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DURKHEIM: SOCIEDADE E INDIVÍDUO

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DURKHEIM:

SOCIEDADE E INDIVÍDUO

(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece presa por uma reflexão de natureza filosófica sobre a história e a ação humanas.

Procedimentos de natureza científica, análises

sociológicas baseadas em fatos observados com

maior critério só serão introduzidos por Émile

Durkheim e seu grupo.

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O francêsÉmile Durkheimsofreu grande influência do positivismo.

Considerado o pai da Sociologia, ele estruturou, de fato, a ciência sociológica na França, de forma metódica e rigorosamente objetiva.

Formado em Filosofia, tornou-se professor e ministrou o primeiro curso de Sociologia criado em uma universidade francesa.

Teve contatos com as obras de Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram significativamente na tentativa de buscar a cientificidade no estudo das humanidades.

Émile Durkheim (1858-1917)

(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Durkheim e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a sociologia das demais teorias sobre a sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.

Suas principais obras foram:

• Da divisão do trabalho social,

• As regras do método sociológico,

• O suicídio,

• Formas elementares da vida religiosa,

• Educação e sociologia,

• Sociologia e filosofia

• Lições de sociologia (obra póstuma).

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Em uma de suas obras fundamentais, As regras do método sociológico, publicada em 1895, Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia —os fatos sociais.

Distingue três características dos fatos sociais

.

1 - a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha.

Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.

O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas.

(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

2 - Os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja,são exteriores aos indivíduos.

As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são impostos por mecanismos de coerção social, como a educação.

Portanto,os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais.

3 - ageneralidade - É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.

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(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Para Durkheim,os fatos sociais devem ser tratados como coisas.

Para ele, como para os positivistas de maneira geral, a explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.

Metodologia: tratar os fenômenos sociais de maneira objetiva, imparcial e neutra, deixando de lado valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos.

Durkheim imaginava que, ao estudar, por exemplo, uma briga entre gangues, o cientista não deveria se envolver-se nem permitir que seus valores interferissem na objetividade de sua análise. Para ele, o trabalho científico exigia uma atitude de distanciamento.

(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Procurando garantir à sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar osfatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a seu respeito.

Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.

Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esserigor, à maneira do método que garantia o sucesso das ciências exatas, definir a sociologia como ciência, rompendo com as ideias e o senso comum — "achismos" — que interpretavam de maneira vulgar a realidade social.

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Osuicídio, amplamente estudado por Durkheim, constituía-se, nesse sentido, em fato social por corresponder a todas essas características: é geral,existindo em todas as sociedades e, embora sendo fortuito e resultando de razões particulares, apresenta em todas elas certa regularidade, aumenta ou diminui de intensidade em certas condições históricas, expressando assim sua natureza social.

Durkheim comparou as taxas de suicídio em diferentes países europeus durante três décadas (1841-1872). Analisou relações entre sexo, idade, horário dos suicídios, meios sociais em que se deram, acontecimentos históricos ocorridos nos países durante o período da pesquisa (crises, conflitos econômicos) entre outras variáveis.

Por meio de estatísticas, evidenciou a impressionante regularidade dos suicídios.

(Sociologia para Jovens do Século XXI. São Paulo: Moderna, 2005)

Constatou que, para cada grupo social, existiria uma tendência específica para o suicídio.

Demonstrou que o suicídio decorreria de causas sociais.

Seria, portanto, um fenômeno social e não individual.

Distinguiu três tipos de suicídio, dependendo do grau de integração do indivíduo a sua sociedade:

- Egoísta - Altruísta - Anômico

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(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Sociedade: um organismo em adaptação

Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.

Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, afirma que o crime, por exemplo, é normal não apenas por ser encontrado em toda e qualquer sociedade e em todos os tempos, mas também por representar um fato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportamento considerado nocivo.

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Para Durkheim, o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e essa harmonia é conseguida por meio do consenso social.

A "saúde" do organismo social se confunde com aordem.

Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e a evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.

Normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos são considerados transitórios e excepcionais.

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(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

A consciência coletiva

Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular.

Embora todos possuam sua "consciência individual", seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida podem ser notadas, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento.

Essa constatação está na base do que Durkheim chamou deconsciência coletiva.

A definição de consciência coletiva aparece pela primeira vez na obra Da divisão do trabalho social: trata-se do "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade" que "forma um sistema determinado com vida própria"(p. 342).

A consciência coletiva não se baseia na consciência de indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas estáespalhada por toda a sociedade. Ela revelaria, segundo Durkheim, o "tipo psíquico da sociedade", que não seria apenas o produto das consciências individuais, mas algo diferente, que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.

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(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Aeducação— entendida de forma geral, ou seja, a educação formal e a informal — desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.

O uso de uma determinada língua ou o predomínio no uso da mão direita são internalizados no indivíduo que passa a agir assim sem sequer pensar a respeito.

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(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Durkheim considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais.

Desse ponto de partida, foi possível uma série de combinações das quais originam-se outras espécies sociais identificáveis no passado e no presente, tais como os clãs e as tribos.

Para Durkheim, o trabalho de classificação das sociedades deveria ser efetuado com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como o motor de transformação de toda e qualquer sociedade.

A solidariedade orgânica é típica da acelerada divisão do trabalho social das sociedades industriais, segundo Durkheim.

(COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo: Moderna, 2005)

Solidariedade mecânica:predominava nas sociedades pré-

capitalistas, onde os indivíduos se identificavam por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autónomos em relação à divisão do trabalho social.

A consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.

Solidariedade orgânica: típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes.

Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades

capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Ao mesmo tempo que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

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Visão positivista de Durkheim:

Durkheim se esforçou para emancipar a Sociologia das demais teorias filosófica sobre a sociedade.

Queria encontrar leis naturais e universais sobre os fenômenos sociais Se a lei da gravidade ou a da inércia são leis da natureza – não se pode questioná-las, não se pode mudá-las, e só resta conhecê-las para melhor viver - , do mesmo modo, a sociedade, a vida coletiva, deve ter suas leis próprias, independentes da vontade humana, que precisam ser conhecidas. A física newtoniana descobriu as leis da gravidade e da inércia dos corpos. Cabe à sociologia, na visão de Durkheim, descobrir as leis da vida social.

(RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação, RJ: DP&A, 2000, p.21).

Segundo Emile Durkheim, o conhecimento científico pode ser útil para a intervenção na sociedade. Pretendia identificar um critério objetivo, próprio dos fatos sociais, que permita distinguir a saúde da doença nos diferentes fenômenos sociais, para auxiliar a resolução das patologias.

• O objeto de estudo da Sociologia segundo Durkheim é o fato social.

• Fato social deve ser tratado como coisa.

• O fato social caracteriza-se por exercer um poder de coerção sobre as consciências individuais.

• O fato social é exterior ao indivíduo e apresenta-se

generalizado na coletividade

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• O objetivo máximo da vida social, de acordo com

Durkheim, é promover a harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades.

• A sociedade apresenta, como todo organismo, estados normais e patológicos.

• É patológico o fato social que extrapola os limites

permitidos pela ordem social desafiando a moral vigente.

• É normal apenas o fato social que é geral, ou seja, faz parte do regulamento social de todas as sociedades simultaneamente.

“O homicídio constitui um ato odioso em tempos normais e não o é em tempos de guerra, porque não há neste caso um preceito que o proíba. Isto é, um ato, intrinsecamente o mesmo, que pode ser condenado hoje por um país europeu, pode não sê-lo na Grécia, simplesmente porque não violava, pois, na Grécia nenhuma norma preestabelecida.”

DURKHEIM, Émile. Sociologia y Filosofia.Buenos Aires: Kraft, 1951, p. 160.

A noção de normalidade ou patologia só pode viabilizar-se ao considerarmos que cada sociedade possui uma consciência coletiva singular, e, portanto, diferentes padrões de comportamento.

O organismo social não é o mesmo em dois momentos distintos, da mesma forma que muitos organismos vivos mudam sua morfologia ao longo de sua vida. Por isso, o que é normal hoje, pode não sê-lo amanhã.

Segundo Durkheim, o aborto e o suicídio podem ser considerados fatos sociais, pois ocorrem em todas as sociedades.

O crime é um fato social normal, na medida em que não há sociedades isentas dele.

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Para Durkheim, a sociedade se sobrepõe aos indivíduos, formatando-os à sua imagem.

consciência coletiva :

Representa o conjunto de crenças, hábitos e sentimentos

comuns à média dos membros de uma mesma sociedade,

agindo sobre as consciências individuais e estabelecendo

um padrão de comportamento.

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