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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA LUZIA MICHELLE SANTOS

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Academic year: 2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS

RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA

LUZIA MICHELLE SANTOS

ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

CAICÓ – RN 2020

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LUZIA MICHELLE SANTOS

ATRIBUIÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Escola Multicampi de Ciências Médicas – Caicó/RN.

Orientador: Prof. Dr. Eudes Euler de Souza Lucena

CAICÓ - RN 2020

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sabedoria e entendimento. Por todos os momentos maravilhosos que vivi e por todas as pessoas incríveis que colocaste em meu caminho. A minha mãe Fátima e irmã Márcia, por me apoiar incondicionalmente em todos os momentos. A meu orientador, Eudes, pela paciência e atenção. A todos os meus amigos, por todo amor e felicidade compartilhada nestes dois anos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB – Atenção Básica

ACS – Agente Comunitário de Saúde BVS – Biblioteca Virtual em Saúde

DeCs – Descritores em Ciências da Saúde

EMCM – Escola Multicampi de Ciências Médicas ESB – Equipe de Saúde Bucal

ESF – Estratégia de Saúde da Família

ILPIs – Instituição de Longa Permanência para Idosos MESH – Medical Subject Headings

PNAB – Política Nacional de Atenção Básica RIL – Revisão Integrativa de Literatura RN – Rio Grande do Norte

SciELO – Scientific Eletronic Library Online SUS – Sistema Único de Saúde

UBS – Unidade Básica de Saúde

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Síntese dos artigos que compuseram a revisão integrativa, incluindo autor/ano de publicação, objetivo, tipo de estudo, principais resultados e atribuições levantadas no texto ... 16 Quadro 2: Atribuições do Cirurgião-Dentista de acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 19- Saúde e Envelhecimento da pessoa idosa ... 20

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma representativo da seleção dos artigos encontrados por meio da pesquisa nas bases de dados. Caicó, RN, 2019 ... 15

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RESUMO

Objetivo: Identificar as atribuições do Cirurgião-Dentista disponíveis da literatura, no contexto da atenção à saúde da pessoa idosa. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo Revisão Integrativa da Literatura (RIL). Os dados foram coletados nas bases Science Direct, SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e busca manual no Google Acadêmico, sendo incluídos os artigos publicados entre 2014 a 2019. Os descritores utilizados para a coleta foram: “atribuições”, “competência profissional”,

“odontologia”, “Atenção básica” e “idoso”. Durante a busca inicial foram encontrados 4.073 artigos, dos quais 129 foram selecionados para análise, sendo 122 descartados por motivos de duplicação, por não atender aos critérios de elegibilidade ou por não abordarem a temática de interesse. No final, a amostra contou com um total de 07 artigos. Resultados e discussão: As principais atribuições elencadas foram: garantir uma atenção integral a saúde do idoso, realizar assistência domiciliar, prestar orientações a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador, além de, realizar consulta, oferecer quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador, quando necessário. Ademais, os estudos analisados incluem como responsabilidades do dentista a realização de ações de promoção a saúde e prevenção de doenças e o cuidado multidisciplinar, através da atuação junto ao médico responsável da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Conclusão: É responsabilidade do cirurgião-dentista da Atenção Básica prover uma atenção à saúde da pessoa idosa de maneira eficaz e eficiente, atingindo esse grupo e revertendo o descaso observado em relação a saúde bucal dessa população. Para tal, faz-se necessário que o dentista tenha conhecimento das suas atribuições, de maneira a estabelecer suas funções e orientar as ações a seres desenvolvidas com esse grupo populacional.

Palavras-chave: Assistência integral à saúde; Idoso; Odontologia Geriátrica; Atenção Primária à saúde; Odontólogos.

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ABSTRACT

Objective: To identify the attributions of the Dental Surgeon available in the literature, in the context of health care for the elderly. Methodology: This is an Integrative Literature Review (RIL) study. Data were collected in Science Direct, SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed, BVS (Virtual Health Library) and manual search on Google Scholar, including articles published between 2014 and 2019. The descriptors used for the collection were : “Assignments”, “professional competence”, “dentistry”, “primary care” and “elderly”.

During the initial search, 4,073 articles were found, of which 129 were selected for analysis, 122 of which were discarded due to duplication, for not meeting the eligibility criteria or for not addressing the topic of interest. In the end, the sample had a total of 07 articles. Results and discussion: The main duties listed were: ensuring comprehensive health care for the elderly, providing home care, providing guidance to the elderly, family members and / or caregivers, in addition to conducting a consultation, offering a clinical picture, issuing a diagnosis and performing restorative treatment when needed. In addition, the studies analyzed include the responsibility of the dentist to carry out actions to promote health and disease prevention and multidisciplinary care, through working with the physician responsible for the Family Health Strategy (FHS). Conclusion: As a primary care dentist, it is the responsibility of the dentist to provide health care for the elderly in an effective and efficient manner, reaching this group and reversing the neglect observed in relation to the oral health of this population.

To this end, it is necessary that the dentist has knowledge of their duties, in order to establish their functions and guide actions to be developed with this population group.

Keywords: Comprehensive health care; Aged; Geriatric Dentistry; Primary Health Care;

Dentists.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

2. METODOLOGIA ... 13

3. RESULTADOS ... 15

4. DISCUSSÃO ... 21

4.1 PRINCIPAIS DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A ATENÇÃO À SAÚDE BUCAL DAS PESSOAS IDOSAS ... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 27

6. REFERÊNCIAS ... 28

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1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundialmente crescente, apontado como uma das transformações demográficas mais significativas do século XXI (BODSTEIN;

LIMA; BARROS, 2014). Esse fenômeno é uma resposta à redução nas taxas de fertilidade e mortalidade e ao aumento da expectativa de vida (BRASIL, 2006a; BATISTA; DE ALMEIDA;

LANCMAN, 2011), e sofre influência dos processos de discriminação e exclusão associados ao gênero, à etnia, ao racismo, às condições sociais e econômicas, à região geográfica de origem e à localização de moradia (BRASIL, 2006a).

O Brasil assiste atualmente a redução proporcional da população jovem e aumento na proporção e no número absoluto de pessoas com 60 anos ou mais (BODSTEIN; LIMA;

BARROS, 2014). A previsão é de que, no período de 1950 a 2025, o número de idosos no Brasil deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total, em cinco. Se isso se confirmar, o país ocupará o sexto lugar no mundo quanto ao contingente de idosos, alcançando em 2025 cerca de 32 milhões de pessoas com essa faixa etária, um número maior ou igual ao de crianças e jovens de 0 a 15 anos (BATISTA; DE ALMEIDA; LANCMAN, 2011; BRASIL, 2013; BODSTEIN; LIMA; BARROS, 2014).

Diferentemente do que ocorreu nos países desenvolvidos, nos países em desenvolvimento, esse processo aconteceu de maneira rápida, não acompanhado de uma adequada reorganização nas áreas social e na saúde de maneira a atender às novas demandas emergentes (BRASIL, 2006a). Associado a isso, observa-se uma transição epidemiológica, caracterizada pelo aumento das doenças crônico-degenerativas em detrimento das infectocontagiosas, resultando no aumento da demanda dessa população por serviços de saúde (DE FARIA VIANA et al., 2010; AUSTREGÉSILO et al., 2015).

Considerando isso, o Brasil organiza-se para responder às demandas da população que envelhece. A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamentada em 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1994; BRASIL, 2006a;

SENADO FEDERAL, 2017).

O grande desafio atualmente da Atenção Básica (AB) é atingir essa demanda crescente de comorbidades inerentes ao idoso, com a participação de profissionais que atuem diretamente na promoção à saúde (BRASIL, 2006a; DE OLIVEIRA SOUSA et al., 2019). A atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa deverá ser estruturada embasada nos direitos,

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habilidades, necessidades e preferências do usuário, nos moldes de uma linha de cuidado que vise facilitar o acesso a todos os níveis de atenção (BRASIL, 2006a). O cuidado prestado deve, então, ser realizado considerando-se os distintos fatores que interagem na saúde dos idosos, como aspectos físicos, psicológicos, ambientais e sociais, o que demanda uma abordagem global, interdisciplinar e multidimensional (BATISTA; ALMEIDA; LANCMAN, 2011).

Na perspectiva da atenção integral, a saúde bucal vem sendo esquecida quando se discute as condições de saúde da pessoa idosa. Esses usuários vivenciaram um modelo assistencial odontológico curativo e mutilador, com características excludentes e serviços restritos a urgência odontológica. Esse modelo assistencial gerou um quadro de saúde bucal precária nos idosos, marcado pela ausência de dentes e alta prevalência de doenças bucais, como cáries e doenças periodontais, além da necessidade de uso de próteses (DUTRA; SANCHEZ, 2015).

Esse histórico mutilador, aliado a carência de programas específicos e a dificuldade de acesso odontológico para essa população, explica a condição odontológica insatisfatória desse grupo e aumenta seu grau de importância tendo em vista o rápido envelhecimento populacional observado no Brasil nas últimas décadas (SÓRIA et al., 2019). Esse retrato sugere a ineficácia do SUS e das políticas públicas de saúde bucal quanto ao princípio da universalidade, ou seja, garantia universal do acesso e uso dos serviços odontológicos (OLIVEIRA et al., 2016).

A inserção do cirurgião-dentista na equipe de saúde da família, enquanto Equipe de Saúde Bucal (ESB), foi um avanço importante que resultou em uma expansão no acesso e na utilização dos serviços de saúde bucal (SÓRIA et al., 2019). De acordo com o Caderno de Atenção Básica – Saúde e Envelhecimento da pessoa idosa, é atribuição do cirurgião-dentista prestar atenção integral a pessoa idosa, além de realizar assistência domiciliar, orientação de higiene oral e a realização do exame clínico, diagnóstico e tratamento no idoso dependente (BRASIL, 2006a; BONFÁ et al., 2017).

Assim, a saúde bucal do idoso implica na organização e ampliação da oferta tanto de ações de promoção a saúde e prevenção de doenças, como de atenção curativa e reabilitadora (DUTRA; SANCHEZ, 2015). Manter uma boa saúde bucal é importante para o bem-estar e envelhecimento, a fim de evitar doenças bucais e extra bucais (BONFÁ, 2017), prevenir o edentulismo e, também, para melhorar a qualidade de vida dos idosos, sejam eles dentados ou desdentados.

Nessa perspectiva, o trabalho se propõe a responder a seguinte questão norteadora: O que a literatura traz acerca das atribuições do cirurgião-dentista, no contexto do cuidado e

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atenção ao idoso? Assim, o estudo teve por objetivo identificar as atribuições do cirurgião- dentista disponíveis da literatura, no contexto da atenção à saúde da pessoa idosa.

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2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo Revisão Integrativa da Literatura (RIL). Este método tem por finalidade reunir e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para um conhecimento aprofundado a respeito do tema investigado, apontar lacunas no conhecimento que precisam ser pesquisadas por outros estudos e oferecer instrumentos para práticas baseadas em evidências (MENDES; SILVEIRA;

GALVÃO, 2008; SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

O processo de elaboração desta RIL percorreu as seguintes etapas: delimitação do tema e elaboração da pergunta norteadora, determinação de critérios de inclusão e exclusão (seleção da amostra), estabelecimento dos bancos de dados incluídos, coleta de dados, análise dos estudos incluídos, interpretação dos resultados e discussão, e finalmente, apresentação da revisão (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008; SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

Foram incluídos nesta revisão, artigos disponíveis nos idiomas português, espanhol e inglês, estudos com até 5 anos de publicação (2014 a 2019), artigos disponibilizados na íntegra, estudos observacionais, ensaios clínicos ou relatos de experiência e, artigos que respondessem a questão norteadora do estudo ou seja, que abordassem a temática de atribuição/competências do cirurgião-dentista e idosos. Foram descartados artigos repetidos nas bases, teses, resumos de anais, editoriais, cartas, ensaios, notas editoriais, dissertações, comentários e artigos que não estivessem dentro do contexto da atenção ao idoso ou de odontologia. Para análise dos estudos incluídos foi realizada uma leitura dos títulos, resumos e objetivos dos artigos disponibilizados nas bases após pesquisa dos descritores.

O levantamento bibliográfico ocorreu entre setembro a novembro de 2018 e foi realizado nas seguintes bases de dados: Science Direct, SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed, BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e busca manual no Google Acadêmico.

Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores “atribuições”/“competência profissional”, “odontologia”, “Atenção básica” e “idoso”, selecionados previamente no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e no MESH (Medical Subject Headings), nos idiomas português e inglês respectivamente, e combinados entre si pela utilização do operador booleano AND.

A fase final de busca e seleção incluiu a análise criteriosa dos artigos previamente selecionados, sendo excluídos aqueles que não estivessem dentro dos critérios de elegibilidade ou que não tivessem relação com a temática de interesse. Os artigos de texto completo incluídos foram avaliados individualmente e seus principais componentes resumidos em uma tabela que

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identificou: autor, ano, objetivos, metodologia, principais resultados e atribuições elencadas.

Através de uma análise crítica comparativa foram identificadas atribuições em cada artigo e relacionadas às atribuições trazidas pelo Caderno de Atenção Básica “Saúde e Envelhecimento da Pessoa idosa”.

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3. RESULTADOS

Após a coleta de dados e análise crítica de todos os artigos encontrados, foram selecionados, de um universo de 4.073, 07 artigos que compuseram a amostra final desta revisão. As etapas do processo de identificação e seleção dos artigos encontrados são retratadas na figura 1.

j

Figura 1. Fluxograma representativo da seleção dos artigos encontrados por meio da pesquisa nas bases de dados. Caicó, RN, 2019.

k

A pesquisa bibliográfica através dos descritores e combinações resultou em 4.073 artigos, dos quais, apenas 129 trabalhos foram selecionados pelo título quanto à relevância.

Após leitura dos resumos, 4 estudos foram excluídos por duplicação, 18 por não atender aos critérios de inclusão, 21 eram teses ou resumo de anais e 60 foram descartados por não abordarem a temática de interesse (Figura 1). Destes, 26 artigos foram selecionados para avaliação do texto completo, dos quais 16 artigos foram excluídos por não responderem à

Artigos selecionados para leitura na íntegra

(n= 26) Artigos excluídos após leitura na íntegra

(n= 19) - Não disponíveis na íntegra (n= 3) - Não abordaram temática da revisão (n= 16)

Artigos excluídos (n= 103) - Duplicados (n= 4)

- Não atendiam aos critérios de inclusão (n= 18)

- Teses e resumos de anais (n= 21) - Não respondiam à questão norteadora (n=

60)

Incluídos Elegibilidade Identificação

Estudos recuperados pela busca manual

(n= 1.440) Estudos recuperados nas bases de dados

(n= 2.633)

PubMed (49) BVS (213) Science Direct (2.371) Scielo (0)

Estudos recuperados nas bases de dados (n= 7) PubMed (1) BVS (1) Science Direct (3) Scielo (0) Busca Manual (2)

Artigos selecionados pelo título para análise do

resumo (n= 129)

Triagem

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questão norteadora e 3 não estavam disponíveis na integra. No final, 7 artigos atenderam aos critérios de elegibilidade e foram incluídos nesta revisão.

Em relação as bases utilizadas, 3 artigos eram do Science Direct, 2 encontrados através de busca manual no recurso do Google Acadêmico, 1 no BVS e 1 na plataforma do PubMed.

No Scielo não foi encontrado nenhum artigo na busca através dos cruzamentos dos descritores selecionados. O quadro 1 traz os artigos incluídos nesta revisão ordenados por ano crescente de publicação, com síntese dos principais resultados e atribuições.

Quadro 1. Síntese dos artigos que compuseram a revisão integrativa, incluindo autor/ano de publicação, objetivo, tipo de estudo, principais resultados e atribuições levantadas no texto.

Autor/ano Objetivos Método Principais resultados Atribuições OTHMAN;

YUSOF;

SAUB, 2014

Avaliar a experiência, disposição e barreiras dos dentistas da Malásia na prestação de cuidados domiciliares a pessoas idosas.

Estudo descritivo de corte transversal

As principais barreiras percebidas no atendimento domiciliar em saúde bucal, foram condições médicas complexas do paciente;

má atitude do paciente em relação aos serviços de saúde bucal, condição de trabalho menos ergonômica, falta de equipamento domiciliar adequado, falta de experiência, alta carga de trabalho e falta de comprometimento e cooperação dos cuidadores.

- Realizar assistência domiciliar;

- Orientar a pessoa idosa, os familiares e/ou cuidador sobre higiene bucal;

- Comunicar-se com o médico de família, de maneira a prestar cuidado integral ao mesmo;

- Visitar periodicamente idosos domiciliados e institucionalizados.

DUTRA;

SANCHEZ, 2015

Revisar a literatura sobre a atenção à saúde bucal do idoso, considerando a necessidade de organizar a atenção à saúde bucal para essa faixa etária no cotidiano da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

Revisão narrativa da literatura

A revisão realizada confirma a necessidade de organizar a atenção à saúde bucal do idoso, pois estudos epidemiológicos apontam para a precária condição de saúde bucal desse grupo populacional.

Também aponta a necessidade de um planejamento inter e multidisciplinar capaz de responder aos desafios da atenção à saúde bucal de idosos.

- Prestar atenção integral;

- Realizar assistência domiciliar;

- Tratamento das alterações de tecidos moles, com ênfase na detecção de lesões cancerizáveis;

- Oferecer ações educativas, preventivas, de recuperação e reabilitação da saúde bucal, visando a qualidade de vida desses indivíduos.

BOTS‐

VANTSPIJ KER et al., 2016

Investigar as barreiras enfrentadas pelos dentistas na prestação de cuidados domiciliares a

Estudo transversal exploratório

As principais barreiras relatadas no atendimento domiciliar aos idosos frágeis foram: falta de experiência, falta de equipamentos odontológicos específicos, falta de tempo, conhecimento e habilidades necessárias para o

- Realizar atenção integral;

- Realizar consulta, avaliar quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador;

- Realizar assistência domiciliar;

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idosos de uma comunidade na Holanda.

tratamento de pacientes com condições médicas complexas, além de dificuldade para encaminhar os pacientes com problemas complexos de assistência à saúde bucal a um profissional ou serviço especializado.

- Encaminhar, quando necessário, a pessoa idosa a serviços de referências de média e alta complexidade em saúde bucal.

KAUFMAN et al., 2016

Revisar relatos de casos sobre abordagens multiprofissio

nais no

cuidado geriátrico.

Revisão integrativa

Os melhores resultados dos pacientes idosos resultam de uma colaboração interprofissional bem-sucedida, com o apoio da família e dos cuidadores do paciente. Fatores adicionais que contribuem para um atendimento eficaz incluem educação interprofissional de todos os

membros das equipes

odontológicas e médicas e participação dos familiares do paciente ou cuidadores, na continuidade do cuidado domiciliar.

- Realizar atenção integral;

- Cuidado

multiprofissional;

- Realizar assistência domiciliar;

- Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador;

- Realizar os

procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo atendimento de urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais.

BONFÁ et al., 2017

Analisar a percepção de cuidadores de idosos sobre seu

autocuidado e o cuidado em saúde bucal do idoso.

Estudo descritivo- exploratório, de natureza qualitativa

Todos os cuidadores eram informais, a maioria do sexo feminino, filha ou cônjuge, e duas pessoas eram contratadas para exercer a função de cuidadoras.

Duas ações para contribuir nos cuidados com o idoso percebidas pelos cuidadores foram: a orientação de higiene oral e as visitas domiciliares feitas pelo dentista ou pela equipe da Estratégia de Saúde da Família.

- Orientação de higiene oral e a realização do exame clínico, diagnóstico e tratamento no idoso dependente;

- Realização de visitas domiciliares para acompanhamento,

tratamento e avaliação de possíveis riscos à saúde;

- Educação em saúde e ações de promoção a saúde bucal voltada para a população idosa e para cuidadores.

KOHLI et al., 2017

Avaliar e analisar os conhecimentos e atitudes dos cuidadores em relação a assistência odontológica à idosos em Instituições de Longa

Permanência.

Estudo seccional

68,6% dos entrevistados relataram adequado treinamento em cuidados bucais, porém, sentiram a necessidade de treinamento adicional em tópicos de efeito de medicamentos na saúde bucal, detecção de câncer bucal, reconhecimento de doença gengival e reconhecimento de boca seca. As atividades de assistência à saúde bucal fornecidas pelos cuidadores, incluem auxílio à escovação,

- Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador sobre higiene bucal;

- Realizar assistência domiciliar;

- Realizar treinamento adicional com cuidadores sobre cuidados bucais preventivos apropriados e temas específicos de interesse dos mesmos/mais relevantes.

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solicitação e instalação, limpeza da dentadura e enxágue.

KEBOA et al., 2019

Explorar o conhecimento de uma equipe de

enfermagem sobre higiene

bucal e

estratégias para aprimorar a higiene bucal diária de idosos

residentes em uma

Instituição de Longa

Permanência para Idosos (ILPIs).

Grupo focal 79,8% dos participantes considerou ter treinamento adequado em prestação de cuidados bucais, porém, levantaram necessidade de melhorias na prática. As principais barreiras são a resistência dos residentes aos cuidados de saúde bucal, a falta de cooperação dos pacientes e a alta carga de trabalho. Estratégias sugeridas:

melhorar a comunicação entre equipe de enfermagem, residentes e familiares, criação de protocolos e capacitações com a equipe para facilitar o manejo de pacientes com comportamentos resistivos.

- Realizar atenção integral;

- Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador sobre higiene bucal;

- Realizar assistência domiciliar;

- Realizar capacitações periódicas com cuidadores de ILPIs;

- Visitar periodicamente idosos domiciliados e institucionalizados, realizando procedimentos necessários, busca ativa de lesões orais e monitorando o nível de higienização oral dos mesmos.

A maioria dos artigos incluídos foram revisões de literatura, seguido por estudos descritivos e estudos transversais. Sendo predominantemente em idioma inglês e apenas dois estudos em português. As publicações ocorreram entre 2014 e 2019 e foram realizadas em países de continentes diferentes (Malásia, Holanda, Brasil, Estados Unidos e Canadá), sendo a maioria realizados nos Estados Unidos.

Ainda caracterizando a amostra, mais da metade dos estudos relatou as dificuldades que os profissionais, sejam dentistas, cuidadores ou equipe de enfermagem, encontram no âmbito do cuidado com a pessoa idosa, em situação de dependência ou domiciliados. Os artigos com essa abordagem podem ser agregados em dois grupos principais de acordo com a amostra.

Dessa maneira, o primeiro grupo mencionou a opinião e experiências de dentistas que prestavam a atenção ao idoso (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014; BOTS-VANTSPIJKER et al., 2016), enquanto o segundo, concentrou-se na experiência/vivência de cuidadores formais e informais em relação a higiene oral de idosos dependentes ou semidependentes (BONFÁ et al., 2017; KOHLI et al., 2017; KEBOA et al., 2019), investigando suas práticas, dificuldades e estratégias para aprimoramento dessa forma de cuidado.

Os estudos envolvendo os dentistas abordaram as experiências e desafios encontrados por eles na prestação de cuidados domiciliares a pessoas idosas residentes em comunidades na Malásia (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014) e na Holanda (BOTS‐VANTSPIJKER et al., 2016). Já em relação ao segundo grupo – estudos envolvendo cuidadores - uma boa parte trata-

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se de estudos realizados com profissionais de Instituições de Longa Permanência para idosos (ILPIs) (KOHLI et al., 2017; KEBOA et al., 2019), enquanto que outro, traz a opinião de cuidadores informais no cuidado no lar (BONFÁ et al., 2017). As principais barreiras relatadas por ambos os artigos foram condições complexas do paciente, condições de trabalho menos ergonômicas, falta de equipamento domiciliar adequado, tempo e de conhecimento no atendimento a essas populações.

Os dados foram coletados principalmente por meio de entrevistas, questionários ou grupos focais. Dois estudos lançaram mão de questionários online para coletar informações dos dentistas da região (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014; BOTS-VANTSPIJKER et al., 2016), e um utilizou-se de método misto, através de entrevista com os participantes e grupo focal (KEBOA et al., 2019).

A outra parcela de publicações incluídas é referente a revisões bibliográficas da literatura. Elas trouxeram detalhes importantes relacionados a atenção e assistência à saúde da pessoa idosa, considerando aspectos como acesso (DUTRA; SANCHEZ, 2015) e interprofissionalidade no cuidado integral (KAUFMAN et al., 2016). Em relação ao acesso, uma das revisões abordou a organização da atenção à saúde bucal do idoso no cotidiano da ESF. Outra, revisou a colaboração entre odontologia e profissionais médicos em casos de pacientes idosos, apontando a importância da educação interprofissional de todos os membros das equipes, além da participação de familiares do paciente ou cuidadores, na continuidade do cuidado.

Quanto a assistência domiciliar, dois artigos (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014;

BOTS‐VANTSPIJKER et al., 2016) relataram as principais barreiras encontradas pelos dentistas na prestação desse tipo de cuidado e elencaram estratégias para a superar desses desafios e implementar/fortalecer essa linha de cuidado. Também quando a atribuição/competência “Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidadores”, dois artigos trazem a experiência de cuidadores de ILPIs na realização da higiene oral de idosos residentes, levantando os desafios e sugestões (KOHLI et al., 2017; KEBOA et al., 2019).

Para melhorar o entendimento, o quadro 2 traz uma lista de atribuições consideradas para critérios de interpretação. As atribuições destacadas foram retiradas do Caderno de Atenção Básica “Saúde e envelhecimento da pessoa idosa” (BRASIL, 2006a). Elas foram utilizadas para parâmetros de comparação e interpretação no texto.

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Quadro 2. Atribuições do Cirurgião-Dentista de acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 19- Saúde e Envelhecimento da pessoa idosa (BRASIL, 2006a).

ATRIBUIÇÕES Realizar atenção integral às pessoas idosas;

Realizar consulta, avaliar quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador, quando necessário;

Solicitar exames complementares, quando necessário;

Realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo atendimento de urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais;

Prescrever medicamentos e outras orientações na conformidade dos diagnósticos efetuados;

Realizar assistência domiciliar, quando necessário;

Supervisionar e coordenar o trabalho do auxiliar de consultório dentário e do técnico de higiene dental;

Orientar a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador sobre a importância da higienização da boca e da prótese;

Encaminhar, quando necessário, a pessoa idosa a serviços de referências de média e alta complexidade em saúde bucal, respeitando fluxos de referência e contra referência locais e mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento.

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4. DISCUSSÃO

Os constantes aumentos no número absoluto e relativo de pessoas idosas representam o desafio duplo de tratar as demandas complexas e prevenir a doença dessa população geralmente difícil de alcançar e que não recebe muita atenção dos formuladores de políticas, pelo menos no que diz respeito à saúde bucal (THOMSON; MA, 2014). Um número crescente de idosos dentados exigirá recursos e habilidades no cuidado odontológico, não apenas por terem mais dentes, cárie dentária ativa e carecimento de próteses dentarias, mas também pela complexidade de suas demandas ao sistema de saúde. Sendo assim, atender às necessidades de saúde bucal da crescente população idosa exigirá uma força de trabalho odontológica diversificada e capaz (THOMSON; MA, 2014).

Algo percebido durante a construção dessa revisão, é que muitos artigos não abordam atribuições, mas, competências do dentista no atendimento ao idoso. Isso talvez ocorra por diferença na utilização da palavra, ou na significação da mesma entre os diferentes países.

Ressalta-se a diferença entre atribuição e competência profissional. Dentre seus significados etimológicos, o conceito atribuição indica ato ou ação de um sujeito sobre outro no sentido de concessão, outorgamento, faculdade ou mesmo reconhecimento, sendo atribuição o ato de imputar algo a alguém. É utilizado, ainda, como competência, prerrogativa, responsabilidade de determinada autoridade, responsabilidade própria de um trabalho, cargo, função ou oficio;

competência de uma atividade profissional. Enquanto isso, competência é o substantivo feminino que significa uma aptidão para cumprir alguma tarefa ou função. Significa, ainda, aptidão, conhecimento ou capacidade em alguma área específica; estar capacitado para realizar algo (MATOS, 2015).

Devido a essa diferença etimológica, muitos artigos resgatados nas bases de dados não foram utilizados, por não abordarem a temática específica desta revisão.

Apesar da quantidade reduzida de artigos encontrados a partir da busca e dos critérios de elegibilidades inclusos, foi possível observar pontos importantes com a construção deste estudo. Observou-se a partir da literatura, que apesar da organização da linha de cuidados com a saúde do idoso, dos programas específicos voltados para esse público e de iniciativas do Ministério da Saúde para melhoria do acesso aos serviços odontológicos a esse público, juntamente com a inclusão do dentista na equipe multiprofissional da ESF, existe uma baixa adesão ao serviço de saúde bucal pelos idosos, resultando na atual condição de saúde bucal do país.

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O caderno de atenção básica “Saúde e envelhecimento da pessoa idosa” enumera uma serie de atribuições do cirurgião-dentista em relação a saúde bucal da pessoa idosa. Algo percebido, é que muitas dessas atribuições não foram trazidas pelos artigos e outras listadas pelos estudos não foram incluídas no caderno. Isso talvez ocorra pela diferença nos sistemas de saúde ou atendimento odontológico entre Brasil e países estrangeiros.

Um exemplo disso é o fato da atribuição de “Promoção a saúde e prevenção de doenças”

não ser mencionada no Caderno de Atenção Básica. A Portaria nº 648, de 28 de março de 2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), ao tratar das atribuições do cirurgião-dentista na ESF, discorre sobre a responsabilidade em coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais (BRASIL, 2006b;

MARTELLI et al., 2010). Entretanto, essa mesma atribuição não é trazida no rol de atribuições do dentista no que se refere à atenção ao idoso. Isso talvez ocorra devido a uma errada compreensão de que o idoso necessita apenas de cuidados curativos e reabilitadores, ou que esse grupo populacional utiliza mais serviços domiciliares, não cabendo a promoção a saúde.

Entende-se, porém, como sendo uma atribuição importantíssima não apenas para faixas etárias mais jovens, mas também para o grupo de pessoas com 60 anos ou mais, sendo fator contribuinte na prevenção de diversas doenças como câncer bucal, higienização de arcada dentária ou de próteses. Esse fato também pode ser determinante na baixa adesão de idosos a comparecer no consultório. Por não acontecer a promoção de saúde, os idosos desconhecem a importância da saúde bucal e acabam negligenciando ou esquecendo de comparecerem ao consultório, indo apenas para tratamentos curativos. Em relação a esse ponto, apenas Bonfá et al. (2017) abordou a importância de ações de promoção de saúde bucal voltadas à população idosa. Essas ações podem ser direcionadas aos idosos ou aos cuidadores, pois na maioria das vezes, eles que se encarregam da realização dos cuidados de saúde bucal do idoso (BONFÁ et al., 2017).

Uma das atribuições principais elencadas na maioria dos estudos foi referente a realização de “Atenção integral à pessoa idosa”. Essa atribuição está diretamente relacionada a um dos princípios do SUS, a Integralidade.

Esse encargo está estritamente associado a outra atribuição elencada por um dos artigos (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014) e que não está inclusa no rol de atribuições do caderno n°19, correspondendo ao cuidado multidisciplinar. Othman; Yusof; Saub (2014) trazem que é responsabilidade do dentista comunicar-se com o médico de família, que atende o idoso, de maneira a prestar cuidado integral ao mesmo. Ademais o dentista deve conhecer as principais

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comorbidades que afetam o idoso e medicações utilizadas por ele que podem ou não ter repercussões na cavidade bucal ou tratamentos dentários. Dessa forma, para garantir uma atenção integral a esse grupo, o dentista deve considerar o idoso em sua amplitude, abarcando todos os aspectos que inferem em seu viver saudável e no meio que convive, para isso tendo um olhar multiprofissional e não apenas focado na boca.

Orientação ao cuidador e familiares foi bastante discutido pelos estudos. Em relação a isso, alguns artigos incluídos nessa revisão entrevistaram cuidadores formais e informais que cuidavam de idosos dependentes ou semidependentes (BONFÁ et al., 2017; KOHLI et al., 2017; KEBOA et al., 2019). A maior parte dos entrevistados trabalhavam em ILPIs e relataram que a higiene oral dos idosos era realmente defeituosa. Um dos estudos foi realizado com enfermeiros e equipe de enfermagem que trabalhavam nessas instituições (KOHLI et al., 2017).

Eles relataram que embora tivessem confiança na realização desses procedimentos tinham muitas dúvidas e seria de grande valia que o dentista realizasse capacitações regulares com pontos importantes como procedimentos de higienização, detecção de lesões, entre outros.

Muitos cuidadores sentiram a necessidade de treinamento adicional em outros tópicos, como efeito de medicamentos na saúde bucal (60%), detecção de câncer bucal (46%), reconhecimento de doença gengival (40%) e reconhecimento de boca seca (29%) (KOHLI et al., 2017).

Um estudo realizado por Thomson; Ma (2014), evidenciou que idosos aumentam o número de caries quando são admitidos em lares de idosos. A realização de capacitações com cuidadores informais e formais, mas principalmente, com cuidadores que trabalham em instituições de longa permanência são importantíssimos, devido a repercussão dessa ação. Esses profissionais muitas vezes não participaram de cursos de formação de cuidadores e desconhecem dos procedimentos de higiene oral. Isso aliado a falta de tempo, despreparo e a grande demanda imposta sobre eles repercute em uma péssima condição de saúde bucal nos idosos institucionalizados.

Outra atribuição trazida pelos artigos foi relacionada à assistência domiciliar dos idosos incapacitados de irem até a unidade de saúde. É responsabilidade do dentista realizar visita domiciliar, ampliando e qualificando as ações de saúde bucal, objetivando identificar os riscos e proporcionando o acompanhamento e tratamento necessários. Dois estudos abordaram essa questão (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014; BOTS-VANTSPIJKER et al., 2016) e trouxeram a experiência e desafios enfrentados pelos dentistas na realização desse tipo de cuidado.

As principais dificuldades estavam relacionadas a conhecimento insuficiente das comorbidades do idoso e dos efeitos dos medicamentos utilizados pelo mesmo, além de falta de tempo ou de equipamento necessários para prestar a assistência. A compreensão das análises

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feitas nessa categoria evidencia a necessidade da realização de visitas domiciliares por profissionais de saúde bucal inseridos na ESF, pois o vínculo, orientações e troca de informações e conhecimentos desses profissionais com o cuidador podem contribuir nos cuidados com o idoso e em sua qualidade de vida (BONFÁ et al., 2017).

Pela vivência, observou-se que apenas alguns dentistas realizam a assistência domiciliar, e quando realizada, apenas em casos de pacientes com dor ou quando requerido pela família ou pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS). Visitas domiciliares regulares a casas de pacientes idosos são imprescindíveis para criação de vínculo entre ESB, o idoso e sua família.

Essas visitas podem servir de palco para realização de ações de promoção a saúde e prevenção de doenças, disseminação de informações e orientações no próprio ambiente, para o cuidador e paciente. Também são motivadoras ao idoso, para que ele fique sempre buscando garantir sua saúde bucal, eliminando o pensamento cultural de que idoso não precisa ir ao dentista.

O caderno de atenção básica elenca como responsabilidade o realizar consulta, avaliar quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador, quando necessário, sempre dentro do princípio da integralidade. Estando relacionado a realizar o tratamento das alterações de tecidos moles, com ênfase na detecção de lesões cancerizáveis, remoção de dentes em precárias condições, tratamento periodontal, reabilitação protética e considerações sobre promoção e prevenção da saúde bucal. Esta atribuição traz a principal ação realizada com os idosos, que é o atendimento clínico propriamente dito. Porém, o atendimento não deve limitar- se apenas a remover o agente doloso, mas também a promoção da saúde. O dentista deve aproveitar esse espaço, para investigar fatores associados com a condição de saúde bucal presente e encaminhar, em caso de necessidade, o paciente para o médico ou enfermeira.

4. 1 Principais desafios e estratégias para melhorar a Atenção à saúde bucal das pessoas idosas

Dois dos estudos (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014; BOTS-VANTSPIJKER et al., 2016) incluídos realizaram entrevistas com dentistas e relataram os principais desafios encontrados na prestação a assistência às pessoas idosas. Eles elencaram como dificuldades o despreparo dos dentistas para atender a pessoa idosa, muitas vezes por falta de conhecimento da complexidade das comorbidades dos idosos ou dos efeitos dos medicamentos utilizados pelos mesmos, ou até mesmo falta de experiência no atendimento com desse grupo (OTHMAN;

YUSOF; SAUB, 2014; BOTS-VANTSPIJKER et al., 2016).

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Muitos dentistas mencionaram que em suas graduações não foram preparados para esse tipo de cuidado, principalmente o atendimento domiciliar a idosos (OTHMAN; YUSOF;

SAUB, 2014). Thomson; Ma (2014) refere que a odontologia deve se preparar para atender essa população crescente com suas demandas emergentes. Para isso, o autor sugere uma abordagem em duas frentes, com foco nos novos ingressantes na profissão através dos cursos de graduação em Odontologia e com os dentistas já formados (THOMSON; MA, 2014). Isso evidencia a necessidade da inclusão nos cursos de graduação de disciplinas especificas como odontogeriatria, enquanto cadeira obrigatória e não apenas eletiva, como também clinicas ou estágios incluindo esse grupo especifico de usuários, para que os alunos possam ter a experiência do cuidado com o idoso e saiam das universidades com confiança para realizar esse tipo de cuidado. Já com os dentistas formados, pode acontecer através de capacitações contínuas, educações permanentes ou cursos de pós-graduação.

Aponta-se também, a importância de incentivos do governo ou do Ministério da Saúde para que os dentistas da Atenção Básica se capacitem de maneira a estarem preparados para prestar esse tipo de assistência. Assim como, fornecer subsídios como consultório móvel ou equipamentos moveis para que o dentista possa oferecer procedimentos mais complexos aos pacientes domiciliados (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014).

As recomendações para melhoria do cuidado incluem educação em higiene bucal para idosos e prestadores de cuidados, melhoria da condição de trabalho do dentista e introdução de incentivo financeiro domiciliar ao dentista (OTHMAN; YUSOF; SAUB, 2014), fornecer instruções escritas para o paciente, acerca dos procedimentos realizados, tratamento e cuidados pós operatórios, de maneira que o cuidador possa continuar o cuidado em domicilio (KEBOA et al., 2019), destinar horários de atendimentos específicos para esse grupo e para visitas a idosos domiciliados da área de abrangência da UBS (KEBOA et al., 2019) e, identificar os idosos nas áreas de abrangência da UBS, direcionando ações específicas para esse grupo populacional (DUTRA; SANCHEZ, 2015).

As estratégias para melhorar a higiene bucal diária de idosos institucionalizados incluem ações de promoção à saúde com os residentes e cuidadores, melhora na comunicação entre profissionais da UBS, equipe de cuidadores, residentes e familiares, capacitações com a equipe de cuidadores sobre higiene bucal e outros tópicos de interesse, criação de protocolos de procedimentos de higiene bucal para auxiliar os cuidadores, disponibilização de materiais e produtos de higiene bucal adaptados para idosos (KOHLI et al., 2017; KEBOA et al., 2019).

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Além disso, os estudos propõem que o dentista realize visitas domiciliares aos idosos institucionalizados, realizando procedimentos necessários, busca ativa de lesões orais e monitorando o nível de higienização oral dos mesmos. Essas visitas servirão de proventos para capacitações com profissionais ou cuidadores das instituições e têm o potencial de ajudar a equipe a superar barreiras, otimizar os cuidados bucais e aumentar o conhecimento odontológico desses profissionais (KEBOA et al., 2019).

A revisão confirma a necessidade de organizar a atenção à saúde bucal do idoso e de um planejamento inter e multidisciplinar capaz de responder aos desafios da atenção à saúde bucal de idosos (DUTRA; SANCHEZ, 2015). Observa-se que os melhores resultados com pacientes idosos resultam de uma colaboração interprofissional bem-sucedida, em conjunto com o apoio da família e dos cuidadores do paciente (KAUFMAN et al., 2016).

Há uma escassez na literatura de estudos que abordem as responsabilidades do cirurgião-dentista na questão da saúde da pessoa idosa. É percebido que embora exista um guia que trata sobre as atribuições e responsabilidades do dentista na atenção do idoso, muitas vezes a falta de conhecimento ou não utilização do mesmo resulta em um sucateamento de ações destinadas a esse grupo específico. Poder-se-ia tomar como base o Caderno de Atenção Básica da pessoa idosa para estabelecer as atribuições que os dentistas devem realizar, de forma que o cuidado não seja realizado apenas de maneira a sanar a dor ou quando o idoso se apresente no consultório odontológico.

As principais limitações desse estudo foram o número reduzido de estudos trazendo esse tema e a diferença na significação das palavras atribuição e competência nos diferentes idiomas e diferentes regiões. A maioria dos artigos não abordou as atribuições do dentista ou competências necessárias ao atendimento a pessoa idosa de maneira explicita. Isso demonstra uma fragilidade em relação ao tema. Onde poucos artigos foram publicados trazendo as atribuições do dentista para esse tipo de atendimento, apontando, talvez, para uma ausência da prestação desse tipo de cuidado, e apontando a necessidade de fortalecimento desse tipo de assistência.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A saúde bucal do idoso sempre foi deixada de lado, havendo uma melhora com a ampliação do acesso a serviços odontológicos por meio da incorporação da ESB à ESF. É responsabilidade do dentista da AB prover uma atenção à saúde da pessoa idosa de maneira eficaz e eficiente, atingindo esse grupo e revertendo o descaso observado em relação a saúde bucal dessa população. Para tal, faz-se necessário que o dentista tenha conhecimento das suas atribuições, de maneira a estabelecer suas funções e orientar as ações a serem desenvolvidas com esse grupo populacional.

Através da revisão da literatura existente foi possível identificar uma escassez de produções no que se refere as atribuições do cirurgião-dentista no contexto do cuidado e atenção com a pessoa idosa. As publicações encontradas trazem como atribuições específicas do dentista: garantir uma atenção integral a saúde do idoso, realizar assistência domiciliar, prestar orientações a pessoa idosa, aos familiares e/ou cuidador, além de, realizar consulta, oferecer quadro clínico, emitindo diagnóstico e realizar tratamento restaurador, quando necessário.

Ademais, os estudos analisados incluem como responsabilidades do dentista a realização de ações de promoção a saúde e prevenção de doenças e o cuidado multidisciplinar, através da atuação junto ao médico responsável da ESF, certificando-se de oferecer uma atenção integral e um cuidado centrado no usuário, de forma a garantir um envelhecer saudável a essas pessoas que tanto já passaram na vida.

Essas informações podem ser usadas para subsidiar a elaboração de propostas voltadas para a avaliação e planejamento da atenção à saúde bucal desse grupo populacional na AB, e orientar políticas, práticas e treinamentos para melhorar a qualidade das ações e da assistência prestada às pessoas idosas, assim como orientar os Cirurgiões-Dentistas em relação à prática dessa forma de cuidado.

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6. REFERÊNCIAS

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Referências

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