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UNIDADE 2 Identidade, Cultura e Língua de Sinais: O Mundo do Surdo

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 25

UNIDADE 2

Identidade, Cultura e Língua de Sinais: O

Mundo do Surdo

Nesta unidade, vamos conhecer este sujeito de quem viemos falando na

primeira unidade. Falamos da sua história, seus direitos e seus fundamentos educacionais. Agora iremos conhecer quem é este que chamamos por “Surdo”. A

importância desta descrição se dá especialmente porque quando falamos de uma concepção sócio-antropológica ou epistemológica (concepções do ponto de vista

educacional, psicológico, sociológico) não podemos confundir com concepções biológicas.

O sujeito Surdo do ponto de vista das ciências da saúde (biológicas) define-se por um corpo danificado. O define-ser deficiente que precisa define-ser curado e/ou

reabilitado. Porém, estamos aqui para falar deste sujeito como um ser social, independente de suas limitações, dificuldades. Falamos aqui do Surdo como um sujeito capaz, parte da sociedade e que possui identidades próprias, cultura e também uma língua diferentes dos demais que habitam o mesmo espaço, pois os que ouvem terão outras identidades, outra língua e outra cultura – a ouvinte.

Ao focalizar a representação da identidade surda em estudos culturais, tenho de me afastar do conceito de corpo danificado para chegar a uma representação da alteridade cultural que simplesmente vai explicar a identidade surda. O conceito de corpo danificado remete a questões de necessidade de normalização, o que significa trabalhar o sujeito surdo do ponto de vista do sujeito normal ouvinte (PERLIN, 2005).

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 26 Para entender melhor isso, iremos conhecer um pouquinho mais afundo o

mundo dos Surdos, chamado, especialmente por Karin Strobel (atual presidente da Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS) de Cultura

Surda. Entenderemos em seguida o conceito e quais são as identidades surdas –

no item 2.2; os artefatos culturais do povo Surdo – no item 2.3; e, partir destas

concepções, iremos entender com maior profundidade e fundamentação teórica a importância que a LIBRAS representa na vida de uma pessoa Surda. Vamos lá?

2.1

Cultura e Surdez

“A surdez é um „país‟ sem um „lugar próprio‟; é uma cidadania sem uma origem geográfica...” Wrigley (1966)

Falar em Cultura Surda como um grupo de pessoas localizado no tempo e no espaço é fácil, mas refletir sobre o fato de que nessa comunidade surgem processos culturais específicos é uma visão rejeitada, pois muitos autores ainda

defendem uma concepção de cultura como universal, única (SKLIAR, 1998 apud

BRASIL, 2004).

Contudo, nos últimos tempos, nas mais diversas áreas de conhecimento, tem se considerado concepções não mais unitárias das coisas, e sim, pluralizada.

Assim acontece com a cultura. Trabalhamos com a ideia do multiculturalismo, pois a cultura não é estática, é viva. De acordo com Strobel (2008) a cultura se modifica e se atualiza, deixando claro que não surge com o homem sozinho, mas sim a partir das produções coletivas socializadas culturalmente, passando de geração

em geração.

Strobel define, então, que Cultura Surda é o jeito de o Surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as

ideias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo Surdo.

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 27 fazendo referência entre o animal e o som ele que faz. Do mesmo modo, ao

identificar e observar o mesmo animal, a criança Surda também fará suas referências, no entanto, estas serão inteiramente visuais, por exemplo: para o cachorro identificará o pelo ou como o mostra seus dentes ao rosnar; para o passarinho fará o movimento do bico abrindo e fechando, como o próprio pássaro

faz ao piar, ou então imitará seu bater de asas e assim por diante.

O cultivo da linguagem, salienta Strobel (2008), e da identidade são os elementos fundamentais de uma cultura. Mas é importante lembrar que embora os Surdos pertençam a Cultura Surda, este fato não os torna iguais. No entanto, os

Surdo não se diferenciam um dos outros pelo grau de surdez, e sim pelo grupo a que pertencem, pelo uso da língua de sinais e pela Cultura Surda, que o ajudam a definir suas identidades e formar comunidades. Mas sobre as identidades surdas, abordaremos logo a seguir, no próximo item desta unidade.

Há grande diversidade de comunidades Surdas e cada uma é organizada de maneira diferente de acordo com os interesses em comum, como etnia, religião, profissão, entre outros. Outra questão importante aqui é que, neste mesmo grupo local, a comunidade Surda, as pessoas da família, amigos, professores e

intérpretes também estão presentes.

Para Padden e Humphries (2000 apud STROBEL, 2008), na comunidade

Surda temos sujeitos Surdos e sujeitos ouvintes. Nesta, todos compartilham suas experiências através da língua de sinais: os Surdos (que têm suas experiências de

vida puramente visuais: a Cultura Surda) e os ouvintes que por alguma proximidade (profissional, de parentesco, etc.) conhecem a língua de sinais e também as peculiaridades Surdas.

Mas atenção: os ouvintes que conhecem a língua de sinais, apenas a

conhecem e a utilizam para se comunicar na comunidade Surda a que pertencem (Pastoral ou Ministério de Surdos, escolas, etc.), o que não os faz pertencentes à Cultura Surda ou povo Surdo; nem faz dessa língua sua língua materna; para um ouvinte que pertença a alguma comunidade Surda, a LIBRAS será sua segunda

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 28 Isso porque a LIBRAS é a língua que traduz a Cultura dos Surdos: os

hábitos, costumes, o jeito particular de ser Surdo; o viver no silêncio, sentir (e não ouvir) as vibrações de uma música; enfim, suas experiências e percepções do mundo puramente visuais.

Então, recapitulando:

Cultura Surda: são os hábitos, costumes, vivências de pessoas com surdez; enfim, as produções coletivas do povo Surdo a partir de seu próprio modo de ser, ver, entender e transformar o mundo. Para Strobel (2008), as peculiaridades da Cultura Surda resumem-se em oito artefatos; lembrando que o conceito de

artefatos não se refere apenas a materialismos culturais, mas àquilo que na cultura constitui as produções coletivas citadas acima. Após compreender o conceito de identidades surdas no item 2.2, você poderá acompanhar maiores detalhes sobre estes artefatos no item 2.3.

Povo Surdo: são as pessoas que nasceram com surdez ou a adquiriram logo nos primeiros anos de vida, resultando num crescimento e desenvolvimento peculiar, adquirindo naturalmente a Cultura Surda. Para Strobel (2008) o povo Surdo são sujeitos que compartilham dos mesmos costumes, história, tradições e

pertencem as mesmas peculiaridades culturais, ou seja, constroem sua concepção de mundo através do artefato cultural visual. O grupo de pessoas a quem chamamos de povo Surdo são os sujeitos que podem não habitar o mesmo local, mas que estão ligados por um código de formação visual independente do

nível linguístico.

Comunidade surda: é um grupo local formado por Surdos (que possuem a Cultura Surda) e ouvintes, com cultura de um crescer e desenvolver-se ouvinte, mas que compartilham suas vidas com os Surdos; podem ser comunidade de:

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 29 É relevante lembrar que é por meio da cultura que uma comunidade

constitui-se, integra e identifica pessoas. A existência de uma Cultura Surda ajuda a construir a identidade das pessoas com surdez. Nesse sentido, falar em Cultura Surda necessita também falar da questão identitária. Um surdo estará mais ou menos próximo da cultura surda a depender da identidade que assume dentro da

sociedade (BRASIL, 2004).

2.2

Identidade e Surdez

Strobel (2008) alega que é através da cultura que os sujeitos asseguram a sua sobrevivência e afirmam as suas identidades, a cultura que temos determina uma forma de ver, de interpretar, de ser, de explicar e de compreender o mundo.

Se procurarmos concepções de identidades, novamente encontramos descrições não unitárias, mas multifacetadas, plurais, fragmentadas. Isso se dá pela mudança radical e constante das coisas. Identidades podem ser até mesmo contraditórias, não são algo pronto: são construções móveis.

No entanto, no caso dos Surdos, que vivem dentro da cultura ouvinte1 é um

caso onde a identidade é reprimida, se rebela e se afirma em questão da original. A identidade surda sempre está em proximidade, em necessidade de encontrar

outro igual (PERLIN, 2005).

Perlin assevera que as identidades Surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas. Os estereótipos, “rótulos”,

interferem muitas vezes como um impedimento para a aceitação da identidade surda. O indivíduo Surdo faz parte dos movimentos marginalizados, à margem da

1 Chamamos de ouvintes as pessoas que não possuem surdez e, portanto, ouvem.

STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a Cultura Surda.

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 30 sociedade predominante; e assim, vai acumulando estereótipos que tem reforçado

cada vez mais a supremacia discriminatória de sua produção cultural.

Um exemplo de estereótipo é a ideia que a sociedade tem de que o Surdo tem maior concentração em suas atividades, pois não poderá se distrair com barulhos. Isto leva a uma imagem do Surdo como produtor braçal de

produtividade. Ou seja, vale a pena contratá-lo no campo de trabalho pelo que ele produz não pelas suas habilidades e competências profissionais.

A identidade Surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção

multicultural. Os Surdos vão construindo seu pensamento e compreendendo o mundo a partir puramente de suas visualizações.

Os ouvintes são acometidos pela crença de que ser ouvinte é melhor que ser Surdo, pois, na ótica ouvinte, ser Surdo é o resultado da perda de uma habilidade

'disponível' para a maioria dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma questão de mero ponto de vista (BRASIL, 2004).

Maupassant (apud BRASIL, 2004, p.36), em seu conto “Carta de um louco”,

reflete sobre o citado acima, defendendo que

'todas as idéias de proporção são falsas, já que não há limite possível, nem para a grandeza nem para a pequenez [...] a humanidade poderia existir sem a audição, sem o paladar e sem o olfato, quer dizer, sem nenhuma noção do ruído, do sabor e do odor. Se tivéssemos, portanto, alguns órgãos a menos, ignoraríamos coisas admiráveis e singulares; mas, se tivéssemos alguns órgãos a mais, descobriríamos em torno de nós uma infinitude de outras coisas de que nunca suspeitaremos por falta de meios de constatá-las'.

Perlin (2005) denuncia que ouvintes que referem-se ao Surdo como portador

de anomalias contribuem para a ideia da normalização. Primeiro entende-se por Surdo o não normal; para, a partir daí, discursar lindamente sobre a normalização/

ouvintização do Surdo. Viver o ouvintismo2 é ter preconceito contra os Surdos.

2 O ouvintismo deriva da proximidade particular entre ouvintes e Surdos, na qual o

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 31 A ouvintização do Surdo, o chamado oralismo, é uma ideologia dominante,

na qual a concepção do sujeito Surdo refere exclusivamente uma dimensão clínica, uma perspectiva terapêutica (SKLIAR, 1997 apud PERLIN, 2005). Perlin é uma grande pesquisadora das questões apresentadas neste item (Identidade e Surdez) e classifica as identidades surdas com diferentes facetas, acompanhe as

definições a seguir:

a. identidades surdas estão presentes no grupo onde entram os surdos que

fazem uso com experiência visual propriamente dita. O adulto Surdo, em contato

com outros Surdos, vai construir sua identidade fortemente centrada no ser Surdo (a Cultura Surda), “a identidade política surda”. É a consciência de ser

definitivamente diferente e de necessitar de implicações e recursos completamente visuais.

b. identidades surdas híbridas são os Surdos que nasceram ouvintes, e que

com o tempo adquiriram a surdez. É uma espécie de uso de identidades diferentes em diferentes momentos. Eles captam do exterior a comunicação de forma visual,

passam-na para a língua que adquiriram por primeiro e depois para os sinais. Nascer ouvinte e posteriormente ser Surdo é ter sempre presente duas línguas, mas a sua identidade vai ir ai encontro das identidades surdas.

c. identidades surdas de transição são os surdos que foram mantidos sob o

cativeiro da supremacia ouvinte e que migram para a comunidade surda. Normalmente, a maioria dos surdos passa por este momento de transição, visto que é composta por filhos de ouvintes.

d.

identidade surda incompleta são aqueles surdos que vivem sob uma

ideologia ouvintista latente que trabalha para socializar os Surdos de maneira compatível com a cultura dominante. A superioridade ouvinte exerce uma rede de poder difícil de ser quebrada pelos Surdos, que não conseguem se organizar ou

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 32 adentrar-se no saber junto aos ouvintes; mantidos em cativeiros pela família,

incapacitados de chegar ao saber ou de se decidirem por si mesmos.

e. identidade surda flutuante: permite ver o Surdo, de forma “consciente” ou

não de ser Surdo (porém, vítima da ideologia ouvintista) desprezam a Cultura

Surda nem têm compromisso com a comunidade Surda. É o sujeito que é Surdo, mas quer ser ouvinte devido às imposições que a sociedade coloca através das relações de poder.

Experiências compartilhadas dentro da comunidade Surda permitem aos Surdos se sentirem capazes e sujeitos culturais. Surdos que crescem em contato com outros Surdos, são criados para viver em uma realidade surda e quando adultos, participando dos movimentos Surdos, constroem sua identidade política.

É necessário que o Surdo torne-se um sujeito expressivo e projete seu ser no mundo. A identidade Surda precisa ser assumida, pois é um passo para quebrar a “prisão” imposta pelo ouvintismo, assegurando a subjetividade da cidadania e esvaziando o “individualismo agressivo da exclusão”.

A preferência dos surdos em se relacionar com seus semelhantes fortalece sua identidade e lhes traz segurança. É no contato com seus pares que se identificam com outros surdos e encontram relatos de problemas e histórias semelhantes às suas: uma dificuldade em casa, na escola, normalmente atrelada à problemática da comunicação. É principalmente entre esses surdos, que buscam uma identidade surda no encontro surdo-surdo, que se verifica o surgimento da Comunidade Surda. Surgem com ela associações de surdos,onde se relacionam, agendam festinhas de final de semana, encontros em diversos points, como em bares da cidade, em shoppings etc. (BRASIL, 2004, p.41)

Justamente estas associações, encontros, points, festas e demais atividades, costumes e materiais que Strobel (2008) identificou como artefatos da Cultura Surda. A partir de uma identidade os Surdos se “agrupam” e formam,

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 33 Surdo. Se estiver achando complicado, não se preocupe! Vamos ver cada artefato

e sobre o quê ele se refere.

2.3

Os Artefatos Culturais do Povo Surdo

Já conhecemos a Cultura Surda estudada essencialmente por Strobel, 2008.

Agora vamos conhecer de forma detalhada os estudos da mesma autora sobre os artefatos culturais; lembrando que não são simplesmente materiais, mas representações de atitudes, tradições, valores, normas, etc. do povo Surdo, Strobel identifica, no total, oito:

1º EXPERIÊNCIAS VISUAIS:

O artefato visual na Cultura Surda abrange as expressões faciais e corporais, bastante usadas

durante a comunicação pela LIBRAS; as

expressões desempenham

papel de suma importância na conversação, deixando tanto o emissor como receptor cientes do contexto e da intensidade do que se “fala”. Para constituir tipos de frases na

oralidade usamos a entonação da voz, no caso da língua de sinais as expressões facial e

corporal. Temos também aqui a percepção

visual. Com a ausência da audição e do som, os

Surdos percebem o mundo através de seus

Saiba mais sobre esse assunto em: Identidades Surdas. Gladis Perlin.

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 34 olhos, tudo o que ocorre ao redor dele: latidos de um cachorro, os objetos que

caem, fumaça que surge.

2º LINGUÍSTICO:

Este artefato cultural inclui a Língua de

Sinais, que é um aspecto fundamental da Cultura Surda e também os gestos denominados “sinais emergente” ou “sinais caseiros”, que são os

sinais usados por Surdos que não tiveram contato com outros Surdos e, por isso,

criaram dentro do lar gestos e mímicas para conseguirem se comunicar em família. A língua de sinais capta as experiências visuais dos sujeitos surdos. De

acordo com Quadros (1997 apud STROBEL, 2008) a criança Surda pode até

adquirir a língua portuguesa, porém, nunca será de forma natural e espontânea,

como ocorre com a língua de sinais. No mundo todo temos pelo menos uma língua de sinais com suas variações regionais usada pelo povo Surdo de cada país. Temos também como artefato cultural linguístico

a Escrita da Língua de Sinais – ELS, que é uma

forma de escrita da língua de sinais, é conhecido

pelo nome de Sign Writing – SW. Em 1974, na

Dinamarca, pesquisadores de língua de sinais depararam-se com os sistemas de escrita das

danças da Valerie Sutton e, a partir daí, evoluíram com estudos e no Brasil tem sido

estudada pela doutora

surda Mariane Stumpf desde 1996.

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 35

3º FAMILIAR:

O artefato familiar implica nos conflitos que o Surdo do enfrenta quando o

médico instrui a família a não usar sinais com aquela criança e apenas incentivar a

audição e oralidade dele. Quando os pais também são Surdos, conhecem a suma

importância de até direito do filho de aprender a LIBRAS como língua materna, mas pais ouvintes que desconhecem essa língua e essa cultura acabam deixando seu filho marginalizados dentro do próprio lar. As crianças Surdas de famílias que desconhecem esse “mundo” têm uma carência de diálogo. Observam as

conversas e discussões dentro do lar, porém não participam. O próprio anseio desta família em colocar aparelhos auditivos e tornar esse Surdo uma pessoa “normal” traz para ele grandes frustrações com o mundo e até com ele mesmo.

Diferentemente disso, crianças Surdas de família com outros Surdos participam das manifestações em

família, conversam, interagem, e

podem até não se achar diferente e à margem do resto do mundo!

Quando a família ouvinte sabe da existência da Cultura Surda e procura se aprofundar e aprender LIBRAS, participar da comunidade

surda, dá também à criança Surda, oportunidade de relação e efetiva troca de saberes durante os

diálogos. Esse tipo de relação, em

geral, resulta na aceitação de

identidade surda e na transmissão natural da Cultura Surda.

Repare no relato de uma experiência da infância de Sam Supalla; um Surdo

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 36

4º Literatura Surda:

A literatura Surda refere-se aos registros

através de CD-ROOM, vídeos e DVD das

dificuldades e/ou vitórias, de diversas

experiências vividas pelo povo Surdo. Muitos

Surdos, poetas e escritores, registram suas

expressões literárias em língua portuguesa. A

literatura Surda também envolve as piadas que

exploram a expressão facial e corporal, o domínio da língua de sinais e a maneira própria de cada um de contar. Em geral, os Surdos são considerados extraordinários contadores de histórias. As piadas Surdas, bem como as

demais representações literárias deste povo, expressam muito da Cultura Surda.

Antônio Campos de Abreu, Otaviano de Menezes Bastos, Dioniso Schmitt e Gisele Ranchel são os pesquisadores da história cultural de Surdos mais [...] Após alguns encontros tentativos, eles tornaram-se amigos. Ela era uma companheira satisfatória, porém havia o problema de sua “estranheza”. Ela não conseguia falar com ela da maneira que conseguia falar com seus irmãos mais velhos e com seus pais. Ela parecia ter uma dificuldade extrema de compreender mesmo os gestos mais simples ou mais rudes. [...] Um dia, Sam lembra-se vivamente, que ele finalmente entendeu que a sua amiga era de fato estranha. Eles estavam brincando na casa dela, quando de repente a mãe dela chegou até eles e animamente começou a mexer sua própria boca. Como se por mágica, a garota pegou uma casa de boneca e levou-a para um outro local. Sam estava perplexo e foi para casa perguntar a sua mãe sobre exatamente que tipo de aflição que a menina da porta ao lado tinha. Sua mãe explicou a ele que ela era ouvinte e por razão disto ela não sabia sinalizar; em vez disso, ela e a sua mãe falam, movimentam suas bocas para falarem entre si. Sam então perguntou se esta menina e a família dela era as únicas “daquele jeito”. A mãe dele explicou que não, de fato, quase todas as pessoas eram como seus vizinhos. Era a sua própria família que era incomum. Aquele foi um momento memorável para Sam. Ele lembra de pensar o quanto estava curiosa a menina da porta ao lado, e se ela era ouvinte, como as pessoas ouvintes eram curiosas.

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 37 conhecidos. Os povos Surdos usaram e usam inúmeros meios de se comunicar

através da língua de sinais, desenhos, expressões faciais, corporais e imagens

visuais. A necessidade de registrar suas atuações do cotidiano, como as várias

conquistas, língua de sinais, tradições culturais, entre outros, fez surgir a literatura surda!

5º Vida Social e Esportiva:

Este artefato corresponde a

acontecimentos culturais, tais como: casamento entre Surdos, festas,

lazeres, eventos desportivos e

demais atividades nas associações

de Surdos. Nos bailes e festas

bastantes frequentes das

associações é difícil ver muitos Surdos dançando (ainda que alguns tenham o hábito de dançar), em

geral concentram-se em pequenos grupos para conversar. A conversação é

extremamente comum durante os acontecimentos de Surdos, pois sentem grande necessidade em compartilhar sua vida, novidades, etc.

Em 2002 foi realizada na cidade de Passo Fundo – Rio Grande do Sul a

primeira Olimpíada de Surdos do

Brasil. Strobel relata que foi um

momento emocionante com muitas

equipes advindas de diversas

associações municipais e estaduais

de todo o país; o Hino Nacional

apresentado em LIBRAS, hastear da

bandeira e desfile de abertura foi

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 38 Na olimpíada de 2007, Austrália, a dupla

de vôlei de praia brasileira com os atletas surdos Alex Borges e Alexandre Couto ficou em quinto lugar. Temos também os atletas surdos que competem com os ouvintes em olimpíadas não

especiais; na África do Sul o nadador Surdo Terence Parkin (foto ao lado) conquistou medalha de prata nos 200

metros nado peito em olimpíada

internacional de 2000. Seu treinador fazia o sinal de partida para ele, já que não podia ouvir a largada.

Ao final de tais eventos públicos como

apresentações artísticas ou palestras os Surdos não costumam aplaudir como os

ouvintes. As palmas podem gerar grande e profundo sentimento de aclamação à ouvintes devido ao forte e vibrante barulho. Para os Surdos, quando estão

frente à platéia, não é possível

visualizam em sua totalidade as pessoas batendo palmas, pois estas estão umas na frente das outras. Para os Surdos o

usual é levantar os braços no alto e balançar suas mãos, e assim, o Surdo terá o alcance visual do aclamado e também a possibilidade de sentir a mesma profunda emoção que um ouvinte.

Conheça a vida social e outros Surdos famosos em:

http://www.libras.com.br/web/surdos-famosos Conheça a CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS DOS

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6º ARTES VISUAIS:

O povo Surdo tem muitas criações artísticas que sintetizam suas emoções, suas histórias, sua subjetividade e sua

cultura explorando seus modos de olhar e interpretar o mundo. “Dentro” deste

artefato temos desenhos, pinturas,

esculturas e outras formas de

manifestações artísticas. Existem

muitos DVDs filmados de poemas

Surdos, narrativas, contação de

histórias, etc. No teatro, a expressão

através das feições, do corpo e língua de sinais é constantemente praticada pelos sujeitos Surdos. O ator de teatro Surdo mais conhecido no Brasil é Nelson Pimenta, formado em cinema e

mestre em Estudos da Tradução pela

Universidade Federal de Santa

Catarina. Além de Pimenta, temos a

atriz Marlee Matlin, atriz norte-americana, com Oscar de melhor atriz em 1987 no filme “Filhos do Silêncio”; Emanualle Laborit, francesa, que além de atriz de teatro e cinema escreveu um livro de grande sucesso em diferentes línguas: “O vôo da

Gaivota”; Rimar Romano, brasileiro, fundador da Cia. Arte e Silêncio; e temos

muitos outros pelo Brasil a fora como Reinaldo Pólo, Heloir Montanher, Celso

Badin, etc. E ainda além destes atores famosos temos dançarinos, poetas,

pintores, mágicos, palhaços, escultores, contadores de histórias e grupos de música-sem-som o até com som, como é o caso do “surdo-dum”; confira:

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 40

7º POLÍTICO:

O artefato político refere-se especialmente às lutas e manifestações pelos direitos

o povo Surdo. Em 2011

tivemos possivelmente a

maior manifestação do povo Surdo de todos os tempos, o

movimento “Nada sobre nós,

sem nós”. No mês de Maio

tiveram grandes passeatas,

protestos e etc. em prol de

uma política educacional que contemplasse, em sua elaboração, a participação de Surdos. Em Setembro tivemos o Movimento azul e finalmente em 24 de Abril de 2012, no aniversário de 10 do reconhecimento da LIBRAS, a presidenta do Brasil

recebeu em ato público a proposta da comunidade Surda do “Programa Nacional

de Escolas Bilíngues para Surdos”, também conhecida como a Pedagogia Surda. Outro movimento interessante é o movimento das Mulheres Surdas, iniciado pela pesquisadora Gladis Perlin no “I Encontro Latino

Americano de Mulheres Surdas Líderes”.

Artefato político também podem ser as diversas associações de Surdos, que têm como objetivo político as reuniões e assembleias, visando os direitos judiciais e de cidadania dos Surdos. Um

exemplo é a Federação Nacional de Educação e

Integração de Surdos – FENEIS, filiada à

Federação Mundial de Surdos – WDF. As

legislações trazidas do item 1.2 deste fascículo

também fazem parte deste artefato cultural, pois

são resultados de árduas lutas como a lei

10.436/02 que reconhece a LIBRAS como língua

natural dos Surdos e o decreto 5.626/05 que

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 41 Temos ainda como conquistas políticas a

criação da graduação em LIBRAS, o curso

de Letras/LIBRAS da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC nas modalidades

licenciatura e bacharelado; e o Dia

Nacional dos Surdos, comemorado em 26

de Setembro, data de fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos que, como você já viu na história (item 1.1) foi a

primeira escola para Surdos no Brasil. Internacionalmente o Dia do Surdo é comemorado em 30 de Setembro.

8º MATERIAIS:

Este artefato é constituído de materiais que possibilitam a acessibilidade dos Surdos como: o

telefone para

Surdos na

imagem à direita (T.D.D. ou T.S.); softwares, aparelhos tecnológicos, legenda e intérpretes de LIBRAS em programas locais e filmes

brasileiros, etc. Pode ser artefato material até mesmo o MSN; skype; ooVoo; uso de celular

via torpedos; a tecnologia android, etc.

Conheça outras Tecnologias de Acessibilidade para Surdos:

UNICAMP: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/06/nova-tecnologia-ajuda-deficientes-auditivos-usar-o-computador.html

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 42

2.4

A importância da LIBRAS para o Surdo

Como pudemos compreender a partir das leituras anteriores, ter o reconhecimento da língua de sinais como uma língua natural, como direito do Surdo e meio de comunicação e expressão da comunidade surda, não foi muito

fácil não é mesmo? Foi necessária uma caminhada repleta de lutas. Vamos entender agora a importância da LIBRAS para o desenvolvimento da pessoa Surda.

Ao contrario do que muitas pessoas acreditam a Língua Brasileira de Sinais

não é um conjunto de sinais ou gestos feitos com as mãos que substituem ou interpretam as palavras do português ou a língua oral, tampouco uma linguagem como a linguagem das abelhas ou a mímica. Existem pessoas que embora acreditem que se trata de uma língua, essa é limitada, não possibilitando a

expressão de ideias abstratas, apenas as idéias concretas (FELIPE, s/d).

No entanto, as pesquisas vêm confirmando que como toda língua, a língua de sinais “são sistemas abstratos de regras gramaticais, naturais das

comunidades de indivíduos surdos, portanto devem ser reconhecida como língua natural” (FERNANDES, 2003), portanto uma língua completa com características e

estruturas próprias, capaz de transmitir idéias sutis, complexas e abstratas. “Os

seus usuários podem discutir, filosofia, literatura ou política, além de esportes, trabalho, moda e utilizá-la como função estética para fazer poesia, estória, teatro e humor” (FELIPE, s/d, p. 2). Permite ainda a “expressão de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa do ser humano”. (BRITO, 1997, p. 19)

Os surdos podem comunicar-se mais facilmente e com maior precisão pela língua de sinais, porque o cérebro deles se adapta para esse meio e, se forçados a falar,

nunca conseguirão uma linguagem eficiente e serão duplamente deficientes (SACKS, 1990) [...] minha luta começou no sentido de que a surdez seja

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Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 43 Você deve estar se perguntando:

Como a criança aprende a língua de sinais ?

De acordo com Fernandes (2003) a teoria pautada na base biológica pode explicar alguns comportamentos de aquisição da linguagem do Surdo ao comprovar que crianças Surdas, mesmo não expostas a nenhum tipo de linguagem oral-auditiva ou espaço-visual ”desenvolvem espontaneamente um

sistema de gesticulação manual e que há semelhanças entre os sistemas desenvolvidos por crianças surdas que nunca tiveram contato entre si”. (2003,

p.30). Assim, parece perigoso afirmar que crianças Surdas não desenvolvam uma

linguagem própria, mesmo na ausência de sua língua oficial.

Nessa perspectiva, parece possível acreditar que essa semelhança presente nesses sistemas apresentados pelas crianças ocorre dos universais linguísticos, ou seja, dessa habilidade inata para o desenvolvimento da linguagem.

Assim, essa possibilidade está presente em toda criança ao nascer, seja ela Surda ou ouvinte. Nessa concepção, do ponto de vista neurológico, o cérebro está

preparado para adquirir uma língua, seja ela de modalidade oral ou visual.

Entretanto:

[...] se levarmos em consideração que a aquisição da linguagem liga-se ao crescimento e à maturação de capacidades inatas em condições externas adequadas (Chomsky,1966), os estímulos aos quais o surdo é exposto, mesmo sob educação especial, são muito diferentes daqueles vivenciados pelo ouvinte, deixando-o, automaticamente, em condições diferentes desse, no que se prefere às línguas orais-auditivas. Assim, propiciar ao surdo a aquisição da língua de sinais como primeira língua é a forma de oferecer-lhe um meio natural de aquisição linguística, visto que se apresenta como língua de modalidade espaço-visual, não dependendo, portanto da audição para ser adquirida. (FERNANDES, 2003, p.30)

Segundo a autora supramencionada, expor o Surdo a mecanismos linguísticos não naturais (como a Língua Portuguesa oralizada) como primeira língua, além de exigir um esforço desnecessário, poderá “prejudicar, de modo significativo, o desenvolvimento natural da criança” (FERNANDES, 2003, p.31).

(20)

Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 44 eficaz, mas, também, o instrumento de desenvolvimento dos processos cognitivos, indispensável nos primeiros anos de vida” (ibidem).

Perceba que a língua de sinais é muito mais que um conjunto de gestos e um meio de comunicação, nos aspectos cognitivos, ela possibilita o desenvolvimento e a organização de várias formas de pensar.

Existe uma grande preocupação com a questão do diagnóstico precoce da surdez e sua relação com o desenvolvimento social, linguístico e cognitivo da criança Surda. No campo da saúde, diversas iniciativas vêm sendo realizadas com o objetivo de orientar pais e profissionais sobre a necessidade e a possibilidade de

avaliação precoce em casos de surdez. Marchesi, (2004), dentre outros, afirma que as consequências do diagnóstico e intervenção tardios redundam em significativos atrasos no desenvolvimento social e da linguagem, além de baixo desempenho acadêmico. Nesse sentido, profissionais da área, tanto da saúde

quanto da educação especial, têm se empenhando para que essa identificação seja realizada o quanto antes, permitindo assim, que a intervenção implique melhores desempenhos nas áreas atingidas. (MENDONÇA, 2007).

Adquirir uma língua desde os primeiros anos de idade é fundamental,

destacando que o papel do meio social em que vive é fundamental para que o mecanismo da linguagem presente no indivíduo seja estimulado e desenvolvido. A alerta é realizada: ao contrario, a aquisição tardia de uma língua

[...] leva a criança surda a um tipo de pensamento mais concreto, já que é através do diálogo e da aquisição do sistema conceitual que ela pode se desvincular cada vez mais do mundo concreto, internalizando conceitos abstratos. (GOLDFELD, 1997, P. 54).

Se consideramos então que a habilidade da linguagem é inata, ou seja, é parte da dotação genética da espécie humana e que o meio e a interação social representam papel relevante para o seu desenvolvimento não há como não destacar aqui que as condições sociais, econômicas e culturais dos indivíduos irão contribuir nesse processo de forma negativa ou positiva. O seja, a questão da deficiência, (nesse caso a surdez) por si só, não irá definir o futuro do sujeito.

(21)

Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 45 Autores como Fernandes(1990), Sacks (1990), Brito (1993 ), Goldfeld (1997)

entre outros afirmam que o estímulo do meio é indispensável para a aquisição da linguagem, ao contrário poderá acarretar reflexos no desenvolvimento cognitivo da criança Surda

Para Goldfeld (1997) as dificuldades encontradas na aquisição de uma

língua oral pelo Surdo e a dificuldade de acesso à língua de sinais implicam em atraso de linguagem dessa criança. Em consequência desse processo, a aprendizagem e o desenvolvimento poderão ser afetados, implicando em problemas de escolarização. Diz a autora: “somente através da exposição a esta

língua (de sinas), a criança surda pode desenvolver-se linguística e cognitivamente sem dificuldades” (p.105)

Sacks (1990) afirma que se as crianças não são expostas a código linguístico, pode haver um atraso da maturação cerebral. Brito (1993) afirma que a

criança surda deve ser exposta a língua de sinais precocemente, caso contrário refletirá

Como pudemos observar a aquisição da língua de sinais pela pessoa surda ocorre nas relações, no encontro com seus pares surdos e é essencial para seu

desenvolvimento cognitivo, linguístico e social.

No filme “E seu nome é Jonas”, você poderá perceber de maneira muito

(22)

Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 46

2.5

Síntese da unidade

Esta unidade introduzimos trazendo os estudos e conceitos sobre Cultura Surda. Partimos então pra relação das identidades identificando cada identidade adquirida pelos Surdos. Detalhamos as peculiaridades da cultura dos Surdos a partir de seus artefatos: o artefato experiências visuais (expressões

faciais/corporais e percepções visuais); linguístico (LIBRAS, sinais caseiros, Sign Writing ou Escrita de Língua de Sinais); familiar (conflitos e barreiras de comunicação ou relações de troca e diálogo em LIBRAS em família); literatura Surda (registros em Língua Portuguesa como livros, artigos, teses, dissertações,

etc. e em LIBRAS através de CD ROOM, DVD, etc.); vida social e esportiva (eventos, festas, encontros, competições esportivas); artes visuais (expressões artísticas de Surdos evidenciadas pelas percepções visuais: desenhos, pinturas,

esculturas e também teatro, poema, contações de história, dança, cinema); política (associações de Surdos, FENEIS, Dia do Surdo, movimentos, protestos, legislações, propostas educacionais); e materiais (objetos de acessibilidade). Para concluir este estudo levantamos as principais questões que mostram a

importância da LIBRAS na vida dos Surdos.

2.5

Para saber mais

Língua Brasileira de Sinais – “Uma Conquista Histórica”. (2006) http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/

pessoa_com_deficiencia/arquivos/Libras_Uma_conquista_historica.pdf

Reportagem do G1 – site da T.V. Globo

http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL732407-5598,00-bebes+surdos

(23)

Katia Regina Conrad Lourenço ACESSE: www.acessolibras.com/artigos.html 47

REFERÊNCIAS DESSA UNIDADE:

BRASIL. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: Caminhos para Prática Pedagógica.v.1. Brasília: MEC, 2004.

BRITO,L.F. Integração Social e educação de Surdos.Rio de Janeiro: Babel, 1993.

FELIPE, Tanya Amara (coord). Libras em Contexto. Curso Básico. Rio de Janeiro. Ministério da Educação e do Desposrto. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Secretaria de Educação Especial, s/d

FERNANDES, Eulália. Linguagem e Surdez. Porto Alegre: ArTmed, 2003.

GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. São Paulo: Plexus, 1997.

LOURENÇO, Katia Regina Conrad. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. In: www.acessolibras.com. Acesso em 21 de Junho de 2012, às 14h17min.

MENDONÇA, Suelene Regina Donola. Trajetórias Sócio-Educacionais de Adultos Surdos: Condições Sociais, Familiares e Escolares. Tese de doutorado, 2007.

PERLIN, Gladis T.T. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos (org.). A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2005.

PIMENTA, Nelson. Oficina-Palestra de Cultura e Diversidade. In: Anais do VI Seminário Nacional do INES - Surdez e Diversidade Social. Setembro de 2001.

SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro. Imago,1990.

SILVA, Marília da Piedade Marinho. Identidade e Surdez: o trabalho de uma professora surda com alunos ouvintes. São Paulo: Plexus Editora, 2009.

Referências

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