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amosaIsPa / 2002
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título: CoNVersas CoM GeNte FaMosa autor: Hélder Costa
© INstItuto suPerIor de PsIColoGIa aPlICada-Crl rua jardIM do tabaCo, 34, 1149-041 lIsboa
1ª edIção: juNHo de 2002 tIraGeM: 2000 exeMPlares
CoMPosIção: INstItuto suPerIor de PsIColoGIa aPlICada IMPressão e aCabaMeNto: PrINtIPo-artes GráFICas, lda.
dePósIto leGal: 179239/02 IsbN: 972-8400-43-8
Índice
Conversa Com:
Padreantóniovieira, maquiavel enero 11
Freud, laPasionaria edarwin 49
mao-tsé-toung, JosePhgoebbels eJesusCristo 91 damião degóis, benitomussolini emarilynmonroe 137 mariaCallas, martinlutherKing eKu-Klux-Klan 185 CharlotteCorday, CarlotaJoaquina elouisemiChel 235 gilviCente, tomás detorquemada eJoanad’arC 287 humbertodelgado, salazar, sorormarianaalCoForado 323
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introdução
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Não há machadoque corte...
“Não há machado que corte / a raiz ao pensamento...”, ... foi a partir destes versos de carlos de oliveira que Lopes Graça compôs uma das canções mais emblemáticas da resistência contra o fascismo e o seu entorno obscurantista.
realmente, nunca será demais notar que pior que prender, torturar e assassinar, será impedir o pensamento a seres em formação e em libertação cultural.
o acesso à leitura e ao conhecimento é o caminho que permite que o pensamento se aperfeiçoe para poder rechaçar manipulações e alienações, é a via para que se criem homens livres.
Sabemos como este caminho é difícil e irregular;
conhecemos manobras censórias de ditaduras, imposições de paradigmas e de “gostos” por parte de
“maîtres à penser”, e também a facilidade com que o intelectual livre se deixa reduzir a mera mercadoria – que, como qualquer mercadoria – se sujeita às leis do capitalismo: oferta, procura, moda, lixo.
além destes obstáculos, digamos “naturais”, outros existem e perseguem a humanidade através dos
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séculos: falo da divulgação do saber e da massificação do conhecimento. adquirida a noção que cultura é mais que erudição, porque engloba – além da produção artística, filosófica, científica – tudo o que define a vida de um povo, na sua criatividade, no seu trabalho, na sua alegria, na sua dor, verifica-se que os agentes culturais têm dificuldades em chegar a esse “povo” que dizem querer cultivar e “elevar”. o problema parece-me simples, e enquadra-se classicamente na eterna confusão entre ser popular e não populista, e ser culto e não elitista.
É evidente que quando se pensa que a “cultura”
deve ser solene, cerimoniosa, nunca lúdica nem objecto de prazer e divertimento, se está a laborar num erro crasso e, mais grave, se deixam as portas abertas para as manipulações mais boçais, de que são exemplo os “Big Brother” e outros tele-lixo.
No caso específico destas “conversas com gente famosa”, em jeito de entrevistas ou mesas redondas, o objectivo foi conseguir que gente do nosso passado comum chegasse aos dias de hoje, permitindo paralelismos críticos e demonstrando que as acções têm sempre motivações ideológicas, contrariamente às permanentes campanhas de desideologização e de “lúcido pragmatismo” com que políticas contemporâneas e seus fieis servidores
“opinion makers” nos tentam iludir.
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a escrita é lúdica e acessível, para evitar “secas”
professorais e para recordar a alegria com que se cantava “Não há machado que corte / a raiz ao pensamento...”
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