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PEDRO PINTO: "A IDEIA DE QUE É TUDO FÁCIL PARA OS PROFISSIONAIS ESTÁ BASTANTE ENVIESADA"

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PEDRO PINTO: "A IDEIA DE QUE É TUDO FÁCIL PARA OS

PROFISSIONAIS ESTÁ BASTANTE ENVIESADA"

25 março 2014

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Pedro Pinto a mostrar que era mesmo nos tubos que estava mais à vontade. Foto: Ricardo Bravo

Atacados por um espírito curioso e saudosista, decidimos iniciar uma nova rubrica onde o objetivo passa por mergulhar no tempo, procurando surfistas que, de alguma forma, já fizeram parte do círculo central do surf nacional e que, com o tempo, acabaram por seguir outros rumos.

O talento estava lá mas muitas vezes a carreira profissional falou mais alto, ou até o desgaste de um mundo bastante competitivo. O primeiro protagonista desta série de viagens ao passado – este bem mais recente do que outros exemplos – é Pedro Pinto, jovem surfista da Praia Grande, que atualmente vive e trabalha no Brasil.

Pedro enfrentou e brilhou ao lado de toda esta nova geração que dá agora cartas no surf nacional, cresceu numa das praias que tem servido de melhor escola aos big riders deste país, mas acabou por não atingir uma carreira mediática, dando preferência à profissão.

Será que ainda surfa? Pretende um dia voltar a fazer carreira do surf? Fomos mergulhar com ele ao passado, presente e também ao futuro e o resultado está nesta entrevista.

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SURFPortugal - Em primeiro lugar, a pergunta obrigatória é: tens surfado e ainda o fazes com regularidade?

Pedro Pinto – A regularidade com certeza que não é a mesma, já que estava habituado a surfar quase todos os dias e agora, por ter compromissos profissionais, tal ritmo já não é possível. Como atualmente estou a viver em Ipanema, a duas quadras da praia, quando há ondas consigo dar umas matinais antes de trabalhar. Fora isso, sempre que há ondas durante o fim-de-semana continuo a surfar (é sempre complicado de largar).

SP - Como são as ondas por aí?

P. P. - Quando comparadas com as de Portugal as ondas não são as melhores, mais ainda se tivermos em conta as últimas ondulações que deram na Ericeira. Ondas como essas não se fabricam por estas bandas, apesar dos brazucas me venderem que isto tem os seus dias.

Sinto muito a falta de surfar point breaks no geral e os únicos que há aqui no Rio [de Janeiro] têm muito crowd. Ainda assim, nada me dá mais gozo que dar um surf antes de trabalhar, faz-me logo o dia e torna o meu ritmo de trabalho incomparavelmente melhor.

SP - E a vida profissional?

P. P. - Neste momento estou a trabalhar num banco de investimento chamado BTG Pactual.

Foi criado a partir do conhecido banco suíço (UBS) e hoje em dia é considerado o maior banco de investimento da Améria Latina. O horário de trabalho é bastante pesado e, infelizmente, condiciona-me um bocado vida durante a semana. Foi uma aposta que decidi fazer e até ao momento estou bastante contente. Não só estou a aprender muito, como estou a conhecer pessoas totalmente diferentes e, enquanto isso acontecer, pretendo continuar por fora.

SP - O teu "desaparecimento" do mundo do surf aconteceu de uma forma natural ou houve algum momento em que sentiste um click que te fez parar?

P. P. - Nem considero uma saída de cena mas antes um caminho um pouco diferente daquele a que o tradicional surfista está habituado. Se nos primeiros anos só queria fazer os campeonatos todos, com o passar do tempo - e há medida que ia perdendo cada vez mais [risos] - comecei a querer viajar mais e a tirar fotografias. Hoje em dia posso até pensar no surf como uma possível opção profissional, de um ponto de vista mais de business, claro, ainda para mais tendo em conta o mediatismo e crescimento que tem tido nos últimos anos.

Não sou com certeza o primeiro a pensar assim e a verdade é que já temos excelentes surfistas que também são "profissionais do surf". Uma coisa é certa, continua a ser o meu desporto e a coisa pela qual mais me interesso. Não passo sem os meus cinco ou seis sites de eleição de forma a estar sempre atualizado. E não escondo que um dia mais tarde gostava muito de estar ligado ao surf. Mas penso que, para já, e caso queira suceder profissionalmente, não poderia estar a ter um melhor treino.

SP - Olhando para trás, o que pensas que faltou à tua carreira para ter atingido outro patamar?

P. P. – A verdade é que nunca me passou muito pela cabeça ser um surfista de WCT ou ser campeão do mundo, como acontecia à maioria dos meus amigos quando éramos mais novos. Aliás, passavam coisas a mais na minha cabeça: um dia tinha a certeza que queria treinar e surfar, no outro dia queria ser o melhor aluno da escola e entrar naquela universidade, etc ... Penso que talvez o facto de ser tão ansioso e o querer fazer tudo ao mesmo tempo, me tenha, em parte, condenado enquanto surfista.

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A verdade é que para ser surfista de profissão nos dias de hoje e para se alcançar a elite mundial seja como free surfer ou como competidor, tem de se trabalhar, e muito. Falo com conhecimento de causa e sei o quanto os melhores surfistas que temos em Portugal se esforçam para atingir os seus objetivos. Essa ideia de que é tudo muito fácil para eles está bastante enviesada. O nível está muito alto e qualquer surfista que pretenda ter uma boa vida não só no curto mas a longo prazo tem de lutar muito para se distinguir.

Pedro a mostrar que também sabe soltar as quilhas quando necessário. Foto: Ricardo Bravo

SP - Quais são as principais diferenças que identificas entre a altura que competias e agora?

P. P. - Eu não experienciei o surf pós-circuito Pró-júnior, uma vez que a partir daí limitei- me a viajar e, por isso, só posso comentar até aí. Sinceramente as diferenças que vejo para os dias de hoje não são muitas. Agora, é a partir desse mesmo momento que as coisas começam realmente a apertar e somente os que estão bem psicológica e fisicamente e com patrocínios sólidos é que conseguem descolar realmente. Talvez a única diferença que tenha a apontar seja o mediatismo do desporto, que consequentemente atrai mais público e mais aparato em torno campeonatos. Aahh! E também as obrigações profissionais que os surfistas têm para com as redes sociais.

SP - Sentes que agora há mais apoios e que se fosses mais novo a tua história poderia ter sido diferente?

P. P. - Penso que não, até porque os surfistas que realmente se destacaram nos últimos 10 anos continuam a ser os mesmos e os únicos que eu consigo dizer que têm pés e cabeça para vingarem no surf.

SP - Há algum surfista desta nova geração com que te identifiques e sintas que tem um surf idêntico ao teu?

P. P. - Honestamente, penso que não.

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SP - Dado que ainda és relativamente novo, há alguma possibilidade de te voltarmos a ver surfar de uma forma mais mediática?

P. P. - Com certeza que sim, sou surfista de alma e coração e esteja onde estiver (a não ser que não hajam ondas) sempre irei surfar. Se por a caso os fotógrafos falharem ou as pessoas não virem, era porque estavam desatentas... [risos]. Quando estive seis meses na Noruega a fazer parte do meu mestrado, mesmo com a água gelada, surfei. Agora no Rio, não imaginam a alegria que uma "marolinha" me pode dar.

SP - Fazendo um balanço dos anos de surf ao mais alto nível, qual pensas que foi o ponto alto da tua carreira?

P. P. - Com certeza que foram todas as experiências que tive oportunidade de viver e todos os amigos que fiz e continuo a fazer. Eu, como todos os da minha geração, viajei muito, surfei muitas ondas boas e tive momentos inesquecíveis. Se não tivesse sido apresentado ao surf e não tivesse tido patrocínios, nunca teria tido uma vida tao fácil e tão boa.

SP - Quais eram os teus colegas de geração quando competias?

P. P. - Com quem tudo começou e com quem a relação há-de ser sempre diferente é com o Nicolau [von Rupp] e com o Tomás Valente. Ambos continuam a ser dos meus melhores amigos. Relativamente à minha geração, assim da minha idade, eram o Alex [Botelho], o [Filipe] Jervis e o António Ribeiro. Entre os mais novos, mas que por serem os melhores e por irem competir "connosco" às nossas finais, estavam o Kikas [Frederico Morais], o Vasquinho [Vasco Ribeiro] o Zé [Ferreira] e o Xico [Alves].

Pedro Pinto em conexão com uma onda da Nicarágua, ele que sempre adorou viajar. Foto: Ricardo Bravo Para terminar, falámos com Tomás Valente que nos deu o seu olhar sobre a carreira do amigo: "O Pedro era um surfista all-around, bom em todo o tipo de condições", começou por dizer-nos. "No entanto, destacava-se mais em ondas boas, como na Ericeira, nomeadamente nos tubos. A carreira dele poderia ter vingado se se tivesse virado mais para o free surf, mas acabou por nunca assumir muito essa imagem. Era um pouco discreto e acabava por não ter uma imagem forte nem de competidor nem de free surfer. Nós, amigos,

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sabíamos o que ele valia, mas para fora, para o público, a mensagem acabava por não passar", frisou.

Tomás aproveitou esta surpresa que quisemos porporcionar a Pedro Pinto para enviar um abraço ao amigo, com quem contacta frequentemente, deixando um conselho final:

"Cuidado com as Raimundas! [risos]".

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