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NOTÍCIA URGENTE: DANDO VOZ AOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS

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Academic year: 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROJETOS EDITORIAIS IMPRESSOS E

MULTIMÍDIA

NOTÍCIA URGENTE: DANDO VOZ AOS

SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS

ALUNO: Vitor Paulo Duarte Moreira PROFESSORA ORIENTADORA: Juliana Lopes de Almeida Souza

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Notícia Urgente: dando voz aos servidores públicos municipais*

Vitor Paulo Duarte Moreira1

Resumo

Com base nos conceitos de perfil de leitor e de técnicas para facilitar a leitura, o presente artigo propõe-se a analisar e definir o perfil padrão do público leitor e potencial leitor do informativo mensal Notícia Urgente, da Associação dos Servidores Municipais da Prefeitura de Belo Horizonte. A partir da aplicação de um questionário por amostragem, buscou-se identificar as características sociais, as preferências e os assuntos que não despertam o interesse do público que tem acesso ao jornal. Esses dados serviram para a elaboração de uma análise quantitativa, visando ao estabelecimento de estratégias e ações para potencializar o índice de leitura da publicação.

Palavras-chaves: Notícia Urgente; Assemp; público leitor; jornal; perfil de leitor.

1. Introdução

O jornal Notícia Urgente é um informativo mensal de 16 páginas da Associação dos Servidores Municipais da Prefeitura de Belo Horizonte – Assemp. O jornal está em seu 19º ano, tem tiragem atual de 18 mil exemplares e distribuição gratuita. Este veículo cumpre a função de levar aos associados e demais servidores da prefeitura informações sobre o dia a dia da Associação e notícias que envolvam seu ambiente de trabalho, ou seja, o serviço público municipal.

As pautas do Notícia Urgente se dividem em três eixos principais: (1) de interesse dos servidores municipais de forma geral: notícias sobre campanha salarial, planos de carreira, eleições em sindicatos; (2) de interesse exclusivo dos associados da Assemp: mudanças na diretoria, eventos, novos serviços; (3) com o propósito de “vender” a Associação: convênios, benefícios de se tornar sócio, cursos.

* Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso do Programa de Pós-Graduação nível

Latu Sensu do Centro Universitário UNA, como requisito para obtenção do título de especialista em

Projetos Editoriais Impressos e Multimídia.

1 Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

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Além de abarcar interesses tão distintos, o jornal também possui o desafio de falar para públicos muito diversificados, já que a prefeitura conta com profissionais de diferentes faixas etárias, classes sociais e níveis de escolaridade. Contudo, apesar de já existir há 19 anos, o que comprova sua eficácia e a existência de um público que demanda as informações ali prestadas, nunca foi feita uma análise de perfil do leitor do jornal Notícia Urgente. Pouco se sabe, também, dos interesses desses leitores: que tipo de conteúdo mais os atrai; que tipo de informações presentes no jornal eles julgam irrelevantes; quais assuntos eles consideram que poderiam ser tratados ou aprofundados.

Dessa forma, esta pesquisa busca verificar o perfil-padrão dos leitores e potenciais leitores do Notícia Urgente, identificando interesses confluentes desse público. Essa análise permite o estabelecimento de um trabalho mais sistemático na definição das pautas do jornal, visando a alcançar uma potencialização do índice de leitura.

2. Referencial teórico

2.1. A leitura como processo

Teorias mais antigas do campo da comunicação acreditavam que a relação entre emissor e receptor se baseava em uma via de mão única, em que o fluxo comunicacional se resumia a uma informação que era emitida em um ponto X e recebida em um ponto Y. Essas teorias advinham de um modelo criado por Aristóteles: Emissor-Mensagem-Receptor. Uma das teorias mais difundidas, criadas a partir deste princípio, foi a da Agulha Hipodérmica, que determinava o indivíduo como um ser passivo que recebia a mensagem de forma direta, sem resistências.

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o que quer ou não consumir em termos de informação. E a relação do leitor com essa informação também é vista por prismas mais complexos que tempos atrás.

Segundo Fulgêncio e Liberato (1996, p.13), “a leitura não é uma atividade meramente visual”. As autoras defendem que o processo de leitura é o resultado da interação entre as informações visuais (IV) captadas e as informações não-visuais (InV).

Na verdade, a InV que utilizamos na leitura compreende tanto o conhecimento da língua e do assunto do texto, como também todo e qualquer outro conhecimento que possuímos, e que compõe a nossa teoria do mundo. (...) Todo esse conhecimento está, de alguma forma, armazenado em nossa memória, juntamente com o conhecimento da linguagem, e é utilizado no processo da leitura, permitindo dar sentido àquilo que a visão capta. (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, p.14).

A relação estabelecida entre a IV e a InV, de acordo com as autoras, é inversamente proporcional, ou seja, “quanto mais InV o leitor tiver disponível sobre um determinado texto, menor quantidade de IV ele necessitará para compreendê-lo” (FULGÊNCIO e LIBERATO, 1996, p.19). Como a quantidade de informação visual que uma pessoa pode dispor a cada momento é limitada, a ideia seria investir em assuntos com os quais os leitores já estivessem familiarizados, o que, teoricamente, facilitaria a leitura. Por consequência, para facilitar a compreensão do leitor, deveria-se reduzir a proporção de IV por página de jornal.

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Portanto, deve-se mesmo considerar o leitor como um indivíduo com capacidades tão limitadas, a quem se deve amparar a todo momento como a uma criança? Alguns autores e estudos apontam que a realidade pode não ser bem essa.

A última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil2, de 2008, conduzida pelo Instituto Pró-Livro, por exemplo, revelou um avanço no índice de leitura no país. Em 2000, data do primeiro estudo, o Brasil contava com 26 milhões de leitores, com uma média de 1,8 livro lido por leitor/ano. Já em 2007, houve um aumento tanto nos números absolutos quanto na média de leitura: são 66,5 milhões de leitores e 3,7 livros lidos por leitor/ano3.

Apesar da melhora, o Brasil ainda se posiciona bem atrás de outras nações, mesmo daquelas consideradas em desenvolvimento. De acordo com dados da pesquisa Media Habits, promovida pela consultoria NOP World em 2005, o Brasil ocupa o 27º lugar em um ranking de 30 países que avalia o número médio de horas gasto pela população com leitura por semana. O índice brasileiro é de 5,2 horas/semana, enquanto a média global é de 6,5. Os três primeiros lugares do ranking são ocupados por Índia (10,7), Tailândia (9,4) e China (8,0)4.

Porém, apesar de apontar que o índice de leitura no país ainda é baixo, a pesquisa também revela outros dados interessantes: de um universo de 172,7 milhões de brasileiros, 35% (ou 60 milhões) apontam a leitura como a atividade favorita nos momentos livres.

A mesma pesquisa revela que 48% do público avaliado tem o costume de ler jornais. Desse total, cerca de 41% afirma ser um hábito diário. Em uma análise da desenvoltura de um grupo de pessoas no manuseio e na identificação de matérias em jornais e sites da Internet, Ribeiro (2008) identificou que não é possível enquadrar os leitores em perfis fixos e imutáveis:

2

Retratos da Leitura no Brasil. São Paulo: Instituto Pró-livro, 2008. Disponível em: < http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf> Acessado em: 15 abr. 2011.

3 A análise leva em conta a população acima de 15 anos com pelo menos 3 anos de escolaridade que

leu pelo menos um livro nos últimos três meses anteriores à realização da pesquisa.

4 Dados disponíveis em:

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Os grupos divididos por perfis (leitores de impressos, de digitais e não-leitores) não apresentaram comportamentos homogêneos por “categoria”. Tanto há aqueles que declararam ler muito e demonstraram pouca habilidade com interfaces e textos, quanto houve quem se dissesse inexperiente e até incapaz de ler jornais, mas, na realidade, apresentasse boas e eficientes soluções para navegar e ler Estado de Minas e O Tempo, no papel e na tela. (...) Os testes mostram que não há dificuldades de leitura peculiares a um ou a outro perfil de leitor (RIBEIRO, 2008, p.178-79).

Ao que parece, ao se dotar o leitor de autonomia, sem a intenção de conduzi-lo a todo o tempo, este demonstra uma boa capacidade de interagir com o produto editorial e retirar dele a informação que busca. Esse é o posicionamento defendido por Furtado (2003, apudBARRETO, 2005, p. 516):

O leitor tem assim de construir o seu próprio percurso para encontrar a informação de que necessita e é-lhe exigida a capacidade de agir, criando, alterando ou aproveitando encontros no corpo de conhecimento eu se está a desenvolver. O que significa que tem de saber optar por percursos no metatexto, servir-se de textos já disponíveis e ser capaz de criar ligações entre documentos multimodais.

O que se vislumbra como mais consensual é de que o desenvolvimento do hábito da leitura, no país, ainda tem um longo caminho a percorrer. Dessa forma, seria imprudente não levar em conta as dificuldades e as condições sociais, culturais e econômicas que incidem sobre os leitores quando se pensa em uma produção editorial.

Todavia, ao que se observa, esse mesmo leitor deve ser encarado como um agente ativo do processo, não-massificado, com poder de avaliação e decisão.

2.2. Aperfeiçoando a redação jornalística

Ainda que a sugestão de Fulgêncio e Liberato (1996) de diminuir a quantidade de informação visual por página de jornal possa ser seguida em determinadas circunstâncias, ainda não se conhece nenhuma forma de jornalismo tradicional sem texto. E se a informação visual é imprescindível, como torná-la atraente mesmo aos olhos de uma população que não se destaca por seus hábitos de leitura?

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maneira a deixar o texto mais claro e objetivo, facilitando a leitura e a compreensão da mensagem que se deseja transmitir.

Pinto (2009), jornalista responsável pelo setor de treinamento e seleção da Folha de S. Paulo, enumera algumas das características que julga necessárias para a produção de um bom texto:

Cada história é única e há formas diferentes, igualmente boas, de contá-la. Mas, em linhas gerais, siga esses passos: use frases claras; economize ao máximo citações entre aspas; atribua informações que não puder bancar; não suponha nada; evite adjetivos; escolha verbos precisos; contextualize e explique os números; vá direto ao ponto. (PINTO, 2009, p.237)

Outro grande paradigma no jornalismo é a construção do lide, seguindo a lógica da pirâmide invertida. O lide funciona como uma espécie de “ir no garantido para não ter erro”. A técnica baseia-se na tentativa de resumir todas as informações mais importantes do texto no primeiro parágrafo, respondendo às seguintes perguntas: o quê?; quem?; quando?; onde?; como?; e por quê?. “Praticar esse tipo de lide é importante porque não diz respeito ao texto somente, mas à hierarquia das informações” (PINTO, 2009, p.200).

Por mais simples que possa parecer essa hierarquização de informações, Squarisi e Salvador (2005, p. 12) traçam um comparativo entre a construção de um lide e o ofício de garimpo. “Embaixo de toneladas de dados secundários, coberto por montanhas de detalhes desnecessários (...), jaz o diamante reluzente do óbvio”. A dificuldade a qual as autoras se referem está no fato de que, muitas vezes, a grande quantidade de informações obtidas pelo jornalista na apuração de uma matéria o faz se confundir sobre o que são, essencialmente, os fatos da notícia. Não por acaso exercícios de identificação e construção de lides são realizados à exaustão nas faculdades de jornalismo e seu uso é o mais aconselhado para profissionais em início de carreira.

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A petição do advogado destina-se ao juiz. A análise do economista, a economistas. O relatório do diretor, ao presidente da empresa. A matéria do jornal, aos leitores do jornal. Quem são eles? A resposta engloba de A a Z. São pessoas de variados níveis de escolaridade. De variadas profissões. De variadas faixas etárias. De variados interesses. O desafio do repórter é se fazer entender por todos. Quem — apesar das diferenças — se aventurar a ler uma reportagem, entrevista ou comentário deve ter a impressão de que o texto foi escrito para ele. (SQUARISI e SALVADOR, 2005, p. 22)

Tomada essa premissa, o desafio de produzir e redigir um jornal se torna muito maior do que as simples questões técnicas envolvidas. Como elaborar uma pauta, encontrar personagens, redigir a matéria e diagramá-la de forma a despertar o interesse e agradar um público que, a princípio, não se sabe qual é?

A resposta mais óbvia a esse questionamento seria: conhecendo esse público. Fato é que as publicações editoriais existentes hoje, no Brasil e no mundo, especialmente no que tange às revistas, têm se tornado cada vez mais segmentadas, voltadas para públicos muito específicos. Todavia, torna-se tarefa impossível limitar totalmente quem será o leitor de determinada publicação.

Uma das alternativas possíveis para minimizar essa dificuldade e o trabalho de tentativa/erro é o de traçar um perfil médio do leitor, assumindo de antemão a impossibilidade de se agradar a gregos e troianos. Um caminho inicial, por exemplo, seria identificar quem é o leitor de jornal e também quem é o não-leitor, analisando os motivos e as dificuldades que este público enfrenta e que acaba por afastá-lo da leitura.

3. Quem é o leitor do jornal Notícia Urgente?

3.1. Procedimentos metodológicos

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Para auxiliar nessa tarefa de definição de perfil, foi formulado e aplicado um questionário aos leitores do jornal. A pesquisa, que consta no Anexo I deste artigo, era composta de seis perguntas de múltipla escolha e um campo final de sugestões. Neste espaço, o respondente podia emitir qualquer opinião a respeito da publicação que não estivesse contemplada nas perguntas anteriores.

O questionário foi impresso na edição de setembro de 2011 do jornal e também enviado por e-mail, via mala direta, a todos os associados com endereço eletrônico cadastrados no banco de dados da Assemp. No total, foram coletadas 410 respostas, o que corresponde a 2,27% da tiragem mensal da publicação, de 18 mil exemplares.

3.2. Identificação com o jornal

A primeira pergunta do questionário destinava-se a saber se o leitor é ou não associado à Assemp. O objetivo dessa pergunta era avaliar até que ponto os servidores não-associados se sentem representados no jornal5. Como é possível observar pelo Gráfico 1, a grande maioria dos leitores do jornal são associados à Assemp. Do total de respondentes, 92% afirmaram ser associados (porcentagem correspondente a 378 pessoas), enquanto apenas 8% (32 pessoas) disseram ser leitores do jornal, mas sem vínculo com a Associação.

5 Diferentemente de sindicatos, em que a contribuição é feita de forma compulsória, a vinculação à

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Gráfico 1 – Associados da Assemp

Você é associado da Assemp?

92%

8%

Sim Não

Esse dado específico, porém, pode apresentar uma leve distorção, devido a um dos meios de divulgação da pesquisa. Conforme já descrito, além da publicação no próprio jornal, o questionário foi enviado por e-mail aos associados. Assim sendo, seria natural que o número destes superasse o de não-associados. Porém, a amplitude da diferença deixa claro que os leitores do jornal são, em suma, vinculados à Associação.

A partir desse dado, foi possível inferir duas justificativas possíveis: primeiramente, a vinculação muito forte do Notícia Urgente como “o jornal da Assemp”. Não por acaso, essa é a forma como a maioria das pessoas (associados, leitores, funcionários da Associação) se refere ao informativo. Assim, não seria descabido aventar que muitos servidores que têm acesso ao jornal, em seus postos de trabalho, não o leem por acreditar que a publicação não se destina a eles. A segunda justificativa se deve ao grande número de páginas dedicadas a assuntos internos da Associação, o que pode desestimular a leitura dos não-associados.

3.3. Características sociais

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de escolaridade. Essas três perguntas foram incluídas pelo fato de serem determinantes para a definição de questões textuais e gráficas do jornal.

O Gráfico 2 apresenta os setores e órgãos da prefeitura que concentram o maior número de leitores do Notícia Urgente. A área de educação é a que mais se destaca, com 46% dos respondentes. Em seguida, os servidores já aposentados (19%), os da área administrativa (13%) e os da saúde (10%). Profissionais de autarquias municipais representam apenas 3%, enquanto as demais áreas somadas chegam aos 9%.

Gráfico 2 – Área de trabalho

Em qual área da PBH você trabalha?

13%

46%

10% 3% 9% 19%

administrativa educação saúde autarquias outra

já sou aposentado

Esse dado da pesquisa trouxe à tona uma nova informação pertinente. Como os associados já aposentados recebem o Notícia Urgente em casa, pelo correio, e também pelo fato do público frequentador da Assemp ser formado, em sua maioria, por servidores inativos, acreditava-se que isso se refletia diretamente no índice de leitura do jornal.

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português poderiam encontrar menor tolerância entre profissionais da educação; 2) os acontecimentos do universo escolar e educacional devem ser pautados com mais frequência no jornal, potencializando o interesse dos leitores; 3) é necessário rever o sistema de distribuição dos exemplares, para garantir que as escolas municipais sejam atendidas satisfatoriamente.

O Gráfico 3, referente à faixa etária do público leitor, também desmistifica uma outra “verdade” sobre o Notícia Urgente: a de que os leitores são, majoritariamente, pessoas mais velhas. Apesar do percentual de servidores com mais de 50 anos ser bastante alto – 48% –, os leitores entre 36 e 50 anos também têm muito peso na composição total desse público (41%).

Gráfico 3 – Faixa etária

Qual sua faixa etária?

1% 10%

41% 44%

4%

18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 50 anos 51 a 65 anos 66 anos ou mais

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Por fim, o Gráfico 4 apresenta as estatísticas sobre o nível de escolaridade dos leitores. É possível observar o alto grau de instrução do público do jornal. Dos 410 respondentes, 83% possuem ensino superior completo, 5% têm ensino superior incompleto e outros 10% concluíram o ensino médio.

Gráfico 4 – Nível de instrução

Qual seu nível de instrução?

1% 1%

10% 5%

83%

0,2%

ensino fundamental incompleto

ensino fundamental completo

ensino médio incompleto

ensino médio completo

superior incompleto

superior completo

Pragmaticamente, acreditava-se, até então, que o jornal possuía maior penetração entre os servidores com nível de instrução mais baixo. Esse pensamento advinha da crença de que esse público teria maior interesse pelas atividades culturais e pelos serviços prestados gratuitamente pela Associação, além de não terem contato direto com outras fontes de informação, como Internet e jornais diários.

Por esses motivos, sempre existiu a convicção de que o jornal deveria ter uma linguagem muito simples e direta. Assuntos mais complexos sempre foram simplificados ou, em alguns casos, descartados do jornal. De todas as falsas impressões sobre o público do jornal, porém, essa foi a que se mostrou mais equivocada. O percentual de leitores que não possui o ensino médio completo é de apenas 2,2%.

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jornal comportaria sem empecilhos reportagens que abordassem questões comumente dadas como herméticas, tais como pautas econômicas, tributárias e judiciais, por exemplo.

O simples fato de se deixar de lado a crença de que o leitor do jornal possui um baixo nível de senso crítico e que, por isso, deve receber as mensagens bem “mastigadas”, pode ajudar a potencializar a leitura da publicação. Ao entender que o Notícia Urgente traz as informações de forma isenta, ao invés de tentar conduzir a determinada opinião, o leitor pode se sentir mais respeitado e, consequentemente, aumentar sua curiosidade pelo jornal.

3.4. Preferências e não-preferências

Finalmente, o questionário apresentou aos leitores as seções fixas do jornal e alguns dos assuntos mais recorrentes ao longo das edições do primeiro semestre de 2011. Nessa parte da pesquisa, os leitores deveriam apontar as seções e temas que despertam neles maior e menor interesse.

Foram elencados 14 itens, dos quais os respondentes poderiam escolher até oito (quatro de maior interesse e quatro de menor interesse). Os resultados estão listados nas Tabelas 1 e 2, abaixo.

Pela Tabela 1, é possível observar que as pautas que englobam temas mais amplos do cotidiano dos servidores, sem se restringir a assuntos da Assemp, têm maior receptividade pelos leitores. Dos seis itens mais lembrados pelos respondentes, apenas dois têm ligação direta com a Associação: “Informações sobre convênios” e “Informações sobre Planos de Saúde”.

Tabela 1 – Maior interesse

Assuntos do jornal que despertam maior interesse dos leitores

Resposta Contagem Porcentagem

Campanha salarial 275 67.07%

Denúncias de irregularidades na PBH 201 49.02% Informações sobre convênios 180 43.90%

Matérias de saúde 174 42.44%

Informações sobre Planos de Saúde 142 34.63%

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Notícias do Núcleo de Convivência 116 28.29%

Editorial 84 20.49%

Passatempo 78 19.02%

Social e Classificados 67 16.34%

Tecendo Histórias 41 10.00%

Charge 34 8.29%

Notícias sobre o prefeito 29 7.07% Fotos de festas da Associação 14 3.41%

É interessante ponderar, ainda, sobre o tópico mais votado, “Campanha salarial”. Anualmente, os servidores se mobilizam em assembleias e manifestações para negociar o reajuste de seus vencimentos salariais com o governo municipal. O assunto sempre tem uma cobertura superficial das mídias de massa, pelo fato do tema afetar diretamente uma parcela muito pequena da população belo-horizontina – são cerca de 35 mil servidores dentro de um universo de 2,5 milhões de habitantes na capital.

Os meios de comunicação alternativos, então, se apresentam como a principal fonte de informação dos servidores sobre os acontecimentos da campanha. Dessa forma, seria possível explorar a imagem institucional do Notícia Urgente como um veículo que permite aos trabalhadores municipais estarem sempre bem informados sobre a questão salarial. Essa medida contribuiria, em parte, para reverter o problema explicitado no tópico 3.2 deste artigo, de que os servidores não-associados não se sentem representados no jornal.

Porém, é importante salientar que a campanha salarial dura, em média, de três a quatro meses (março a junho), ou seja, o assunto não poderia ser explorado diretamente ao longo de todo o ano. Entretanto, dado ao interesse manifesto dos leitores sobre a questão, o tema poderia ser trabalhado de forma indireta nos meses subsequentes ao término da campanha. Reportagens associando a renda do servidor a temas macroeconômicos, como inflação, aumento do custo de vida e valorização imobiliária poderiam ter boa receptividade entre os leitores.

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foi a menos lembrada pelos leitores no que se refere aos assuntos mais interessantes do jornal.

Tabela 2 – Menor interesse

Assuntos do jornal que despertam menor interesse dos leitores

Resposta Contagem Porcentagem

Fotos de festas da Associação 208 50.73% Notícias sobre o prefeito 144 35.12% Social e Classificados 129 31.46%

Passatempo 129 31.46%

Charge 110 26.83%

Tecendo Histórias 80 19.51%

Editorial 69 16.83%

Notícias do Núcleo de Convivência 54 13.17% Denúncias de irregularidades na PBH 32 7.80%

Artigos 27 6.59%

Informações sobre Planos de Saúde 26 6.34% Informações sobre convênios 15 3.66%

Campanha salarial 12 2.93%

Matérias de saúde 10 2.44%

Entretanto, essa análise estatística contrasta diretamente com um fator contextual: em todas as edições em que se deu destaque a coberturas de eventos internos da Assemp, a procura por exemplares do jornal na Associação foi maior. O que explicaria essa contradição?

Muito possivelmente, o fato de se utilizar o ponto de distribuição de jornais dentro da própria sede da Associação como único termômetro para medir o sucesso da edição. Certamente, as pessoas que apanham o Notícia Urgente na Assemp são os frequentadores mais assíduos e, consequentemente, aqueles que aparecem nas fotos dos eventos.

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Com exceção do tópico “Fotos de festas da Associação”, entretanto, o que se observa é que a taxa de rejeição das demais seções do Notícia Urgente é pequena, o que pode ser considerado um bom sinal. O segundo item mais lembrado na Tabela 2, “Notícias sobre o prefeito”, apresentou índice de 35,12%. Em contrapartida, quatro itens da Tabela 1 tiveram porcentagens maiores, o que demonstra que a aceitação do jornal é alta, principalmente se comparada ao nível de rejeição.

4. Considerações finais

Retomando o que foi exposto na Introdução deste artigo, ao jornal Notícia Urgente se impõe a “ingrata” tarefa de falar e ser porta-voz de todos os servidores públicos municipais de Belo Horizonte. Ingrata porque isso significa uma interlocução com 35 mil pessoas, das mais distintas idades, formações e interesses.

Assumida a impossibilidade dessa incumbência, um questionamento se coloca: quem são, então, as pessoas que, de fato, leem o jornal mensalmente? Até o presente momento, o perfil médio do leitor do Notícia Urgente que se tinha era baseado em suposições e análises superficiais. O questionário aplicado aos leitores, porém, revelou dados bem distintos dos que se tomavam como verdadeiros.

O público do jornal, em sua grande maioria, é formado por membros da Associação. Curiosamente, porém, os assuntos que despertam maior atenção não estão relacionados diretamente à Assemp. Os leitores recorrem ao jornal em busca de informações que se relacionam ao seu cotidiano profissional, mas que não ganham espaço em mídias de massa tradicionais.

A faixa etária é bastante ampla, ao contrário do que se acreditava: 85% dos leitores têm idade entre 36 e 65 anos. Quando se trata do diálogo com o público mais jovem, porém, o jornal revela uma ineficiência. Apenas 1% dos leitores têm entre 18 e 25 anos.

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seja, possuem bom capital intelectual e cultural para consumir informações de média e alta complexidade. Essa conclusão é corroborada, ainda, pelo fato do público do jornal atuar, majoritariamente, na área da educação.

Com base nesses dados, sugere-se que o Notícia Urgente reveja alguns aspectos de seu posicionamento editorial. O investimento em reportagens mais aprofundadas e com temas mais intricados dificilmente afastaria os atuais leitores do jornal, por possuírem um perfil compatível com a linha proposta. Em contrapartida, essa mudança poderia auxiliar na atração dos leitores mais jovens, uma vez que esse público também possui, habitualmente, um nível de instrução mais alto.

Algumas seções do jornal, como Passatempos e Classificados, devem ser mantidas, apesar de apresentarem um índice de rejeição significativo (31,46%). Porém, ambas as seções também foram lembradas entre os itens que despertam maior interesse do público – 19,02% e 16,34%, respectivamente. Mesmo que o grau de desinteresse seja superior, não se tratam de páginas de caráter informativo. Dessa forma, dificilmente sua manutenção implicaria em perda de leitores.

Por outro lado, o espaço dado a assuntos internos da Associação, principalmente os de menor relevância, deve ser reconsiderado. A análise dos dados da pesquisa revelou que o destaque exacerbado a cobertura de eventos exclusivos dos associados afasta aqueles que não têm vínculo com a Assemp. Tal fato colide de frente com um dos propósitos do jornal, que é, exatamente, angariar novos sócios.

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5. Referências

BARRETO, Sônia Régis. Modos de Ler, Modos de Pensar: Leitura e Memória. In: ABREU, Márcia e SCHAPOCHNIK, Nelson (Orgs.). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. Campinas: Mercado de Letras 2005. p. 511-518.

CHARTIER, Roger. A mediação editorial. In: ______. Os Desafios da Escrita. São Paulo: Editora Unesp, 2002. p. 61-76.

FULGÊNCIO, Lúcia; LIBERATO, Yara. Um Modelo de Descrição da Leitura. In: ______. Como Facilitar a Leitura. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1996.

LEENHARDT, Jacques. Teoria da Comunicação e Teoria da Recepção. Anos 90 (Revista do Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Porto Alegre; n.8, dez/1997.

PINTO, Ana Estela de Sousa. Jornalismo Diário: reflexões, recomendações, dicas, exercícios. São Paulo: Publifolha, 2009.

Retratos da Leitura no Brasil. São Paulo: Instituto Pró-livro, 2008. Disponível em: < http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf> Acessado em: 15 abr. 2011.

RIBEIRO, Ana Elisa. Navegar Lendo, Ler Navegando: aspectos do letramento digital e da leitura de jornais. Belo Horizonte: UFMG, 2008. 243p. Tese – Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.

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Anexos

Anexo 1 – Questionário disponibilizado aos leitores do jornal Notícia Urgente

Pesquisa de público

1. Você é associado da ASSEMP?

sim não

2. Em qual área da PBH você trabalha?

administrativa educação saúde autarquias outra já sou aposentado(a)

3. Qual sua faixa etária?

18 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 50 anos 51 a 65 anos 66 anos ou mais

4. Qual seu nível de instrução?

fundamental incompleto fundamental completo médio incompleto médio completo superior incompleto superior completo

5. Marque os assuntos do jornal que MAIS te interessam (pode marcar até quatro opções)

Editorial Charge Informações sobre Planos de Saúde Campanha salarial Artigos Denúncias de irregularidades na PBH Matérias de saúde Tecendo Histórias Notícias do Núcleo de Convivência Passatempo Social e Classificados Informações sobre convênios Notícias sobre o prefeito Fotos de festas da Associação

6. Marque os assuntos do jornal que MENOS te interessam (pode marcar até quatro opções)

Editorial Charge Informações sobre Planos de Saúde Campanha salarial Artigos Denúncias de irregularidades na PBH Matérias de saúde Tecendo Histórias Notícias do Núcleo de Convivência Passatempo Social e Classificados Informações sobre convênios Notícias sobre o prefeito Fotos de festas da Associação

Imagem

Gráfico 1 – Associados da Assemp  Você é associado da Assemp?
Gráfico 2 – Área de trabalho  Em qual área da PBH você trabalha?
Gráfico 3 – Faixa etária  Qual sua faixa etária?
Gráfico 4 – Nível de instrução  Qual seu nível de instrução?
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Referências

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