custos e os impactos ambientais relativos à sua eliminação.

O Município da Figueira da Foz está subdividido em 14 freguesias, onde predominam os edifícios de habitação unifamiliar face ao número de edifícios habitacionais em altura. A população residente é estimada em 58 747 habitantes, variando sobretudo nos meses de verão, devido à atividade turística associada a praias e desportos náuticos, entre outras atrações turísticas.

Relativamente à produção e gestão de resíduos urbanos, a ERSUC, SA é responsável pela recolha seletiva multimaterial e pela gestão e tratamento dos resíduos urbanos. O Município da Figueira da Foz assegura a recolha dos resíduos indiferenciados e dos fluxos específicos através de um contrato de prestação de serviços, entre os quais se incluem o serviço de recolha de resíduos verdes.

Em 2019, a capitação média anual do Município da Figueira da Foz é de 537 kg/hab.ano. Os biorresíduos produzidos são sobretudo recolhidos e tratados com a fração indiferenciada, estimando-se um potencial desta fração em cerca de 13 298 toneladas por ano (média dos valores resultantes das campanhas de caracterização da composição física de resíduos indiferenciados efetuadas pela ERSUC, SA). Não obstante, importa salientar que os resultados destas campanhas correspondem à composição média de todos os resíduos indiferenciados que dão entrada nas instalações da ERSUC, SA provenientes dos municípios que a integram, estando por isso cientes que sendo a melhor informação disponível, estes não particularizam a realidade do Município da Figueira da Foz.

Face à necessidade de desenvolver e aplicar uma solução que permita valorizar os biorresíduos de forma eficaz, a Câmara Municipal da Figueira da Foz desenvolveu um projeto para a recolha seletiva destes resíduos, ao abrigo do Aviso POSEUR-11-2020-15, estando neste momento a sua candidatura aprovada.

Com o objetivo de verificar a adequabilidade técnica e económica da estratégia já definida pelo Município (Cenário I), foi analisada uma solução alternativa (Cenário II), definida da seguinte forma:

i. Cenário I – recolha de proximidade de produtores dos setores doméstico e não doméstico, recolha seletiva de resíduos verdes a pedido e compostagem doméstica;

ii. Cenário II – sendo igual ao Cenário I, introduz duas variantes nos serviços de recolha: recolha porta-a-porta de produtores não domésticos e recolha porta-a-porta de produtores do setor doméstico a partir de 2024.

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2 Em ambos os cenários as soluções de recolha contemplam as freguesias de Tavarede, Buarcos e S. Julião, Vila Verde, São Pedro, Marinha das Ondas, Maiorca, Alhadas, Lavos, Paião e Quiaios (recolha de proximidade e recolha porta-a-porta), e as freguesias de Alqueidão, Bom Sucesso, Ferreira-a-Nova e Moinhos da Gândara (compostagem doméstica). Dá-se continuidade ao serviço de recolha de resíduos verdes em todo o município. No que concerne à população abrangida, mais de 95% dos habitantes terão acesso aos serviços de recolha e reciclagem na origem de biorresíduos.

A tabela seguinte apresenta a análise comparativa dos diferentes cenários através dos resultados dos principais indicadores no horizonte do projeto, isto é a abrangência, eficácia e sustentabilidade económica e ambiental.

Tabela A: Análise comparativa dos principais indicadores técnicos, económicos e ambientais

Indicadores CENÁRIOS

I II

Taxa de alojamentos servidos

Resíduos alimentares 58% 62%

Resíduos verdes 100% 100%

Produtores não domésticos 0% 20%

Quantidade de biorresíduos

Taxa de captura (%) 37% 40%

Contribuição para a meta de preparação para

reutilização e reciclagem (%) 16% 17% Sustentabilidade económico-financeira

Custos unitários da operação (€/t) 64 67

Benefício/Custo (%) 122% 121%

Sustentabilidade ambiental

Emissão de gases com efeito de estufa (kgCO₂/t) 21,74 26,92

A análise conclui que o Cenário II permite atingir taxas de recuperação de biorresíduos ligeiramente mais elevadas (40%) comparativamente com o Cenário I (37%). Estes resultados repercutem-se num maior contributo para o cumprimento dos principais objetivos da gestão de resíduos definidos no contexto legal comunitário e nacional, especialmente da meta de preparação para a reutilização e reciclagem (17% no Cenário II). Em termos técnicos e operacionais, a solução de recolha em proximidade é a opção que melhor possibilita uma otimização eficiente dos recursos existentes uma vez que está em linha com o atual modelo de gestão, aliada à possibilidade de implementar uma recolha seletiva porta-a-porta dedicada quer no setor doméstico (a partir de 2024) quer no setor não doméstico (a partir de 2025). Somente na vertente ambiental, o Cenário I apresenta valores ligeiramente inferiores.

São as opções técnicas que definem o Cenário II que constituirão a solução proposta, permitindo recuperar 5 324 toneladas de biorresíduos no horizonte do projeto (2030), o que representa 40% face ao potencial de produção, implicando um investimento total estimado de 643 278 €. Desta forma garante-se que até 31 de dezembro de 2023, está implementado e disponibilizado à população um sistema de recolha seletiva de biorresíduos no Município da Figueira da Foz.

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3 Os custos operacionais associados ao sistema que se propõem poderão ascender aos 357 000 € anuais, representando cerca de 67€ por tonelada recolhida. Para garantir a cobertura dos custos líquidos da operação será necessário aplicar um aumento do tarifário ao utilizador final, da ordem dos 5,17 € por habitante e por ano.

A implementação da solução proposta será acompanhada de ações de comunicação e sensibilização aos utilizadores abrangidos, com o objetivo de estimular a adesão e a motivação para uma maior participação no sistema. Estão previstas ações de rua, de porta em porta, para garantir maior proximidade com os potenciais utilizadores e aumentar a probabilidade de adesão.

A responsabilidade pela implementação e gestão da estratégia para a recolha seletiva e valorização de biorresíduos produzidos na área geográfica do Município da Figueira da Foz é partilhada entre as entidades gestoras em alta e em baixa, isto é, o Município da Figueira da Foz assegura a implementação da solução proposta no seu território e todos os recursos necessários para a execução da recolha seletiva dos biorresíduos, entregando-os para valorização nas unidades de tratamento geridas pela ERSUC, SA, a quem compete garantir as condições operacionais necessária para a tratar e valorizar os biorresíduos recebidos.

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FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DE BIORRESÍDUOS – MUNICÍPIO DA

FIGUEIRA DA FOZ

Indicador Observações

Entidade gestora responsável pela atividade de recolha de biorresíduos

Câmara Municipal da

Figueira da Foz -

Entidade gestora responsável pelo tratamento e

valorização dos biorresíduos ERSUC, SA -

População residente (hab) 58 747 (estimativa INE para

2019) Produção anual de resíduos indiferenciados (t/ano) 27 068 (dados de 2019) Potencial de produção anual de biorresíduos (t/ano) 13 298

(estimativa com base na composição dos resíduos

indiferenciados)

Resíduos alimentares 33%

Resíduos verdes 12%

Solução proposta para a gestão dos biorresíduos produzidos Recolha de proximidade para os produtores

domésticos 98%

(taxa de população abrangida) Recolha de porta-a-porta para os produtores

domésticos 4%

(taxa de população abrangida) Recolha porta-a-porta nos produtores não

domésticos 100

(n.º de estabelecimentos abrangidos) Programas de compostagem doméstica e

comunitária 1%

(taxa de população abrangida)

Recolha seletiva de verdes a pedido 100% (produtores domésticos

e não domésticos) Taxa de recuperação de biorresíduos prevista (%) 40%

(valor estimado para o horizonte do projeto -

2030)

Rácio Opex / Recolha anual (€/t) 67 €

(valor estimado para o horizonte do projeto -

2030)

Investimentos previstos (€) 643 278 € (valor acumulado)

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ÍNDICE

SUMÁRIO EXECUTIVO ... 1

FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DE BIORRESÍDUOS – MUNICÍPIO DA FIGUEIRA DA FOZ ... 4

1. INTRODUÇÃO ... 8

2. CARATERIZAÇÃO DA ÁREA GEOGRÁFICA ... 9

2.1. Caracterização geográfica e do serviço de gestão de resíduos urbanos... 9

2.2. Caracterização sociodemográfica... 16

3. CARACTERIZAÇÃO ATUAL DA PRODUÇÃO E GESTÃO DE BIORRESÍDUOS NA ÁREA GEOGRÁFICA ... 18

3.1. Biorresíduos produzidos ... 18

3.2. Biorresíduos recolhidos seletivamente e projetos de recolha seletiva de biorresíduos ... 19

3.3. Biorresíduos desviados para compostagem comunitária e/ou doméstica e projetos existentes 21 3.4. Capacidade instalada de tratamento de biorresíduos em alta ... 21

3.5. Utilização de biorresíduos tratados... 22

4. ANÁLISE DE SOLUÇÕES DE RECOLHA DE BIORRESÍDUOS ... 24

4.1. Análise comparativa de soluções de recolha de biorresíduos ... 24

4.2. Análise custo-eficácia das soluções estudadas ... 28

5. ANÁLISE DA SOLUÇÃO PROPOSTA... 29

5.1. Potencial de recolha de biorresíduos, população abrangida e contributos para o cumprimento das metas do SGRU ... 29

5.2. Evolução dos quantitativos de biorresíduos a recolha seletivamente e a desviar para soluções de compostagem ... 29

5.3. Procura potencial de composto na área geográfica ... 30

5.4. Desagregação geográfica das soluções preconizadas ... 31

5.4.1. Evolução de quantitativos de biorresíduos a recolher e valorizar localmente para cada zona e população abrangida ... 31

5.4.2. Impacto expectável na mudança dos comportamentos sociais para cada zona ... 32

5.5. Investimentos a realizar e fontes de financiamento ... 32

5.6. Medidas a tomar em paralelo para estimular a adesão e continuidade do contributo do cidadão para o sistema... 33

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6 5.8. Cronograma de implementação ... 38 6. GOVERNANÇA ... 40 7. MEDIDAS DE ARTICULAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 41 7.1. Iniciativas de envolvimento e articulação com o sistema de gestão de resíduos responsável pelo tratamento ... 41 7.2. Iniciativas de envolvimento e articulação com as entidades gestoras dos municípios contíguos

41

7.3. Iniciativas de envolvimento da sociedade civil e respetivas evidências ... 41 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 42

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Freguesias do Município da Figueira da Foz ... 9

Figura 2: Evolução da produção de resíduos urbanos no Município da Figueira da Foz nos últimos 5 anos... 14

Figura 3: Produção mensal de resíduos urbanos no Município de Figueira da Foz, no período de 2018 a 2020 ... 14

Figura 4: Evolução da produção dos fluxos de resíduos valorizáveis recolhidos seletivamente, nos últimos 3 anos .... 16

Figura 5: Composição física dos resíduos indiferenciados recolhidos em 2019 no Município de Figueira da Foz ... 18

Figura 6: Cartaz informativo sobre o projeto de compostagem doméstica promovida ... 21

Figura 8: Evolução dos quantitativos de biorresíduos a recolher seletivamente ... 30

Figura 9: Evolução dos quantitativos de biorresíduos a desviar para compostagem doméstica e comunitária... 30

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Dimensão e classificação territorial das Freguesias do Concelho de Figueira da Foz ... 10

Tabela 2: Número de alojamentos e forma de ocupação principal ... 11

Tabela 3: Modelo de recolha de resíduos urbanos do Município da Figueira da Foz ... 13

Tabela 4: Evolução da produção dos diferentes fluxos de resíduos urbanos, ao longo dos últimos 4 anos ... 15

Tabela 5: Resumo dos indicadores de variação da população no Município da Figueira da Foz ... 17

Tabela 6: Potencial de produção de biorresíduos no Município de Figueira da Foz, por fração e por origem ... 19

Tabela 7: Capacidade instalada e a instalar para o tratamento de biorresíduos, sob a gestão da ERSUC, SA ... 22

Tabela 8: Produtos produzidos nas unidades de tratamento e valorização de biorresíduos da ERSUC, S.A., e principais formas de utilização... 23

Tabela 9: Análise comparativa de soluções de recolha de biorresíduos ... 26

Tabela 10: Análise comparativa dos principais indicadores técnicos, económicos e ambientais ... 28

Tabela 11: Potencial de recolha, população abrangida e contributos para as metas ... 29

Tabela 13: População abrangida e evolução dos quantitativos a recolher e a valorizar localmente ... 31

Tabela 14: Lista de investimentos a realizar e fontes de financiamento... 33

Tabela 15: Medidas de incentivo à participação... 34

Tabela 16: Gastos decorrentes da atividade de recolha seletiva e compostagem e Réditos da valorização de biorresíduos ... 36

Tabela 17: Cronograma de implementação dos sistemas de gestão de biorresíduos ... 39

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8

1. INTRODUÇÃO

As metas constantes na Diretiva (UE) 2018/851, relativa aos resíduos, incluem objetivos específicos para a gestão dos biorresíduos, nomeadamente: i) a implementação da recolha seletiva de biorresíduos até 31 de dezembro de 2023, ii) a partir de 2027 apenas os biorresíduos recolhidos seletivamente serão contabilizados para a meta de reutilização e reciclagem de resíduos urbanos, considerando somente a quantidade efetiva sujeita ao processo de reciclagem, ou seja, após quaisquer processos de limpeza ou triagem que sejam necessários para uma reciclagem de elevada qualidade e, iii) a meta para a preparação e reciclagem é de 65% até 2035.

Por todo o país existem atualmente várias soluções de gestão de biorresíduos, assentes sobretudo na recolha da fração de resíduos verdes. Quanto à fração de resíduos alimentares, as experiências ainda são escassas, e assentam maioritariamente na recolha dos resíduos produzidos pelo setor não doméstico (e.g. estabelecimentos de restauração e similares).

Torna-se por isso fundamental alargar a recolha seletiva nos setores doméstico e não doméstico, com o objetivo de aumentar as taxas de preparação para reutilização e reciclagem e o desvio destes resíduos de aterro. Para tal, quer as entidades gestoras em alta, quer as entidades getoras em baixa estão neste momento a definir estratégias e ações concretas que respondam ao desafio da gestão de biorresíduos, que deverão ter por base uma análise global às opções existentes para a recolha seletiva ou valorização na origem, nas suas dimensões técnica, económica e ambiental.

O presente estudo tem como principal objetivo identificar a melhor estratégia a implementar para a gestão dos biorresíduos produzidos tendo em consideração as características demográficas e geográficas do Município da Figueira da Foz. Para tal serão analisadas soluções que permitam obter benefícios económicos globais decorrentes da valorização desta fração evitando quer os custos quer os impactos ambientais relativos à sua eliminação.

O desenvolvimento deste estudo foi financiado pelo Fundo Ambiental ao abrigo do Programa de Apoio à Elaboração de Estudos Municipais para o Desenvolvimento de Sistemas de Recolha de Biorresíduos, publicado através do Despacho n.º 7262/2020, de 17 de julho.

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9

2. CARATERIZAÇÃO DA ÁREA GEOGRÁFICA

2.1. C

ARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA E DO SERVIÇO DE GESTÃO DE RESÍDUOS URBANOS

T

ERRITÓRIO

Situado na faixa litoral da sub-região do Baixo Mondego, e pertencente ao distrito de Coimbra, o Município da Figueira da Foz possui um território com uma área superficial de 379 km2,1 e que se encontra delimitado a norte por Cantanhede, a este por Montemor-o-Velho e Soure, a sul por Pombal e possui costa do Oceano Atlântico a oeste. O seu território está subdividido em 14 freguesias, nomeadamente:

+ Alhadas + Alqueidão; + Bom Sucesso; + Buarcos e São Julião; + Ferreira-a-Nova;

+ Lavos; + Maiorca;

+ Marinha das Ondas; + Moinhos da Gândara; + Paião; + Quiaios; + São Pedro; + Tavarede; + Vila Verde.

Figura 1: Freguesias do Município da Figueira da Foz (Fonte: adaptado de Direção Geral do Território CAOP 2013)

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10 Em termos de dimensão e classificação territorial, e de acordo com as Tipologia de Áreas Urbanas de 2014 (TIPAU 2014), as Freguesias da Figueira da Foz classificam-se conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1: Dimensão e classificação territorial das Freguesias do Concelho de Figueira da Foz (Fontes: INE 2011 e CM Figueira da Foz)

Freguesia População residente (hab.)2 Área (km2)3 Densidade populacional (hab./km2) TIPAU 20144 Alqueidão 1 752 19,67 89,07 APR Maiorca 2 703 25,14 107,52 APR

Marinha das Ondas 3 179 27,41 115,98 APR

Tavarede 9 441 10,72 880,69 APU

Vila Verde 2 898 17,29 167,61 AMU

São Pedro 2 910 7,01 415,12 APU

Bom Sucesso 2 133 60,36 35,34 APR

Moinhos da Gândara 1 265 10,74 117,78 AMU

Alhadas 4 757 31,84 149,40 AMU

Buarcos e São Julião 18 454 15,53 1188,28 APU

Ferreira-a-Nova 2 477 27,83 89,00 APR

Lavos 3 999 42,02 95,17 APR

Paião 3 115 31,19 99,87 APR

Quiaios 3 042 52,31 58,15 APR

Legenda:

APR – Área predominantemente rural; AMU – Área mediamente urbana; APU – Área predominantemente urbana Tendo em conta as características do parque habitacional das freguesias do Município da Figueira da Foz, constata-se que predominam edifícios de habitação unifamiliar face ao número de edifícios habitacionais em altura. Excetuam-se a freguesia de Tavarede e a Buarcos e São Julião, que por se tratarem das localidades mais urbanas contabilizam cerca de 58% do total alojamentos em altura existentes no território do concelho e, consequentemente, os valores mais elevados de densidade populacional.5

Quanto à forma de ocupação, os alojamentos familiares distribuem-se essencialmente em 2 categorias principais: (i) residência habitual e, (ii) ocupação sazonal ou secundária. Neste contexto, as freguesias do Município da Figueira da Foz são zonas tipicamente ocupadas como residência habitual, com exceçãoda freguesia de Buarcos e São Julião, por se tratar de uma zona piscatória de ocupação sazonal, com crescente procura turística de alojamentos durante a época estival. Também importa mencionar a freguesia de Quiabos, onde os valores entre as duas formas de ocupação supramencionadas possuem valores muito aproximados (residência habitual – 47% e, residência secundária ou sazonal – 53%). A Tabela 2 apresenta, de forma resumida, estas informações.

2 INE – Instituto Nacional de Estatística (2019): Censos 2011 - População residente por freguesia, CAOP 2013. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

3 Câmara Municipal de Figueira da Foz, 2021. Área da superfície das freguesias [online]. [Consult. março 2021].

4 INE – Instituto Nacional de Estatística (2014): Freguesias (31/12/2013) classificadas de acordo com a Tipologia de áreas urbanas, 2014. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

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11 Tabela 2: Número de alojamentos e forma de ocupação principal

(Fonte: INE 20115)

Freguesia Alojamentos Familiares

Clássicos (N.º) Residência habitual

Ocupação sazonal ou secundária

Alqueidão 970 71% 29%

Maiorca 1 316 76% 24%

Marinha das Ondas 1 605 71% 29%

Tavarede 5 385 68% 32% Vila Verde 1 594 72% 28% São Pedro 2 049 55% 45% Bom Sucesso 1 077 69% 31% Moinhos da Gândara 611 72% 28% Alhadas 2 104 73% 27%

Buarcos e São Julião 18 697 42% 58%

Ferreira-a-Nova 650 82% 18%

Lavos 2 128 68% 32%

Paião 1 148 73% 27%

Quiaios 2 370 47% 53%

No município da Figueira da Foz, de acordo com os dados do último levantamento censitário em 2011, verifica-se a terciarização da economia local, uma vez que este setor aloca 65% das atividades económicas do município, sucedido do setor secundário com 32%, e por último, o setor primário com apenas 4%6.

O Porto da Figueira da Foz e a decorrente atividade marítima, que se encontra vocacionada sobretudo para as atividades piscatórias, de recreio e o transporte marítimo de curta distância, têm impulsionado desenvolvimento económico do concelho. São também diversas as atividades industriais no Município da Figueira da Foz nomeadamente a construção naval e a produção de celulose, de sal e de vidro. Em situação oposta, o concelho tem sofrido o abandono das atividades agrícolas.

A atividade turística do Município da Figueira da Foz assume especial destaque, dado que é o concelho com maior capacidade hoteleira da Região Centro, essencialmente devido ao turismo sazonal nos meses de verão, associado: i) às praias, ii) à oferta de desportos náuticos, iii) às provas de motonáutica e a campeonatos de vela que o concelho acolhe. Referem-se outras dinâmicas e atrações turísticas como o património histórico da região, o Casino, a Serra da Boa Viagem, as Salinas da Morraceira, entre outras.6

Face ao potencial de atividade turística, e tendo em conta o âmbito do presente estudo, destacam-se os estabelecimentos relacionados com o alojamento e a restauração, uma vez que estes têm um elevado potencial de produção de biorresíduos. Na área do concelho de Figueira da Foz, em 2018, existiam cerca de 609 estabelecimentos desta natureza, dos quais 19% eram unidades hoteleiras e os restantes 81% diziam respeito a estabelecimentos de restauração e similares7.

5 INE – Instituto Nacional de Estatística (2012): Alojamentos (N.º) por Localização geográfica (à data dos Censos 2011) e Tipo de alojamento face à forma de ocupação e edifício; Decenal - INE, Recenseamento da população e habitação - Censos 2011. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

6 Conselho local de ação social da Figueira da Foz (2015): Diagnóstico Social – Figueira da Foz. Figueira da Foz.

7 INE – Instituto Nacional de Estatística (2014): Empresas (N.º por Localização geográfica (NUTS 2013) e Atividade económica (Subclasse – CAE Rev. 3); Anual. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

(16)

12

G

ESTÃO DE

R

ESÍDUOS

U

RBANOS

O Município da Figueira da Foz encontra-se inserido no Sistema Multimunicipal de Valorização e Tratamento de Resíduos Urbanos do Litoral Centro, cuja exploração encontra-se atribuída à ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro, S.A.. Desta forma, a ERSUC, S.A. assume-se como a entidade gestora em alta dos resíduos urbanos produzidos no concelho, sendo responsável pelo tratamento e processamento com vista à sua valorização e reciclagem. Tem também a seu cargo a recolha seletiva multimaterial, integrando tanto o setor doméstico como o setor não doméstico (cerca de 150 estabelecimentos de comércio e serviços, como escolas, IPSS e outros).

Os serviços de recolha da fração indiferenciada bem como a recolha seletiva de outros fluxos específicos, como são exemplo os resíduos verdes, os resíduos volumosos e os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos (REEE) são realizados através de um contrato de prestação de serviços, celebrado ao momento, com a SUMA - Serviços Urbanos e Meio Ambiente, S.A.

A recolha indiferenciada na área municipal da Figueira da Foz assenta num modelo de recolha coletiva, através da disponibilização de contentorização adequada na via pública para a deposição destes resíduos, e ainda, de um modelo de recolha porta-a-porta na zona histórica de Buarcos (resíduos indiferenciados e recolha seletiva multimaterial). No caso dos fluxos específicos, a recolha é realizada nas habitações mediante pedido, com agendamento prévio junto dos serviços competentes.

Quanto à organização dos serviços de recolha da fração indiferenciada existem 10 circuitos de recolha, distribuídos em turnos de manhã e à tarde. Quanto à frequência, 2 dos circuitos são diários e 8 circuitos são trissemanais, correspondendo ao total de 6 circuitos de recolha por dia. Quanto à recolha porta-a-porta na zona histórica de Buarcos existe apenas um circuito de recolha, de periocidade diária. A Tabela 3 apresenta de forma resumida o modelo de recolha de resíduos implementado no Município da Figueira da Foz.

(17)

13 Tabela 3: Modelo de recolha de resíduos urbanos do Município da Figueira da Foz

Sistema de recolha N.º contentores Tipologia dos

contentores População abrangida Periodicidade de recolha Observações Fração indiferenciada

Contentores enterrados e semi-enterrados 15 Enterrado de 3 m3

100%

Diária

Estes contentores estão situados na zona do Bairro Novo e do mercado municipal, e servem apenas um pequeno núcleo urbano onde estão localizados restaurantes e a bares noturnos.

Contentores de superfície 2 604 Carga traseira (1 000L a 1 100L)

Diária e trissemanal

A população Bairro Novo não está abrangida.

Porta-a-porta 80 Saco Diária Recolha ocorre apenas na zona

histórica de Buarcos. Fração seletiva multimaterial Ecopontos 361 Cyclea de 2,5 m3 100% n.d.

Contentores enterrados e semi-enterrados 6 Enterrado

de 5 m3 n.d.

Porta-a-porta Saco 1x/semana

Recolha ocorre apenas na zona histórica de Buarcos e o serviço é prestado por prestador de serviços

Resíduos de origem

comercial Fração seletiva multimaterial – Porta-a-porta n.d. Saco 150 n.d.

A ERSUC, S.A. assegura a recolha das 3 fileiras recicláveis dos

estabelecimentos aderentes, instituições e serviços municipais

(18)

14 Na Figura 2 é apresentada a evolução da produção de resíduos urbanos nos últimos 5 anos, no Município da Figueira da Foz, da qual é possível observar uma sucessiva tendência de crescimento.

Figura 2: Evolução da produção de resíduos urbanos no Município da Figueira da Foz nos últimos 5 anos (Fonte: CM Figueira da Foz)

No ano de 2020 foram produzidas cerca de 31 871 toneladas de resíduos urbanos, o que corresponde a uma capitação média anual de 543 kg/hab.ano, valores ligeiramente superiores ao ano anterior. Tendo como referência o ano de 2019, a capitação média anual do Município da Figueira da Foz (537 kg/hab.ano) apresenta um valor substancialmente superior ao da capitação média da ERSUC, S.A. (456 kg/hab.ano) bem como da produção média per capita nacional registada no mesmo ano, que se fixou em 511 kg/hab.ano8.

A Figura 3 representa a variação mensal da produção de resíduos urbanos, no período de 2016 a 2020.

Figura 3: Produção mensal de resíduos urbanos no Município de Figueira da Foz, no período de 2018 a 2020 (Fonte: CM Figueira da Foz)

Pela análise do gráfico anterior é possível perceber a existência de um aumento de resíduos produzidos nos meses de verão, entre junho e setembro, com um pico de produção no mês de agosto que atinge quase

8APA (2020): Relatório Anual de Resíduos Urbanos 2019. Amadora

0 100 200 300 400 500 600 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 2016 2017 2018 2019 2020 kg/hab .an o ton el ad as

Recolha indiferenciada Recolha seletiva multimaterial Outras recolhas Capitação RU

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Tonel

ada

s

(19)

15 as 3 mil toneladas, e que representa, aproximadamente 11% da totalidade de resíduos indiferenciados produzidos no ano correspondente.

Importa ter em consideração que apesar de não se ter verificado um decréscimo significativo na produção de resíduos urbanos em 2020, precedente das condições restritivas ao normal funcionamento da vida dos cidadãos e das empresas determinadas pelos sucessivos estados de emergência nacional decorrentes da pandemia COVID-19, é notória uma ligeira diminuição dos quantitativos produzidos na época alta no concelho. Estima-se que esta diminuição seja resultante da quebra da atividade turística no verão em 2020, e que este impacto possa estar associado sobretudo aos resíduos de origem não doméstica. Esta situação poderá constituir um importante fator na produção de resíduos nos próximos anos, em especial dos produtores comerciais, decorrente da instabilidade económica perspetivada e cujo impacto nas empresas nacionais não é possível de estimar para já.

Na Tabela 4 pode observar-se a distribuição dos quantitativos globais de resíduos urbanos recolhidos no Município de Figueira da Foz, através das diferentes tipologias de recolha, nomeadamente: a recolha indiferenciada, a recolha seletiva multimaterial e outras recolhas.

Tabela 4: Evolução da produção dos diferentes fluxos de resíduos urbanos, ao longo dos últimos 4 anos (Fonte: CM Figueira da Foz)

2017 2018 2019 2020

Toneladas

Recolha Indiferenciada 25 412 27 313 27 061 27 075 Recolha Seletiva 1 809 2 883 3 016 3 131

Papel/Cartão 554 1 073 1 041 1 143

Emb. de Plástico e Metal 417 530 600 729

Vidro 838 1 280 1 375 1 259

Outras recolhas 932 606 746 1 132

Verdes 932 606 746 1 132

TOTAL 28 153 30 802 30 823 31 338

Relativamente ao fluxo indiferenciado, os quantitativos recolhidos não têm sofrido uma variação significativa. No período de 2018 a 2019 registou-se uma descida de cerca de 1% da recolha. Em 2020, verificou-se um acréscimo de cerca de 7 toneladas, em comparação com o ano anterior (cerca de 0,03%, em peso).

Apesar da recolha indiferenciada representar a fração mais significativa da totalidade dos resíduos urbanos recolhidos (aproximadamente 85%), a recolha seletiva multimaterial tem vindo a ganhar expressão ao longo dos últimos anos, registando um aumento dos quantitativos recuperados. De referir, que em 2019, foi atingida uma capitação de 51,3 kg/hab.ano, consideravelmente superior à capitação média da ERSUC, S.A. registada no mesmo ano (44,6 kg/hab.ano). Em 2020 verificou-se um ligeiro aumento dos quantitativos da recolha seletiva multimaterial.

Não obstante a atual situação, é importante salientar que a ERSUC, S.A. mantém o esforço na implementação de medidas para o aumento da capacidade de recolha dos fluxos recicláveis,

(20)

16 nomeadamente com o aumento do número de ecopontos disponíveis na via pública bem como da implementação de circuitos de recolha porta-a-porta junto de estabelecimentos comerciais. Para além destas ações, o Município da Figueira da Foz tem apostado em diversas campanhas de comunicação e sensibilização da população sobre a temática da correta separação de resíduos.

A adoção deste tipo de medidas traduz-se num efeito muito positivo nos quantitativos recuperados, tal como é possível verificar no gráfico da Figura 4.

Figura 4: Evolução da produção dos fluxos de resíduos valorizáveis recolhidos seletivamente, nos últimos 3 anos (Fonte: CM Figueira da Foz)

2.2. C

ARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA

A Figueira da Foz é o segundo município mais populoso da sub-região do Baixo Mondego (logo após o Município de Coimbra) e que em 2019 contabilizava 58 747 habitantes9, o que representa aproximadamente 19% do total da população residente no Baixo Mondego. É possível observar que a dinâmica populacional tem sofrido uma perda gradual da população de 5%, face ao valor apurado nos Censos de 2011, acompanhado a tendência dos demais territórios municipais que pertencem à sub-região do Baixo Mondego.15

A diminuição da taxa de crescimento efetiva verificada no Município está igualmente a par com o contínuo envelhecimento demográfico. No que diz respeito ao índice de envelhecimento, o concelho apresenta uma população envelhecida, com um rácio de cerca de 219,7 idosos por cada 100 jovens10 em 2019. Em comparação com os dados relativos aos Censos de 2011, este índice agravou-se em 49,3 pontos percentuais.

9PORDATA (2020): População residente – média anual 2019. Lisboa. Fundação Francisco Manuel dos Santos. [Consult. março 2021]. 10PORDATA (2020): População residente – Índice de envelhecimento. Lisboa. Fundação Francisco Manuel dos Santos. [Consult. março 2021]. +59% +94% +27% +53% +30% +22% +30% +37% -2% +8% +23% -20% 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

Total recolha seletiva Papel/cartão Embalagens plástico e metal Vidro Tonel ada s 2017 2018 2019 2020

(21)

17 O Município da Figueira da Foz possui uma densidade populacional de 155 hab/km2, um valor elevado atendendo aos valores médios da Região Centro (82,6 hab/km2) onde se insere11. O seu território expressa uma clara concentração populacional nos centros urbanos do concelho, onde se situa a freguesia de Buarcos e São Julião (1188,28 hab/km2), seguido da freguesia de Tavarede (880,69 hab./km2) e, por último, apesar de em menor expressão, pela freguesia São Pedro (415,12 hab/km2).12

No que se refere aos movimentos pendulares da população no Município, os dados de 2011 demonstram uma variação equivalente a 7,87%13 da população residente (4 623)que corresponde a habitantes de outros municípios que entram diariamente para trabalhar ou estudar no Município de Figueira da Foz. Por sua vez, regista um maior movimento de saídas diárias da população residente, por estas mesmas razões, tendo sido registada uma variação de 12,15%14 (7 138).

Tabela 5: Resumo dos indicadores de variação da população no Município da Figueira da Foz (Fontes: INE - Censos 2011, PORDATA 2019)

População residente1 (hab) 58 747

Saldo populacional15 (hab) -119

População que entra diariamente para trabalhar ou estudar13 (hab) 4 623 População que sai diariamente para trabalhar ou estudar14 (hab) 7 138

Variação diária da população (%) -4,28

11INE – Instituto Nacional de Estatística (2020): Densidade populacional (N.º/ km²) por Local de residência (NUTS - 2013); Anual. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

12 Câmara Municipal da Figueira da Foz (2015): Tendências demográficas no município da figueira da foz: passado, presente e futuro. Figueira da Foz.

13INE – Instituto Nacional de Estatística (2013): Proporção da população residente que entra da unidade territorial (movimentos pendulares) (%) por Local de residência (à data dos Censos 2011); Decenal. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

14INE – Instituto Nacional de Estatística (2013): Proporção da população residente que sai da unidade territorial (movimentos pendulares) (%) por Local de residência (à data dos Censos 2011); Decenal. Lisboa. INE. [Consult. março 2021].

15PORDATA (2020): População residente: Saldo populacional anual 2019. Lisboa. Fundação Francisco Manuel dos Santos. [Consult. março 2021].

(22)

18

3. CARACTERIZAÇÃO ATUAL DA PRODUÇÃO E GESTÃO DE

BIORRESÍDUOS NA ÁREA GEOGRÁFICA

3.1. B

IORRESÍDUOS PRODUZIDOS

Ao momento, os biorresíduos produzidos no Município da Figueira da Foz, em particular os resíduos alimentares, são recolhidos e tratados em conjunto com a fração indiferenciada. Assim, o apuramento do potencial de produção de biorresíduos no território do concelho tem por base os quantitativos da fração indiferenciada recolhida e a sua composição física, resultado das campanhas de caracterização realizadas anualmente pela ERSUC, S.A. (Figura 5).

Figura 5: Composição física dos resíduos indiferenciados recolhidos em 2019 (Fonte: ERSUC, S.A. 2020)

Importa ter em consideração que os dados apresentados no gráfico anterior dizem respeito à composição média dos resíduos indiferenciados que dão entrada nas instalações da ERSUC, S.A., provenientes de todos os municípios que a integram, pelo que sendo a melhor informação disponível, não representam de forma individual a realidade do Município da Figueira da Foz.

Não obstante, é possível concluir que a percentagem de biorresíduos presente na fração indiferenciada é elevada (aproximadamente 48%), do quais cerca de 33% são resíduos alimentares e os restantes cerca de 12% dizem respeito a resíduos verdes.

Resíduos alimentares 33.4% Resíduos verdes 12.3% Papel/Cartão 6.0% Plástico 13.5% Vidro 3.8% Compósitos 3.8% Têxteis 4.3% Têxteis sanitários 10.8% Metais 1.7% Madeira 0.1% Outros resíduos 1.0% Elementos finos (<20 mm) 9.3% Biorresíduos 47.8%

(23)

19 No entanto, para o apuramento do potencial de biorresíduos produzidos no Município da Figueira da Foz, é necessário ter em conta os quantitativos de resíduos verdes recuperados seletivamente através do modelo atualmente em implementação, e que se descreve com maior detalhe na secção seguinte.

Na Tabela 6: Potencial de produção de biorresíduos no Município de Figueira da Foz, por fração e por origem apresenta-se, em termos quantitativos o potencial de biorresíduos estimado para o Município da Figueira da Foz, com a respetiva diferenciação por fração: alimentares e verdes.

Tabela 6: Potencial de produção de biorresíduos no Município de Figueira da Foz, por fração e por origem

Potencial de biorresíduos 2018 2019 2020 Toneladas/ano Resíduos indiferenciados 27 313 27 068 27 075 % resíduos orgânicos 33% 33% 31% % resíduos verdes 12% 12% 17% Resíduos alimentares 8 879 9 035 8 428 Resíduos verdes 3 207 3 337 4 522

Resíduos verdes (recolha seletiva) 606 746 1 132 Potencial médio (t/a)

Subtotal resíduos orgânicos 8 879 9 035 8 428 8 781 Subtotal resíduos verdes 3 813 4 083 5 654 4 517

Potencial de Biorresíduos 12 692 13 119 14 082 13 298

De acordo com a informação apurada, espera-se que o potencial anual de produção e recolha de biorresíduos no Município da Figueira da Foz seja de aproximadamente 13 298 toneladas.

À data do presente estudo não existem circuitos dedicados de recolha de resíduos alimentares, pelo que não é possível fazer uma distinção direta da origem dos resíduos recolhidos nos setores doméstico e não doméstico.

3.2. B

IORRESÍDUOS RECOLHIDOS SELETIVAMENTE E PROJETOS DE RECOLHA SELETIVA DE BIORRESÍDUOS

Atualmente o Município da Figueira da Foz dispõe de circuitos de recolha seletiva de resíduos verdes, que são assegurados através do prestador de serviços SUMA, S.A., e que consiste num serviço gratuito de recolha ao domicílio, mediante pedido e agendamento prévio. Para além deste serviço, também é realizada a recolha de resíduos verdes depositados em locais de deposição indevida, abandonados na via pública junto aos contentores ou noutros locais suscetíveis a descargas ilegais. Porém, pelo facto de estarem misturados com outras frações contaminantes, os resíduos verdes recuperados nestes circuitos nem sempre são passíveis de valorização.

(24)

20 Os resíduos verdes podem ainda ser depositados no Ecocentro da Estação de Transferência da Figueira da Foz nos termos do regulamento de utilização destas instalações que permitem a descarga de aparas de jardinagem, ramos de pequenas podas e relva. Não é permitido depositar flores e plantas envasadas ou envolvidas com celofane e outro tipo de materiais de embalagem.

A evolução dos quantitativos de resíduos verdes recolhidos seletivamente no Município da Figueira da Foz, é apresentada anteriormente na Tabela 6.

Consciente da necessidade do cumprimento das metas de preparação para reutilização e reciclagem, e o consequente desvio de resíduos urbanos biodegradáveis para aterro, previstas no PERSU2020+, ao mesmo tempo que deve ser potenciada a obtenção de um composto de qualidade superior, a partir da recolha seletiva de biorresíduos na origem, o Município da Figueira possui um projeto em fase de implementação destinado à recolha seletiva de biorresíduos, através do processo de candidatura ao Aviso POSEUR-11-2019-29.

Nesta fase decorrente do projeto, as áreas abrangidas por esta candidatura são as freguesias urbanas de Buarcos e São Julião, São Pedro, Tavarede e Vila Verde, por se tratarem das mais representativas do ponto de vista da produção potencial de biorresíduos, dada a elevada densidade populacional, pressão urbanística e afluência turística e de visitantes, em especial durante época alta e períodos festivos.

A seleção destas freguesias é corroborada no “Estudo prévio sobre a implementação da recolha seletiva em

Portugal Continental incidindo em especial sobre o fluxo dos biorresíduos”, realizado pela Agência

Portuguesa do Ambiente, como tendo sido identificadas com potencial técnico e económico para a implementação de um sistema de recolha seletiva de biorresíduos.

Em termos práticos, este projeto tem em vista as seguintes soluções técnicas:

+ Implementação de um sistema de contentorização por proximidade, que prevê a instalação de 340 contentores de 1 000L, dotados de um sistema de abertura com cartão NFC, e que irá estar localizado em zonas onde exista duplicação de unidades semelhantes para a fração indiferenciada, locais de maior produção local e, bem como em simultâneo, em novos locais.

Serão também disponibilizados 23 838 baldes de 10L, por cada alojamento aderente, na área de operação, por forma a permitir a segregação dos biorresíduos proveniente das habitações.

+ As equipas de comunicação e sensibilização do projeto, irão realizar ações de abordagem iniciais presencialmente, na área de operação, com o intuito de expor os objetivos e importância da implementação deste projeto, dado que o acesso ao sistema de deposição coletiva encontra-se dependente da captação dos cidadãos de forma voluntária.

+ Após a adesão por parte dos interessados, e finalizado o registo obrigatório, é entregue o cartão NFC de acesso. Durante a fase de acompanhamento dos utilizadores registados, o sistema de

(25)

21 contentorização irá ser monitorizado, por forma, a garantir a qualidade dos biorresíduos depositados, e caso seja necessário, sensibilizar junto dos utilizadores para a necessidade de adotar medidas corretivas. Por último, a recolha seletiva dos biorresíduos irá ser realizada por parte do prestador de serviços, sendo os circuitos de recolha do sistema implementado otimizados, em função, da evolução dos quantitativos depositados, e de acordo. com a manutenção das condições de higienização de limpeza necessárias para os locais de deposição.

3.3. B

IORRESÍDUOS DESVIADOS PARA COMPOSTAGEM COMUNITÁRIA E

/

OU DOMÉSTICA E PROJETOS EXISTENTES

Desde 2010, o Município da Figueira da Foz tem incentivado os residentes para a prática da compostagem doméstica, promovendo, por isso, a venda de compostores unifamiliares com 0,33 m3 de capacidade a um custo inferior ao preço de venda no mercado. Estima-se que entre o período de 2014 e 2020 tenham sido adquiridos 130 compostores por parte da população aderente. O objetivo desta iniciativa é a utilização final do composto obtido no solo ou jardins das residências dos participantes.

Figura 6: Cartaz informativo sobre o projeto de compostagem doméstica promovida pelo Município da Figueira da Foz

(Fonte: CM Figueira da Foz 2021)

3.4. C

APACIDADE INSTALADA DE TRATAMENTO DE BIORRESÍDUOS EM ALTA

O Município da Figueira da Foz integra o Sistema Multimunicipal de Valorização e Tratamento de Resíduos Urbanos do Litoral Centro, cuja exploração está atribuída à ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro, S.A.

(26)

22 A ERSUC, S.A. abrange uma área com cerca de 6 700 km2 e uma população de aproximadamente 1 milhão de habitantes, sendo responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos urbanos produzidos nos 36 Municípios que a integram.

No ano de 2012, a ERSUC, S.A. concluiu a construção de duas infraestruturas, os Centros Integrados de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CITVRSU), a funcionar nas freguesias de Vil de Matos e Eirol pertencentes aos concelhos de Coimbra e Aveiro, respetivamente. Em conjunto, estes dois Centros recorrendo às melhores tecnologias disponíveis, são compostos pelas seguintes soluções de tratamento:

+ 2 unidades de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB); + 2 aterros sanitários;

+ 7 estações de transferência;

+ 2 centrais de triagem dos fluxos da recolha seletiva; + 7 ecocentros;

+ 2 unidades de produção de CDR;

+ 5 centrais de valorização energética de biogás.

Especificamente relacionado com a gestão de biorresíduos a ERSUC, S.A. tem previstos investimentos para a adaptação das suas duas unidades de TMB com linhas dedicadas para a valorização dos biorresíduos que serão recolhidos seletivamente em todos os municípios da Região Centro que a integram, nos seguintes moldes:

Tabela 7: Capacidade instalada e a instalar para o tratamento de biorresíduos, sob a gestão da ERSUC, SA (Fonte: ERSUC, S.A.)

Nome da infraestrutura / Solução de Valorização Ponto de situação da instalação Tipologia dos resíduos tratados Capacidade instalada (t/ano) Capacidade a instalar (t/ano) Produto final após valorização dos biorresíduos Quantidade de produto final TMB Aveiro

Existente Fração indiferenciada 190 000 - Composto (t) 8 342* Adaptação Biorresíduos

(recolha seletiva) - 20 000 Composto (t) - TMB Coimbra

Existente Fração indiferenciada 190 000 - Composto (t) * Adaptação Biorresíduos

(recolha seletiva) - 20 000 Composto (t) - *no total das duas unidades

3.5. U

TILIZAÇÃO DE BIORRESÍDUOS TRATADOS

Depois de tratados nas unidades de valorização da ERSUC, S.A. os biorresíduos originam essencialmente dois tipos de produtos, composto orgânico e biogás que depois é transformado em energia elétrica.

Em termos mais específicos para cada unidade de tratamento, e em linha com a informação apresentada anteriormente, os produtos finais obtidos e a sua principal utilização são apresentados na tabela seguinte.

(27)

23 Tabela 8: Produtos produzidos nas unidades de tratamento e valorização de biorresíduos da ERSUC, S.A., e principais

formas de utilização (Fonte: ERSUC, S.A. 2019) Infraestrutura / Solução de

Valorização

Produto final após valorização dos

biorresíduos

Quantidade produzida por ano

Principais formas de utilização do produto final

CITVRSU de Coimbra e Aveiro

(Digestão Anaeróbia +

cogeração) Energia 35 548 MWh Rede Elétrica Nacional Aterros sanitários (cogeração) Unidade de Compostagem de Vil de Matos Composto 8 342 toneladas FERTISUC®:

- CLASSE II: culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente pomares, olivais, vinhas e espécies silvícolas.

ADUBOM®:

- CLASSE IIA: culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente pomares, olivais, vinhas e espécies silvícolas Unidade de

Compostagem de Eirol Composto

BIOCRESCE®

- CLASSE IIA: a utilizar apenas

em culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente pomares, olivais, vinhas e espécies silvícola.

O destino dos compostos orgânicos produzidos, mediante a sua qualidade, será a venda a agricultores, empresas de jardinagem e empresas florestais.

(28)

24

4. ANÁLISE DE SOLUÇÕES DE RECOLHA DE BIORRESÍDUOS

4.1. A

NÁLISE COMPARATIVA DE SOLUÇÕES DE RECOLHA DE BIORRESÍDUOS

Para a definição das soluções que serão analisadas no presente estudo, foram tidos em consideração os seguintes aspetos: i) análise de benchmarking sobre as principais opções técnicas disponíveis de recolha e de valorização na origem, ii) condições sociodemográficas e territoriais do Município da Figueira da Foz, iii) o atual modelo de gestão de resíduos urbanos, iv) o potencial de produção de biorresíduos estimado e, v) selecção de soluções que pelas suas características operacionais melhor se adequam ao contexto da Figueira da Foz, numa ótica da maior eficiência do processo e da sustentabilidade técnica e económica do sistema integrado.

Atualmente, apenas a gestão da fração verde consta do modelo de gestão de biorresíduos do Município da Figueira da Foz, pelo que o desenho da estratégia deverá ter por base um nível de ambição realista e enquadrado num contexto de novidade que o sistema constituirá tanto para o Município como para a população. A integração da fração orgânica (resíduos alimentares) deverá, portanto ser gradual e centrada nas zonas de maior potencial de produção desta fração por forma a permitir uma maior otimização da própria operação. Neste sentido, e sendo uma zona com elevada influência turística, foi tida em conta a importância que o setor não doméstico poderá ter no sistema.

Com base nestes aspetos, foram analisados os seguintes cenários:

CENÁRIO I:

▪ recolha seletiva de biorresíduos em regime de proximidade: em linha com o atual modelo de recolha de indiferenciados o que permitirá uma melhor otimização dos recursos existentes a médio prazo, dá-se continuidade ao projeto atualmente em implementação, alargando a zona de intervenção a partir de 2024 e abrangendo cerca de 97% da população residente nas freguesias de Alhadas, Buarcos/S. Julião, Lavos, Maiorca, Marinha das Ondas, Paião, Quiaios, São Pedro, Tavarede e Vila Verde. Considera-se a instalação de contentorização dedicada para os biorresíduos junto aos atuais pontos de deposição de indiferenciados, em locais de maior produção e em novos locais sempre que aplicável;

▪ recolha seletiva de resíduos verdes a pedido: esta solução é a mais adequada para a gestão dos resíduos verdes, abrangendo todas as habitações do concelho onde são produzidas quantidades relevantes de resíduos de jardim permitindo o seu desvio dos restantes fluxos urbanos, especialmente dos resíduos alimentares. Considera-se o reforço da promoção do serviço atualmente disponível no município, junto da população para garantir maiores taxas de recuperação destes resíduos;

(29)

25 ▪ compostagem doméstica: nas zonas rurais ou onde a dispersão populacional é mais elevada, a recolha seletiva pode tornar-se economicamente insustentável. Nestas áreas onde a tipologia das habitações é maioritariamente unifamiliar, uma solução adequada e eficaz passa por promover a valorização na origem através da compostagem doméstica. Considera-se um aumento gradual desta solução nos alojamentos que tenham condições para acolher esta opção (e.g. moradias com jardins), em todas as freguesias do Município sempre que haja interessados, mas com especial enfoque da promoção desta solução nas freguesias de Alqueidão, Bom Sucesso, Ferreira-a-Nova e Moinhos da Gândara. Serão abrangidas 500 habitações até 2030, o que representa aproximadamente 1% dos alojamentos do Município.

CENÁRIO II:

▪ recolha seletiva de biorresíduos em regime de proximidade: à semelhança do Cenário I, com a diferença de ser exclusivamente dedicado ao setor doméstico, será um serviço a ser implementado nas freguesias de Alhadas, Buarcos/S. Julião, Lavos, Maiorca, Marinha das Ondas, Paião, Quiaios, São Pedro, Tavarede e Vila Verde abrangendo cerca de 93% da população; ▪ recolha porta-a-porta no setor doméstico: na zona não abrangida pela recolha de proximidade,

inclui-se a implementação de um sistema de recolha porta-a-porta numa área das freguesias de Buarcos/S. Julião e Tavarede e com a estrutura urbana e territorial adequada a esta solução, a partir de 2025. Poderão ser abrangidas moradias de tipologia unifamiliar mas também a zona histórica de Buarcos;

▪ recolha porta-a-porta nos produtores não domésticos: considera-se a implementação de uma recolha dedicada ao setor não doméstico a partir de 2024, abrangendo 100 estabelecimentos HORECA, onde existe um elevado potencial de resíduos alimentares. Os estabelecimentos aderentes estarão localizados nas freguesias de Buarcos/S. Julião, São Pedro, Tavarede e Vila Verde, por se tratarem de zonas com maior pressão turística e população veraneante no Município;

▪ recolha seletiva de resíduos verdes a pedido: à semelhança do Cenário I, pretende-se estimular a população a utilizar este serviço já disponibilizado pelo município através da sua promoção, garantindo um aumento das taxas de recuperação destes resíduos;

▪ compostagem doméstica: à semelhança do Cenário I, esta solução será promovida em todas as freguesias do Município sempre que haja interessados, mas com especial enfoque da promoção desta solução nas freguesias de Alqueidão, Bom Sucesso, Ferreira-a-Nova e Moinhos da Gândara. Serão igualmente abrangidas 500 habitações até 2030, o que representa aproximadamente 1% dos alojamentos do Município.

Os resultados da análise comparativa entre estes três cenários apresentam-se na tabela seguinte. Esta análise teve por base a metodologia definida pelo Fundo Ambiental16.

(30)

26 Tabela 9: Análise comparativa de soluções de recolha de biorresíduos

Indicadores Unid. CENÁRIO I CENÁRIO II

2023 2027 2030 2023 2027 2030

Acessibilidade ao serviço de recolha

Taxa de alojamentos servido com recolha seletiva e

reciclagem na origem dos biorresíduos

Resíduos alimentares % 58% 58% 58% 58% 62% 62% Via pública % 57% 57% 57% 57% 57% 57% Porta-a-porta % 0% 0% 0% 0% 4% 4% Reciclagem na origem % 0% 1% 1% 0% 1% 1% Resíduos verdes % 100% 100% 100% 100% 100% 100% Via pública % 100% 99% 99% 100% 99% 99% Porta-a-porta % 0% 0% 0% 0% 0% 0% Reciclagem na origem % 0% 1% 1% 0% 1% 1%

Taxa de produtores não domésticos servidos com recolha seletiva e reciclagem na origem dos biorresíduos

Produtores não domésticos % 0% 0% 0% 0% 20% 20%

Quantidade de biorresíduos

Quantidade potencial de biorresíduos t 13 642 13 486 13 326 13 642 13 486 13 326 Quantidade de biorresíduos recolhidos seletivamente t 2 786 3 560 4 903 2 786 4 069 5 324

Taxa de captura de biorresíduos % 20% 26% 37% 20% 30% 40%

Contribuição dos biorresíduos recolhidos seletivamente

para a taxa de preparação para reutilização e reciclagem % 12% 11% 16% 12% 13% 17% Sustentabilidade económico-financeira

Gastos operacionais (média/ano, desde 2021 até data de

referência) € 341 938 € 313 921 € 312 667 € 300 420 € 336 908 € 354 637 €

Benefício/Custo (rácio da média/ano com valores desde

2021 até data de referência) % 82% 103% 122% 93% 105% 119%

Investimento (valor acumulado descontado) € 398 703 € 562 640 € 562 640 € 397 455 € 584 217 € 584 217 € Viabilidade do projeto - Indicadores

económico-financeiros

VAL - Valor Atualizado Líquido (2021 até data de

(31)

27

Indicadores Unid. CENÁRIO I CENÁRIO II

2023 2027 2030 2023 2027 2030

TRC - Tempo de Recuperação do Capital investido (2021

até data de referência) ano

Investimento não coberto até 2023 Investimento não coberto até 2027 10 Investimento não coberto até 2023 Investimento não coberto até 2027 10 IR - Índice de Rendibilidade (VAL/Investimento) % -125% -78% 1% -96% -68% 1% AE - Anuidade Equivalente (valor anual equivalente ao

VAL) € -179 043 € -73 275 € 704 € -138 128 € -66 039 € 841 €

Quantidade Crítica t 5 802 5 997 6 784 5 055 6 735 7 569

Notas

Custo do capital % 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

Depreciações e amortizações (média/ano, desde 2021 até

data de referência) € 28 033 € 17 784 € 12 449 € 27 944 € 18 535 € 12 974 €

Sustentabilidade ambiental

Emissão de gases com efeito de estufa kg CO₂/t 27,59 26,12 21,74 27,59 31,81 26,92

Nota: No apuramento da taxa de abrangência de alojamentos foi considerado o número total de alojamentos existentes no município, contudo o dimensionamento das soluções apenas teve em consideração as habitações de utilização permanente excluindo, por isso, as habitações de ocupação secundária ou sazonal que representam cerca de 40% do total do edificado residencial do território.

(32)

28

4.2. A

NÁLISE CUSTO

-

EFICÁCIA DAS SOLUÇÕES ESTUDADAS

A tabela seguinte apresenta a análise comparativa dos diferentes cenários através dos principais indicadores: abrangência, eficácia, sustentabilidade económica e ambiental em 2030.

Tabela 10: Análise comparativa dos principais indicadores técnicos, económicos e ambientais

Indicadores CENÁRIOS

I II

Taxa de alojamentos servidos

Resíduos alimentares 58% 62%

Resíduos verdes 100% 100%

Produtores não domésticos 0% 20%

Quantidade de biorresíduos

Taxa de captura (%) 37% 40%

Contribuição para a meta de preparação para

reutilização e reciclagem (%) 16% 17% Sustentabilidade económico-financeira

Custos unitários da operação (€/t) 64 67

Benefício/Custo (%) 122% 119%

Sustentabilidade ambiental

Emissão de gases com efeito de estufa (kgCO₂/t) 21,74 26,92

Em ambos os cenários os indicadores de desempenho apresentados são similares. Analisando os resultados, verifica-se que o Cenário II permite atingir taxas de recuperação de biorresíduos ligeiramente mais elevadas (40%) comparativamente com o Cenário I (37%). Estes resultados repercutem-se num maior contributo para o cumprimento dos principais objetivos da gestão de resíduos definidos no contexto legal comunitário e nacional, especialmente da meta de preparação para a reutilização e reciclagem (17% no Cenário II) que será diretamente afetada pelo sucesso dos sistemas de recolha de biorresíduos que venham a ser implementados.

Quanto aos indicadores económico-financeiros, o Cenário I apresenta uma ligeira vantagem no rácio benefício/custo assim como nos custos operacionais unitários da operação, embora as diferenças entre as duas soluções não sejam significativas uma vez que os valores em ambos os cenários são da mesma ordem de grandeza. Em termos técnicos e operacionais, a solução de recolha em proximidade é a opção que melhor possibilita uma otimização eficiente dos recursos existentes uma vez que está em linha com o atual modelo de gestão (Cenários I e II até 2023), aliada à possibilidade de implementar uma recolha seletiva porta-a-porta dedicada quer no setor doméstico quer no setor não doméstico (Cenário II) e diversificar dessa forma o conjunto de serviços disponibilizados à população do Município da Figueira da Foz. A análise da sustentabilidade ambiental dos cenários propostos demonstra uma vantagem do Cenário I com emissões de gases com efeito de estufa, na ordem dos 22 kgCO2 por tonelada recolhida em 2030.

Em suma, os resultados obtidos demonstram um equilíbrio entre as duas soluções, embora o Cenário I demonstre alguns pontos de vantagem especialmente no que respeita aos custos de operação, considera-se que existe uma compensação no Cenário II pelos benefícios decorrentes do aumento das taxas de captura. Neste sentido, são as opções técnicas que definem o Cenário II que constituirão a solução proposta.

(33)

29

5. ANÁLISE DA SOLUÇÃO PROPOSTA

5.1. P

OTENCIAL DE RECOLHA DE BIORRESÍDUOS

,

POPULAÇÃO ABRANGIDA E CONTRIBUTOS PARA O CUMPRIMENTO DAS METAS DO

SGRU

A solução técnica proposta permite atingir os seguintes parâmetros em termos de população servida, potencial de recuperação de biorresíduos e respetivo contributo para as metas de gestão de resíduos da ERSUC, SA:

Tabela 11: Potencial de recolha, população abrangida e contributos para as metas

Indicadores unid. FIGUEIRA DA FOZ

2023 2027 2030

Abrangência da solução proposta

População servida com recolha seletiva e reciclagem na origem dos biorresíduos

Resíduos alimentares % 55% 74% 98%

Resíduos verdes % 100% 100% 100%

Produtores não domésticos servidos com recolha seletiva e reciclagem na origem dos biorresíduos

Resíduos alimentares n.º 0 100 100

Resíduos verdes n.º 0 0 0

Quantidade de biorresíduos recuperados

Quantidade potencial de biorresíduos t 13 642 13 486 13 326 Quantidade de biorresíduos recuperados t 2 786 4 069 5 324 Taxa de captura de biorresíduos % 20% 30% 40% Contribuição dos biorresíduos recolhidos

seletivamente para a taxa de preparação para reutilização e reciclagem

% 12% 13% 17%

5.2. E

VOLUÇÃO DOS QUANTITATIVOS DE BIORRESÍDUOS A RECOLHA SELETIVAMENTE E A DESVIAR PARA SOLUÇÕES DE COMPOSTAGEM

Nos gráficos seguintes apresenta-se a evolução dos quantitativos de biorresíduos que se espera recolher seletivamente com a implementação da solução proposta, assim como os biorresíduos desviados para a solução de valorização na origem (compostagem doméstica).

(34)

30 Figura 7: Evolução dos quantitativos de biorresíduos a recolher seletivamente

Figura 8: Evolução dos quantitativos de biorresíduos a desviar para compostagem doméstica e comunitária

5.3. P

ROCURA POTENCIAL DE COMPOSTO NA ÁREA GEOGRÁFICA

No que se refere ao composto produzido a partir de biorresíduos de recolha seletiva, é expectável que este seja de qualidade elevada. Assim, prevê-se que o mesmo possa ser aplicado como fertilizante: i) na agricultura, ii) na jardinagem, iii) como substrato na produção de plantas e, iv) em pomares, vinhas e áreas florestais.

O potencial de procura do composto na região do Município da Figueira da Foz foi estimado com base na Carta de Uso e Ocupação do Solo (COS) desenvolvida pela Direção-Geral do Território, atendendo a usos de produção que mais facilmente incorporem composto de base de biorresíduos. Neste contexto, analisou-se a área de olival, de pomares e de vinha, que repreanalisou-sentam no total cerca de 40 hectares. Embora analisou-seja um valor marginal, verifica-se que os municípios contíguos integrados na área de abrangência da ERSUC,

2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 Resíduos verdes 1553 1551 1549 1545 1540 1633 1708 1835 1961 2086 Resíduos alimentares 1096 1154 1212 1666 1944 2107 2320 2588 2869 3180 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 Bi orresí duos recol hi dos (t /a no) 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 Resíduos verdes 8 10 12 14 15 18 20 23 26 28 Resíduos alimentares 8 11 13 14 16 19 22 24 27 30 0 10 20 30 40 50 60 70 t/an o

(35)

31 apresentam zonas extensas destas culturas como por exemplo Soure (1 500 ha), Condeixa-a-Nova (1 000 ha) e Cantanhede (3 300 ha). Estas áreas poderão absorver a parte do composto resultante da valorização dos biorresíduos recolhidos seletivamente na Figueira da Foz.

5.4. D

ESAGREGAÇÃO GEOGRÁFICA DAS SOLUÇÕES PRECONIZADAS

5.4.1.

Evolução de quantitativos de biorresíduos a recolher e valorizar localmente para cada

zona e população abrangida

Na tabela seguinte apresenta-se informação desagregada relativa à solução proposta, por modelo técnico e por Freguesia, nomeadamente no que diz respeito à população abrangida e à evolução dos quantitativos que se espera recuperar.

Tabela 12: População abrangida e evolução dos quantitativos a recolher e a valorizar localmente

Solução técnica 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

Recolha seletiva em regime de proximidade

População abrangida (%) 54% 54% 54% 57% 60% 64% 70% 77% 84% 93%

Alhadas 0 0 0 500 700 1 000 1 750 2 600 4 113 4 757

Buarcos/S.Julião 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100 17 100

Lavos 0 0 0 0 500 900 1 300 2 500 2 750 3 844

Maiorca 0 0 0 300 500 1 000 1 500 1 700 2 522 2 703

Marinha das Ondas 0 0 0 500 744 1 000 1 750 2 500 2 915 3 188

Paião 0 0 0 0 400 700 1 000 2 000 2 000 3 115

Quiaios 0 0 0 0 456 700 1 000 1 000 2 000 3 045

S. Pedro 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950

Tavarede 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700 8 700

Vila Verde 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950 2 950

Biorresíduos valorizados (t/ano) 1 096 1 154 1 212 1 323 1 465 1 612 1 810 2 064 2 330 2 626

Recolha seletiva porta-a-porta nos produtores domésticos

População abrangida (%) 0% 0% 0% 0% 4% 4% 4% 4% 4% 4%

Buarcos/S. Julião 0 0 0 0 1 396 1 396 1 396 1 396 1 396 1 396

Tavarede 0 0 0 0 750 750 750 750 750 750

Biorresíduos valorizados (t/ano) 0 0 0 0 125 128 132 135 138 142

Recolha seletiva de resíduos verdes a pedido

População abrangida (%) 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Biorresíduos valorizados (t/ano) 1 553 1 551 1 549 1 545 1 540 1 633 1 708 1 835 1 961 2 086

Recolha porta-a-porta nos produtores não domésticos

Estabelecimentos abrangidos

(nº) 0 0 0 100 100 100 100 100 100 100

Biorresíduos valorizados (t/ano) 0 0 0 343 354 366 378 389 401 413

Compostagem doméstica População abrangida (%) 0,3% 0,4% 0,5% 0,6% 0,6% 0,7% 0,8% 1,0% 1,1% 1,2% Alqueidão 45 60 70 80 87 104 120 137 153 170 Bom Sucesso 45 60 70 80 87 104 120 137 153 170 Ferreira-a-Nova 62 80 93 106 115 138 160 184 204 226 Moinhos da Gândara 30 38 46 54 58 69 82 90 103 112

Biorresíduos valorizados (t/ano) 16 21 25 28 30 36 42 47 53 58 Biorresíduos valorizados face ao potencial

(36)

32

5.4.2.

Impacto expectável na mudança dos comportamentos sociais para cada zona

Com a introdução de um novo modelo de recolha seletiva no Município da Figueira da Foz é expectável que quer a população quer os estabelecimentos abrangidos por este serviço tenham impactos consideráveis, especialmente resultado da alteração de comportamentos. Por outro lado, prevê-se uma maior consciencialização em matéria de gestão de resíduos, da economia circular e/ou de outras matérias relacionadas com o ambiente, consequência: i) da implementação do serviço de recolha seletiva de biorresíduos e, ii) do acompanhamento deste público-alvo por ações regulares de informação e de sensibilização, que irão esclarecer quanto ao funcionamento do sistema em apreço e às melhores práticas de gestão de resíduos nas respetivas habitações, mas também criar um vínculo ao serviço por parte dos aderentes.

No caso dos resíduos alimentares, a sua gestão está particularmente relacionada com o combate ao desperdício alimentar, pelo que será um tópico bastante relevante nas ações de informação e de sensibilização. Prevê-se que como consequência desta sensibilização, haja uma redução do desperdício alimentar no Município da Figueira da Foz.

Mais conscientes da importância da separação na origem dos resíduos produzidos nas suas habitações ou estabelecimentos, espera-se que a recuperação de outros materiais recicláveis aumente (embalagens plástico/metal, vidro e papel/cartão), consequência de um maior envolvimento, disponibilidade e motivação em participar na separação de resíduos.

5.5. I

NVESTIMENTOS A REALIZAR E FONTES DE FINANCIAMENTO

A implementação da estratégia para a gestão dos biorresíduos implicará a realização de diversos investimentos relacionados com a aquisição de equipamentos de recolha e de valorização na origem, com um montante total estimado de 643 278 €. A lista dos investimentos previstos pelo Município da Figueira da Foz, assim como as respetivas fontes de financiamento são apresentadas na tabela seguinte.

Referências

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