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PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS

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Academic year: 2021

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PROGRAMA PARA ANÁLISE DE SINAIS

ELETROMIOGRÁFICOS

G. F. Sartori¹, A. F. Rocha¹, C. Gonçalves², W. H. Veneziano³

1

Departamento de Engenharia Elétrica Universidade de Brasília (UnB), Brasil

2

Departamento de Ciências Biológicas Universidade de Brasília (UnB), Brasil

3

CEFET-PR , Brasil

Resumo – A eletromiografia de superfície (sEMG) é uma ferramenta poderosa na análise do sistema

muscular humano. Nos últimos anos, o uso da sEMG vem crescendo e novas ferramentas estão sendo desenvolvidas para sua análise. O propósito deste artigo é apresentar uma nova ferramenta para o processamento de sinais de eletromiografia: EMGLab. Desenvolvido em linguagem MATLAB, o EMGLab possui uma interface amigavel que ajuda o uso do processamento digital de sinais para pesquisadores que não estão familiarizados com esse tipo de ferramenta.

Palavras-chave: Processamento Digital de Sinais, Eletromiografia, Análise de Fourier, Análise de Wavelets

Abstract - The surface electromyography (sEMG) is a powerful tool for the analysis of human muscular

system. In the past few years the use of sEMG has been growing and new tools have been developed for its analysis. The purpose of this paper is to introduce a new electromyography signal processing tool: EMGLab. Developed in MATLAB language, EMGLab has a friendly interface, which facilitates its use by researchers not familiar with digital signal processing tools.

Key-words: Digital Signal Processing, Eletromyography, Fourier Analysis, Wavelets Analysis

Introdução

Nos últimos anos, a eletromiografia de superfície (EMG-S) vem se tornando uma técnica muito utilizada na pesquisa e no tratamento de diversas disfunções musculares. Por ser uma técnica segura, de fácil utilização e não-invasiva, ela vem ganhando espaço no monitoramento da atividade elétrica proveniente dos músculos. As mais variadas áreas de conhecimento utilizam os sinais de EMG como ponto de partida na análise de diversas funções e disfunções do sistema muscular humano. Estudos recentes relacionam o processo de fadiga muscular com um deslocamento do conteúdo espectral do sinal [1] a [9]. Outras pesquisas destacam a importância desses sinais na reeducação neuromuscular de pacientes que possuam músculos hiperativos por meio de biofeedback eletromiográfico [10].

Entretanto, o sinal obtido através do EMG-S é de análise muito mais complexa quando comparado a outros registros. Ele não representa a atividade elétrica de apenas uma unidade motora mas, sim, de uma grande quantidade de sinais vindos de músculos vizinhos e até do coração, fenômeno conhecido como crosstalk. Fatores como carga de trabalho, comprimento da fibra muscular e impedância intereletrodos influenciam o aspecto do sinal [11]. Além disso, não existe padronização

para os sítios de colocação dos eletrodos, o que dificulta a comparação dos resultados. Oportunamente, diversas técnicas, como a análise por análise de Fourier e por Wavelets, vêm contornando alguns desses problemas, facilitando a utilização do EMG-S.

Apesar da diversidade e das especificidades das ferramentas de processamento assim criadas, muitas delas têm aplicação sistemática e já podem ser classificadas como ferramentas de uso comum pela maioria dos que trabalham com o EMG-S. O problema é que elas se encontram pulverizadas nos diversos programas disponíveis, dificultando o seu uso, bem como a integração e a compatibilização dos formatos dos arquivos utilizados.

Este projeto apresenta o EMGLab, um pacote para processamento de sinais eletromiográficos desenvolvido em linguagem Matlab 6.5 (Mathworks, Inc.). Por meio de uma interface de fácil utilização, o sistema se propõe a integrar, em um único pacote, as ferramentas mais comuns para pré-processamento, processamento e análise de sinais EMG-S.

Metodologia

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este disponibilizaria para e atender as necessidades dos mais diversos pesquisadores da área.

Com o intuito de facilitar a navegação entre as diversas ferramentas do programa, ele foi dividido em módulos principais, cada um abordando um tipo distinto de processamento. Esses módulos podem ser acessados separadamente por meio de uma tela inicial, na qual estão indicadas quais algoritmos estão contidos em cada módulo. O pacote foi desenvolvido integralmente em linguagem MATLAB, versão 6.5, (Mathworks, Inc.).

Testes iniciais do pacote foram realizados utilizando-se sinais captados de contrações isométricas e dinâmicas. Para a validação do pacote, ele foi distribuído juntamente com um questionário a alguns pesquisadores da Universidade de Brasília que trabalham com o tema. As diversas sugestões recebidas serviram para a eliminação de problemas e o aperfeiçoamento do produto. Por fim, foram executados testes de campo em diversos laboratórios de pesquisa. Os resultados foram comparados com os obtidos nas bibliografias especializadas com a finalidade de validar os algoritmos utilizados.

Resultados

A interface gráfica do programa foi implementada em módulos, com a finalidade de facilitar a navegação do usuário entre os mais diversos tipos de processamento. O programa foi dividido em quatro módulos principais: condicionamento do sinal, análise e processamento temporal, análise e processamento freqüencial e análise e processamento tempo-freqüencial. Estes módulos podem ser acessados separadamente por meio da tela inicial do programa. O diagrama de blocos a seguir ilustra a estrutura do programa.

Figura 1: Estrutura do EMGLab

A Figura 2 apresenta a interface de apresentação do programa EMGLab.

Figura 2: Interface inicial do programa EMGLab No primeiro módulo (Condicionamento do Sinal), foram incluídos algoritmos de pré-processamento como normalização e recorte do sinal. Também foram incluídas funções de filtragem, tanto rejeita-faixa de 60 Hz, como filtragem passa-rejeita-faixa, com ajuste da banda passante do sinal.

Esses algoritmos auxiliam a eliminar informações não utilizadas na análise dos sinais de EMG-S, como o ruído proveniente da rede elétrica e ruídos de alta freqüência, além de, adaptar o formato do sinal para sua utilização nos demais módulos.

O usuário pode, a partir desta interface, selecionar os tipos de normalização, parâmetros dos filtros, faixa do sinal a ser adaptada, entre outras opções.

Para que o sinal possa ser utilizado no restante do programa, ele deve passar, inicialmente, por este primeiro módulo.

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Esses algoritmos são, em geral, simples de se computar e proporcionam uma idéia básica relacionada aos níveis de contração muscular, coordenação neuro-muscular, controle motor, relação EMG/Força ou a participação muscular no movimento humano.

Pode-se, a partir da interface do programa, selecionar os parâmetros significativos dos diversos algoritmos implementados.

Figura 4: Módulo de análise e processamento temporal

No terceiro módulo do programa (Figura 5), foram incluídos algoritmos de análise e processamento no domínio da freqüência. O módulo permite o cálculo da densidade espectral de potência, e do modelo auto-regressivo.

Mecanismos como a freqüência de disparo das unidades motoras ativas, o número e tipo de unidades motoras recrutadas ou a sincronização de disparos das diferentes unidades motoras podem ser observados através do espectro do sinal. Esse tipo de análise também é importante para caracterizar os diferentes músculos estudados.

O módulo permite que sejam escolhidos os tipos de janela, a intercessão entre as janelas, a quantidade de pontos da DFT (“Transformada Discreta de Fourier”) e a quantidade de pólos do modelo auto-regressivo, entre outros. Também está disponível a verificação da porcentagem de potência nas faixas de freqüência selecionadas pelo usuário.

Pelo fato do sinal de EMG-S não ser estacionário, os algoritmos apresentados nesse módulo nem sempre podem ser executados no trecho completo, restringindo-se ao trecho quase-estacionário. Nesse sentido o sinal pode ser percorrido janela por janela, em toda a sua extensão, possibilitando sua avaliação no tempo.

Figura 5: Módulo de análise e processamento freqüencial.

No último módulo do programa, representado nas Figuras 6 e 7, foram incluídos algoritmos de análise e processamento tempo-freqüencial. Esse módulo está dividido em duas partes: análise por meio de transformada Fourier e análise por meio de Wavelets. Na primeira parte, pode-se verificar como a densidade espectral de potência do sinal muscular varia com o tempo, por meio do espectrograma. Também, pode ser analisado o processo de fadiga muscular por meio do cálculo da freqüência média do sinal, verificando sua variação com o decorrer do processo de fadiga. O usuário pode escolher opções como o tipo de janela, o número de pontos utilizados no cálculo da DFT e o número de pontos sobrepostos entre as janelas.

Figura 6: Módulo de análise e processamento tempo-freqüencial por Fourier

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Para a utilização desta ferramenta, o usuário pode escolher uma entre as diversas funções básicas (mães) disponíveis.

Figura 7: Módulo de análise e processamento tempo-freqüencial por Wavelets

Discussão e Conclusões

O pacote EMGLab está pronto para ser distribuído, pois os testes de laboratório revelaram uma boa aceitação pelos pesquisadores convidados a testá-lo. Como conseqüência disso, será iniciada, brevemente, a fase de registro do produto no INPI (“Instituto Nacional de Propriedade Industrial”). Como outra frente de trabalho, estão sendo estudadas formas mais adequadas para uma distribuição mais ampla do software. A fim de se gerar um produto bilíngüe, está sendo produzida uma versão em língua inglesa.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq, uma entidade do Governo Brasileiro voltada ao desenvolvimento científico e tecnológico, por meio da Chamada Conjunta

MCT/SEPIN-FINEP-CNPq 01/2002, Programa de

Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação em Tecnologia da Informação PDI – TI, e de bolsas de iniação científica, pós-doutorado e produtividade em pesquisa. O trabalho foi também realizado com apoio da CAPES, por meio do projeto PROCAD.

Referências

Kupa, E. J., Roy, S. H., De Luca, C. J. (1995), “Effects of muscle fiber type and size on EMG median frequency and conduction velocity”, J.

Appl. Biomech. 79(1), pp. 22–23.

.

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Shankar, S., Gander, R. E, Brandell, B. R. (1989), “Changes in the Myoelectric signal (MES) Power Spectrum during Dynamic Contraction”, in Electroencep. Clin. Neurophys., pp. 142–150

Moritani, T., Yoshitake, Y., INAKI, M., Katsuda, S., (1998), “The Use of EMG in Applied Physiology”, J. Electrom. and Kinesiol. 8, pp.

363–381.

De Luca, C. J., (1997), “The use of surface electromyography in Biomechanics”, J. Appl.

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Naeije, M., Zorn, H., (1982), “Relation Between EMG Power Spectrum Shifts and Muscle Fiber Action Potential Conduction Velocity Changes During Local Muscular Fatigue in Man”, ”, Eur. J. Appl. Physiol. 50, pp. 23–33.

Masuda, K., Masuda, T., Sadoyama, T., Inaki, M., Katsuda, S., (1999), “Changes in Surface EMG Parameters During Static and Dynamic fatiguing contractions”, J

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9, pp. 39–46.

Georgakis A., Stergioulas, L. K., Giakas, G., (2003), “Fatigue Analysis of the Surface EMG Signal in Isometric Constant Force Contraction Using the Averaged Instantaneous Frequency”, IEEE Trans. Biomed. Eng. 50(2), pp. 262–265.

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Robinson, A.J, Mackler, L.S, (1995),

Eletrofisiologia Clínica, New York: ArtMed.

Inbar, G.F, Allin, J., Krans, H, (1987), “Surface EMG Spectral Changes with Muscle length”,

Med. & Biol. Eng. & Comput., pp. 683–698.

Contato

Gabriel de Freitas Sartori

Estudante de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB)

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Referências

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