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An. mus. paul. vol.15 número1

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Academic year: 2018

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O presente número dos Anais do Museu Paulista abre sua seção Es-tudos de Cultura Material com o artigo de Eudes Campos, escrito em come-moração aos 100 anos do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. Profundo conhecedor da his-tória urbana paulistana, o autor pro-move uma reviravolta na tendência interpretativa das fotografias de 1862-1863 produzidas por Militão Augusto de Azevedo. Em vez de sen-tidos associados ao imobilismo de tradição colonial (induzidos pelo próprio fotógrafo ao compará-las às fotos de 1887), a tese de Campos envereda no sentido oposto, de-monstrando que as “antigas” fotogra-fias da São Paulo documentam um momento modernizador da cidade. A extensa análise, que fizemos ques-tão de publicar na íntegra, colabora para uma revisão desta documen-tação, já tão amplamente utilizada pelos pesquisadores.

De modo diverso ao de Eudes Campos, Eliana Resende justapôs dois conjuntos muito pouco conhe-cidos de fotografias – aquelas de Joshua Benoliel, documentalista lis-boeta, e as de Geraldo Horácio de Paula Souza, médico paulista –, com o propósito de refletir sobre o modo como o tema “sanitarismo” constituiu uma iconografia típica das cidades.

A seção fecha com o artigo da Dinah Eastop, que demonstra como as resignificações sociais de objetos da vida cotidiana definem as es-tratégias de conservação e exposição desses mesmos objetos. Para tanto, utilizou como referência as coleções encontradas em estruturas construtivas de residências inglesas do século XVIII, onde foram enxertadas por seus moradores na crença de uma ação mágica de proteção.

A seção Museus traz um artigo, de Carlos Roberto Ferreira Brandão e Cleide Costa, que ana-lisa o processo de integração de

Apresentação

Eni de Mesquita Samara

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quatro museus – Museu de Arte Con-temporânea, Museu de Zoologia, Museu de Arquelogia e Etnologia e Museu Paulista – à USP. Referindo-se a um momento que ainda é re-cente na história desses museus e de seus servidores, o artigo é um convite à continuidade da reflexão sobre a definição dos caminhos dos museus universitários.

O artigo seguinte da seção é o de Guilherme Simões Gomes Jú-nior, dedicado a entender a presen-ça do livro Le musée franpresen-çais, dos editores Robiard-Peronville et Laurent (1803, 1805, 1807 e 1809), co-mo o número um do catálogo da Biblioteca da Academia Imperial das Belas Artes, organizado por Fé-lix-Émile Taunay em meados do sé-culo XIX. Como diz o autor, o livro é “o museu de papel, o Louvre grava-do, descrito e comentagrava-do, a ser mos-trado ao mundo, para cumprir a função de tornar acessíveis suas obras para observadores distantes”. Tal ponto de partida leva o autor aos primeiros conflitos que originaram o próprio Museu do Louvre e a conse-qüente formulação de uma política cultural que não só justificava o espó-lio imperial como fazia da França a herdeira legítima da cultura clássica, então acessível a todos.

A seção Documentos possui um único artigo, precioso por várias razões: traz a público um documento

inédito, descoberto pela autora Ana Paula Simioni, que sugeriu à família que o doasse ao Museu Paulista. Trata-se do álbum Souvenir de ma carrièrre artistique, com recortes de jornais, cartas e fotografias reunidos por Julieta de França, a primeira mu-lher a receber o prêmio de viagem ao exterior concedido pela Academia de Belas Artes. A estratégia interpreta-tiva de Simioni é dupla: reconstruir a biografia da artista, que viu sua car-reira obstruída por seus próprios mes-tres brasileiros, ao mesmo tempo em que demonstra como o modo de produção do álbum pela artista serviu como meio eficaz de preservar seu nome do esquecimento.

Finalmente, a seção Conser-vação e Restauração apresenta o trabalho bem sucedido de recupe-ração física dos álbuns fotográficos do Museu da Imagem e do Som de Goiás, financiado pela Fundação Vitae. O artigo, escrito por Stela Horta Figueiredo, Maria Clara Mos-ciaro e Ivy da Silva, apresenta um verdadeiro roteiro para as institui-ções que abrigam material seme-lhante e não deixa de estabelecer um diálogo instigante com as posi-ções de Dinah Eastop, no que diz respeito aos critérios de intervenção nos originais.

Referências

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