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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86821987000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 08 nov. 2017.

REFERÊNCIA

CASTRO, Cleudson et al. Prevalência de esofagopatia chagásica no Município de Mambaí, Goiás

- Brasil.

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

, Uberaba, v. 20, n. 1, p. 13-17,

jan./mar. 1987. Disponível em:

(2)

R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 ( 1 ) : 1 3 - 1 7 , J a n - M a r , 1 9 8 7

PREVALÊNCIA DE ESOFAGOPATIA CHAGÁSICA NO MUNICÍPIO DE

MAMBAÍ, GOIÁS - BRASIL

C le u d s o n C a s tr o 1, J o f f r e M . d e R e z e n d e 2, M á r io C a m a r g o 3, A lu iz io P ra ta1 e V a n iz e M a c ê d o1

E m M a m b a í , á r e a e n d ê m i c a d e d o e n ç a d e C h a g a s , f o r a m r e a l i z a d a s a b r e u g r a f i a s

d o e s ô f a g o c o m f i l m e d e 7 0 m m , e m 1 . 1 4 5 i n d i v í d u o s d o s e x o m a s c u l i n o e 1 . 1 8 4 d o f e m i ­

n i n o , d e 4 a 8 7 a n o s , d o s q u a i s 1 . 0 0 6 e r a m s o r o p o s i t i v o s . O s p a c i e n t e s f o r a m p o s i c i o n a d o s

e m o b l í q u a a n t e r i o r d i r e i t a e t o m a d a s d u a s a b r e u g r a f i a s : u m a i m e d i a t a m e n t e à i n g e s ­

t ã o d e 75 m l d e s u s p e n s ã o b a r i t a d a e o u t r a 6 0 s e g u n d o s a p ó s . S e t e n t a e s e i s ( 3 , 2 % ) i n d i ­

v í d u o s a p r e s e n t a r a m e s o f a g o p a t i a , s e n d o q u e 7 1 ( 7 % ) e n t r e o s 1 . 0 0 6 s o r o p o s i t i v o s e ,

5 ( 0 , 3 7 % ) e n t r e o s 1 . 3 2 3 s o r o n e g a t i v o s . D o s 7 6 e s o f a g o p a t a s 4 7 ( 6 1 , 8 % ) e r a m d o s e x o

m a s c u l i n o e 2 9 ( 3 8 , 1 % ) d o s e x o f e m i n i n o . S e g u n d o a c l a s s i f i c a ç ã o d e R e z e n d e e c o l s

4 8 ( 6 3 , 1 % ) p e r t e n c i a m a o g r u p o I , 1 8 ( 2 3 , 7 % ) a o g r u p o I I , 5 ( 6 , 6 % ) a o g r u p o I I I e

5 ( 6 , 6 % ) a o g r u p o I V . E n t r e o s i n f e c t a d o s a e s o f a g o p a t i a a u m e n t o u p r o g r e s s i v a m e n t e

c o m a i d a d e , p r i n c i p a l m e n t e a p a r t i r d o s 3 0 a n o s , a l c a n ç a n d o a p r e v a l ê n c i a d e 2 1 , 5 %

a p ó s o s 5 9 a n o s .

Palavras chaves: D oença de Chagas. M egaesôfago chagásico. Tripanosomíase di­ gestiva. Abreugrafia do esôfago. Prevalência do megaesôfago.

A s primeiras descrições sugestivas da existên­ cia de megaesôfago no Brasil datam do inicio do Século X V III27. N o século seguinte houve outras referên­ cias19 20 34. N o início do Século X X N eiva e Pena24, em viagem pelo interior do país, observaram centenas de casos, especialmente no Estado de G oiás. Segundo Chagas8, a demonstração radiológica de megaesôfago deve-se a Leocadio Chaves, que observou ectasia do esôfago e fenômenos espasmódicos na cardia. Poste­ riormente Vampré35, usando pasta de bismuto como meio de contraste, fez estudos radioscópicos e radio-gráfícos de três doentes com disfagia. A partir do final da década de trinta surgem as grandes casuísticas clínicas e radiológicas do m egaesôfago15 16 23. Em 1959 estabeleceram-se as bases para estudo radioló-gico21 e radioscópico17 18 do megaesôfago. N esta época aumentaram as evidências de sua associação com a doença de Chagas29. Os primeiros estudos epidemiológicos do megaesôfago chagásico na área endêmica com abreugrafia contrastada, foram feitos em 1967, por Alm eida e M acêdo2 e Prata e cols30. Em 1973 um grupo de peritos em doença de Chagas, em reunião promovida pelo Conselho Nacional de Pes­ quisa, tentaram padronizar e uniformizar os métodos

1. Núcleo de Medicina Tropical e Nutrição, Universidade de Brasília, Caixa Postal 153121. 70910 Brasília, D F, Brasil.

2. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, Goiás.

3. Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São Paulo. Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desen­ volvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Recebido para publicação em 29/10/85.

usados em estudos longitudinais e admitiu como aceitável nos estudos de campo a abreugrafia de 70 milímetros com esôfago contrastado9.

N este trabalho será apresentado o estudo abreugráfico do esôfago realizado na população de Mambaí, área endêmica do Estado de Goiás.

C A SU ÍST IC A E M É T O D O S

N o projeto de estudo da doença de Chagas em Mambaí foram realizados 2.329 esofagogramas, em indivíduos de ambos os sexos que tinham idades compreendidas entre quatro e oitenta e sete anos. Em 1965 (84,4% ) indivíduos, as reações de imunofluo-rescência indireta, hemaglutinação passiva e fixação do complemento para doença de Chagas, realizadas simultaneamente em dois laboratórios de referência (o Instituto Mário Falata Chaben e o Instituto de Medi­ cina Tropical de São Paulo) foram concordantes. Em

180 (7,7% ) indivíduos, as seis reações foram parcialmente concordantes e em 184 (7,9% ) foram realizados menos de seis reações. Os casos com sorologia duvidosa foram excluídos.

(3)

C a s t r o C , R e z e n d e J M , C a m a r g o M , P r a t a A , M a c ê d o V P r e v a l ê n c i a d e e s o f a g o p a t i a c h a g á s i c a n o m u n i c í p i o d e M a m b a i , G o i á s - B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 : 1 3 - 1 7 , J a n - M a r , 1 9 8 7 .

por um dos autores (JMR) em duplo cego, segundo os critérios de Rezende e cols32 que divide as esofago-patias em grupos I, II, III e IV.

A análise estatística foi feita pelo teste de diferença de duas proporções a nível de significância de a = 0,01. O número de esofagopatias de natureza exclusivamente chagásica foi avaliada pelo método de Sheps14.

R E SU L T A D O S

A distribuição etária dos 2.329 indivíduos mostra 458 entre 4 e 9 anos, 727 entre 10 e 19, e em seguida decréscimo gradual do número de pessoas estudadas nos grupos etários subseqüentes (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição de 2.329 esofagogramas segundo a fa ix a etária, o sexo e a sorologèa, em M ambai.

F a i x a ______________________ ______________________ ________________________

E t á r i a E x a m i - E x a m i - E x a m i ­

n a d o s S o r o p o s i t i v o s n a d o s S o r o p o s i t i v o s n a d o s S o r o p o s i t i v o s ( A n o s ) Np Np % N P Np % N P Np %

4 -9 2 3 4 5 4 2 3 ,1 2 2 4 71 3 1 ,7 4 5 8 125 2 7 ,3 1 0 -1 9 3 6 6 1 2 0 3 2 ,8 3 61 12 6 3 4 ,9 7 2 7 2 4 6 3 3 ,8 2 0 - 2 9 15 9 76 4 7 ,8 2 11 10 9 5 1 ,6 3 7 0 18 5 5 0 ,0 3 0 - 3 9 17 6 9 5 5 4 ,0 1 5 6 88 5 6 ,4 3 3 2 18 3 5 5 ,1 4 0 - 4 9 98 6 0 6 1 ,2 96 66 6 8 ,7 1 9 4 1 2 6 6 4 ,9 5 0 - 5 9 5 0 3 0 6 0 ,0 77 4 6 5 9 ,7 1 2 7 7 6 5 9 ,8 6 0 + 6 2 3 0 4 8 ,4 59 35 5 9 ,3 121 65 5 3 ,7

T o t a l 1 .1 4 5 4 6 5 4 0 ,6 1 .1 8 4 54 1 4 5 ,9 2 .3 2 9 1 .0 0 6 4 3 ,2

Em relação ao sexo, 1.145 eram do sexo masculino e 1.184 do sexo feminino. A prevalência da sorologia positiva para doença de Chagas foi de 43,2% (Ta­ bela 1).

D os 2.329 indivíduos considerados, 76(3,2% ) apresentaram esofagopatia, sendo 71(7% ) entre os 1.006 com sorologia positiva e 5(0,37% ) entre os 1.323 com sorologia negativa. A prevalência de esofagopatia de natureza exclusivamente chagásica estimada pelo método de Sheps oscilou ao redor de

6

,

6

% .

D as 76 pessoas com esofagopatia, 47(61,8% ) eram do sexo masculino e 29(38,1% ) do sexo femini­ no (Tabela 2), havendo predominância

estatistica-Tabela 2 - D i s t r i b u i ç ã o d e 7 6 p e s s o a s c o m e s o f a g o ­ p a t i a , e m d i f e r e n t e s g r u p o s s e g u n d o o

s e x o , e m M a m b a i .

G r u p o s d e E s o f a g o p a t i a s

S e x o T o t a l

I I I I I I I V

Masculino 31 10 4 2 47

Feminino 17 8 1 3 29

Total 48 18 5 5 76

mente significante em favor do sexo masculino. D os 76 esofagopatas, 48(63,1% ) eram da forma anectá-sica e foram classificados no grupo I, e 28(36,9% ) apresentaram dilatação do esôfago, sendo 18(23,7% ) do grupo II, 5(6,6% ) do grupo III e 5(6,6% ) do grupo IV (Tabela 3), de acordo com a classificação de

Tabela 3 - D i s t r i b u i ç ã o d e 7 6 p e s s o a s c o m d i f e r e n t e s g r u p o s d e e s o f a g o p a t i a , s e g u n d o a f a i x a

e t á r i a , e m M a m b a i .

F a i x a

E t á r i a

G r u p o s d e E s o f a g o p a t i a T o t a l

I I I I I I I V

10-19 1 2 1 0 4

20-29 3 2 0 0 5

30-39 15 1 2 1 1 9

40-49 10 6 1 3 2 0

50-59 10 3 0 0 13

60 + 9 4 1 1 15

Total 48 18 5 5 76

Rezende e cols32. Nenhum caso de esofagopatia foi encontrado em pacientes com idade abaixo de dez anos. Entre 10 e 19 anos houve apenas 4(1,6% ) casos, havendo aumento considerável e progressivo dos casos apartirdos 30 anos, atingindo 21,5% após os 59 anos (Tabela 4). A pessoa mais jovem com esofago­ patia tinha 13 anos e era portador de megaesôfago grupo III e a mais idosa tinha 87 anos e era do grupo I.

Tabela 4 - N ú m e r o e p e r c e n t u a l d e e s o f a g o p a t i a e m c a d a f a i x a e t á r i a , e n t r e o s i n d i v í d u o s c o m

i n f e c ç ã o c h a g á s i c a , e m M a m b a i .

F a i x a P o p u l a ç ã o

E t á r i a

I n f e c t a d o s c o m E s o f a g o p a t i a

( A n o s ) N .° N .° %

4-9 125 0 0

10-19 246 4 1,6

20-29 185 4 2,2

30-39 183 18 9,8

40-49 126 18 14,3

50-59 76 13 17,1

6 0 + 65 14 21,5

(4)

C a s t r o C , R e z e n d e J M , C a m a r g o M , P r a t a A , M a c ê d o V. P r e v a l ê n c i a d e e s o f a g o p a t i a c h a g á s i c a n o m u n i c í p i o d e M a m b a í , G o i á s - B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 : 1 3 - 1 7 , J a n - M a r , 1 9 8 7 .

Entre os 5 indivíduos com esofagopatia e todas as reações sorológicas negativas, 4 eram do grupo I e 1 do grupo II. A idade dos do grupo I era, respectiva­ mente, de 29, 3 4 ,4 3 ,4 5 anos e o do grupo II, tinha 64.

Os do grupo I não apresentavam cardiopatia nem

obstipação intestinal e dois deles tinham disfagia ocasional. O do grupo II era portador de insuficiência aórtica, faleceu com insuficiência cardíaca e não tinha obstipação. A sorologia desses cinco indivíduos repe­ tida após seis anos continuou negativa e em três que fizeram eletrocardiograma este continuou normal. Portanto os dados sorológicos, eletrocardiográficos e clínicos destes indivíduos, excluem o diagnóstico de doença de Chagas.

Entre os 71 indivíduos com esofagopatia e sorologia positiva 2 tinham cardiomegalia e em 1 foi detectado megacólon, durante a abreugrafia do tórax. U m paciente que apresentava disfagia intensa tinha divertículo de Zenker.

D IS C U S S Ã O

A abreugrafia, descoberta no auge da prevalên­ cia de tuberculose no Brasil33, facilitou a detecção dos casos desta moléstia. Embora o método esteja em declínio em relação à tuberculose, no momento mos­ tra-se útil no campo da doença de Chagas, auxiliando o

estudo do esôfago e tórax de pacientes chagásicos, in

l o c o nas zonas rurais, sendo um método prático e mais

econôm ico que a radiografia convencional, conforme acentuou Cançado e cols4.

Com os dados das áreas endêmicas pode-se quantificar com mais precisão a prevalência de esofagopatia chagásica no país, estimada em 300.000 casos28. N os primeiros trabalhos realizados em 1965 em São Felipe na Bahia, utilizando-se abreugrafia de 35 milímetros, houve prevalência de megaesôfago em I,29% na população geral2. A prevalência na mesma área, entre a população com sorologia positiva para doença de Chagas foi de 3,1 %22. N o Estado de M inas Gerais, a prevalência de megaesôfago em populações

infectadas pelo T . c r u z i têm variado entre 6 a

I I,2% 10-13 25 26. A s diferentes prevalências de me­ gaesôfago nas diversas áreas endêmicas devem ser analisadas sob vários aspectos, entre eles a composi­ ção etária da amostra. Incluindo-se as crianças e jovens infectados, nos quais sabe-se que o megaesôfa­

go é pouco freqüente, há diminuição da prevalência na população. Em Mambaí, mais de um terço da popula­ ção infectada eram crianças e jovens até 19 anos de idade (Tabela 4). Entre as 556 pessoas infectadas com idade entre 4 e 29 anos foram encontrados 8(1,4% ) com alterações radiológicas de esofagopatia, enquanto o número subiu para 63(14% ) entre os 450 com idade acima de 29 anos (Tabela 4).

Em publicações anteriores1 5 7 já foram divul­ gados dados parciais sobre a prevalência de esofago­ patia em Mambaí. Agora são apresentados informes mais completos passíveis de análise. A s 76 pessoas com esofagopatia encontradas no inquérito represen­ tam praticamente todas que têm esta afecção digestiva no município. Certamente, pouquíssimos casos foram excluídos, e a prevalência encontrada provavelmente espelha o que ocorre nos municípios vizinhos dos estados de Minas Gerais e Goiás. O comprometi­ mento do esôfago foi mais freqüente no sexo masculino com diferença estatisticamente significante, diferindo dos dados de Bambuí13 e concordando com as afir­ mações de outros autores25 26 31. A relação com a idade mostra o aumento dos casos a partir dos 30 anos, conforme relatado por outros pesquisadores13 26. Sugere-se que para estudos de prevalência, em áreas endêmicas, as abreugrafias poderiam se limitar aos indivíduos com idade a partir de 30 anos.

Em Mambaí, tal como se verificou em Bam­ buí13 e em Virgem da Lapa25 26, houve maior número de casos de esofagopatia anectásica (grupo I), e o gradiente entre este grupo e o grupo II foi maior que entre os grupos II e III (Tabela 5). Isto sugere que a

Tabela 5 - P r e v a l ê n c i a d o s g r u p o s d e e s o f a g o p a tia e m á r e a s e n d ê m ic a s e n o a m b ie n te h o s p ita la r .

G r u p o s

P e r c e n tu a l

M a m b a í B a m b u í 13 V irg e m d a H o s p it a l a r^ L a p a 25

I 63,1 72 67,9 20,1

II 23,7 18 21,4 39,7

III 6,6 10 10,7 24,1

IV 6,6 - - 16,1

maioria dos indivíduos permanece um longo período no grupo I, evoluindo lentamente para estádios mais avançados. O grupo IV, à semelhança da cardiopatia chagásica descompensada, é raro em Mambaí e nem foi encontrado em Bambuí13 e Virgem da Lapa25. N o hospital predominam os grupos II e III de megaesô­ fago31. Em contraste com o que ocorre nas áreas endêmicas a casuística hospitalar é muito seletiva.

Dentre os casos de esofagopatia, cinco (6,5% ) apresentaram sorologia persistentemente negativa, dado idêntico ao encontrado por Rezende31. Os aspectos clínicos e eletrocardiográficos desses pacien­ tes são insuficientes para caracterizá-los como porta­ dores de infecção chagásica, de modo que possivel­ mente representam casos de alterações motoras eso-fagianas de outra etiologia.

(5)

C a s t r o C , R e z e n d e J M , C a m a r g o M , P r a t a A , M a c ê d o V . P r e v a l ê n c i a d e e s o f a g o p a t i a c h a g á s i c a n o m u n i c í p i o d e M a m b a í , G o i á s - B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 : 1 3 - 1 7 , J a n - M a r , 1 9 8 7 .

insuficiente para caracterizá-los como grupo I, sendo rotulados como duvidosos.

A maioria da população ignorava a relação entre disfagia e doença de Chagas3. Alguns pacientes convivem com o problema sem jamais ter procurado auxílio médico. Outros experimentam dificuldades maiores e regurgitam o conteúdo esofágico cotidia-namente à noite para tranqüilamente conciliar o sono. Alguns têm recusado sistematicamente a se tratarem. Apenas pequeno número tem se submetido à dilatação ou cirurgia do esôfago.

S U M M A R Y

I n M a m b a í , a n e n d e m i c a r e a f o r C h a g a s ’

d i s e a s e , c o n t r a s t r a d i o g r a p h y o f t h e o e s o p h a g u s

u s i n g 7 0 m m f i l m w a s d o n e in 1 , 1 4 5 m a l e a n d 1 , 1 8 4

f e m a l e i n d i v i d u a l s . A g e s r a n g e d f r o m 4 t o 8 7 y e a r s .

T h e p a t i e n t s w e r e p o s i t i o n e d in t h e r i g h t a n t e r i o r

o b l i q u e p o s i t i o n a n d t w o f i l m s t a k e n , o n e i m m e d i a ­

t e l y a f t e r i n g e s t i o n o f 7 5 m l o f b a r i u m c o n t r a s t a n d

a n o t h e r 6 0 s e c o n d s la t e r . S e v e n ty ' s i x ( 3 . 2 % ) i n d i v i ­

d u a l s h a d o e s o p h a g e a l a b n o r m a l i t i e s o f w h o m 7 1 ( 7 % )

w e r e a m o n g 1 , 0 0 6 s e r o p o s i t i v e s a n d 5 ( 0 . 3 7 % ) w e r e

a m o n g 1 , 3 2 3 s e r o n e g a t i v e s . O f th e 7 6 p a t i e n t s , 4 7

( 6 1 . 8 % ) w e r e m a l e a n d 2 9 ( 3 8 . 1 % ) f e m a l e . F o l l o w i n g

t h e c l a s s i f i c a t i o n o f R e z e n d e a n d c o ll e a g u e s , 4 8 ( 6 3 . 1 % ) ,

b e l o n g e d t o g r o u p 1 , 1 8 ( 2 3 . 7 % ) , t o g r o u p I I , 5 ( 6 . 6 % )

a n d 5 ( 6 . 6 % ) t o g r o u p I V . T h e p r e v a l e n c e o f

o e s o p h a g e a l d i s e a s e i n c r e a s e d w i t h a g e e s p e c i a l l y

a f t e r 3 0 y e a r s , r e a c h i n g 2 1 . 5 % in t h e g r o u p o v e r 5 9

y e a r s o f a g e .

K ey words: Chagas’ disease. Oesophageal pathology.

A G R A D E C IM E N T O

Os autores agradecem ao Dr. José A . Cerisola pela realização da sorologia para diagnóstico da doença de Chagas, no Instituto Mário Fatala Chaben em Buenos Aires.

R E F E R Ê N C IA S BIBLIO G R Á FIC A S

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Tabela 4  - N ú m e r o   e p e r c e n t u a l   d e   e s o f a g o p a t i a   e m c a d a  f a i x a   e t á r i a ,   e n t r e  o s   i n d i v í d u o s  c o m i n f e c ç ã o   c h a g á s i c a ,   e m   M a m b a i

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