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AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE DIFERENTES MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE FLUIDO DE CORTE NO TORNEAMENTO DE UM AÇO DE DIFÍCIL USINAGEM

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6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 6th BRAZILIAN CONFERENCE ON MANUFACTURING ENGINEERING

11 a 15 de abril de 2011 – Caxias do Sul – RS - Brasil April 11th to 15th, 2011 – Caxias do Sul – RS – Brazil

© Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas 2011

AVALIAÇÃO DO EMPREGO DE DIFERENTES MÉTODOS DE

APLICAÇÃO DE FLUIDO DE CORTE NO TORNEAMENTO DE UM AÇO

DE DIFÍCIL USINAGEM

Luiz Eduardo de Angelo Sanchez, sanchez@feb.unesp.br1 Luis Jacinto Nalon, lnalon@feb.unesp.br2

Geraldo Luiz Palma, glpalma@feb.unesp.br3

1,2,3 Faculdade de Engenharia de Bauru, Univ Estadual Paulista-Unesp, Av. Eng. Luiz E. C. Coube, 14-01, 17033-360, Bauru-SP, Brasil

Resumo: Neste trabalho é estudado o comportamento da usinagem de um aço de baixa usinabilidade (ISO 683-XV-8) quando o fluido de corte é aplicado em diferentes métodos. Inicialmente, foram empregados os métodos abundante, original da máquina-ferramenta, mínima quantidade de fluido de corte (MQFC) e pulverizado, utilizando em todos eles um fluido de corte semi-sintético. Pelo método de mínima quantidade também foi usado um óleo vegetal (MQL). Depois, partiu-se para a aplicação do fluido de corte em forma de jato em três direções, separadamente: na interface cavaco-ferramenta, entre o cavaco e a peça (nas costas do cavaco), e entre a ferramenta e a peça (na superfície de folga da ferramenta). Além disso, mais dois métodos foram utilizados: a combinação do método abundante com o jato cavaco-ferramenta e, por último, os três jatos aplicados simultaneamente. Para a execução dos ensaios foi necessária a montagem de um sistema de alta pressão(2,94 MPa), composto por uma bomba de êmbolos, para a produção do jato de fluido de corte, e um venturi para a aplicação do método de mínima quantidade, além de um bico para a pulverização. As variáveis de saída analisadas no trabalho foram o desgaste da ferramenta de corte, a rugosidade das peças usinadas, a temperatura na ferramenta, as componentes da força de usinagem e as formas de cavacos geradas. Dentre os principais resultados destaca-se o aumento da vida da ferramenta e a diminuição da força de corte nas aplicações com jato de fluido de corte, principalmente entre o cavaco e a ferramenta. Excetuando-se a aplicação com jato, o método abundante se mostra mais eficiente do que as técnicas de mínima quantidade e pulverização do fluido de corte.

Palavras-chave: jato de fluido de corte; mínima quatidade de fluido; pulverização, vida de ferramenta; força de corte

1. INTRODUÇÃO

Diversos autores, como Seah et al (1995), Li (1996) e Ezugwu e Bonney (2004), relatam que a vazão e a direção da aplicação do fluido de corte podem determinar a eficiência das funções de refrigeração e redução de atrito. A maneira mais comum de aplicação do fluido de corte é a abundante (convencional) que atua nas costas do cavaco, de onde o calor é extraído. Entretanto, sob altas velocidades de corte constata-se que os fluidos de corte têm sua eficiência diminuída. Este fato pode ser atribuído à maior taxa de geração de calor, a incapacidade do fluido alcançar as regiões a serem refrigeradas e a tendência do cavaco em movimento expulsar o fluido para fora da região de corte.

Com o intuito de aumentar o desempenho das condições de refrigeração na usinagem, Pigott e Colwell (1952), foram pioneiros na aplicação do fluido de corte sob altas pressões, de aproximadamente 2,5 MPa, na direção da interface cavaco-ferramenta. Como resultado, constataram um aumento da vida da ferramenta de 7 a 8 vezes, além da melhora do acabamento superficial e eliminação da formação da aresta postiça de corte.

Tanto nos trabalhos de Pigott e Colwell (1952) e Mazurkiewicz et al (1989), que posicionaram o bico de aplicação do jato de fluido distante da ferramenta de corte, quanto nos trabalhos de Machado e Wallbank (1994) e Lindek (1991), que aplicaram o fluido através de um orifício na ferramenta em posição mais próxima à região de corte, observa-se um significativo aumento da vida da ferramenta quando comparado ao método convencional de refrigeração.

De maneira análoga Seah et al. (1995) usaram fluido de corte em forma de jato dirigido especificamente entre o cavaco e a peça, nas costas do cavaco, a fim de remover o calor gerado no plano de cisalhamento primário, mas neste caso não se obteve resultados claramente vantajosos em relação ao método convencional, levando os autores a sugerirem estudos adicionais.

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que é acentuado. No início da usinagem, com a geometria da ferramenta ainda preservada, a área de contato entre a peça e a ferramenta é pequena dificultando o estabelecimento do fluxo de calor entre eles, ao passo que a ferramenta desgastada apresenta maior área de contato e transferência de calor mais intensa. Neste último caso, pode-se admitir que o fluido de corte incidindo especificamente na região desgastada da ferramenta entre a superfície de folga e a peça consiga minimizar o desgaste da ferramenta. Recentemente, Diniz e Micaroni (2007), aplicaram fluido de corte nesta direção obtendo melhores resultados do que na interface cavaco-ferramenta, embora a pressão do jato tenha sido de 1,2 MPa, cerca de um terço da pressão aplicada por Pigott & Colwell (1952) na interface cavaco-ferramenta.

O aumento do rigor das legislações ambientais acabou motivando o estudo da aplicação de mínima quantidade de lubrificante (MQL) na usinagem. Esta técnica se dá pela atomização de gotículas de fluido, geralmente empregando um óleo de origem vegetal. No entanto, essas gotículas atomizadas podem ser tão pequenas e leves que não alcancem eficientemente as superfícies quentes da região de corte durante a usinagem. Como alternativa tem-se a opção de produzir gotas maiores aplicadas sob pressão sem a utilização de ar, ou seja, pela pulverização hidráulica do fluido de corte com um bico apropriado. Neste último caso, ressente-se da completa falta de informações deste tipo de aplicação de fluido de corte em trabalhos de usinagem.

Este trabalho tem como objetivo o estudo do comportamento do torneamento de um aço de difícil usinagem sob a aplicação do fluido de corte em diferentes maneiras e posições. Para isso é produzido um jato de fluido de corte de alta pressão aplicado nas seguintes maneiras: entre a peça e o cavaco; na interface cavaco-ferramenta; no contato da peça e ferramenta; nas três posições simultaneamente; e com o método abundante junto com o jato na interface cavaco-ferramenta. O fluido também é aplicado sob a forma pulverizada, atomizada com ar usando lubrificante, atomizada com ar utilizando fluido de corte e, por último, de modo convencional (abundante) usando o sistema original da máquina-ferramenta. Para analisar o comportamento de cada tipo de aplicação de fluido corte foram avaliados: a vida da ferramenta; rugosidade; força de corte; temperatura da ferramenta; e morfológica dos cavacos produzidos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos em um torno convencional com 7,5 kW de potência instalada usando uma ferramenta de corte de metal duro revestida (TiCN, Al2O3 e TiN), sem quebra cavaco, especificação ISO TNMA 160408 (classe IC 9015), triangular, da Iscar. Em todas os métodos de aplicação de fluido manteve-se constantes a profundidade de usinagem (ap) de 0,5 mm, a velocidade de corte (Vc) em 172 m/min e o avanço (f) com 0,1 mm/volta. Esses valores foram definidos em ensaios preliminares e correspondeu a uma vida da ferramenta maior que dois passes, possibilitando uma avaliação progressiva do desgaste da ferramenta, o que não ocorreu em condições mais severas. A pastilha quando montada no porta ferramentas forneceu os ângulos apresentados na Tab. (1).

Tabela 1. Ângulos da ferramenta na usinagem.

Ângulo de posição (χr) Ângulo de saída (γo) Ângulo de folga (αo) Ângulo de inclinação (λs)

93 º - 6º +6º - 6º

As aplicações de fluido foram feitas pelos métodos: abundante; mínima quantidade de fluido de corte (MQFC); pulverização; e mínima quantidade de lubrificante (MQL). Uma das características comum a esses métodos é a baixa pressão necessária para a aplicação do fluido. De outro lado, foi empregada alta pressão para a formação do jato de fluido dirigido individualmente para: interface cavaco-ferramenta (jato C/F); as costas do cavaco, entre a peça e o cavaco (jato P/C); e no contato entre a ferramenta e a peça (jato F/P), na região do flanco da ferramenta. Depois foi empregado o método misto, que é composto pela aplicação abundante concomitante com o jato P/C e, por último, a aplicação dos três jatos simultaneamente, totalizando nove métodos diferentes.

O fluido de corte utilizado nos ensaios foi do tipo semi-sintético com uma concentração de 2,5%, com exceção do método MQL que empregou um lubrificante a base de óleo vegetal especialmente indicado para está técnica. No método abundante (convencional), o fluido foi dirigido para a região das costas do cavaco e a vazão ajustada para o mesmo valor das aplicações por jato.

Para a formação do jato sob alta pressão foi empregada uma bomba de êmbolos da marca Jacto, mod. MB-42A, e um bico metálico com um orifício de 1,0 mm de diâmetro instalado a uma distância de 25 mm das regiões de incidência do jato. No método por pulverização foi usado a mesma bomba de êmbolos, porém com um bico apropriado colocado a uma distância de 50 mm da ponta da ferramenta. Para os métodos de mínima quantidade (MQFC e MQL) foi usado um bico atomizador tipo Venturi instalado também a 50 mm da ponta da ferramenta. Ele foi responsável pela mistura de ar comprimido e fluido, que foi alimentado por gravidade. A criação de uma névoa uniforme foi possível com uma pressão de ar de 0,4 MPa para ambos, fluido de corte e óleo lubrificante vegetal. Tanto o Venturi quanto os bicos de pulverização e jato sólido são itens comerciais da marca Spraying Systems. Para auxiliar no controle e medição da vazão de fluido produzida pela bomba de êmbolos utilizou-se um medidor digital da marca Contech, modelo SVTL ½.

A representação esquemática e a nomenclatura de cada método de aplicação com os respectivos valores de vazões e pressões são resumidamente apresentadas na Fig. (1).

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para motores a combustão interna. Sua condutividade térmica (20oC) é de 15 W/mK e a composição química dada na Tabela (2). As dimensões dos corpos de prova utilizados são 75 mm de comprimento e diâmetro inicial de 50 mm.

Figura 1. Representação esquemática dos métodos de aplicação com os respectivos valores de vazão e pressão do fluido de corte.

Tabela 2. Composição química do aço SAE EV-8 (% em massa).

C Si Mn Cr Ni N W Nb P S Fe

0,56 0,15 9,0 21 4,0 0,42 1,15 2,15 0,05 0,030 -

Em cada aplicação de fluido de corte foram avaliados o desgaste do flanco da ferramenta, temperatura relativa na ferramenta de corte, morfologia dos cavacos, força de corte e rugosidade.

Para a avaliação do desgaste de flanco da ferramenta e morfologia dos cavacos foi usada uma câmera digital acoplada a um microscópio ótico. O critério estabelecido para fim da vida foi o desgaste de flanco médio (VBB) no valor de 0,3 mm. A temperatura relativa da ferramenta de corte foi colhida em usinagem específica, após cada aplicação do fluido de corte, em passe único, com uma pastilha de PCBN (CNMA 120408T-IB50, Iscar), implantada com termopar do tipo K (com diâmetro de 0,4 mm cada fio). A geometria da ferramenta de PCBN é a mesma da usada nos experimentos. A Fig. (2) mostra o furo feito por eletroerosão, onde foi inserido o termopar até sua ponta tocar no PCBN. Dada à resistência ao desgaste significativamente superior da pastilha de PCBN, se comparada ao metal duro, foi possível utilizá-la em todas as avaliações, minimizando a influência do desgaste do flanco.

Figura 2. Ilustração da ferramenta de corte com PCBN e furo para a inserção da ponta do termopar. As componentes da força de usinagem foram medidas com um dinamômetro piezelétrico Kistler, modelo 9257 BA de três componentes, montado no porta-ferramenta e acoplado a um sistema de aquisição de dados LabView 6.1. O parâmetro adotado para a rugosidade foi o da média aritmética (Ra), medido em rugosímetro Taylor Hobson, modelo surtronic 3+, com raio da ponta do apalpador de 0,2 µm, em um comprimento de amostragem de 0,8 mm. O valor empregado foi o resultado da média em três posições diametrais eqüidistantes na região central do corpo de prova.

misto Jatos simultâneos pulverização MQFC-SS MQL abundante Jato P/C Jato C/F Jato F/P 2,78x10-5 l/min (100 ml/h)

0,4 MPa (ar) 0,4 MPa

1,12 l/min 3,75 l/min

0,05 MPa 2,94 MPa (cada bico) 3,75 l/min (cada bico)

φ 1,3 0,7

0,4

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O gráfico da Figura (3) mostra os valores da vida da ferramenta de corte obtidos para cada tipo de aplicação de fluido. De modo geral, se observa dois grupos destacadamente diferentes onde cada um deles abrigam valores de vida próximos. Num dos grupos, denominado grupo I, fazem parte o método pulverizado, MQFC, MQL e abundante, que se caracterizam por apresentarem os menores valores tanto de vida da ferramenta quanto da pressão de aplicação de fluido. Também se pode notar que, à exceção do método abundante, eles apresentam as menores vazões. Em outro grupo estão os métodos que alcançaram as mais prolongadas vidas de ferramenta, que guardam como principal característica a aplicação do fluido de corte em forma de jato sob alta pressão.

Nas aplicações do grupo I, a maior vida foi obtida com o método abundante em oposição ao MQFC, que apresentou o menor valor dentre todas as condições ensaiadas. Este resultado deixa evidente que a maior vazão de fluido de corte foi determinante na refrigeração da ferramenta e no seu menor desgaste. Entre os métodos de mínima quantidade, o efeito lubrificante do óleo vegetal na atenuação do atrito na interface cavaco-ferramenta sugere ser mais efetivo na minimização do desgaste da ferramenta do que a ação refrigerante do fluido de corte, o que implica na maior vida com o método MQL do que com MQFC. A vida no método por pulverização situa-se entre os métodos abundante e MQFC-SS, da mesma forma que a sua vazão é intermediária entre esses dois métodos, ratificando a importância do volume de fluido de corte em aplicações sob baixas pressões.

Figura 3. Vida de ferramenta para cada tipo de aplicação de fluido de corte.

A Figura (4) mostra a temperatura na ferramenta de corte em cada método de aplicação de fluido. Tomando os métodos de baixa pressão, nota-se que as temperaturas foram menores quanto maior a quantidade de fluido de corte aplicada. O método MQL apresenta a maior das temperaturas, embora sua vida não tenha sido a menor, sugerindo a relevância da lubrificação nas condições tribológicas de usinagem em aplicações de vazões reduzidas.

No grupo das aplicações de fluido sob alta pressão (grupo II), os jatos simultâneos foram o método que proporcionou a maior vida de ferramenta (Fig. 3). No entanto, ao lado da aplicação mista, são os dois métodos de maior consumo de fluido correspondendo, respectivamente, ao triplo e ao dobro do volume aplicado pelo jato C/F, que foi o método com o melhor desempenho dentre os que usam apenas um jato. O bom resultado do jato C/F pode ser atribuído à maior eficiência do fluido em alcançar a região da ferramenta com as temperaturas mais elevadas, que estão localizadas próximas a ponta da ferramenta e adjacentes ao plano de cisalhamento secundário. Aliado à maior penetração do fluido de corte, o cavaco sofre um conjugado afastando-o da superfície de saída da ferramenta. Como decorrência, ocorre a redução do comprimento de contato do cavaco, o que colabora na minimização do desgaste da ferramenta. A quarta aplicação, em ordem decrescente de vida, se dá com o jato F/P cujo resultado em termos de vida é menor do que o jato C/F em torno de 10%. Sua direção de aplicação permite que o jato de fluido atinja diretamente a região de contato entre a ferramenta e a peça, que se constitui numa das fontes geradoras de calor na usinagem e onde se desenvolve o desgaste de flanco. Apesar de não ser ali o local exato que se encontram as maiores temperaturas, esta posição é próxima delas. Ainda que a função do fluido de corte seja predominantemente refrigerante, a sua introdução entre a peça e a ferramenta parece criar condições tribológicas capazes de atenuar o crescimento de uma zona terciária de cisalhamento, que pode ganhar importância à medida que o desgaste de flanco progride e a área de contato aumenta.

0 100 200 300 400 500 600 700

Método de aplicação de fluido

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Dentre as aplicações de alta pressão, o jato P/C é o que produz a menor vida de ferramenta. Esse desempenho inferior pode ser creditado à incidência do jato nas costas do cavaco que, apesar de arrefecer a zona primária de cisalhamento e contribuir na minimização do fluxo de calor para a ferramenta, não põe o fluido de corte em contato com a ferramenta, onde estão concentradas as temperaturas mais relevantes. Por último, neste método, o jato de fluido tende a empurrar o cavaco contra a superfície de saída da ferramenta fazendo com que o comprimento de contato do cavaco e o desgaste da ferramenta cresçam.

Ainda com relação a Figura (3), observa-se que os métodos que usaram o jato de fluido (grupo II) produziram as menores temperaturas na ferramenta de corte. Tal como a ordem dos valores da vida de ferramenta nos tipos de aplicação de fluido, os valores da temperatura seguiram esta mesma disposição. Uma exceção é feita à aplicação jato F/P cuja temperatura posicionou-se como a segunda menor, não guardando a mesma correspondência com a vida. Esta dissimilaridade pode ser justificada pela influencia do local da inserção do termopar na ferramenta, próxima da superfície de folga, onde o fluido de corte atinge diretamente.

Figura 3. Temperatura da ferramenta de corte nos diferentes métodos de aplicação de fluido.

A Figura (4) mostra as imagens da superfície de saída das ferramentas nas aplicações do grupo I quando o critério de fim de vida foi atingido. Nota-se, em todas as condições, que o desgaste se localiza na região da ponta da ferramenta. Esta é uma característica comum a certos aços de difícil usinabilidade, como o Inconel ®, Waspalloy ® e o aço válvula empregado no trabalho, que por possuírem alta resistência mecânica e baixa condutividade térmica tem a dissipação de calor da ferramenta dificultada. De modo geral, uma avaliação qualitativa do desgaste da ferramenta indica a presença preponderância do mecanismo abrasivo sem a observação de formação de aresta postiça de corte. Dentre as quatro aplicações, a abundante (convencional) mostra maior manutenção da geometria da ferramenta, sugerindo que a menor temperatura deste método tenha colaborado nesta direção.

A Figura (5) mostra o desgaste da ferramenta nos métodos que envolvem o uso de jato de fluido de corte. Dentre as aplicações, nota-se que o jato F/C (Fig. 5a) é o que apresentou a maior área desgastada devido ao seu maior comprimento de contato com o cavaco e temperatura da ferramenta mais elevada. (Fig. 3). A maior manutenção da geometria da ferramenta se deu nos métodos em que o jato de fluido foi dirigido na interface cavaco-ferramenta (Fig. 5c, 5c e 5e).

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Já os cavacos do grupo II, que utilizam jato de fluido sob alta pressão, variam a forma segundo o tipo de aplicação. Uma das condições mais distintas é o jato P/C que apresenta o cavaco em forma de fita, tendo como principal causa a pressão do jato sobre suas costas e contra a ferramenta. De maneira oposta, a forma do cavaco mais fragmentada e com pequeno raio de curvatura do jato C/F, sugere que o fluido tenha atuado hidraulicamente debaixo do cavaco afastando-o da ferramenta e minimizando o comprimento de contato. Nos métodos que tiveram outra aplicação concomitante ao jato cavaco-ferramenta, como as aplicações mista e simultânea, observa-se a interferência do segundo método na formação do cavaco. Com a presença da aplicação abundante, o cavaco assume a forma helicoidal com raio de curvatura maior do que com o jato C/F sozinho. Na aplicação simultânea, com um dos jatos nas costas do cavaco, a forma helicoidal exibe grande curvatura parecendo tender para a forma de fita. Por último, o jato F/P também exibe um cavaco helicoidal, mas com forma bem definida e raio de curvatura grande, livre da influencia de qualquer jato de fluido apontado para o cavaco.

Figura 4. Desgaste da ferramenta de corte nos métodos MQFC (a), Pulverizado (b), MQL (c) e abundante (d).

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A Figura (7) apresenta o gráfico da força de corte nos primeiros 40 segundos de usinagem, período equivalente a um percurso de corte (passe) da ferramenta sobre a peça. Ao final deste tempo a ferramenta de corte ainda mostrava-se pouco, ou apenas moderadamente desgastada, dependendo do método de aplicação, sem significativa mudança de sua geometria. Portanto, pequena parcela do valor da força deve ter sido causada pelo desgaste da ferramenta.

Figura 6. Aspecto dos cavacos gerados no torneamento sob diferentes métodos de aplicação de fluido. De modo geral, observa-se que as aplicações envolvendo jato de fluido produziram as menores forças de corte, especialmente aquelas dirigidas à interface cavaco-ferramenta. A maioria desses métodos mostrou ligeiro crescimento da força, provavelmente devido ao incipiente desgaste da ferramenta combinado com modificações tribológicas na superfície da ferramenta, como a adesão de elementos químicos. No método misto nota-se uma tendência contrária, com valores mais elevados da força no início e abaixando para o nível das demais aplicações do grupo II. Considerando o bom desempenho do método misto em relação à vida e temperatura da ferramenta (Fig. 3), esses valores mais altos da força indicam uma exceção no seu comportamento. Por se tratar de um corpo de prova novo, pode ter ocorrido desvios geométricos em seu posicionamento que foram diminuindo na direção da fixação mais rígida próxima da placa da máquina e bastante minimizados nos passes seguintes. Dentre os métodos de baixa pressão, a aplicação MQL parece ter proporcionado as melhores condições tribológicas iniciais, uma vez que suas forças foram menores, mas que aos poucos indicam terem sido comprometidas pelo desgaste progressivo da ferramenta.

Após o primeiro passe, mudanças mais profundas ocorreram nas ferramentas tendo influenciado as forças de corte, que cresceram significativamente, conforme se observa no gráfico da Fig. (8). Mesmo assim, as condições mais favoráveis de corte continuaram com as aplicações com jato de fluido, expressas pelos menores esforços de usinagem. Nota-se que a seqüência dos valores das forças no final das aplicações está disposta em ordem inversa da vida da ferramenta (Fig. 3). Deste modo, a aplicação MQFC apresentou a maior força de corte e a menor vida, enquanto a aplicação simultânea de jatos teve a menor força e a maior vida. Uma exceção ocorreu na ordem das forças entre o jato P/C e o jato F/P, embora nos instantes iniciais, quando as ferramentas ainda estavam preservadas, tivessem mostrado essas forças na mesma ordem das obtidas para a vida (Fig. 7).

A Figura (9) apresenta o comportamento da rugosidade dos corpos de prova nos ensaios com os métodos de jato de fluido de corte. No mesmo gráfico, foi acrescentado o comportamento dos valores médios da rugosidade nas aplicações do grupo I. Analogamente aos demais resultados, as aplicações com jato se destacaram por seu desempenho superior, especialmente o jato C/F que produziu rugosidades baixas e duradouras vindo a se elevar apenas no final de vida da ferramenta. Para as rugosidades, a ordem dos valores finais também seguiu a mesma ordem dos valores da vida da ferramenta. A exceção se verificou com os jatos simultâneos que, apesar ter a maior capacidade de refrigeração, parece ter sofrido a influencia dos dois outros jatos que não atuam na redução do comprimento de contato, como faz de maneira eficiente o jato C/F.

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esforços de usinagem mais acentuados, este método não conseguiu manter as mesmas condições tribológicas gerando aumento abrupto da rugosidade ao final do último passe. Caso fosse adotado como critério de interrupção da operação o melhor acabamento superficial, o método MQL poderia ser considerado o melhor tipo de aplicação de fluido dentre aqueles do grupo I dado seu baixo consumo de fluido.

Figura 7. Força de corte nos métodos de aplicação de fluido ao longo do primeiro passe.

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Figura 9. Rugosidade dos corpos de prova nas aplicações com jato de fluido de corte (grupo II).

Figura 10. Rugosidade dos corpos de prova na aplicação de baixa pressão (grupoI).

3. CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos neste trabalho, pode-se resumidamente concluir que:

- O desempenho do torneamento pode ser substancialmente modificado pelo método de aplicação do fluido de corte.

- As maiores vidas e as menores rugosidades foram obtidas para as aplicações com jato de fluido sob alta pressão. - Os métodos jato misto (jato C/F e abundante) e simultâneos (jatos C/F, P/C e F/P) alcançaram as maiores vidas de ferramenta, porém com o dobro e o triplo da vazão empregadas nos jato individuais, respectivamente.

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- O jato C/F se destacou por seus resultados, situados entre os melhores, aliado a sua vazão de fluido similar a empregada no método convencional. Neste sentido, a pressão utilizada (2,95 MPa) demonstrou ser suficiente para atuar hidraulicamente no cavaco diminuindo seu contato com a ferramenta de corte.

- O jato F/P, se mostrou mais eficiente do que o jato P/C, que teve o pior desempenho entre os jatos aplicados individualmente.

- O método abundante produziu os melhores resultados dentre as aplicações sob baixa pressão, que incluem os métodos de vazão reduzida. O método MQL se distinguiu dentre os de vazão reduzida pelos baixos níveis de rugosidade ao longo da maior parte da vida da ferramenta.

- A força de corte, temperatura da ferramenta e rugosidade dos corpos de prova retrataram, em grande parte, o comportamento da vida da ferramenta obtida pelos diferentes métodos de aplicação de fluido.

4. REFERÊNCIAS

Diniz, A. E. and Micaroni, R., 2007, “Influence of the Direction and Flow Rate of the Cutting Fluid on the Tool Life in Turning Process of AISI 1045 Steel”, International Journal of Machine Tools and Manufacture, Vol. 47, pp. 247-254.

Ezugwu, E. O. and Bonney, J., 2004, “Effect of high-pressure coolant supply when machining nickel-base, Inconel 718, alloy with coated carbide tools”, Journal of Materials Processing Technology , Vol. 153-154 p. 1045-1050.

Li, X., 1996, “Study of The Jet-Flow Rate of Cooling in Machining. Part 1. Theoretical Analysis”, Journal of Materials Processing Technology, Vol. 62, pp. 149-156.

Lindeke, R. R.; Schoening, Jr. F. C.; Khan, A. K.; Haddad, J., 1991, “Machining of α - β titanium with ultra-high pressure through the insert lubrification/cooling”. transactions of NAMRI/SME, pp. 154-161.

Machado, A. R.; Wallbank, 1994, J. “The effects of a high-pressure coolant jet on machining”, Imeche, vol. 208, pp. 29-38.

Mazurkiewicz, M.; Kubala, Z.; Chow, J., 1989,“Metal machining with high-pressure water-jet cooling assistence - a new possiblity”, ASME Journal of engineering for industry, vol. III, p. 7-12.

Pigott, R. J. S. and Colwell, A. T., 1952, “Hi-Jet System for Increasing Tool Life”, SAE Quarterly Transactions, Vol. 6, No. 3, p-p. 547-564.

Seah, K. H. W.; Li, X. and Lee, K. S., 1995, “The Effect of Applying Coolant on Tool Wear in Metal Machining”, Journal of Materials Processing Technology , Vol. 48, p. 495-501.

Shaw, M. “Metal cutting principles”, 1986, Ed. Oxford Press, New York, USA. 5. DIREITOS AUTORAIS

Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído neste trabalho.

EVALUATION ON APPLICATION DIFFERENT METHODS OF CUTTING

FLUID IN TURNING OF A HARD TO MACHINING STEEL

Luiz Eduardo de Angelo Sanchez, sanchez@feb.unesp.br1 Luis Jacinto Nalon, lnalon@feb.unesp.br2

Geraldo Luiz Palma, glpalma@feb.unesp.br3

1 Faculdade de Engenharia de Bauru, Univ Estadual Paulista-Unesp, Av. Eng. Luiz E. C. Coube, 14-01, 17033-360, Bauru-SP,

Brasil

Abstract: In this work the behaviour on machining of a difficult material to machine (ISO 683-XV-8) is studied when cutting fluid

is aplicated in different methods. First, it was used the following methods: flood, original of tool machine, minimum quantity of cutting fluid (MQFC) and pulverization, all of them using semi-sintetic cutting fluid. With minimum quantity method also it was aplicated a vegetal oil (MQL). After, the tests were carried out with cutting fluid jet appointed to three individual directions: chip-tool interface; between chip and piece (on the back of chip); and between chip-tool and piece (on the chip-tool clearance face). Finally, the three jets were simultaneously aplicated. To perform the tests, it was necessary a set up system with high pressure (2,94 MPa) composed by a pump of pistons for production of cutting fluid jet, and a Venturi for aplication of minimumquantity method, besides a pulverization nozzle. The out puts analised were tool wear, roughness, cutting tool temperature, machining force and type of chips generated. Among the mainly results is highlighted the increase of tool life and the decrease of cutting force in fluid jet methods, specially chip-tool interface. Except the jet methods, the flood aplication is more efficient than minimum quantity techniques and pulverization.

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